INCERTEZA EXTERNA SOBRE FED E NO BRASIL, COM POLÍTICA E FISCAL, TRAZ AVERSÃO A RISCO

Blog, Cenário
Em dia de novas declarações de dirigentes do Fed, os mercados externos tiveram alguma volatilidade diante das incertezas sobre a inflação nos EUA e os próximos passos da autoridade monetária americana. Mas esse cenário externo se somou ao local, já mais cauteloso em meio ao desconforto com a reforma do Imposto de Renda e seus impactos fiscais, bem como com o quadro de saúde do presidente Jair Bolsonaro, resultando em alta do dólar e dos juros futuros, com queda da Bolsa. Assim, depois de três pregões consecutivos de alta, o Ibovespa teve correção em queda, de 0,73%, aos 127.467,88 pontos, alinhado ao comportamento da maioria dos pares externos. Em Wall Street, a queda do petróleo pesou sobre as empresas de energia, o que fez o S&P 500 ceder, em dia de baixa também para o Nasdaq. No câmbio, o dólar exibiu alta global e, em relação ao real, avançou 0,60%, aos R$ 5,1147 no mercado à vista, deixando em segundo plano a influência baixista pela expectativa de entrada de recursos para IPOs. O comportamento da moeda americana, o quadro de incerteza sobre a reforma do IR e também de risco político puxaram os juros futuros para cima, ainda que o avanço tenha perdido um pouco de intensidade na reta final.
  • MERCADOS INTERNACIONAIS
  • BOLSA
  • CÂMBIO
  • JUROS
MERCADOS INTERNACIONAIS As bolsas de Nova York tiveram pregão negativo em sua maioria, mas o Dow Jones conseguiu exibir ganho modesto. Entre os setores, o de energia puxou as perdas das ações, em dia de queda no petróleo, diante de incertezas na retomada econômica e também sobre o acordo para retorno gradual da oferta pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). O quadro de cautela apoiou o dólar e levou para baixo os juros dos Treasuries em geral, porém o retorno da T-note de 2 anos oscilou perto da estabilidade. Entre os dirigentes do Federal Reserve (Fed), Charles Evans (Chicago) defendeu que a inflação deve perder fôlego - como acredita também o governo do presidente Joe Biden - e que não seja feito um aperto monetário desnecessário antes da hora adequada, pouco depois de o presidente do BC americano, Jerome Powell, reafirmar que a política monetária atual é apropriada, além de lembrar que os dirigentes discutem o momento de iniciar um corte gradual nas compras de bônus ("tapering"). Na política monetária, Powell reafirmou hoje a postura dovish de ontem. Nesta quinta-feira falando no Comitê Bancário do Senado, ele considerou a postura atual do Fed apropriada e citou a disseminação de variantes da covid-19, como a delta, como uma preocupação que pode ameaçar a retomada global. Já Charles Evans disse ter ficado "surpreso" com o impulso recente da inflação, mas previu que ela perderá fôlego à frente. Segundo Evans, a menos que o quadro nos preços exija, o Fed não deve elevar os juros logo de modo desnecessário. Evans também lembrou que os dirigentes discutem o "tapering" nas compras de bônus, mas disse que deve levar ao menos dois meses até que o quadro para esse passo esteja mais claro. Hoje, o governo americano também tocou no tema da inflação. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, avaliou que a alta recente nos preços não perdurará no médio prazo. Em linha similar, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que o governo federal está atento à questão, mas considera o movimento temporário. Psaki também voltou a defender o pacote de gastos com infraestrutura almejado pelo presidente Joe Biden, mas o retorno do teto da dívida a partir de 1° de agosto pode ser um empecilho para a agenda econômica, como discutido em reportagem especial publicada às 13h13. A LPL Financial afirma que também monitora com atenção os preços, mas concorda que eles devem perder fôlego, projetando que isso aconteça gradualmente ao longo do restante do ano. O Bank of America, por sua vez, elaborou um modelo para tentar medir o que seria temporário e mais permanente na inflação. Em seu levantamento, o BofA nota que a inflação transitória está em nível "historicamente alto", em 100 na escala de 0 a 100 traçada pelo banco, mas a permanente também mostra força, passando de 37 em maio a 75 em junho. Entre os Treasuries, o quadro de relativa cautela e a postura do Fed pressionaram os retornos, mas sem sinal único. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos operava estável, em 0,225%, o da T-note de 10 anos recuava a 1,299% e o do T-bond de 30 anos caía a 1,921%. A menor propensão ao risco também apoiou o dólar. O índice DXY, que mede a divisa americana ante uma cesta de outras moedas fortes, subiu 0,23%, a 92,624 pontos. No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 109,82 ienes, o euro avançava a US$ 1,1812 e a libra tinha baixa a US$ 1,3815. A Western Economics vê o euro contido e sob pressão de baixa, vulnerável a alguns movimentos de vendas, enquanto diz que o dólar seguiu apoiado após um dado de pedidos de auxílio-desemprego dentro do esperado, com melhora no quadro, mas ainda longe de uma recuperação completa no mercado de trabalho americano. Nas bolsas de Nova York, o Dow Jones fechou em alta de 0,15%, em 34.987,02 pontos, em sessão volátil, o S&P 500 recuou 0,33%, em 4.360,03 pontos, e o Nasdaq recuou 0,70%, a 14.543,13 pontos. Após balanços, Morgan Stanley subiu 0,18% e UnitedHealth teve alta de 1,41%. Entre os setores não houve sinal único, com o de energia como a maior queda. Entre as commodities, o dólar forte contribuiu em parte para a fraqueza do petróleo, mas pesou a incerteza sobre o acordo da Opep+. Além disso, a Opep elevou em seu relatório sua previsão para alta na oferta. O contrato do WTI para agosto fechou em baixa de 2,02%, em US$ 71,65 o barril, na Nymex, e o Brent para setembro recuou 1,73%, a US$ 73,47 o barril, na ICE. Na madrugada de hoje, o Banco do Japão (BoJ) deve manter os juros, de acordo com analistas consultados pelo Broadcast (veja especial sobre o tema, publicada às 14h15), e o foco pode recair sobre a postura ambiental que o BC pode sinalizar, bem como sobre os riscos da covid-19 no país. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected]) Volta BOLSA O mau humor externo, com a inflação nos Estados Unidos de volta à mente dos investidores em meio a novas declarações de autoridades do Federal Reserve, foi a ocasião para o Ibovespa devolver parte da recuperação observada nas três sessões anteriores, que o havia retirado dos 125,4 mil, de 8 de julho, para os 128,4 mil pontos do fechamento de ontem. Hoje, o índice da B3 encerrou em baixa de 0,73%, aos 127.467,88 pontos, saindo de máxima aos 128.976,30 para chegar na mínima, à tarde, aos 126.922,36, com abertura aos 128.406,51 pontos. Na semana, o Ibovespa sobe 1,63%, com ganhos nesta primeira quinzena do mês a 0,53% e, no ano, a 7,10%. O giro financeiro desta quinta-feira foi de R$ 28,7 bilhões. As perdas em Nova York chegaram a 0,70% (Nasdaq), com o Dow Jones conseguindo sustentar leve ganho de 0,15% no fechamento da sessão, em que os investidores buscaram assimilar comentários do presidente do Fed, Jerome Powell, no Senado, e do presidente da distrital do BC em Chicago, Charles Evans, em evento. A admissão de que a inflação está "bem acima" da meta, por Powell, e de que tem se acelerado de forma surpreendente, por Evans, recoloca na boca de cena o momento da retirada de estímulos monetários pelo Banco Central americano. "Powell reiterou a visão de que a inflação é pontual e temporária, mas a reação do mercado decorre do temor de que o Fed fique atrás da curva, o que favoreceu uma realização hoje, com o avanço do VIX (índice de volatilidade em Nova York) refletindo a aversão a risco e a busca por proteção", diz Antonio Pedrolin, líder da mesa de renda variável da Blue3. Ele chama atenção também para um fator setorial, que contribuiu para a replicação do movimento na B3, atingindo dois segmentos importantes, o de bancos e o de petroquímica: a sanção de lei que eleva a CSLL para instituições financeiras e corta subsídios ao setor petroquímico. Nas apresentações de hoje, tanto Powell como Evans mantiveram a percepção de que o aumento de ritmo na inflação é transitório, e de que a variação vista nos preços tende a perder fôlego. Assim, Evans defendeu, em evento, que a menos que a trajetória dos preços requeira, o Fed não deve "elevar os juros de modo desnecessário", em quadro ainda de recuperação da economia e do mercado de trabalho. Powell, por sua vez, reiterou que por enquanto ainda é "apropriado" manter a política monetária acomodatícia. Por outro lado, o presidente do Fed disse também, durante audiência no Comitê Bancário do Senado, que a instituição já discute o melhor momento para começar a retirada dos estímulos - o "tapering". "Os indícios de mudança de direção na política monetária do Fed, com redução de estímulos, se acrescentam aos aspectos domésticos, que vinham pressionando o câmbio", diz Rafael Ramos, especialista em câmbio da Valor Investimentos, destacando a retomada de protagonismo do fator externo sobre o interno, que vinha prevalecendo com o avanço dos trabalhos da CPI da Covid, em Brasília. Em outro desdobramento vindo do exterior, a elevação pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) da previsão de elevação da oferta por países que não integram o cartel resultou em novo dia negativo para os preços da commodity, com Petrobras PN em baixa de 2,13% e a ON, de 2,36%, no encerramento da sessão na B3, em dia também amplamente negativo para as ações de bancos, com destaque para Bradesco PN (-1,50%), BB ON (-1,53%) e Unit do Santander (-1,60%). Na ponta negativa do Ibovespa, CVC cedeu 3,54%, Pão de Açúcar, 2,97%, e Sul América, 2,63%. Na face oposta, Magazine Luiza subiu 3,45%, CSN, 1,98%, e BTG, 1,80%. "O mercado está de olho em 'follow on' da Magazine Luiza, com expectativa de uso dos recursos principalmente em M&As (fusões e aquisições), após ter saído o anúncio, pela manhã, de compra da KaBuM! por R$ 1 bilhão", diz Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos. "Desde a manhã, o sentimento geral foi de aversão a risco, digerindo o discurso de Powell enquanto, aqui, haverá vencimento de opções sobre ações amanhã, sexta-feira, em um ambiente que tem se mostrado mais volátil, especialmente no câmbio nos últimos 20 dias, saindo de R$ 4,91 para R$ 5,32 (em certo momento)", acrescenta Madruga. "O PIB da China, abaixo do esperado no segundo trimestre, também contribuiu para a cautela vista hoje." (Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:27 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 127467.88 -0.73098 Máxima 128976.30 +0.44 Mínima 126922.36 -1.16 Volume (R$ Bilhões) 2.86B Volume (US$ Bilhões) 5.62B 17:27 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 127970 -0.79076 Máxima 129480 +0.38 Mínima 127295 -1.31 CÂMBIO O dólar à vista fechou em alta firme nesta quinta-feira, acompanhando o fortalecimento global da moeda americana, em dia marcado por aversão ao risco no exterior. Analistas e operadores não cravaram um gatilho específico para o mau humor lá fora, mas citaram três fatores que podem ter azedado os mercados: preocupações com o avanço da variante Delta, suposta perda de fôlego da economia chinesa e, sobretudo, desconfiança em relação ao cenário de inflação transitória nos EUA traçado pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Por aqui, investidores monitoram o quadro do presidente Jair Bolsonaro, que segue internado em São Paulo para tratar uma obstrução institucional, e a votação do texto base da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022 no Congresso. A preocupação com a questão fiscal voltou a ser comentada nas mesas de operações, em meio a dúvidas com os impactos da reforma tributária e uma possível guinada populista de Bolsonaro, que aproveitaria a folga fiscal momentânea para expandir gastos. Com mínima de R$ 5,0565, registrada pela manhã, e máxima de R$ 5,1387, o dólar à vista fechou em alta de 0,60%, a R$ 5,1147. Na semana, a moeda americana ainda acumula queda de 2,38%. Lá fora, o DXY - que mede o desempenho do dólar em relação a seis divisas fortes - operou em alta durante todo o dia, acima dos 92,500 pontos. O dólar também subiu em relação a divisas emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano. Em nova aparição no Congresso americano, Powell disse que a inflação está bem acima do esperado, o que traz um desafio para o Fed, mas repetiu que considera o fenômeno transitório. O presidente do Fed de Chicago, Charles Evan, que tem direito a voto, ecoou o tom ameno de Powell. Embora tenha se surpreendido com a alta dos preços, Evans considera que a inflação deve perde fôlego e que o BC americano não deveria elevar os juros "de modo desnecessário". Na contramão, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard (sem direito a voto), afirmou, em entrevista à Bloomberg TV, que o cenário atual já permite o início da redução do ritmo de compra de bônus ('tapering'). As divergências dentro do Fed são apontadas por analistas como um dos motivos para apostas de que o 'tapering' virá mais cedo do que pregado por Powell, talvez já no terceiro trimestre deste ano, o que tende a fortalecer o dólar globalmente. "A fala do Powell ontem trouxe um alívio pontual, mas a qualquer momento pode vir uma mudança de discurso por parte do Fed. Existe a percepção no mercado de que a inflação talvez não ceda e de que ele comece a retirar os estímulos ainda neste ano", afirma Eduardo Velho, sócio e economista-chefe JF Trust, ressaltando que a curva de juros americana embute perspectiva de alta da taxa de juros nos EUA já em 2022. Para o economista da Ampla Assessoria de Câmbio, Alessandro Faganello, além da questão inflacionária nos Estados Unidos, pesaram hoje também as notícias de avanço da variante delta e a perspectiva de desaceleração da economia da China após o crescimento do PIB no segundo trimestre ficar aquém do esperado, embora as vendas no varejo e a produção industrial tenham acelerado em junho. "A variante delta pode atingir algumas economias, sobretudo na Ásia. Fica alguma dúvida sobre o crescimento global", diz Faganello, acrescentando que as questões domésticas também levam a uma posição mais defensiva neste momento. Velho, da JF Trust, vê certa "rigidez" na taxa de câmbio neste momento. O mercado, avalia o economista, já teria "antecipado" boa parte do fluxo de recursos para IPOs, o que limitaria o espaço para apreciação do real. Além disso, voltaram à tona as preocupações com a questão fiscal, com a perspectiva de que o governo Bolsonaro "acelere os gastos na margem" já de olho nas eleições de 2022. "Existe até espaço para o dólar cair um pouco mais se o Fed mantiver essa postura amena. Mas a sensação é de que o grande movimento de apreciação do real já ficou para trás", diz Velho, que vê um suporte para a taxa de câmbio em R$ 4,83. "A cautela faz com que o mercado de câmbio neste momento seja muito mais de giro do que posicionamento". O economista-chefe do Instituto Internacional de Finanças (IFF), Robin Brooks, acredita que não haja fundamentos para o valor atual do dólar, cujo valor justo seria de R 4,50. Em comentário no Twitter, Brooks afirmou que "a alta do dólar de menos de R$ 5 para R$ 5,26 foi justificada em termos de prêmio pelo risco político, mas que esse prêmio já é enorme". Na B3, os estrangeiros "viraram a mão" ontem no mercado futuro de dólar, passando de 5.265 contratos (US$ 263,25 milhões) comprados em dólar para 5.050 vendidos (US$ 252,5 milhões), tendo os bancos na outra ponta, segundo dados da Renascença Corretora. Há pouco, o dólar futuro para agosto era negociado em alta de 0,80%, a R$ 5,1215, com giro na casa de US$ 12 bilhões. (Antonio Perez - [email protected]) 17:27 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.11470 0.6019 5.13870 5.05650 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5120.500 0.77741 5147.000 5062.500 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5131.000 14/07 JUROS Os juros não escaparam do movimento de risk off generalizado e as taxas subiram em toda a curva, de modo mais firme na ponta longa, mas o movimento perdeu fôlego na reta final da sessão, com todas elas preservando apenas um viés de alta no fechamento. Pela manhã, o exterior já pressionava os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), mas as máximas vieram à tarde na medida em que a aversão ao risco cresceu para levar o rendimento da T-Note a cair abaixo de 1,30%. Após a trégua de ontem, os temores de antecipação na retirada dos estímulos monetários nos Estados Unidos emergiram a partir de declarações de dirigentes do Federal Reserve. No Brasil, o cenário político traz desconforto em várias frentes, seja na proposta de reforma do Imposto de Renda, na CPI da Covid no Senado ou pelo quadro de saúde do presidente Jair Bolsonaro. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 5,815%, de 5,784% ontem, e o DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 7,305%, de 7,289% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2025 passou de 8,265% para 8,28% e a do DI para janeiro de 2027, de 8,663% para 8,67%. Com o ambiente internacional tenso, as taxas acabaram devolvendo parte da queda registrada ontem, quando o testemunho do presidente do Fed, Jerome Powell, na Câmara deu alívio ao afirmar que os progressos necessários para o início da reversão dos estímulos ainda não eram suficientes. Hoje, no Senado, ele admitiu desafios para decidir como reagir ao atual nível da inflação, que está "bem acima" do que o Fed esperava. Disse ainda que na próxima reunião o Fed vai avaliar se os "progressos substanciais" necessários para a retirada da acomodação monetária foram alcançados. Para a economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Helena Veronese, mais do que Powell, foi a sinalização de outros dirigentes que fizeram preço. "Powell, de certa forma, manteve a percepção de que as pressões na inflação são transitórias, mas Bullard disse que já vê condições para iniciar o tapering", explicou, referindo-se ao presidente da distrital de St. Louis do Fed, James Bullard. À Bloomberg TV, o dirigente afirmou que o atual cenário da economia permite que o Fed inicie o processo gradual de retirada da acomodação. Bullard não vota nas reuniões, mas, segundo Veronese, "tem voz lá dentro". É fato que os emergentes vão sofrer quando começar a retirada dos estímulos nos EUA, mas a economista lembra que, ao menos no início, para o Brasil não será tão doloroso, na medida em que a Selic já deverá ter sido totalmente recomposta para o nível neutro entre 6% e 6,5%. Para o Copom de agosto, sua expectativa é de aperto de 0,75 ponto porcentual, considerando que as condições para uma aceleração no ritmo impostas pelo BC ainda não foram atendidas, ou seja, deterioração das estimativas de IPCA para 2022 e maior pressão na inflação de serviços. "Não temos nenhuma das duas coisas por enquanto, ao contrário a mediana de IPCA 2022 na Focus vem melhorando nas últimas semanas. Se formos seguir à risca, é 0,75 ponto, mas há espaço para 1 ponto sim", disse. Já o sócio fundador e gestor da Macro Capital, Nilson Teixeira, avalia que novas surpresas para cima com a inflação de 2021 têm o potencial de contaminar expectativas para 2022. Em live organizada pela Ohmresearch, defendeu que o BC deve promover duas altas de 1 ponto nas próximas reuniões e levar os juros a 7,25% no fim deste ano. "Minha experiência de tantos anos é que os analistas passam a olhar a projeção do ano seguinte por volta de outubro. Não seria surpresa se, caso a inflação surpreenda até agosto, começássemos a ver analistas puxando a projeção de inflação de 2022 para um patamar de 4% a 4,5%", disse Teixeira. Internamente, o ambiente político é conturbado não só pela situação complicada para o governo na CPI da Covid, mas mais recentemente pela falta de consenso em torno da reforma do IR, mesmo depois de alterada. A perda de arrecadação traz preocupações para a área fiscal e, sobretudo, vai pressionar Estados e municípios, que ficarão com a maior parte dessa conta. Ainda, a internação do presidente reforça o clima de insegurança - ele tem obstrução no abdômen e não há previsão de alta hospitalar. "Em dias de agenda esvaziada, fatores como esses tomam uma dimensão maior", afirmou Veronese. O Tesouro realizou leilão de prefixados mas o volume e o risco da operação foram parecidos aos da anterior e, com isso, não houve grande pressão sobre a curva. As ofertas de 11 milhões de LTN e 1,3 milhão de NTN-F tiveram demanda integral. (Denise Abarca - [email protected]) 17:26 Operação   Último CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 4.50 Capital de Giro (%a.a) 6.76 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 4.15 Over Selic (%a.a) 4.15
Gostou do post? Compartilhe:
Receba nossos conteúdos por e-mail
Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Copyright © 2023 Broker Brasil. Todos os direitos reservados

Abrir bate-papo
Olá!
Podemos ajudá-lo?