REAL TEM PIOR TRIMESTRE ENTRE MOEDAS, MAS BOLSAS REGISTRAM MELHOR PERÍODO EM ANOS

O trimestre encerrado hoje mostrou cenários bem distintos para os ativos. Enquanto as bolsas tiveram ganhos expressivos, mesmo em meio ao forte tombo da atividade, o dólar experimentou forte valorização ante o real, mantendo a moeda brasileira como a de pior comportamento ante pares, ao passo que a curva de juros voltou a exibir inclinação. No pregão de hoje, que também marcou o fechamento do semestre, houve muita instabilidade, ora reagindo à expectativa de retomada da atividade, ora de olho no risco de que uma segunda onda de covid-19 interrompa esse processo. No meio da tarde, o presidente do Fed, Jerome Powell, alertou para o fato de que uma segunda onda de casos da covid-19 poderia minar a confiança do público na recuperação do PIB dos EUA. No caso do dólar, até o fechamento da Ptax, os investidores comprados, em meio a relatos de saída de recursos, tentaram puxar os preços para cima, levando as cotações a bater em R$ 5,50. Passada a formação da taxa, que define a liquidação dos contratos cambiais e serve de referência para os balanços trimestrais de empresas, o Banco Central entrou no jogo e fez leilão de venda de dólares, ajudando a aliviar a pressão sobre a moeda dos EUA. No fim, a divisa americana no mercado à vista terminou com alta de 0,25%, a R$ 5,4402, acumulando valorização de 4,7% no trimestre e de 35,60% nos seis primeiros meses de 2020. No caso do mercado acionário, o quadro é bastante diverso do verificado no câmbio. Em meio ao aumento da liquidez global nesse período, com bancos centrais e governos despejando bilhões de dólares nos mercados, os investidores foram atrás de retorno e tentaram antecipar, nas ações, a retomada da economia. Com isso, as bolsas de Nova York, que fecharam em alta hoje, encerraram seu melhor trimestre em vários anos – o S&P 500 teve o melhor trimestre desde 1998, o Dow Jones, desde 1987, e o Nasdaq, desde 2001. O Ibovespa também refletiu esse quadro e, mesmo tendo uma realização de lucros na reta final de hoje, terminando com baixa de 0,71%, aos 95.055,82 pontos, encerrou o trimestre com ganho de 30,18%, reduzindo as perdas no ano para 17,80%. Na renda fixa, o ambiente externo mais tranquilo e a ausência de notícias ruins no cenário político mantiveram os juros de médio e longo prazos em queda, em mais um dia de desinclinação na curva. No trimestre, contudo, o movimento foi exatamente o contrário, contaminado pela crise e pelos temores em relação à condução da política fiscal brasileira.

 

CÂMBIO

O dólar fechou junho em alta de 1,9%, acumulando valorização de 4,7% no segundo trimestre e de 35,6% no primeiro semestre, marcando o real como a moeda em 2020 com pior desempenho, considerando uma lista de 34 divisas mais líquidas no mundo. Dos seis primeiros meses do ano, o dólar só caiu em maio.

 

Nesta terça-feira, por ser o último dia de vários períodos – mês, segundo trimestre e semestre – fatores técnicos acabaram predominando e mesmo após a definição do referencial Ptax, usados como base em balanços corporativos e contratos cambiais, a pressão de alta continuou, levando o Banco Central a fazer um leilão de dólar à vista. Profissionais das mesas de câmbio relataram ainda fluxo de saída de recursos hoje.

 

No fechamento, o dólar à vista terminou o dia em R$ 5,4402, em alta de 0,25%. No mercado futuro, o dólar para agosto, que hoje passou a ser o contrato mais líquido, era negociado em R$ 5,4495 às 17h, com ganho de 0,79%.

 

O diretor de tesouraria de um banco observa que o mercado de câmbio operou parte dos negócios descolado dos demais ativos, por conta de fatores técnicos, tendo um dia volátil. Pela manhã, o mercado “foi claramente comprador”, ou seja, antes da definição do referencial Ptax, ressalta ele. Assim, o dólar bateu em R$ 5,50. Nos negócios da tarde, voltou a apresentar “certa normalidade”, com auxílio do leilão do BC. Com isso, passou a acompanhar mais de perto o exterior.

 

A operação do BC foi pequena, com venda de US$ 365 milhões no mercado à vista. Segundo um trader de um grande banco, houve relatos nas mesas no início da tarde de um grande fluxo comprador de dólar por parte de um agente e a oferta pode ter sido reflexo desse movimento. Pelos dados oficiais, o BC aceitou apenas uma proposta no leilão.

 

No ranking de piores moedas de 2020, o real é seguido pelo rand da África do Sul, onde o dólar acumulou alta no primeiro semestre de 24%, e o peso mexicano, onde subiu 21%. Mesmo com o real tendo o pior desempenho este ano, a perspectiva dos estrategistas de câmbio é que a moeda brasileira deve seguir fraca na segunda metade do ano.

 

A analista de moedas e emergentes do banco alemão Commerzbank, You-Na Park-Heger, observa que as incertezas sobre os rumos da pandemia de coronavírus no Brasil permanecem altas, isso em um cenário de juros historicamente baixos e com chance de cair ainda mais e ainda ruídos políticos. “Nesse contexto, é provável que os investidores sigam cautelosos e que o real continue fraco.”

 

O banco americano Citi projeta dólar acima de R$ 5,00 este ano e no próximo. Para dezembro, a projeção é de dólar em R$ 5,21. Em relatório divulgado hoje, a projeção de queda do Produto Interno Bruto (PIB) foi mantida em 6,5% para este ano. O Citi também manteve a estimativa para a taxa básica de juros em 2,25%, mas não descarta a possibilidade de novo corte na taxa na reunião de agosto do BC.

 

No exterior, o dólar caiu hoje ante divisas fortes e emergentes, em meio a expectativas por uma vacina contra o coronavírus até o inverno no Hemisfério Norte e de mais estímulos fiscais dos governos. Hoje quem anunciou medidas foi o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, com um plano de investimento de 5 bilhões de libras, fazendo a libra ganhar força ante o dólar. (Altamiro Silva Junior – [email protected])

 

 

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.44020 0.2525 5.50780 5.40650

Dólar Comercial (BM&F) 5.4715 0

DOLAR COMERCIAL 5476.000 1.23868 5485.500 5416.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5469.500 1.15591 5513.500 5410.500

 

 

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York fecharam em alta, no último pregão de seu melhor trimestre em décadas, diante de medidas de apoio de governos e bancos centrais, mas em um quadro ainda de muitas dúvidas sobre a retomada econômica. O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, alertou nesta tarde para o fato de que uma segunda onda de casos da covid-19 poderia minar a confiança do público na recuperação do PIB dos EUA, enquanto o presidente do Fed de Nova York, John Williams, já vê sinais de que a retomada perde fôlego em Estados com novos surtos da doença. O secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, mostrou mais otimismo, ao projetar que o ritmo da atividade ganhará força no segundo semestre. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), por sua vez, alertou que a reabertura nas Américas deve ser gradual, com vigilância e provas de que a doença está controlada. Nesse quadro misto, as bolsas de Nova York subiram, com o setor de tecnologia entre os destaques, mas os juros dos Treasuries não tiveram sinal único. O dólar recuou ante outras moedas principais, enquanto o petróleo registrou baixa ante a perspectiva de que grandes produtores voltem a ofertar mais óleo em breve no mercado.

 

O índice Dow Jones fechou em alta de 0,85%, em 25.812,88 pontos, o Nasdaq subiu 1,87%, a 10.058,77 pontos, e o S&P 500 avançou 1,54%, a 3.100,29 pontos. Em 2020, até agora, o S&P 500 sobe 4,04% e o Nasdaq, 12,11%, mas o Dow Jones mostra baixa de 9,55%. O S&P 500 teve o melhor trimestre desde 1998, o Dow Jones o melhor desde 1987 e o Nasdaq, desde 2001.

 

O descolamento do mercado acionário da economia real tem sido debatido por vários analistas recentemente, em geral apontando que as medidas fiscais e dos bancos centrais têm contrabalançado o persistente avanço da pandemia e seus riscos para a atividade. O Swissquote fala ironicamente hoje em relatório em “percepção seletiva de risco” entre investidores, que têm preferido se concentrar nas boas notícias. A Oxford Economics, por sua vez, diz que parte dos índices acionários não reflete mais claramente as crenças sobre a perspectiva econômica, diante do “apoio político [fiscal e monetário] sem precedentes”. Já a Capital Economics acredita que as medidas dos BCs tornam improvável um novo quadro de “pânico” nos mercados como em março. A consultoria afirma que os ativos de mais risco devem se recuperar mais, ao longo do segundo semestre, embora mencione uma possível segunda onda de casos como risco, enquanto a corrida presidencial americana também é frequentemente mencionada como potencial risco para as bolsas.

 

Powell alertou nesta tarde para o risco de uma segunda onda de casos da covid-19, que poderia minar a confiança do público na retomada americana, mas o presidente do Fed também renovou a promessa de usar os programas de emergência “de forma agressiva” para garantir a recuperação. O presidente da distrital de Nova York, por sua vez, disse ver sinais de desaceleração na atividade, em Estados com novos surtos da doença. John Williams ainda comentou que as perspectivas seguem “altamente incertas” no mundo, mas também disse que o Fed pode lançar mais medidas para oferecer apoio adicional, se preciso.

 

A Opas ressaltou em entrevista coletiva sobre a importância de que a reabertura seja gradual nas Américas, insistindo na adoção das medidas necessárias para controlar a covid-19. Já o diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA, Anthony Fauci, afirmou que “não estaria surpreso” se o número de casos diários atingisse a marca de 100 mil no país, se não forem adotadas as medidas necessárias para conter as transmissões. Mais otimista, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, previu recuperação econômica e disse que ainda há mais de US$ 250 bilhões para programas de auxílio do Fed, se preciso.

 

Nesse quadro, os juros dos Treasuries não tiveram sinal único. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 0,148% e o da T-note de 10 anos tinha alta a 0,651%. No câmbio, o dólar recuou ante outras moedas principais, também sem sinal único: a moeda americana subia a 107,97 ienes, o euro recuava a US$ 1,1237, quase estável, e a libra tinha alta a US$ 1,2394. O índice DXY, que mede o dólar ante outras divisas fortes, caiu 0,15%, a 97,391 pontos.

 

Entre as commodities, o petróleo WTI para agosto fechou em queda de 1,08%, a US$ 39,27 o barril, na Nymex, e o Brent para outubro recuou 1,39%, a US$ 41,27 o barril, na ICE. Notícia de que a Opep e aliados, como a Rússia, não devem estender o corte na oferta no nível atual para além de agosto pressionou os contratos, em meio a dúvidas sobre a recuperação na demanda. (Gabriel Bueno da Costa – [email protected])

 

 

BOLSA

Em dia que se mostrava misto no exterior, mas que terminou positivo em Nova York, o Ibovespa fechou a sessão desta terça-feira em baixa, tendo chegado a perder a linha de 95 mil pontos, pressionado pelo desempenho negativo das ações de bancos. Mais cedo, o índice estacionava em torno dos 95,5 mil pontos neste encerramento de mês e de trimestre, faixa ao redor da qual vinha se mantendo desde o dia 17 de junho. Ao final, apontava perda de 0,71%, aos 95.055,82 pontos, tendo oscilado entre mínima de 94.806,47 e máxima de 96.257,30 pontos, com giro financeiro a R$ 27,5 bilhões.

 

Apesar do desempenho negativo nesta terça-feira e da perda de fôlego observada na quinzena final de junho, o principal índice da B3 fechou o segundo trimestre com ganho de 30,18%, saindo de 73.019,76 pontos em 31 de março para 95.055,82 pontos no fechamento de hoje. Assim, em porcentual, foi o melhor desempenho trimestral desde os últimos três meses de 2003, quando o Ibovespa saiu de 16.010 pontos no encerramento de 30 de setembro para 22.236 pontos no de 30 de dezembro daquele ano, em progressão de 38,89% no período. Em junho, o Ibovespa acumulou ganho de 8,76%, após avanço de 8,57% em maio e de 10,25% em abril, que sucederam a histórica perda de 29,90% em março. No ano, encerrado o primeiro semestre, o Ibovespa acumula retração de 17,80%.

 

“Depois de um primeiro trimestre muito difícil, o segundo mostrou recuperação importante, mas, nesta última quinzena de junho, o mercado aqui e fora ficou neste vai, não vai, sentindo a necessidade de realizar (lucros), o que não ocorreu porque tem toda esta liquidez disponível”, observa Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, chamando atenção para a dificuldade de prever uma direção para julho, ainda no “escuro”, dado o elevado grau de incerteza quanto à pandemia, o grau de retomada da atividade e de recuperação das economias.

 

A partir de 17 de junho, entre o pior fechamento do intervalo (93.834,49, no dia 26) e o melhor (96.572,10), a variação ficou em 2.737,61 pontos, uma margem mais estreita se comparada a que prevaleceu entre 1º e 17 de junho, quando o índice saiu de 87.395,15 pontos na abertura da sessão inicial do mês para 95.547,29 pontos no fechamento do dia 17 – uma progressão de 8.152,14 pontos, com oito altas e quatro baixas no intervalo.

 

Entre os dias 16 e 19, o Ibovespa emendou quatro altas, após quatro baixas entre os dias 9 e 15, as quais haviam sucedido sete ganhos consecutivos, entre 29 de maio e 8 de junho, a mais longa série positiva do Ibovespa desde fevereiro de 2018. Desde o último dia 19, o Ibovespa passou a alternar altas e baixas a cada sessão.

 

“O Ibovespa permanece travado entre os 94 mil e 97,7 mil pontos, e precisará romper um destes extremos. Fazendo uma leitura do gráfico, fica claro que existe bastante suporte (90 e 94 mil), e uma chance maior de que rompa para cima”, diz Fernando Góes, analista técnico da Clear Corretora. “Para anular a probabilidade de alta atual, o Ibovespa precisaria perder o seu suporte mais forte, que é o de 90 mil pontos, o que seria um banho de água fria no mercado”, acrescenta. “Vários indicadores técnicos, como rastreadores de tendência e médias, mostram que existe uma chance maior de o Ibovespa subir. O espaço é bem mais livre para cima”, conclui o analista gráfico.

 

Em dólar, o Ibovespa neste fim de junho ficou em 17.472,85 pontos, comparado a 16.370,89 no fechamento de maio, que já era uma leitura mais apreciada do que a de abril e março. Em junho, o dólar avançou 1,90%, bem abaixo da progressão do Ibovespa, de 8,76%. Em maio, o Ibovespa em dólar refletiu queda de 1,83% para a moeda americana frente ao real e alta de 8,57% para o índice da B3.

 

No fim de janeiro, o Ibovespa dolarizado estava em 26.548,55, passando a 23.260,37 pontos no encerramento de fevereiro e a 14.051,44 no de março. No dia 23 de janeiro, quando o Ibovespa renovou máxima histórica de fechamento, aos 119.527,63 pontos, o índice dolarizado estava em 28.688,46 e, no encerramento de 2019, a 28.826,29 pontos. No encerramento de abril, o Ibovespa dolarizado estava a 14.802,41 pontos, refletindo especialmente o avanço do índice no mês (+10,25%), acima do observado no dólar (+4,66%). (Luís Eduardo Leal – [email protected])

 

 

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 95055.82 -0.7098

Máxima 96257.30 +0.55

Mínima 94806.47 -0.97

Volume (R$ Bilhões) 2.75B

Volume (US$ Bilhões) 5.02B

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 95140 -1.08131

Máxima 96490 +0.32

Mínima 94915 -1.32

 

 

JUROS

O ambiente externo mais tranquilo e a ausência de notícias ruins no cenário político mantiveram os juros de médio e longo prazos em queda, dando sequência ao movimento já registrado ontem e mesmo em meio à elevada volatilidade do câmbio. As taxas curtas, mais uma vez, oscilaram marginalmente, num dia também sem vetores capazes de alterar o quadro de apostas para a Selic. Os dados econômicos, Pnad Contínua e resultado do setor público consolidado, foram apenas monitorados. No balanço do mês, houve leve perda de inclinação na curva, diante da sinalização de liquidez abundante por parte dos governos para combater os efeitos do coronavírus na economia global e apesar do aumento dos riscos para a governabilidade do presidente Jair Bolsonaro.

 

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou na mínima de 2,92%, de 2,952% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 5,680%, de 5,763% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,61%, de 6,733%. No fim de maio, a inclinação medida pelo spread entre o DI janeiro de 2027 e janeiro de 2022 era de 377 pontos e fechou junho em 370 pontos. No segundo trimestre, porém, a inclinação ganhou força, uma vez que no fim de março o diferencial era de 347 pontos.

 

O bom desempenho do mercado hoje, porém, não teve respaldo de liquidez, uma vez que os principais vértices tiveram giro de contratos abaixo da média diária dos últimos 30 dias, mesmo hoje sendo encerramento de mês, de trimestre e de semestre. Os tradicionais ajustes de posições em carteira nesta época, segundo operadores da renda fixa, hoje movimentaram bem mais o mercado secundário de títulos públicos, especialmente as Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B) que compõem boa parte das aplicações de fundos de pensão, por exemplo.

 

A curva já perdia inclinação pela manhã, mas as mínimas foram atingidas à tarde, quando o dólar teve algum alívio, chegando a operar em queda momentaneamente após a atuação do Banco Central com leilão de moeda à vista e passada a disputa pela formação da Ptax. Cassio Andrade Xavier, trader da Sicredi Asset, vê o movimento da ponta longa desde ontem atrelado aos mercados mais calmos no exterior e também na medida em que o cenário político aqui segue em banho-maria, após rumores de que Fabrício Queiroz estaria negociando delação premiada. “A curva longa tem reagido a esta melhora frágil do quadro político e também à postura dos governos e bancos centrais de que vão resolver os problemas por mais que a atividade esteja ruim”, disse.

 

No Brasil, o mercado recebeu bem a confirmação da prorrogação do pagamento do auxílio-emergencial por mais dois meses, diante da percepção de que tal medida tem sido importante para estancar perdas ainda maiores da atividade em razão do isolamento social causado pela pandemia e também porque a sinalização toda da equipe econômica é que se trata de algo temporário e que, passada a crise, o aperto fiscal retornará.

 

O pagamento extra, no entanto, será escalonado. “Todos sabem que se gastar gasolina demais, o tanque acaba mais rápido. Programas que poderiam se estender por mais tempo, acabam pressionando fiscalmente e você então tem que ceder. Ao invés de colocar R$ 600, de repente tem que colocar um número mais baixo para poder alongar mais. Se quer cobrir três ou quatro meses, precisa pagar um valor menor, senão o País estoura”, afirmou.

 

Nos vencimentos curtos, o quadro segue dividido sobre o que o Copom vai fazer com a Selic em agosto, embora nos últimos dias tenha crescido uma avaliação mais conservadora dentro do mercado, mas que ainda não se traduziu em apostas firmes de manutenção. Os índices deflacionários parecem ter ficado para trás, assim como o fundo do poço da atividade. Por outro lado, como a recuperação deve demorar para engrenar, a percepção é de que a Selic deve ficar por muito tempo ainda parada em 2,25%. “Quem ganha com isso é o miolo da curva, que vai perdendo prêmios relativos à normalização da política monetária”, afirma Xavier.

(Denise Abarca – [email protected])

 

 

Operação

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 2.15

Capital de Giro (%a.a) 7.02

Hot Money (%a.m) 0.82

CDI Over (%a.a) 2.15

Over Selic (%a.a) 2.15

 

 

 

 




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