MERCADOS FECHAM SEM DIREÇÃO ÚNICA DE OLHO EM LIQUIDEZ, POWELL, CHINA E RISCO INTERNO

Blog, Cenário
Os ativos terminaram a terça-feira sem direção única, com reações específicas à lista de notícias do dia. Enquanto as bolsas, tanto em Nova York quanto aqui, engataram um pregão de alta, regidas pelas perspectivas de novos estímulos monetários e fiscais nos EUA e em outros países, o dólar subiu diante do real e os juros futuros tiveram movimentos distintos nos diferentes trechos da curva a termo, que terminou o dia mais inclinada.  No mercado acionário, além dos estímulos, números positivos da economia americana, como as vendas no varejo, também ajudaram, ainda que ponderações feitas pelo presidente do Fed, Jerome Powell, tenham limitado os ganhos a partir do meio da manhã. Ele citou, entre outras coisas, que a recuperação não deve levar a economia dos EUA ao nível de antes da pandemia e que, se o mercado melhorar, o Fed desacelerará suas compras de títulos corporativos. Ainda assim, os principais índices de Wall Street terminaram com ganhos ao redor de 2%, seguidos pelo Ibovespa, que subiu 1,25%, aos 93.531,17 pontos. Com isso, o mercado acionário doméstico interrompeu uma sequência de quatro quedas seguidas, impulsionado por um avanço generalizado dos papéis, incluindo os de Vale, Petrobras e bancos. O dólar ante o real, contudo, foi na contramão desse otimismo verificado na renda variável e subiu 1,79%, a R$ 5,2340. Desse modo, o real voltou a ter o pior comportamento ante seus pares, pressionado pelo exterior, depois do discurso mais pessimista de Powell e também com a informação de que, em Pequim, as escolas voltaram a ser fechadas após o ressurgimento de casos de Covid-19. Mas há, ainda, razões domésticas, como a possibilidade de juros ainda menores após a reunião do Copom, amanhã, e também incertezas fiscais e em relação ao andamento das reformas. Esse câmbio mais alto acabou embutindo prêmios na parte longa da curva de DIs, ainda que a perspectiva de aumento da liquidez global tenha limitado os movimentos. Enquanto isso, em meio ao maior tombo da série histórica para as vendas do varejo, os vencimentos mais curtos cederam, refletindo o aumento das apostas numa flexibilização adicional da Selic após o esperado corte de 0,75 ponto porcentual. Ao fim da sessão regular, as taxas indicavam chance majoritária de corte de 75 pontos-base amanhã, com apostas divididas entre uma redução adicional, de 25 pontos, e a manutenção da Selic em agosto.  
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  MERCADOS INTERNACIONAIS O quadro de maior propensão ao risco prosseguiu à tarde nos mercados internacionais. As bolsas de Nova York fecharam com ganhos, apoiadas pela perspectiva de mais estímulos e após um dado forte de vendas no varejo dos EUA, que também levou para cima o dólar e os juros dos Treasuries, em dia ainda positivo para o setor de energia, diante da alta do petróleo. O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, porém, mencionou fatores potencialmente negativos, como que a recuperação não deve levar a economia dos EUA ao nível de antes da pandemia e que, se o mercado melhorar, o BC desacelerará suas compras de títulos corporativos. Já o presidente americano, Donald Trump, exibiu otimismo sobre a retomada no país. Para o Instituto de Finanças Internacionais (IIF), os dados sugerem que o declínio da economia global já atingiu o "fundo do poço", com expectativa de recuperação no segundo semestre inclusive nos emergentes. Na região, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) voltou a alertar sobre o quadro da covid-19 nas Américas e, ao falar de América Latina, considerou que, sem a adoção das medidas recomendadas para conter a transmissão da doença, a pandemia pode levar mais tempo aqui do que na Europa.   A notícia de que o governo do presidente Trump avalia uma proposta de quase US$ 1 trilhão para investimentos em infraestrutura, divulgada pela Bloomberg, foi um dos fatores a apoiar a tomada de risco hoje. O banco Natixis comenta ainda, em relatório, que o avanço de 17,7% em maio ante abril nas vendas no varejo dos EUA, bem acima da previsão de alta de 7,9% dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal, deu fôlego à narrativa de que a recuperação econômica no país pode ser em formato de "V". O BMO, por sua vez, lembra outro fator que animou mercados hoje: a notícia de que a dexametasona, um medicamento barato e amplamente disponível, foi eficaz para salvar a vida de pacientes gravemente doentes com a covid-19, segundo cientistas do Reino Unido. Para os pacientes já em respiradores, o remédio reduziu a taxa de mortalidade em um terço e, para aqueles que estavam no oxigênio, a queda na taxa foi de um quinto, nesse estudo sobre o medicamento, usado desde os anos 1960 para artrite reumatoide e asma.   O presidente americano, Donald Trump, voltou a mostrar otimismo sobre a retomada. "Estamos reabrindo. E rápido", garantiu, dizendo que tem visto "muito progresso" nas pesquisas por vacinas e medicamentos e também que, mesmo se não houver vacina, o país seguirá adiante. Em relatório, o IIF considerou que os dados sugerem que a economia global já atingiu o "fundo do poço" e sugerem um "possível ponto de inflexão", prevendo recuperação no segundo semestre inclusive nos emergentes.   Powell, por sua vez, comentou que "provavelmente" será preciso fazer mais, nos campos monetário e fiscal, confiando em uma recuperação completa "no longo prazo". O presidente do Fed comentou ainda que, se o mercado continuar a melhorar, o BC desacelerará as compras de títulos corporativos. Já o presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, disse que haverá recuperação da economia americana em 2021, mas ainda não em nível suficiente para retomar o quadro anterior à crise atual.   Nesse quadro, as bolsas de Nova York registraram altas robustas. O índice Dow Jones fechou com ganho de 2,04%, a 26.289,98 pontos, Nasdaq subiu 1,75%, a 9.895,87 pontos, e o S&P 500 avançou 1,90%, a 3.124,74 pontos. Economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Gita Gopinath destacou em texto a "notável" divergência entre os principais índices acionários e a economia real, considerando que isso pode ser um presságio de maior volatilidade nos mercados. Para ela, esse divórcio tem alguns motivos, como a resposta das políticas fiscal e monetária.   Os sinais dos EUA ainda apoiaram os juros dos Treasuries e o dólar. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos subia a 0,197% e o da T-note de 10 anos, a 0,744%.   No câmbio, o dólar caía a 107,31 ienes, o euro recuava a US$ 1,1261 e a libra tinha baixa a US$ 1,2564. O índice DXY, que mede o dólar ante outras moedas principais, registrou alta de 0,26%, a 96,958 pontos. A divisa americana ainda subia a 22,3777 pesos mexicanos, a 69,6386 pesos argentinos e a 17,2749 rands sul-africanos. A Capital Economics considera, porém, que as moedas emergentes têm espaço para melhorar em relação ao dólar, no segundo semestre, diante do apetite por risco.   Entre as commodities, o petróleo WTI para julho fechou em alta de 3,39%, a US$ 38,38 o barril, na Nymex, e o Brent para julho avançou 3,12%, a US$ 40,96 o barril, na ICE. O óleo foi impulsionado após a Agência Internacional de Energia (AIE) reduzir sua previsão de queda na demanda global neste ano.   Nas Américas, a Opas destacou o fato de que Chile, Brasil, Peru e Argentina estão em momento de aumento na transmissão da covid-19. O braço da OMS na região ainda alertou que, sem as medidas recomendadas, a pandemia pode levar mais tempo na América Latina do que na Europa, ressaltando que é preciso manter o esforço para desacelerar o número de novos casos e, consequentemente, de mortes. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])     BOLSA O Ibovespa interrompeu hoje sequência de quatro perdas ao encerrar a sessão desta terça-feira em alta de 1,25%, aos 93.531,17 pontos, alinhando-se ao exterior, onde prevaleceu reação otimista a uma nova rodada de estímulos fiscais e monetários sinalizada por EUA e Japão, em momento no qual passos atrás nos processos de reabertura das economias preocupam os investidores. Na capital chinesa, Pequim, as escolas voltaram a ser fechadas após o ressurgimento de casos de Covid-19 a partir de um atacado de alimentos, o que fez o governo elevar o grau de alerta.   A possibilidade de uma segunda onda global da doença permanece como o principal fator de risco, mas a disponibilidade de liquidez, em um ambiente de juros a zero ou perto disso no mundo, mantém fluxo de recursos direcionado a ativos de risco, como ações e commodities, apesar das incertezas quanto ao grau e o ritmo de recuperação das economias. As apostas sobre a retomada têm oscilado entre as formas de V e W ao sabor do noticiário sobre a doença, ora animado pela expectativa de desenvolvimento de uma vacina eficiente, antes do que se previa, ora debilitado pela resiliência do vírus, visível nas tentativas de normalização dos contatos sociais.   "O dia na B3 começou com um pouco mais de força, acompanhando o exterior, em busca de recuperação ante os temores sobre uma segunda onda de Covid - o que ainda pode pesar mais na Bolsa se tomar proporções maiores", diz Pedro Galdi, analista da Mirae. "Esse é um risco muito importante que deve ser monitorado. Se voltarmos para a estaca zero de confinamento, as perspectivas para economia vão se deteriorar ainda mais", aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear.   "Qualquer notícia sobre vacina - em meio a esforços de tantos países, a expectativa é de que algo surja entre setembro e novembro - contribui para a Bolsa subir. De outro lado, há a possibilidade de uma recuperação mais lenta, em W, caso ocorra a segunda onda de coronavírus", acrescenta Galdi, da Mirae. "Hoje, o plano de US$ 1 trilhão para infraestrutura anunciado por Trump nos EUA e as iniciativas de estímulo à liquidez no Japão acabaram sendo decisivos", conclui.   No Brasil, a queda de 16,8% nas vendas do varejo em abril ante março, a maior da série histórica que retrocede a 2000, reforça a expectativa de que o comitê de política monetária (Copom) do Banco Central entregará novo corte, de 0,75 ponto porcentual, na Selic ao final da reunião desta quarta-feira, em dia de vencimento de opções sobre o Ibovespa. Com os juros reais pressionados em direção a zero também no País, o investidor terá que mostrar inclinação a risco para buscar rentabilidade, apontam analistas de mercado.   Com a recuperação observada hoje, o Ibovespa se reaproxima do nível de fechamento do dia 4 de junho, quando chegou aos 93.828,61 pontos - a melhor marca desde o último dia 6 de março (97.996,77) continua a ser a de 8 de junho, quando o índice encerrou aos 97.644,67 pontos. Nesta terça-feira, oscilou entre mínima de 92.386,66 e máxima de 95.215,56 pontos, com giro financeiro a R$ 30,3 bilhões. No mês, o Ibovespa acumula ganho de 7,01%, permanecendo assim no início da segunda quinzena de junho a caminho do terceiro ganho mensal consecutivo. No ano, cede 19,12% e, nas duas primeiras sessões da semana, acumula ganho de 0,79%.   Em junho, os dias positivos na B3 têm sido caracterizados pelo ingresso de recursos estrangeiros, que não apresentam saldo mensal no azul desde setembro de 2019. Até a última sexta-feira, dia 12, a Bolsa apresentava saldo positivo em R$ 2,813 bilhões, resultado de compras de R$ 136,801 bilhões e vendas de R$ 133,987 bilhões em ações por estrangeiros. Em 2020, os investidores estrangeiros já retiraram R$ 74,034 bilhões da B3, superando com folga o recorde anterior, de 2019, quando os saques totalizaram R$ 44,8 bilhões no ano.   Em dia no qual os contratos do Brent para agosto fecharam em alta de 3,12%, aos US$ 40,96 por barril, as ações da Petrobras, após desempenho bem moderado no dia anterior, avançaram hoje 3,24% (PN) e 4,13% (ON). Desempenho positivo também para Vale ON, em alta de 2,80%, com bons ganhos observados também no segmento de bancos (Bradesco PN +4,16%) e siderúrgicas (Gerdau PN +9,23%, no topo do Ibovespa). Destaque ainda para Gerdau Metalúrgica (+7,32%), CSN (+6,50%) e Minerva (+6,34%), também entre as campeãs do Ibovespa na sessão. Na ponta oposta, Cogna cedeu 3,76% e CVC, 3,33%. (Luís Eduardo Leal - [email protected])     Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 93531.17 1.25103 Máxima 95215.56 +3.07 Mínima 92386.66 +0.01 Volume (R$ Bilhões) 3.03B Volume (US$ Bilhões) 5.91B Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 93520 1.10817 Máxima 95435 +3.18 Mínima 92745 +0.27     CÂMBIO As perspectivas mais negativas de que uma recuperação econômica nas principais economias, como Estados Unidos, ainda não é uma realidade próxima fizeram com que os investidores voltassem a procurar o dólar como medida de segurança. No Brasil, essa incerteza no contexto da pandemia do coronavírus segue acrescida de dúvidas sobre o real compromisso com o lado fiscal e, sobretudo, as reformas estruturais, e acaba por levar o real a se depreciar mais do que as moedas de pares emergentes. Assim, a divisa americana teve mais uma sessão de alta, encerrando o dia cotada a R$ 5,2340 (+1,79%).   Otávio Aidar, estrategista-chefe e gestor de moedas da Infinity Asset, ressalta que a possibilidade de maior liquidez ofertada pelas autoridades monetárias das principais economias estimula posições de maior risco. No entanto, na ponta contrária, o anúncio só ocorre porque significa que a economia ainda vai ficar ainda ruim. Nesse sentido, vem o receio de tomar risco. "A situação global é mais difícil, mas, nesse contexto, a liquidez será abundante. Porém, quando ele (Jerome Powell, presidente do Fed) fala também que a situação está ruim, o pessoal se apega ao lado negativo", diz, ressaltando que, não bastasse o clima externo, nossas questões internas, agora sobre fiscal e reformas, também pesam contra o real.   Hoje, em discurso no Senado americano, Powell reafirmou que há incertezas significativas sobre o tempo e a força da recuperação econômica nos Estados Unidos, após os impactos da pandemia de covid-19. "Grande parte dessa incerteza econômica advém da incerteza sobre o caminho da doença e os efeitos das medidas para contê-la".   "O mercado abriu hoje com expectativas mais otimistas por conta das expectativas de mais liquidez, inclusive com investimento em infraestrutura nos Estados Unidos. O dólar estava caindo em relação ao real, mas o reforço de Powell sobre sua preocupação em relação à recuperação, dizendo que nem em 2021 retoma o nível de antes da pandemia, o pessimismo tomou conta", disse Alexandre Almeida, economista da CM Capital.   De acordo com cálculos da Infinity, nos últimos três dias, o real se depreciou 5% mais na comparação com uma cesta de moedas de países emergentes, entre eles México, Rússia e Turquia, frente ao dólar.   Aidar ressalta ainda que a volatilidade vista no câmbio não é um fator positivo para a economia real, pelo contrário, fica difícil para exportadores e importadores fecharem seus contratos. Na sessão de hoje, a cotação da moeda dos Estados Unidos variou de R$ 5,0495, na mínima, a R$ 5,2340, na máxima. "O ambiente está muito tumultuado e nós trazemos dúvidas em relação ao fiscal que acaba piorando."   O estrategista diz não acreditar em ruptura do fiscal, mas todo dia tem notícia ruim. "É impressionante. A gente que não era moeda que mais sofria no ano, voltou a sofrer de novo. Por mais que neste momento seja difícil falar de reformas, a visão era positiva, e aí vem as negações, e volta a incerteza para a economia brasileira."   Sobre o efeito do corte da taxa básica de juros na reunião do Copom de amanhã sobre a cotação cambial, Almeida diz que grande parte dessa queda já foi incorporada, entretanto, os investidores seguem atentos à possibilidade de um comunicado ao fim do encontro mais 'dovish' e direto (como no último), podendo indicar que o colegiado deixa a porta aberta para mais cortes à frente. "Vamos ver se deixa margem para novas quedas, qual o nível de flexibilização monetária que estão vendo e se isso estará tão explicito quanto na nota anterior", diz.   "O investidor aqui está querendo ficar comprado em bolsa, juros e câmbio. O real parece que virou o hedge geral", ressalta Aidar. (Simone Cavalcanti - [email protected])         Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.23400 1.7852 5.24200 5.04950 Dólar Comercial (BM&F) 5.0562 0 DOLAR COMERCIAL 5247.000 1.6565 5250.000 5052.000 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5100.000 -1.16279 5100.000 5100.000 Dólar Oficial do Banco Central Fechamento desta sexta-feira - feira    1,5599 Período  R$/US$  Variação (%) Na semana passada 1,5988 -2,43 No final do mês anterior 1,5611 -0,08 No final do ano passado 1,6662 -6,38     JUROS A curva de juros ganhou um pouco de inclinação nesta véspera de decisão de política monetária no Brasil, refletindo o aumento das apostas numa flexibilização adicional da Selic após o esperado corte de 0,75 ponto porcentual da Selic amanhã e um certo desconforto com o cenário fiscal, mesmo que o mercado tenha gostado da forma como está sendo feita a transição no comando do Tesouro. As taxas curtas recuaram, as do miolo da curva fecharam de lado e as longas subiram. O avanço da ponta longa foi amparado pela piora no câmbio, mas ao mesmo tempo limitado pela perspectiva de liquidez abundante no sistema financeiro global. A decisão do Federal Reserve ontem de comprar títulos corporativos ainda ecoa nos mercados e, aparentemente, se sobrepõe ao aumento do risco de nova onda de contágio da covid-19 após Pequim fechar suas escolas em razão do ressurgimento de mais de 100 casos desde a semana passada.   O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) mais líquido hoje foi o julho de 2020, justamente o primeiro a vencer após o Copom de amanhã. Fechou com taxa de 2,32%, de 2,315% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2022 encerrou com taxa de 3,08% (3,05% ontem) e a taxa do DI para janeiro de 2027 passou de 6,642% para 6,74% (máxima).   Segundo o economista-chefe do Haitong Banco de Investimentos, Flávio Serrano, considerando as reuniões do Copom de junho e agosto, a precificação é de queda da Selic de 90 pontos-base, ante 88 pontos ontem. "Grosso modo, temos grande chance de corte de 75 pontos amanhã e uma probabilidade alta de novo corte de 25 pontos em agosto, algo como 50% a 60%", explicou. A precificação de redução em agosto era de 18 pontos ontem e subiu para 22 pontos hoje, sendo que pela manhã havia chegado em 24 pontos.   "Empurraram de vez o BC para dar 0,75 ponto e até mais depois", afirma o operador de renda fixa da Terra Investimentos, Paulo Nepomuceno. Ele diz que, tanto a partir dos fundamentos quanto do ponto de vista da arbitragem no câmbio, há espaço para nova queda da Selic em agosto porque a inflação e a atividade estão muito fracas e o Brasil, comparativamente a economias que estão com juros praticamente em zero, ainda oferece risco interessante. "Com esse caminhão de dinheiro no mundo, para o investidor o Brasil ainda valeria a pena", disse.   O gerente da Mesa de Reais da CM Capital Markets, Jefferson Lima, vê as apostas na continuidade do ciclo de afrouxamento após a decisão de amanhã estimuladas pela expectativa de liquidez farta uma vez também que "a atividade está muito fraca". Nesta manhã, a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) deu nova evidência dos estragos da pandemia na economia doméstica. As vendas do varejo nos conceito restrito e ampliado caíram em abril 16,8% e 17,5% ante março, os piores resultados da série histórica.   Nesse contexto, uma maior pressão sobre a ponta longa é natural, ainda mais com o dólar em alta. Há ainda desconforto com o cenário político. A aproximação do presidente Jair Bolsonaro com o Centrão trouxe alívio, mas não desfez por completo o mal-estar. Não caiu bem a declaração do presidente, ontem, descartando a possibilidade de uma retomada de reformas econômicas ainda este ano. Embora o mercado já não contasse com isso, fica a impressão de que essa agenda não é prioritária. "Mandou muito mal, parece que está preocupado mais com os problemas dele. Ele dizer isso quando Mansueto está anunciando sua saída é um sinal ruim", disse Nepomuceno. (Denise Abarca - [email protected])     Operação CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 2.25 Capital de Giro (%a.a) 7.02 Hot Money (%a.m) 0.82 CDI Over (%a.a) 2.90 Over Selic (%a.a) 2.90
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