CAUTELA EXTERNA, INCERTEZA FISCAL E RUÍDOS DETERIORAM ATIVOS LOCAIS NO DIA E NO MÊS

A combinação de fuga global do risco com incerteza fiscal e ruídos políticos no Brasil resultou em uma semana bastante negativa para os ativos brasileiros. O dólar fechou perto de R$ 5,60, mesmo após o Banco Central gastar US$ 3 bilhões em leilões à vista, juros tiveram alta forte e já precificam aperto monetário de 50 pontos-base ou mais em março e maio, enquanto a Bolsa tombou 8 mil pontos desde a última sexta. E o desenho do mês não é muito diferente, com perdas em todos os mercados. A moeda americana ganhou força ante a maioria das demais divisas, em um cenário composto por sinais de recuperação da economia dos EUA, com mais estímulos à vista por meio do pacote que deve ser aprovado ainda hoje na Câmara dos Representantes, e avanço da vacinação no país. Mas a delicada situação fiscal brasileira, com os investidores temendo que a PEC Emergencial se transforme apenas na PEC do Auxílio Emergencial, por não oferecer contrapartidas ao gasto com o benefício, e os recentes ruídos envolvendo a troca de comando na Petrobras e, aparentemente, também no Banco do Brasil, servem para afastar ainda mais os estrangeiros do Brasil. Não por acaso, o real é a moeda com o pior desempenho entre os pares emergentes em 2021. Hoje, o dólar subiu 1,66%, a R$ 5,6055 no mercado à vista, acumulando valorização de 2,39% no mês e de 8,03% no ano. Esse nível de câmbio é o que tem causado revisões para cima nas projeções de inflação para o ano e, portanto, pressionado as taxas de juros de curto prazo, que já embutem apostas minoritárias de aumento de 0,75 ponto porcentual da Selic no próximo encontro do Copom. Até porque, o risco fiscal, além de aumentar os prêmios na parte longa da curva a termo, agrava ainda mais os temores em relação à disparada dos preços. Hoje, as taxas de DI com prazos mais dilatados tiveram um respiro e terminaram perto dos ajustes, de olho na queda dos retornos dos T-notes. Mas o acúmulo de prêmios na semana, em linha com o desempenho dos Treasuries dos EUA, onde preocupações sobre o rumo dos preços também começaram a se desenhar, foi significativo. Em meio a isso, o Ibovespa foi atingido por uma espécie de tempestade perfeita, tanto hoje como nos últimos dias: há um movimento global de saída do mercado acionário rumo aos papéis de dívida americanos e de outras nações, ainda que as bolsas em Nova York tenham fechado mistas nesta sexta, e sinais de ingerência nas estatais que desagradam o mercado. A soma dessas variáveis significou novo dia de queda para a Bolsa, de 1,98%, aos 110.035,17 pontos, acumulando perdas pela segundo mês seguido, no total de mais de 7,5% em 2021. Petrobras e Banco do Brasil foram destaques de baixa na semana.

 

 

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York fecharam sem sinal único, com gigantes de tecnologia impulsionando o Nasdaq, enquanto a queda nos setores industrial, financeiro e de energia tiraram força do S&P 500 e do Dow Jones. Pressionado pelo dólar forte, o petróleo recuou e os juros dos Treasuries caíram, ajustando ganhos recentes, mas ainda operando em níveis elevados. O movimento dos bônus americanos continua no radar dos investidores, pressionando as bolsas dos dois lados do Atlântico. Em Washington, a Câmara dos Representantes caminhava para aprovar hoje o pacote fiscal do governo Joe Biden, que seguirá para o Senado, onde parte das medidas deve enfrentar mais resistência. Ainda nos EUA, os números mostravam queda importante nos casos e mortes por covid-19 em semanas recentes, mas autoridades alertaram hoje para uma alta de registros nos últimos dias, argumentando pela manutenção de restrições para conter a disseminação do vírus. Nesse contexto, autoridades do G20 reafirmaram em encontro virtual o compromisso com medidas para sustentar a economia global.

 

Os índices acionários mostraram volatilidade em Nova York, com o Nasdaq encontrando espaço para subir, após ontem ter registrado sua maior queda desde outubro, mas o Dow Jones mais pressionado, com sinais de fragilidade da economia americana, enquanto o S&P 500 oscilou entre perdas e ganhos. O Dow Jones fechou em baixa de 1,50%, em 30.932,37 pontos, o S&P 500 recuou 0,48%, a 3.811,15 pontos, e o Nasdaq avançou 0,56%, a 13.192,34 pontos.

 

Embora dados de consumo e renda nos EUA tenham apontado alta entre dezembro e janeiro, O PMI calculado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) e o índice de sentimento do consumidor elaborado pela Universidade de Michigan mostraram que a atividade econômica nos EUA ainda patina. Há a expectativa de que o pacote fiscal proposto pela administração Joe Biden seja aprovado na Câmara americana ainda hoje, seguindo para votação no Senado na próxima semana. Ecoando a preocupação recente de alguns investidores e analistas, a Stifel teme a possível implicação inflacionária do pacote. No mais longo prazo, diz a consultoria, há temores de que a “expansão massiva” dos gastos e da oferta monetária tenha “consequências duradouras”, provavelmente levando a maior inflação, erodindo o poder de compra dos consumidores e, de modo mais geral, minando o potencial para prosperidade econômica do país”. O ING, por sua vez, questiona se o Federal Reserve (Fed) não pode partir para uma “intervenção verbal” na próxima semana a fim de conter a onda de venda dos bônus.

 

O BC americano tem sinalizado em declarações de dirigentes que a trajetória dos preços não é uma preocupação no momento, considerando as expectativas bem ancoradas. No Reino Unido, porém, o economista-chefe do Banco da Inglaterra (BoE), Andy Haldane, disse ver “risco tangível” de alta acentuada da inflação, com eventual complacência de bancos centrais. Hoje, os juros dos Treasuries recuaram, com ajustes após ganhos recentes, mas seguiam perto dos níveis mais elevados em um ano: no fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos recuava a 0,113% e o da T-note de 10 anos caía a 1,419%.

 

No câmbio, o quadro em geral de cautela apoiou a compra de dólares. No horário citado, o dólar subia a 106,58 ienes, o euro caía a US$ 1,2077 e a libra tinha baixa a US$ 1,3939. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, avançou 0,83%, a 90,879 pontos.

 

A força do dólar colaborou para pressionar o petróleo, com investidores à espera de cúpula na próxima semana da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). O contrato do WTI para abril fechou em queda de 3,20%, em US$ 61,50 o barril, na Nymex, e o Brent para maio, contrato mais líquido, recuou 2,56%, a US$ 64,42 o barril, na ICE. A Capital Economics interpretou os movimentos recentes no mercado de Treasuries como “um alerta” para as commodities, por pressionarem os preços destas em dias recentes e considerando que elas podem cair mais. Para a consultoria, ganhos nos preços das matérias-primas foram amparados mais pelo otimismo dos investidores do que pelos fundamentos.

 

Em parte pela fraqueza de ações ligadas a commodities, mas também pelos movimentos recentes dos retornos dos Treasuries, as bolsas europeias recuaram: Londres perdeu 2,53%, Frankfurt caiu 0,67% e Paris, 1,39%. Após reunião do G20, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reforçou a defesa da acomodação nas políticas fiscal e monetária. Comissário para Economia da União Europeia, Paolo Gentiloni reivindicou apoio fiscal “robusto” e disse que os riscos de fazer “muito pouco” são maiores, no contexto atual.

 

Também presente na reunião virtual do G20, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou que o mundo pode crescer mais do que os 5,5% previstos pelo Fundo em 2021, mas também alertou para incertezas, como o ritmo da vacinação e as novas cepas da covid-19. O grupo dos países mais ricos do mundo reafirmou seu compromisso em continuar com medidas de apoio à economia global. Nos EUA, houve queda nas últimas semanas em casos e mortes por covid-19, mas o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) alertou para alta nos casos nos últimos dias, pedindo que a população mantenha-se atenta e não abra mão de medidas como o uso de máscaras e o distanciamento social. A força-tarefa da Casa Branca contra o vírus, por sua vez, pediu em entrevista coletiva a aprovação do pacote fiscal, considerando a verba “crucial” para enfrentar o problema. (Gabriel Bueno da Costa – [email protected])

Volta

 

JUROS

O mercado de juros operou nesta sexta-feira com um olho no sinal dos Treasuries e outro nos ajustes para inflação e Selic, em novo dia de escalada do dólar à marca de R$ 5,60. A queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano conseguiu trazer respiro para a ponta longa, favorecendo leve desinclinação da curva hoje, mas com aumento em torno de 15 pontos-base no balanço da semana. As taxas a partir de 2025 fecharam perto da estabilidade, enquanto as demais subiram, refletindo a percepção da necessidade de maior aperto na política monetária, em função do riscos fiscais, da piora do câmbio e das expectativas de inflação – o Itaú Unibanco revisou sua projeção de juro básico para 5% no fim do ano. Não por acaso, apareceram hoje na curva apostas de 0,75 ponto porcentual no juro básico no Copom de março e de maio. Na ponta longa, o alívio do dia é visto apenas como uma pausa patrocinada pelo exterior, dado o pessimismo com o andamento das reformas e a visão de que o movimento benigno dos Treasuries hoje também não representa tendência.

 

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 3,76% (regular) e 3,74% (estendida), de 3,668% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 5,468% para 5,59% (regular) e 5,585% (estendida). O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 7,22% (regular) e 7,23%(estendida), de 7,176% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 fechou em 7,85% (regular) e 7,84% (estendida), de 7,84%.

 

Ao contrário dos últimos dias em que a ponta longa esteve na berlinda, hoje chamou a atenção a trajetória ascendente dos contratos até o miolo da curva, principalmente os curtos. Os analistas vêm elevando dia a dia sua expectativa para inflação o que, inevitavelmente, pressiona também as projeções para a Selic, num contexto muito ruim para o real. “Há uma certa fraqueza da atividade que ajuda a segurar um pouco a inflação, mas o choque de preços de commodities lá fora é muito forte e, sem a contrapartida da apreciação da moeda, é difícil segurar”, explicou o estrategista da Western Asset, Adauto Lima.

 

Além de revisar de forma agressiva sua projeção de Selic de 3,5% para 5% no fim de 2021, o Itaú Unibanco elevou sua estimativa para a taxa de câmbio, de R$ 4,75 para R$ 5,00. O ajuste decorre das incertezas fiscais e também globais, que diminuem as chances de apreciação expressiva do real. “A elevação da taxa Selic, no entanto, compensa parcialmente, tais efeitos, contribuindo para alguma apreciação da moeda em relação aos patamares atuais”, ponderam os analistas. Já o Bradesco informou nova expectativa de IPCA para o fim do ano, para 3,9%, de 3,5%, com o câmbio estimado agora em R$ 5,30, de R$ 5,00 anteriormente.

 

Na curva, a dúvida agora é se o aperto em março será de 0,50 ponto ou 0,75 ponto. A precificação para a Selic atingiu hoje 55 pontos-base, de 45 pontos ontem. Com isso, há 85% de probabilidade de aumento de 0,50 ponto e 15% de chance de elevação de 0,75 ponto. Para maio, a aposta de 0,75 ponto já aparece com 20%. Para o fim de 2021, a curva indica Selic em 5,75%.

 

Relatório do Banco Fator, elaborado pelo economista-chefe José Francisco Lima Gonçalves, afirma que “as taxas nominais incorporam os riscos domésticos (fiscal e Bolsonaro)”, além dos preços dos ativos pelo mundo. “A pressão sobre o BC, o Copom, vai se tornando irresistível”, diz.

 

Um aperto mais forte na Selic pode ajudar não só a reduzir o avanço do dólar como também a desinclinar a curva. Na semana marcada pela frustração com o andamento da PEC Emergencial e disparada do yield das Treasuries, o diferencial entre os contratos de janeiro de 2022 e janeiro de 2027 passou de 394 pontos na última sexta-feira para 410 pontos.

 

Os rendimentos dos títulos dos EUA hoje caíram e deram trégua para a curva longa por aqui. De todo modo, a percepção geral é de que a curva americana continuará abrindo na medida em que for se consolidando o processo de vacinação contra Covid nos Estados Unidos e, ainda mais, se aprovado o pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão. A ponta longa local sofre ainda com os ruídos políticos e reformas emperradas no Congresso. “Um outro elemento que cresceu muito esta semana foi a explosão de casos de Covid no Brasil”, lembra Adauto Lima. Em função disso, aumentou o risco de maiores restrições à circulação, comércio e serviços, o que poderá elevar pressão por um programa maior de auxilio à população. (Denise Abarca – [email protected])

 

 

18:32

 

Operação   Último

CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 2.12

Capital de Giro (%a.a) 5.17

Hot Money (%a.m) 0.56

CDI Over (%a.a) 1.90

Over Selic (%a.a) 1.90

 

CÂMBIO

O dólar fechou fevereiro acumulando alta de 2,4%, segundo mês consecutivo de valorização. No ano, o ganho do dólar ante o real é de 8%, o que mantém a moeda brasileira no topo de pior desempenho dos emergentes. Hoje, o exterior voltou a ter peso predominante para o câmbio no Brasil, ainda com a preocupação da elevação das taxas de retorno dos títulos do Tesouro americano, que afasta investidores de ativos de risco, enquanto no mercado doméstico persistem os ruídos políticos e a incerteza fiscal. O Banco Central voltou a atuar, vendendo hoje US$ 1,5 bilhão no mercado à vista em dois leilões. Ao todo, foram quatro leilões do tipo desde ontem, somando US$ 3 bilhões, mas com efeito apenas pontual nas cotações, que nesta tarde bateram em R$ 5,60, o maior nível desde 4 de novembro do ano passado.

 

Na semana, que começou tensa com o episódio de ingerência de Jair Bolsonaro na troca do presidente da Petrobras, o dólar acumulou alta de 4,09%, a maior desde a primeira semana do ano. Na segunda-feira, o BC vendeu US$ 1 bilhão em swap (espécie de oferta em dólar no mercado futuro). Com isso, nos últimos 5 dias, despejou US$ 4 bilhões no mercado, isso só considerando dinheiro novo, excluindo as rolagens.

 

“O Brasil vem caminhando cada vez mais para ser o patinho feio dos emergentes”, afirma o sócio-diretor da Galapagos WM, Arnaldo Curvello. Ele comenta que o ambiente de maior estresse no exterior chega ao País em momento de muita incerteza doméstica. “É preocupante, estamos muito mal posicionados”, disse ele, destacando que a falta de sintonia e comunicação no governo deixa tudo ainda mais volátil e incerto. “Não está claro para onde o barco está indo.”

 

Sobre as atuações recentes do BC, Curvello observa que o Brasil está tão fragilizado que é preciso conter um pouco de expectativa sobre o câmbio. “Vai deixar a moeda desvalorizar 3%, 4% em um dia? Isso tem um efeito bem negativo quando se está muito frágil.” Na pandemia, o BC vendeu muito pouco dólar. “Esse BC já mostrou que não vai para o combate, só atenua grandes movimentos.”

 

Ainda sobre a intervenção do BC, um gestor comenta que faz sentido atuar vendendo dólar à vista neste momento, que tem “enxurrada de saída” de investidor estrangeiro do País, ou seja, o BC dá a liquidez. Um outro ponto, comenta ele, é que as reservas estão além do que o Brasil precisa e o custo de carregamento delas tende a subir, com a volta dos aumentos de juros a partir de março.

 

Curvello, da Galapagos, destaca que o fator que poderia reverter este quadro negativo é um choque de expectativas. “Aí acontece o que aconteceu [com a Petrobras], com uma atitude de interferência que o mercado odeia, isso não ajuda muito a trazer a confiança de volta” Com exceção da alta das commodities e da conta corrente, que tem mostrado melhora nos últimos meses, todas as outras variáveis estão pesando contra o real. “Normalmente quando as commodities sobem, o câmbio ajuda a inflação, agora não está ajudando.”

 

Para o economista-chefe da Frente Corretora de Câmbio, Fabrizio Velloni, ao mudar o comando na Petrobras, Bolsonaro conseguiu provocar uma crise de confiança no mercado. “Nosso problema hoje é mais político do que econômico.” Assim, mesmo o presidente sinalizando novas privatizações, como Correios e Eletrobrás, o mercado financeiro e os investidores internacionais estão “assolados por uma crise de desconfiança” de como será o comportamento futuro do governo em relação a intervenções. O reflexo imediato é a forte piora do câmbio, destaca.

 

Neste ambiente de piora local e externa, o Bradesco elevou hoje sua previsão de dólar no final do ano, para R$ 5,30. “A mudança nas condições financeiras globais e as incertezas fiscais domésticas podem limitar a apreciação sugerida pelos fundamentos das contas externas e ganhos de termos de troca.”

 

No fechamento do dia, o dólar terminou a sexta-feira com alta de 1,66%, a R$ 5,6055. No mercado futuro, o dólar para abril, que hoje passou a ser o contrato mais líquido, subia 1,31% às 18h20, a R$ 5,6135. Em dia de vencimento do referencial Ptax de fevereiro, usada para a liquidação de contratos cambias e ainda em balanços de empresas, o volume de negócios foi acima da média hoje, somando US$ 23 bilhões. (Altamiro Silva Junior – [email protected])

 

 

18:32

 

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.60550 1.6594 5.60850 5.49220

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5530.500 -0.02711 5541.000 5495.500

DOLAR COMERCIAL 5609.500 1.25451 5627.500 5497.000

 

 

BOLSA

O Ibovespa encerrou fevereiro em tom menor, emendando a segunda perda mensal, em retração superior à acumulada em janeiro. Após recuar 3,32% no primeiro mês do ano, o índice encerra fevereiro cedendo 4,37%, elevando a queda a 7,55% no ano. Foram três perdas semanais consecutivas até a desta sexta-feira em que o índice da B3 fechou em baixa de 1,98%, a 110.035,17 pontos, agora no menor nível desde o encerramento de 30 de novembro (108.893,32). Hoje, oscilou entre mínima de 109.827,09 (menor nível intradia desde 1º de dezembro) e máxima de 113.466,21, com abertura a 112.260,21 pontos. Na semana, o Ibovespa registrou perda de 7,09%, a maior desde a de 7,22% no período encerrado em 30 de outubro. Bem sólido, o giro desta sexta-feira foi de R$ 54,6 bilhões.

 

Renovando mínimas na hora final dos negócios, abaixo dos 110 mil, o índice de ações começou a acentuar correção no meio da tarde quando vieram a público relatos de que o presidente do Banco do Brasil, André Brandão, estaria decidido a deixar o cargo. Em janeiro, Brandão entrou em rota de colisão com o presidente Jair Bolsonaro, em razão de plano para fechamento de agências, de forma a melhorar a produtividade da instituição. Na ocasião, o ministro da Economia, Paulo Guedes, conseguiu contornar a situação para mantê-lo à frente do BB – o que não se repetiu na semana passada, quando Guedes não foi ouvido por Bolsonaro ao decidir trocar Roberto Castello Branco pelo general Fernando Silva e Luna para o comando da Petrobras. Hoje, BB ON fechou em baixa de 4,92% e Petrobras PN, de 4,10%.

 

“Diante de novos rumores (sobre o BB) e o caso Petrobras, o mercado já coloca na conta mais uma intervenção estatal e penaliza o índice, assim como inclina ainda mais a curva de juros”, observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. “O Ibovespa iniciou a semana perdendo pontos de suporte importantes, como o de 118 mil e o fundo anterior, de 114.800. Se seguir com força vendedora, o próximo suporte se dá na região de 109.500 pontos”, aponta a analista gráfica Pam Semezzato, da Rico Investimentos.

 

Desde a última sexta-feira, quando ficou clara a intenção do presidente Bolsonaro de interferir na gestão da Petrobras para impedir aumentos “excessivos” nos preços dos combustíveis, o Ibovespa passou a terreno negativo no mês, coincidindo com a retirada de recursos estrangeiros na B3. Entre aquele dia e esta quarta-feira, a saída líquida de recursos externos totalizou R$ 9,455 bilhões; nos quatro dias do intervalo, o fluxo estrangeiro para ações brasileiras foi sempre deficitário, e em fevereiro até o dia 24, está agora negativo em R$ 4,895 bilhões no mês, interrompendo série de ingressos entre novembro e janeiro. Em 2021, o saldo é positivo em R$ 18,660 bilhões.

 

Para complicar a situação, o avanço dos rendimentos dos títulos americanos recoloca a questão do momento em que as taxas de juros do Federal Reserve voltarão a subir, em um cenário de recuperação econômica nos EUA induzida não apenas pelos amplos estímulos monetários e fiscais, mas também pela retomada da atividade proporcionada pela vacinação, que tem resultado em algum controle da pandemia no país. Assim, o cenário externo, embora ainda favorável e benéfico às commodities, carro-chefe do País, tende a se tornar mais seletivo quanto aos emergentes, especialmente os que mostrem progressão preocupante da relação dívida/PIB, como o Brasil.

 

“Fevereiro não foi tão ruim para a Bolsa se considerarmos também as 12 ofertas públicas ocorridas no mês, trazendo investidores. Mas temos um cenário desafiador, com a expectativa de que mais inflação possa resultar em elevação de juros nos EUA. Além dos nossos problemas: não apenas a situação fiscal mas a persistência da pandemia, com prorrogação ou retomada de lockdown, que afeta diretamente a economia doméstica. É o que temos observado recentemente no comportamento de ações com exposição à atividade interna, como as de varejo”, diz Rodrigo Friedrich, head de renda variável da Renova Invest. Hoje as ações de Via Varejo (-6,02%) seguraram a ponta negativa do Ibovespa, com BRF (-7,16%), que anunciou resultado trimestral após o fechamento de ontem, e CSN (-5,16%).

 

Destaque também nesta sexta-feira para Vale ON, em baixa de 1,24% mesmo com resultados trimestrais favoráveis – a decepção decorreu em parte pelos dividendos anunciados, de US$ 4 bilhões, em ano no qual a empresa teve geração de caixa recorde. Na ponta do Ibovespa, Minerva (+3,30%), com resultados trimestrais da noite de ontem, seguida por Eneva (+2,27%) e Magazine Luiza (+0,50%), os três únicos desempenhos positivos do índice nesta sexta-feira.

 

No fechamento de 2020, o índice da B3 em dólar ficou em 22.937,77, com a moeda à vista em baixa de 2,95% no mês, e o Ibovespa dolarizado vindo de 20.368,35 pontos no encerramento de novembro. No fim de janeiro, foi a 21.018,82, correspondendo à perda de 3,32% no índice e a avanço de 5,51% no dólar, e agora, no encerramento de fevereiro, com a moeda americana em alta de 2,39% e o índice de ações em baixa de 4,37% no mês, está em 19.629,85 pontos,

 

O mercado financeiro reduziu significativamente a expectativa de perdas para o Ibovespa no curtíssimo prazo, mostra a Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. A previsão de que a próxima semana será de queda para as ações caiu de 20,00% na pesquisa anterior para 7,14%. Em direção oposta, teve avanço expressivo a percepção de estabilidade, que na semana passada era de 20,00% e agora ficou em 35,71%. A perspectiva de ganhos refluiu levemente, mas ainda é amplamente majoritária, passando de 60,00% para 57,14%. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

 

 

18:32

 

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 110035.17 -1.97868

Máxima 113466.21 +1.08

Mínima 109827.09 -2.16

Volume (R$ Bilhões) 5.46B

Volume (US$ Bilhões) 9.87B

 

 

 

 

18:32

 

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 109870 -1.9193

Máxima 113640 +1.45

Mínima 109785 -2.00

 

 

 

 

 

 




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