CAUTELA EXTERNA E CRISE POLÍTICA GUIAM MERCADOS ANTES ATA E DADOS DE ATIVIDADE

As bolsas internacionais mostram quedas moderadas com investidores atentos a sinais de uma segunda onda de infecções por covid-19 em partes da Ásia, como China e Coreia do Sul, e ao petróleo fraco. A bolsa brasileira deve ser afetada em meio à espera de balanços importantes na semana, como o da Petrobras. O destaque é a ata do Copom, nesta terça-feira, após o corte inesperado de 0,75 ponto da Selic para 3% ao ano na quarta-feira. O documento do Banco Central poderá indicar qual o espaço para quedas adicionais de juros e detalhar os riscos fiscais e seus impactos sobre o juro neutro. Também serão divulgadas a pesquisa de serviços e vendas no varejo. Na política, apesar do Brasil já ter registrado mais de 11 mil mortes pela Covid-19 até ontem, o presidente Jair Bolsonaro disse que vai ampliar o rol de atividades essenciais autorizadas a funcionar a despeito das medidas de distanciamento social por causa da pandemia. Confrontado por um popular em frente ao Palácio da Alvorada que afirmou que “a democracia pede sua renúncia ou impeachment”, o presidente respondeu que fica no comando do País até 1º de janeiro de 2027. No sábado, quando o Brasil ultrapassou 10 mil mortos pela doença, Bolsonaro passeou de jet ski em Brasília e chamou a pandemia de “uma neurose”. Ele disse que o churrasco que havia anunciado para domingo era fake news e voltou a atacar a imprensa. O Congresso Nacional e o STF, por sua vez, decretaram luto oficial de três dias em razão das mortes pela pandemia no País. Bolsonaro sinalizou ontem também que vetará a brecha para reajuste de servidores públicos, prevista na lei de auxílio aos Estados e municípios. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou no sábado que se o presidente vetar o aumento fica garantido que, já em 2021, o Brasil voltará para a trilha do ajuste fiscal. Também estão no radar o início das oitivas do inquérito que investiga a acusação do ex-ministro Sergio Moro de tentativa de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Hoje, devem ser ouvidos o ex-diretor-geral da PF Maurício Valeixo, e o delegado Alexandre Ramagem, indicado para substituir Valeixo, mas que não assumiu o cargo por determinação do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Nesta terça-feira, os ministros Augusto Heleno (GSI), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) vão depor e, na quarta-feira, será a vez da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). No sábado, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, autorizou que o procurador-geral da República Augusto Aras, o advogado-geral da União e Moro tenham acesso integral à gravação da reunião ministerial de 22 abril, na qual o ex-juiz afirma que Bolsonaro teria cobrado a substituição do diretor-geral da PF e do superintendente no Rio. Em entrevista à Band na madrugada de hoje, Aras, afirmou que apenas os diálogos entre Jair Bolsonaro e o ex-ministro Sérgio Moro nessa reunião devem ser divulgados porque podem vir a criar embaraços não só internos, mas também nas relações internacionais. Na PGR, a informação é de que nove entre dez integrantes da equipe de Aras, apostam que ele não vai encontrar elementos suficientes para denunciar o presidente. Esse assunto poderá ser mencionado nesta manhã em uma videoconferência com a participação da ministra Rosa Weber e os ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, do STF. No exterior, os investidores aguardam os desdobramentos comerciais entre EUA e China e indicadores de atividade nos próximos dias, como os resultados da produção industrial de abril na China e nos EUA.

 

Ata do Copom, números de serviços e varejo no foco – Amanhã tem ata do Copom e pesquisa mensal de serviços. Na quarta-feira tem vendas no varejo de março. Entre os balanços, Petrobras, no próximo dia 14, é o grande destaque da semana. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa hoje, às 8h, de reunião promovida pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS). Às 10h, Campos Neto participa de reunião com o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni. Também hoje tem relatório Focus (8h25).

 

PIB da zona do euro e Reino Unido e produção industrial dos EUA em destaque – Nos Estados Unidos, é esperada a divulgação do índice de Preços ao Consumidor (CPI) de abril, na terça-feira. Serão conhecidos ainda o PIB do Reino Unido (terça-feira) e da Alemanha e zona do euro (sexta-feira) do 1º trimestre. A produção industrial dos EUA será conhecida na sexta-feira. Além disso, seis dirigentes do Federal Reserve (Fed, banco central americano) discursam, sendo hoje a vez do presidente do Fed de Chicago, Charles Evans (não vota), às 13h30.

 

Pacote de socorro de até R$ 20 bi a setores elétrico e aéreo pode sair esta semana – Os pacotes de socorro às distribuidoras de energia elétrica e às companhias aéreas, uns dos setores mais afetados pela pandemia de covid-19, deverão ser anunciados nesta semana, apurou o Broadcast/Estadão. Os valores do socorro deverão ficar entre R$ 10 bilhões e R$ 13 bilhões, no caso do setor elétrico, e de R$ 4 bilhões a R$ 7 bilhões, no aéreo, disseram fontes que acompanham as negociações. O apoio à fabricante de aviões Embraer corre em paralelo e não estará nessa primeira ajuda.

 

Nelson Teich lamenta “terrível” marca de 10 mil mortos por covid-19 – O ministro da Saúde, Nelson Teich, publicou em sua conta no Twitter uma homenagem ao Dia das Mães e, no mesmo post, lamentou a dualidade do momento, quando o País vive a alegria da data comemorativa ao mesmo tempo em que registra “a terrível marca de mais de 10 mil mortes por Covid-19”.

 

Doria prorroga quarentena até dia 31; isolamento foi de 50% no sábado – O governador João Doria (PSDB) prorrogou a quarentena até 31 de maio. Na cidade de São Paulo, começa hoje novo rodízio de carros: placa de final ímpar só poderá circular nos dias ímpares; e placa final par, nos dias pares. A Prefeitura negocia com sete hospitais privados para disponibilizar 1,5 mil leitos de UTIs para o SUS até o fim de maio, disse o prefeito Bruno Covas. São Paulo registrou uma taxa de isolamento social de apenas 50% no sábado, índice mais baixo para este dia da semana desde que a quarentena foi implementada no Estado.

 

BNDES: linha emergencial para pequenas e médias empresas atinge R$ 2 bi em aprovações – A linha emergencial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) em ações de combate ao novo coronavírus atingiu R$ 2 bilhões em aprovações de financiamentos. O valor corresponde a 40% do orçamento de R$ 5 bilhões previsto para uso livre das empresas. A linha já beneficiou quase cinco mil clientes, em 5.330 operações.

 

Câmara encerra votação da MP sobre venda de imóveis da união – O plenário da Câmara dos Deputados finalizou na sexta-feira, 8, a votação dos destaques à Medida Provisória (MP) 915, que facilita a venda de imóveis da União. Os deputados aprovaram três emendas e, agora, o texto segue para deliberação do Senado.

 

AGU analisa denúncias de desvios na pandemia – A Controladoria-Geral da União analisa 400 denúncias de supostos desvios de verba pública no combate ao coronavírus. Os casos foram apresentados por cidadãos a uma plataforma digital criada pela CGU específica para essas manifestações, a Fala.BR. Algumas denúncias já estão em fase de apuração, outras, em “coleta de materialidade”.

 

Alexandre mantém veto a Ramagem na chefia da PF – O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes manteve a suspensão da nomeação do diretor da Abin, Alexandre Ramagem, para a chefia da Polícia Federal. Como o decreto de nomeação já foi anulado pelo Planalto, o ministro julgou prejudicado o objeto da ação movida pelo PDT contra a indicação. Na prática, o processo é arquivado, e o ministro também não irá analisar o pedido de reconsideração apresentado pelo governo. Desde a última segunda, 4, a PF já tem um novo chefe, o delegado Rolando Alexandre, braço direito de Ramagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

 

Roberto Jefferson recomenda a Bolsonaro ‘demitir’ STF e cassar concessão da Globo – O ex-deputado federal e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, um dos mais recentes aliados de Jair Bolsonaro, afirmou em sua conta no Twitter no sábado que “Bolsonaro, para atender o povo e tomar as rédeas do governo, precisa demitir e substituir os 11 ministros do STF, herança maldita. Precisa cassar, agora, todas as concessões de rádio e TV das empresas concessionárias GLOBO. Se não fizer, cai”.

 

Apoiadores de Bolsonaro reviram lixo para atacar jornalistas no Palácio da Alvorada – Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro reviraram o lixo em frente à sala em que ficam jornalistas no Palácio da Alvorada neste domingo, 10. Vestidos com camisetas com os dizeres “direita raiz”, eles procuraram notas com nomes dos profissionais e gravaram um vídeo para atacar a imprensa. A equipe de segurança do Palácio da Alvorada pediu ao grupo que apagasse o vídeo. Procurada, a assessoria de imprensa da Presidência da República disse que iria se manifestar por nota oficial, o que não ocorreu até a publicação da reportagem.

 

 EXTERIOR NEGATIVO

 

Bolsas europeias e futuros de NY em baixa – As bolsas da Europa e em Wall Street perderam força na última hora diante da queda do petróleo. Investidores monitoram os esforços de reabertura econômica nos EUA e em várias partes da Europa, após um longo período de bloqueios para tentar conter a disseminação do coronavírus. Ontem, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou planos para a reversão gradual das medidas de isolamento locais. Às 7h18, a Bolsa de Londres caía 0,57%, a de Frankfurt recuava 0,84% e a de Paris perdia 1,33%. O euro caía a US$ 1,0820, de US$ 1,0841, e a libra caía a US$ 1,2338, de US$ 1,2407 no fim da tarde de sexta-feira. O Dow Jones futuro cedia 0,68%, o S&P500 futuro tinha queda de 0,67% e o Nasdaq futuro recuava 0,37%.

 

Bolsas da Ásia fecham mistas – As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta segunda-feira, com investidores acompanhando esforços de reabertura econômica nos EUA e em várias partes da Europa, mas também atentos a sinais de uma segunda onda de infecções por covid-19 em partes da Ásia, como China e Coreia do Sul. Os mercados da China continental ficaram levemente no vermelho, apesar de o PBoC prometer medidas adicionais para ajudar a economia doméstica a se recuperar do impacto do coronavírus. O Xangai Composto teve baixa de 0,02%. Autoridades chinesas relataram hoje 17 novos casos de coronavírus no país. A Coreia do Sul, por sua vez, teve um salto nos novos casos da doença. Em Seul, a bolsa sul-coreana caiu 0,54%. O Nikkei subiu 1,05% em Tóquio, enquanto o Hang Seng avançou 1,53% em Hong Kong. O S&P/ASX 200 teve alta de 1,3% em Sydney. Às 7h22, o dólar subia a 107,29 ienes, de 106,70 ienes no fim da tarde de sexta-feira.

 

China: base monetária (m2) tem salto de 11,1% em abril, o maior em mais de 3 anos – A base monetária da China avançou no mês passado no maior ritmo em mais de três anos. A medida mais ampla de base monetária do gigante asiático, conhecida como M2, teve acréscimo anual de 11,1% em abril, maior do que o ganho de 10,1% verificado em março e também acima da expectativa de analistas previam alta de 10,3%. O avanço do M2 chinês vinha se mantendo abaixo de 11% desde 2017.

 

Petróleo em queda – Os contratos futuros de petróleo operam em baixa na madrugada desta segunda-feira, depois de acumularem ganhos significativos na última semana e em meio a temores persistentes sobre o impacto da pandemia de coronavírus na demanda pela commodity. Relatos sobre uma segunda onda de infecções por covid-19 na China e na Coreia do Sul também ajudam a manter o petróleo pressionado. Às 7h25, o barril do petróleo WTI para julho caía 2,83% na Nymex, a US$ 24,04, enquanto o do Brent para o mesmo mês recuava 2,97% na ICE, a US$ 30,05.

 




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