A aversão global ao risco fez o dólar ter a maior alta em mais de três meses diante do real, derrubou as bolsas, tombou o petróleo e inclinou a curva de juros doméstica, num claro sinal de piora de percepção em relação à economia. O estresse, que começou com as tensões comerciais entre norte-americanos e europeus, foi galgando novos níveis ao longo do pregão, diante da piora de projeções do FMI para a economia mundial e, sobretudo, da aceleração de casos de coronavírus nos Estados Unidos - o país teve o maior número de registros (34.313) para um único dia em mais de dois meses, desde 23 de abril. Nesse ambiente, o real, que vive de extremos nos últimos tempos, teve o pior desempenho em uma cesta de 34 divisas mais líquidas, com a moeda dos EUA no mercado à vista encerrando o dia a R$ 5,3233, com valorização de 3,33% - maior alta porcentual desde 18 de março. Em Nova York, os principais índices acionários chegaram a ceder mais de 3%, mas acabaram com perdas menores, entre 2% e 2,50%. Hoje, em meio à piora de projeções do FMI, justamente devido aos efeitos da pandemia de coronavírus, a OMS advertiu que a aguardada vacina pode ainda não se materializar. A fuga do risco também impactou o Ibovespa, que só não caiu mais devido ao comportamento positivo das exportadoras, ajudadas pelo dólar, e de empresas como a Sabesp, diante da expectativa de aprovação, ainda hoje, do marco legal do saneamento, no Senado. No fim, o principal índice da bolsa brasileira registrou baixa de 1,66%, aos 94.377,36 pontos, depois de, mais cedo, ter tocado mínima de 93.259,07 pontos. A expectativa de votação de novas regras para o saneamento também permeou os juros, no sentido de que pode representar um impulso aos investimentos no País, mas foi insuficiente para impedir uma importante inclinação da curva a termo. Até porque, além da alta firme do dólar, o desconforto com a questão fiscal vem aumentando, em meio ao debate para estender medidas de auxílio usadas no combate aos efeitos da pandemia. Os curtos também subiram, mas bem menos que os longos, mantendo o mercado dividido entre mais um corte de 0,25 ponto da Selic em agosto e a manutenção da taxa em 2,25% ao ano.
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