Uma conjunção de fatores positivos no exterior levou os mercados globais a um dia de ganhos expressivos, o que se refletiu diretamente no salto da Bolsa brasileira, com queda firme do dólar ante o real e também dos juros futuros. Tamanho otimismo deixou novos capítulos da crise política interna, com denúncias de um ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro contra seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, completamente em segundo plano. Os investidores se concentraram no noticiário sobre a retomada da economia de alguns países europeus e de regiões dos Estados Unidos, e em avanços em testes para uma vacina contra covid-19. Mas também repercutiram positivamente declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, no fim de semana, e o anúncio de um fundo, por França e Alemanha, de 500 bilhões de euros para combater os impactos do novo coronavírus na Europa. Na reta final, declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, em reunião com empresários na Casa Branca, impulsionaram ainda mais os índices acionários. Ele disse, entre outras coisas, que há avanços nas pesquisas para o tratamento da covid-19 e que seu governo avalia reduzir impostos para restaurantes e entretenimento. Em Wall Street, os principais índices acionários subiram cerca de 3%, com destaque para bancos, montadoras e petroleiras - neste último caso, com influência do salto de 7% no petróleo. As ações da farmacêutica Moderna, que anunciou dados positivos para uma vacina anti-covid, dispararam 20%. Embalado por esse cenário, o Ibovespa teve o maior avanço porcentual desde 6 de abril, ao subir 4,69%, aos 81.194,29 pontos - nível mais elevado desde 29 de abril. De quebra, o índice apagou as perdas mensais e, agora, sobe 0,86% em maio. O dólar, por sua vez, teve a maior desvalorização ante o real desde 29 de abril, ao recuar 2,03%, a R$ 5,7206. Além disso, a moeda brasileira, que vinha se habituando a registrar o pior desempenho quando comparada a suas pares no exterior, hoje migrou para a ponta oposta e liderou os ganhos ante a divisa dos EUA. Com apetite por risco no exterior, dólar mais fraco, perspectivas de inflação cada vez mais baixas e corte nas projeções para a atividade brasileira, os juros futuros também recuaram, sobretudo os de longo prazo, com desinclinação da curva. As taxas curtas terminaram o dia indicando 76% de chances de corte de 50 pontos-base na Selic em junho, ante 24% de possibilidade de redução de 25 pontos.
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