A aversão ao risco diminuiu um pouco no período vespertino, mas a cautela diante da instabilidade política local e dos ativos no exterior, além da expectativa pela reunião do Copom, deixou os principais mercados domésticos sem direção única. Um dos fatores que contribuiu para amenizar os movimentos vistos no começo do dia foi a aprovação, em segundo turno na Câmara dos Deputados, da PEC do Orçamento de Guerra. Além disso, depois de os deputados desidratarem ainda mais a contrapartida dos Estados e municípios no projeto de socorro a estes entes, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, já disse que reintroduzirá limites ao reajuste de algumas categorias do funcionalismo. Mesmo assim, seguem no radar os temores em relação ao rumo das contas públicas, bem como sobre os desdobramentos políticos do depoimento do ex-ministro Sérgio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro, um dia depois de a Fitch colocar a perspectiva negativa para a nota soberana do Brasil. Isso ajuda a explicar a quarta sessão consecutiva de alta do dólar ante o real, que mais uma vez teve comportamento pior do que pares emergentes, ainda que o dia tenha sido de valorização generalizada da divisa dos EUA. Por aqui, também pesou a possibilidade, minoritária entre economistas e no mercado de juros, de o Copom ser mais agressivo na redução da Selic ou deixar a porta aberta para mais afrouxamento monetário adiante. Com isso, o dólar á vista teve avanço de 1,97%, a R$ 5,7024. Mesmo com o câmbio pressionado, os juros reverteram completamente o movimento de alta registrado mais cedo e os vencimentos intermediários e longos acabaram em queda, reagindo ao avanço das matérias citadas acima no Congresso. No fim, os juros curtos, com pequena alta, terminaram precificando 60% de chances de a Selic cair 0,50 ponto hoje, contra 40% de possibilidade de corte maior, de 0,75 ponto. Em meio a isso, o Ibovespa chegou a migrar para o território positivo na última hora de negócios, mas Nova York se firmou no vermelho e levou junto a bolsa doméstica, que cedeu 0,51%, aos 79.063,68 pontos, após dois pregões de ganhos. Em Wall Street, os principais índices fecharam majoritariamente em queda, depois de um pregão bastante volátil. Além de indicadores negativos, e da queda do petróleo, as tensões entre China e Estados Unidos seguiram ditando cautela. Nesta tarde, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que a China "pode ou não" manter o acordo comercial bilateral firmado anteriormente entre as potências. O bom desempenho das ações do setor de tecnologia, no entanto, atenuou a pressão e beneficiou especialmente o índice Nasdaq.
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