POWELL TRAZ CAUTELA PARA BOLSAS E CÂMBIO, MAS JURO MANTÉM QUEDA COM IPCA E ESTÍMULOS

A decisão do Fed, que confirmou as expectativas de manter os juros estáveis, mas sinalizou que continuarão inalterados até 2022, chegou a dar fôlego para os ativos, mas de forma breve. Isso porque, na sequência, o presidente da instituição, Jerome Powell, disse que o relatório de emprego de maio nos EUA, muito melhor do que se esperava, subestimou o nível de desemprego em cerca de 3 pontos percentuais. Ele também lembrou que o recuo do PIB no 2º trimestre deve ser o mais severo já registrado nos EUA, citando uma “grande incerteza sobre o futuro”. Tais palavras devolveram a cautela aos investidores e os principais índices de Wall Street terminaram sem direção única, mas majoritariamente em baixa. Apenas o Nasdaq voltou a subir, renovando máxima histórica e pela primeira vez acima dos 10 mil pontos. Por aqui, na véspera de um feriado que manterá os mercados fechados amanhã, a cautela foi redobrada, com exceção dos juros, que recuaram, de olho no IPCA de maio e na promessa de longa e ampla liquidez do Fed. No mercado acionário, o Ibovespa encerrou o dia com baixa de 2,13%, aos 94.685,98 pontos, engatando o segundo pregão consecutivo de queda. Houve queda generalizada dos papéis, inclusive das blue chips Vale, Petrobras e bancos. O dólar teve um pregão volátil e zerou a alta diante do real após a decisão do Fed. Mas as palavras de Powell cessaram qualquer reação, a divisa dos EUA renovou máximas e, alinhada ao exterior, terminou o dia com valorização de 0,97% no mercado à vista, a R$ 4,9355. Na renda fixa, o IPCA de maio, mesmo tendo mostrado deflação inferior à mediana das estimativas, já limitava qualquer avanço das taxas, diante da leitura de que os núcleos do índice não indicam qualquer pressão adiante, mantendo o espaço para o Banco Central reduzir a Selic em 0,75 ponto porcentual na próxima semana. Aliás, levantamento do Projeções Broadcast mostra que, de 54 instituições, 52 veem a Selic em 2,25% em junho, ante o atual patamar de 3,00%. No caso dos vencimentos intermediários e longos, houve queda mais pronunciada, com a percepção de que os estímulos monetários globais devem prosseguir por muito tempo, conforme sinalizou o Fed.

 

 

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York chegaram a ganhar força após a decisão de política monetária do Federal Reserve nesta tarde, mas encerraram o pregão sem direção única, com o Nasdaq em novo recorde histórico de fechamento, acima dos 10 mil pontos. A instituição manteve os juros na faixa entre 0% e 0,25%, se comprometeu novamente a usar todos os instrumentos disponíveis para ajudar na retomada econômica e indicou que as taxas devem permanecer inalteradas pelo menos até 2022. Presidente do Fed, Jerome Powell voltou a falar em recuperação da economia a partir do segundo semestre deste ano, mas citou uma “grande incerteza sobre o futuro”, em decorrência da pandemia de covid-19. Os Treasuries reagiram e os juros curtos e longos recuaram. Com a sinalização do Fed de que deve continuar fornecendo liquidez ao mercado, o dólar também aprofundou a queda ante outras moedas fortes. O petróleo, por sua vez, depois de firmar alta com o anúncio do BC americano, fechou com leves ganhos.

 

“A política monetária está em bom lugar e isso é bem entendido pelos mercados”, afirmou Powell durante a coletiva de imprensa sobre a decisão de juros. O BC americano manteve a taxa dos Fed funds na faixa entre 0% e 0,25% ao ano, se comprometeu a manter os estímulos à economia e sinalizou que os juros devem ficar no nível atual até pelo menos 2022.

 

Powell também voltou a dizer que a retomada nos EUA pode começar no segundo semestre deste ano e descartou uma depressão econômica, mas ponderou que a trajetória para a economia americana é muito incerta, já que depende do curso da pandemia de covid-19, e disse que os dados do payroll de maio podem ter subestimado o desemprego em 3 pontos porcentuais. Após a decisão e as declarações de Powell, os juros dos Treasuries aprofundaram a queda. No final da tarde em Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos recuava a 0,192% e o da T-note de 10 anos cedia a 0,727%.

 

O gráfico de pontos, que não era divulgado desde a reunião de dezembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), mostra que todos os dirigentes veem os juros no nível atual em 2020 e 2021. Para 2022, apenas dois deles esperam alta nas taxas. A mediana das projeções para os Fed funds, por sua vez, é de 0,1% em 2020, 2021 e 2022. “Os formuladores de política reafirmaram sua orientação futura dovish, pois esperam alto desemprego e baixa inflação por algum tempo”, comenta o economista Christoph Balz, do banco alemão Commerzbank. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, a estimativa é de retração de 6,5% neste ano e crescimento de 5,0% em 2021.

 

Na visão da Capital Economics, se o BC americano quiser manter os juros no médio e no longo prazos, terá que adotar formalmente um controle da curva. “As projeções de taxa de juros devem limitar os rendimentos de dois anos a quase zero, mas, se o Fed quiser limitar os rendimentos mais ao longo da curva de vencimento, precisará impor metas explícitas de controle de rendimento para o juro de três anos ou possivelmente até para o juro de 10 anos”, afirma Paul Ashworth, economista para EUA da consultoria britânica.

 

No mercado acionário, as bolsas de Nova York ganharam força logo após a decisão do Fed, mas acabaram encerrando o pregão sem direção única. O índice Dow Jones caiu 1,04%, a 26.989,99 pontos, o S&P 500 cedeu 0,53%, a 3.190,14 pontos, e o Nasdaq registrou alta de 0,67%, a 10.020,35 pontos, em nova máxima histórica de fechamento.

 

O dólar, por sua vez, aprofundou as perdas em relação a outros divisas fortes, com a sinalização da autoridade monetária americana de que deve continuar fornecendo liquidez ao mercado. O índice DXY, que mede a variação da moeda dos EUA ante seis rivais, recuou 0,38%, a 95,959 pontos. “As ações agressivas do Fed reduziram a necessidade da segurança no dólar”, escreveu no início do pregão o analista de mercado Joe Manimbo, do Western Union. “A liquidação do dólar parece pronta para ganhar impulso”, avaliaram nesta tarde economistas do banco holandês ING.

 

O petróleo, que firmou alta com a decisão do BC americano, fechou com leve ganho. Na Nymex, o WTI para julho subiu 1,70%, a US$ 39,60 o barril. Na ICE, o Brent para agosto avançou 1,34%, a US$ 41,73 o barril. (Iander Porcella – [email protected])

 

 

 

BOLSA

 

O Ibovespa fechou em baixa pelo segundo dia, em realização um pouco mais aguda do que a da sessão anterior, com o Fed, mas ainda assim conseguindo se manter acima do nível de fechamento do dia 5 de junho – ou seja, no maior nível desde a última sexta-feira, quando o Ibovespa encadeava a sexta sessão de ganhos, e que chegaria na última segunda a sete avanços consecutivos, firmando-se nos maiores níveis desde o começo de março. As perdas foram bem distribuídas pelos diferentes setores, abrangendo commodities (Petrobras ON -2,95%), siderúrgicas (Usiminas -5,62%), infraestrutura (Eletrobras ON -5,59%), bancos (Santander -4,89%) e companhias aéreas (Gol -9,64%, na ponta negativa do Ibovespa).

 

Nesta quarta-feira pré-feriado no Brasil, o índice de referência da B3 fechou em baixa de 2,13%, aos 94.685,98 pontos, bem perto da mínima do dia, mas não muito distanciado da máxima do ciclo de recuperação sustentado a partir da segunda quinzena de maio e reforçado neste início de junho, atingida anteontem, aos 97.693,47 durante a sessão, e reaproximado hoje no pico intradia, de 97.645,85 pontos. Na semana, os ganhos ficam limitados agora a 0,05%, mas em junho o Ibovespa ainda acumula forte avanço de 8,33% – no ano, a perda acumulada está em 18,12%. O giro financeiro se manteve hoje acima de R$ 30 bilhões, totalizando R$ 33,7 bilhões na sessão.

 

As perdas do dia chegaram a se suavizar logo após a decisão de política monetária do Federal Reserve, às 15h. Nos minutos seguintes, os três índices de NY passavam a terreno positivo na sessão, após terem se mantido mistos até então – o Nasdaq seguiria em alta até o encerramento, renovando máxima histórica. Pouco antes da decisão, o Ibovespa apontava perdas de 1,67% e, nos minutos seguintes, chegou a limitá-las a 0,54%, então aos 96.221,46 pontos, tendo chegado a 94.776,81 pontos até então no que era a mínima do dia.

 

No comunicado, os integrantes do comitê de política monetária americano apontaram que continuam “comprometidos a usar todos instrumentos de apoio nesta hora desafiadora”. O gráfico de pontos apontou que nenhum dirigente do Fed prevê aumento de juros antes de 2022 – hoje, a taxa de juros de referência foi mantida na faixa de zero a 0,25%, conforme esperado.

 

Contudo, as perdas do Ibovespa e a falta de direção única em Nova York voltaram a se impor no início da fala do presidente do Fed, Jerome Powell. “O mercado talvez estivesse esperando demais do Fed, que já disponibilizou uma boa dose de estímulos”, diz Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos. “Havia a expectativa de que a comunicação de Powell trouxesse a discussão sobre controle da curva de juros, que seria um estímulo adicional, na medida em que o Fed não trabalha com a possibilidade de juros negativos. Mas se a discussão sobre o controle avançou, Powell preferiu não comunicar. É a bala de prata que tem sido guardada pelo Fed”, acrescenta a economista.

 

Segundo Solange, a depender do que ocorrer no processo de reabertura das economias, o mercado tende a se convencer de que o nível de estímulos já assegurados pelo Fed é o suficiente. “Está todo mundo de olho na reabertura das economias nos EUA, na Europa, na Ásia e, se não houver segunda onda da doença e retomada de quarentenas, a tendência é de que ocorra uma acomodação” da ansiedade, avalia a economista.

 

No pior momento de hoje, as perdas do Ibovespa chegaram a 2,15%, com o índice a 94.664,81 pontos na mínima do dia, que prevaleceu até o fim da sessão. Na entrevista coletiva, Powell disse que a taxa de desemprego de maio nos EUA, celebrada na última sexta-feira pelos mercados ao vir melhor do que se esperava, subestimou o nível de desemprego em cerca de 3 pontos porcentuais. Ele apontou também que o recuo do PIB no 2º trimestre deve ser o mais severo já registrado nos EUA, e que uma recuperação total não deve ocorrer até que as pessoas tenham confiança. Havia expectativa de parte do mercado de que novos estímulos pudessem ser sinalizados hoje, mas Powell se limitou a dizer que a política monetária está em “bom lugar, e isso é bem entendido pelos mercados”.

 

Com a melhora da percepção de risco, especialmente a partir do exterior, nas últimas quatro sessões o Ibovespa superou a marca de 97 mil pontos nos melhores momentos dos respectivos pregões, com a linha dos 97,6 mil pontos mostrando-se como resistência nas últimas três. A percepção é de que alguma realização e lateralização tende a prevalecer no curtíssimo prazo, com a marca de 97 mil emergindo como um ponto de venda, especialmente para os que ingressaram mais cedo no ciclo de recuperação e se inclinem a embolsar lucros. Vencida a resistência, a expectativa é de que o Ibovespa retome os 100 mil pontos, apesar das inúmeras incertezas sobre o grau de recuperação doméstica posterior ao ápice da pandemia, cujos estragos começarão a ser aferidos de forma mais próxima nos balanços do segundo trimestre.

 

A pandemia permanece como o pano de fundo sobre o qual ocorre a reabertura gradual da economia doméstica. O Estado de São Paulo registrou hoje (10) mais um recorde diário de mortes pelo novo coronavírus contabilizadas nas últimas 24 horas. Com 340 óbitos supera o recorde informado na véspera (9), de 334 óbitos pela doença. Segundo o secretário de Estado de Saúde, José Henrique Germann, os números totais chegam agora a 9.862 mortes pela covid-19. Assim, o governador João Doria anunciou nova quarentena, de 15 a 28 de junho, e definiu que a sexta-feira será ponto facultativo no Estado. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

 

 

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 94685.98 -2.12986

Máxima 97645.85 +0.93

Mínima 94664.81 -2.15

Volume (R$ Bilhões) 3.37B

Volume (US$ Bilhões) 6.89B

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 94440 -2.16006

Máxima 97950 +1.48

Mínima 94400 -2.20

 

 

CÂMBIO

O dólar teve um dia volátil, mas firmou alta em meio às declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, chamando atenção para os riscos e o nível ainda alto de incerteza sobre os rumos da atividade econômica. O dirigente declarou que o relatório de emprego americano, que animou os mercados desde a última sexta-feira, ao mostrar forte criação de vagas, subestimou a taxa de desemprego americana em 3 pontos porcentuais e que o recuo da atividade no segundo trimestre deve ser o maior já registrado. Com isso, o dólar ganhou força no exterior e, no mercado doméstico, renovou as máximas do dia, batendo em R$ 4,96.

 

No fechamento desta quarta-feira pré-feriado no Brasil, o dólar à vista terminou em alta de 0,97%, cotado em R$ 4,9355. No mercado futuro, o dólar para julho era negociado em R$ 4,9405, com valorização de 0,72% às 17h.

 

O mercado de câmbio operou com poucos negócios antes da reunião do Fed, em dia que vinha sendo marcado pela volatilidade. Os economistas não esperavam anúncio de novos estímulos econômicos pelo BC americano, como acabou ocorrendo. Os dirigentes sinalizaram que os juros vão continuar nos níveis atuais até pelo menos 2022. Com a divulgação do comunicado da reunião, o dólar chegou a cair para o nível de R$ 4,88. Mas o movimento durou somente até o início da entrevista de Powell.

 

Na coletiva à imprensa, Powell também se comprometeu em manter os estímulos por um longo período, mas alertou que uma recuperação completa da atividade só virá quando as pessoas se sentirem seguras do ponto de vista de saúde.

 

Para a economista-chefe da consultoria americana High Frequency Economics (HFE), Rubeela Farooqi, Powell sinalizou que o Fed vai continuar fazendo tudo o que for preciso para apoiar a economia, mas ao mesmo tempo chamou atenção para o fato da surpresa com o relatório de emprego de maio ser um sinalizador claro do nível de incerteza que paira sobre a economia. Wall Street esperava fechamento de 8,5 milhões de postos de emprego no mês passado, mas o documento mostrou criação de 2,5 milhões de vagas. Ela também ressalta o novo apelo de Powell para maior uso da política fiscal para ajudar a economia.

 

Para a analista de moedas do Commezbank, You-Na Park-Heger, o real se beneficiou significativamente da melhora recente do sentimento no mercado financeiro internacional, que se intensificou após a divulgação do relatório de emprego dos EUA. No entanto, além de pairarem dúvidas sobre a retomada da atividade nos diversos países, o noticiário doméstico permanece preocupante, avalia.

 

Para ela, a valorização do real foi exagerada, veio antes do esperado e, por isso, o risco alto de correção, com a divisa americana devendo voltar a superar os R$ 5,00 nas próximas semanas, pois ainda há muitas incertezas pairando na economia mundial, e no caso do Brasil, há os juros devendo cair mais na semana que vem, preocupação fiscal e o cenário político conturbado. O banco alemão projeta o dólar a R$ 5,20 em setembro, R$ 5,00 em dezembro e R$ 4,90 no começo de 2021.

 

Sobre a reunião do Fed, o Commerzbank avalia que o tom dos dirigentes no comunicado foi “dovish”, sinalizando juros perto de zero por anos. O economista do banco alemão, Christoph Balz, avalia, em relatório, que Powell mostrou preocupação com os riscos de piora do cenário e disse que os dirigentes nem chegaram a pensar em discutir elevação dos juros, mostrando assim compromisso em manter as taxas baixas. (Altamiro Silva Junior – [email protected])

 

 

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 4.93550 0.9656 4.96100 4.84060

Dólar Comercial (BM&F) 4.8536 0

DOLAR COMERCIAL 4972.500 1.37615 4983.000 4842.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4974.000 1.28659 4974.000 4974.000

 

 

 

JUROS

A curva de juros terminou a “Super Quarta”, de IPCA no Brasil e decisão do Federal Reserve nos Estados Unidos, com queda firme das taxas na ponta longa e mais branda nas curtas. O desenho foi definido na última hora da sessão regular, após o comunicado e as projeções do Fed indicarem que a liquidez nos mercados deve continuar farta por um bom período. A percepção de que os estímulos monetários devem prosseguir por muito tempo também foi reforçada durante a entrevista do presidente da instituição, Jerome Powell. Com isso, a curva perdeu inclinação. O IPCA acima da mediana das estimativas, mas com preços de abertura bastante favoráveis, ditou a dinâmica das taxas pela manhã.

 

No fechamento da sessão regular, os juros longos tinham queda entre 12 e 13 pontos-base, enquanto a ponta curta cedia 6 pontos. Com isso, o nível de inclinação, tomando como base o spread entre os contratos de janeiro de 2027 e janeiro de 2022, de 352 pontos-base, foi o mais baixo desde 20 de abril (345 pontos).

 

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou a 3,08%, de 3,141% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 terminou na mínima de 5,66%, de 5,783% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2027 caiu de 6,732% para 6,60%.

 

O dia começou com o IPCA de maio mostrando deflação de 0,38%. Os juros abriram em alta, em reação pontual ao dado acima da mediana das estimativas (-0,46%), mas depois passaram a cair com a leitura favorável dos preços de abertura e, ainda, com a inflação ao consumidor norte-americano em maio vindo abaixo do consenso. A média dos núcleos do IPCA, -0,11% segundo a Guide Investimentos, caiu mais do que a mediana indicava (-0,09%). Em 12 meses, o IPCA passou de 2,40% em abril para 1,88% em maio, se afastando ainda mais do piso da meta de 2,50%.

 

“A perspectiva atual é de mais dois anos com a inflação fechando abaixo da meta, o que dá base para nossa expectativa de corte de 75 pontos-base na Selic em junho e mais 50 pontos até o final do ano”, avaliam economistas do Banco Fator.

 

Na curva, essa aposta para junho segue majoritária, com a precificação indicando 70% de chance, contra 30% de corte de 0,5 ponto porcentual. O mercado ainda vê espaço para uma queda de 0,25 ponto no Copom de agosto, com curva apontando 70% de probabilidade. Os números são do Haitong Banco de Investimentos.

 

Entre os economistas, a ampla maioria de 52 entre 54 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast vê a Selic em 2,25% em junho e duas (BNP Paribas e 4E Consultoria) com apostas de redução menor, para 2,50%.

 

No fim da manhã, porém, passou o efeito IPCA e as taxas voltaram a rondar a estabilidade, em compasso de espera pelo Fed e entrevista de Powell. Após a divulgação do comunicado, se firmaram em baixa, com os vencimentos longos, mas sensíveis ao exterior, em destaque, e depois ampliaram o recuo com as declarações do presidente do Fed e ignorando a piora no câmbio.

 

“Nossa leitura foi bem ‘dove’, com sinalização de que vão fazer o que estiver ao alcance para retomada. O mercado local reagiu com recuo das taxas do miolo da curva até a longa, mas a moeda estressou”, afirmou Cássio Andrade Xavier, trader de renda fixa da Sicredi Asset. Entre os sinais, ele ressaltou as projeções do Fed indicando que a maioria dos dirigentes vê juros estáveis até 2022 e Powell enfatizando as incertezas sobre a evolução do cenário.

 

A quarta-feira teve leilão do Tesouro, que reduziu os lotes de LTN e NTN-F em relação à semana passada, ofertando 12,5 milhões e 200 mil títulos, respectivamente, contra ofertas anteriores de 14 milhões e 300 mil. Na operação de hoje, foi vendido integralmente o lote de LTN, mas parcialmente o de NTN-F (172.950).

 

Xavier, da Sicredi, afirma que as taxas do leilão ficaram mais altas em relação ao DI. “Colocou bastante papel, mas o prêmio aumentou um pouco. O mercado pediu pouco mais de prêmio em relação ao DI, mas para o Tesouro não faz diferença, e sim para quem quer comprar o papel e se proteger com o DI”, disse. (Denise Abarca – [email protected])

 

Operação   Último

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 2.34

Capital de Giro (%a.a)

Hot Money (%a.m)

CDI Over (%a.a) 2.90

Over Selic (%a.a) 2.90

 

 




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