ATIVOS DERRETEM COM LULA DE VOLTA AO JOGO E CHANCE DE MAIS POLARIZAÇÃO E POPULISMO

Em um dia já negativo, a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, de anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Lava Jato, ao declarar a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para o processo e julgamento das ações, azedou de vez o humor do mercado no Brasil. O Ibovespa, que cedia um pouco mais de 1%, passou a cair mais de 3%, enquanto o dólar se aproximou de R$ 5,80 e os juros futuros dispararam. A percepção é de que, com Lula na disputa em 2022, haverá intensificação da polarização política e de tendências populistas, dentro do próprio governo de Jair Bolsonaro, em meio ao caos gerado pela pandemia de covid-19. Esse último fator, aliás, já era um dos que pressionavam os ativos domésticos desde o começo do dia. Os recordes sucessivos de casos e mortes pelo coronavírus, em meio ao lento processo de vacinação do Brasil, já vinham piorando a percepção dos investidores em relação à retomada econômica e criando temores sobre a necessidade de aumentar ainda mais os gastos para lidar com os efeitos da pandemia. Como se não bastasse, os yields dos Treasuries seguiram pressionados nos EUA, puxando os juros locais, ao mesmo tempo em que ajudam a desvalorizar o real e a diminuir o apetite pela Bolsa. O resultado disso tudo foi bastante negativo. Com queda generalizada das ações, incluindo Petrobras, Vale e bancos, o Ibovespa tombou 3,98%, aos 110.611,58 pontos, trazendo as perdas no ano para acima de 7%. Enquanto isso, o dólar ganhou 1,67% ante a moeda brasileira, a R$ 5,7783 no mercado à vista, maior nível desde 15 de maio do ano passado, ampliando a vantagem do Real como pior divisa do mundo em 2021. O dólar futuro seguiu em escalada e se aproximou de R$ 5,90 com declarações de Bolsonaro pouco depois das 18h, segundo quem há risco de a PEC Emergencial não ser aprovada na Câmara “se não retirar artigos”. Os juros futuros disparam ao longo de toda a curva, com os intermediários subindo mais de 40 pontos e os curtos mostrando aumento das apostas em um aperto de 0,75 ponto porcentual da Selic em março, ainda mais diante de novo reajuste dos combustíveis e revisões em alta para o IPCA. No exterior, apesar do novo avanço no retorno dos T-notes, diante dos temores de inflação com a retomada da economia, houve espaço para alta de 0,97% do Dow Jones, que chegou a registrar novo recorde intraday, ao passo que o Nasdaq, penalizado pela rotação de ações, teve perda de 2,41%.

BOLSA

Os sinais de colapso do sistema de saúde doméstico e a progressão dos yields americanos mantinham o Ibovespa na defensiva nesta abertura de semana, mas nada pior, aos olhos do mercado, do que a possibilidade de uma candidatura Lula em 2022, livre de empecilhos na Justiça. Assim, a anulação pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), das condenações do ex-presidente nos processos relacionados à Lava Jato no Paraná lançou o Ibovespa em espiral de mínimas nesta tarde, abaixo dos 111 mil pontos.

Ao fim, mostrava queda de 3,98%, a 110.611,58 pontos, com mínima a 110.267,80 (-4,28%) e máxima a 115.202,23, da abertura. Em porcentual, foi a maior queda desde os 4,87% do último dia 22, quando o índice reagia à mudança na Petrobras e, agora, mantém-se pouco acima do nível de encerramento de 1º de março (110.334,83 pontos). O giro foi de R$ 49,5 bilhões na sessão de hoje – no mês, o Ibovespa ainda sobe 0,52%, com perda de 7,06% no ano.

“Os DIs e o dólar explodiram com essa notícia, e a Bolsa veio abaixo. Depois, recuperou um pouco, com a percepção de que a decisão é monocrática, cabendo recurso (da PGR, que informou que apresentará). Isso vai longe, mas ruído e turbulência política nunca ajudam, ainda mais neste momento da pandemia. Falta de clareza nas regras é algo que afasta o investidor estrangeiro, que tem outras alternativas entre os emergentes”, observa Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

“A perspectiva de juros mais altos aqui, e também nos EUA, com a pressão vista sobre os rendimentos dos Treasuries, e uma recuperação doméstica ainda atrasada pela pandemia afetam o apetite por ativos de risco, como as ações. Temos uma situação difícil no câmbio e na atividade econômica doméstica, mas alguns setores ainda conseguem se destacar: os correlacionados a exportações, à economia externa, como o de commodities. O momento é defensivo”, diz Romero Oliveira, especialista em renda variável da Valor Investimentos.

Assim, após ter acumulado na semana passada recuperação de 4,70%, em seu melhor desempenho desde a primeira semana do ano, quando havia avançado 5,09%, o Ibovespa volta a ceder terreno, perdendo a carona da sessão positiva em Nova York, onde o Dow Jones renovou máxima histórica intradia, apesar de alertas de que uma bolha de ativos estaria em formação ante a complacência do Federal Reserve, que tem reiterado viés “dovish” para a política monetária dos EUA.

Embora a questão pareça estar longe de ser definida, eventual candidatura Lula no próximo ano, pondera um observador do mercado, seria o “pior dos mundos”, no que se afiguraria no paradoxal neologismo “bolsolulopetismo” – uma correria do atual detentor da caneta por reforço de popularidade para além dos que cultuam sua imagem, no momento em que, entre idas e vindas, parecia inclinado a se enquadrar a um mínimo de responsabilidade fiscal. “Pode estar se abrindo porta para o desvario, será preciso acompanhar de perto o desenrolar dessa história”, conclui a fonte.

Por outro lado, há a leitura de que Lula seria o nêmesis buscado desde o início por Bolsonaro, e que eventual embate direto entre os dois contribuiria para manter acesa a polarização ensaiada por “proxy” em 2018, quando Fernando Haddad, do PT, foi batido com alguma facilidade nas urnas – na ocasião, vitória interpretada como uma guinada “conservadora” do eleitorado, após a debacle do governo Dilma e o relativo sucesso do intervalo Temer.

Ao comentar a decisão de Fachin, o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC no governo Lula, lembrou, conforme o repórter Francisco Carlos de Assis, de paráfrase do ex-ministro Pedro Malan à observação do humorista Millôr Fernandes (1923-2012) sobre o esquecimento congênito: “no Brasil, até o passado é incerto”. “Sai o Guedes, volta o Mantega, será?”, brinca uma fonte.

“A Bolsa já estava em queda diante do avanço do coronavírus, com recordes de mortes, lotação de leitos e medidas de isolamento social ao redor do País e, com a notícia da recuperação dos direitos políticos de Lula, bateu mínimas” ao longo da tarde, reforçando o “movimento de aversão a risco”, aponta Paula Zogbi, especialista da Rico Investimentos.

“Além da surpresa da decisão de Fachin, a possibilidade de Lula em 2022 tem tudo para deixar a eleição ainda mais polarizada, e a grande preocupação do mercado fica por conta do rumo da situação fiscal, vide que o governo pouco avançou com a pauta até o momento. Essa preocupação se reflete em disparada dos juros futuros e forte inclinação da curva, assim como no câmbio, com o dólar voltando para a faixa (próxima) de R$ 5,80”, observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

Assim, apenas duas ações do Ibovespa conseguiram escapar do mal-estar para fechar o dia em terreno positivo: Marfrig (+4,41%) e Eletrobras ON (+0,19%). Na ponta do Ibovespa, Localiza cedeu 9,39%, à frente de Locamerica (-9,23%) e de Eztec (-8,72%). Entre as blue chips, destaque para perdas acima de 4,5% em Petrobras (ON -4,81%, PN -5,76%) e de 4,58% para BB ON, liderando a queda entre os bancos no fechamento da sessão. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

18:32

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 110611.58 -3.98486

Máxima 115202.23 0.00

Mínima 110267.80 -4.28

Volume (R$ Bilhões) 4.95B

Volume (US$ Bilhões) 8.63B

18:32

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 109150 -5.42414

Máxima 114695 -0.62

Mínima 109150 -5.42

CÂMBIO

O câmbio teve novo dia de pressão e o dólar passou toda a segunda-feira em alta, acima de R$ 5,70, em um misto de influências externas e internas. Internamente, a situação difícil da pandemia, com número de casos e óbitos em alta, vacinação ainda lenta e mais medidas de restrição, faz investidores ficarem mais cautelosos com o cenário econômico. Nos negócios da tarde, a moeda americana chegou superar os R$ 5,80, no caso do dólar futuro, com o anúncio da anulação da condenação na Lava Jato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, que torna o presidente elegível em 2022.

No exterior, as taxas dos juros longos dos Estados Unidos voltaram a subir e assustar os investidores, após a aprovação do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão de Joe Biden no Senado, o que ajuda a fortalecer a moeda americana internacionalmente, chegando, por exemplo, ao maior nível em 9 meses ante o iene do Japão.

Apesar de o dólar ter superado os R$ 5,80, na maior máxima diária desde 30 de outubro do ano passado, o Banco Central não fez intervenção no mercado hoje, dia marcado por pressão também em outros emergentes. Ante a lira turca, o dólar chegou a disparar 2,6% nesta segunda-feira. No fechamento doméstico, o dólar à vista encerrou em alta de 1,77%, em R$ 5,7783, no maior nível desde o encerramento de 15 de maio de 2020 (R$ 5,83). No mercado futuro, o dólar para abril subia 3,14% às 18h26, cotado em R$ 5,8755 após Jair Bolsonaro alertar que a PEC Emergencial pode não ser aprovada na Câmara “se não retirar artigos”.

“Não tenho lembrança de momento econômico tão desconfortável”, afirma o chefe do Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), José Júlio Senna, em evento nesta segunda-feira, em conjunto com o <b>Estadão</b>. “É muito difícil ser otimista com o real neste momento”, disse Senna, citando entre os fatores que vêm contribuindo para a desvalorização, os ruídos em Brasília, interferências do governo, políticas de cunho populista de Jair Bolsonaro, falta de apetite do Executivo e Congresso para enfrentar diretamente os desequilíbrios fiscais agora. “Tudo isso atrapalha demais o mercado de câmbio.”

Com Lula elegível em 2022 após a decisão de Fachin, cresce ainda mais a chance de Jair Bolsonaro “ir totalmente para o populismo”, avalia o sócio da Armor Capital, Alfredo Menezes, ex-tesoureiro, no Twitter. Com a notícia, o dólar futuro para abril bateu em R$ 5,8040.

“Ninguém sabe exatamente para onde vamos. Não sabe em que você mira”, afirma Armando Castelar, coordenador da Economia Aplicada do Ibre/FGV, no mesmo evento. Nesse ambiente de falta de clareza em Brasília, diz ele, o Brasil não vai atrair capital externo. Os investidores internacionais estão deixando emergentes neste momento, com a alta dos juros longos nos EUA, observa Castelar, citando que o movimento na B3 foi “impressionante”: de fluxo positivo na casa dos R$ 30 bilhões ao final do ano passado para saída de R$ 6 bilhões em fevereiro.

Para o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, há no mercado o temor de que a Câmara possa retirar o limite do auxílio de R$ 44 bilhões da PEC Emergencial. Mas ele acha que os deputados são sensíveis ao país e vão entender a gravidade dos efeitos para a economia se isso ocorrer. “Espero que o final seja de responsabilidade na gestão fiscal”, disse em live da Genial Investimentos na tarde de hoje. Padovani contou que com os diversos economistas que tem conversado, ninguém acredita fazer sentido o dólar a R$ 5,70 no Brasil. Em sua visão, o “ambiente local confuso” tem peso para a pressão no câmbio e o real tende a ganhar força com o BC voltando a subir juros e mais clareza fiscal com a aprovação da PEC na Câmara sem desidratação adicional.

Nesse ambiente de maior incerteza externa e interna, apostas dos especuladores na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CME, na sigla em inglês) contra o real nos contratos futuros da moeda brasileira subiram para o maior nível desde novembro do ano passado. Os contratos líquidos vendidos, ou seja, acreditando na queda da moeda, bateram em 21,1 mil na semana encerrada no dia 5 de março, de 15,9 mil da semana anterior, de acordo com dados da Commodity Futures Trading Commission (CFTC). (Altamiro Silva Junior – [email protected])

18:32

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.77830 1.668 5.78460 5.70680

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0

DOLAR COMERCIAL 5882.000 3.25639 5882.000 5711.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5826.500 3.82217 5826.500 5740.000

JUROS

Os juros já estavam bastante pressionados desde cedo pelo exterior, pelo reajuste de preços de combustíveis, tensão com escalada da Covid no País e, no fim do dia, a informação de que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Lava Jato trouxe nova rodada de estresse para a curva. De ganhos em torno de 20 pontos, os vencimentos intermediários, os que mais sofreram nesta segunda-feira, passaram a subir mais de 40 pontos. A leitura é de que, com os direitos políticos recuperados, Lula poderá disputar a eleição de 2022, o que é visto com um potencial acelerador para a tendência populista do governo Bolsonaro e um risco de antecipação da campanha eleitoral que pode atrapalhar a agenda de reformas. O quadro de apostas para a Selic voltou a ficar mais conservador, com a expectativa de alta de 0,75 ponto porcentual em março novamente ganhando terreno.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 3,950% (regular) e 3,990% (estendida), de 3,809% no ajuste de sexta-feira, e o DI para janeiro de 2024 subiu de 6,386% para 6,73% (regular) e 6,83% (estendida). A taxa do DI para janeiro de 2025 encerrou a regular em 7,27% e a estendida em 7,40%, de 6,955%, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 7,594% para 7,86% (regular) e 8,01% (estendida).

As taxas recompuseram boa parte do prêmio descontado na sexta-feira. Inicialmente, a aprovação do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão pelo Senado americano no fim de semana endossou receios de alta da inflação nos Estados Unidos, levando o yield da T-Note de dez anos para 1,60%. Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, havia alguma expectativa de que o Senado pudesse desidratar o pacote, o que não aconteceu. O projeto agora volta para a Câmara. “Como a maioria lá é democrata, o valor deve ser mantido”, disse.

Um gestor destaca que, nesta semana, o mercado estará bastante atento aos leilões de títulos que o Tesouro americano realiza entre terça e quinta-feira, de papéis de três, dez e 30 anos. “Como tem bastante demanda, pode dar uma apaziguada neste movimento de pressão, com impacto por aqui”, afirmou.

No fim da manhã, outra rodada de máximas na curva local foi vista após o anúncio da Petrobras de novo reajuste nos preços de combustíveis, reforçando a percepção ruim para a inflação e, mais que isso, elevando o temor sobre uma greve de caminhoneiros – categoria cujos protestos derrubaram o presidente da Petrobras. A gasolina foi reajustada em 9,2% e o diesel, em 5,5%. “A preocupação não é só com a inflação, mas também pelo risco de paralisação”, disse Rostagno, acrescentando que uma inquietação social neste momento desestabilizaria ainda mais o governo.

O cenário de alta de commodities, dólar em direção a R$ 5,80 e risco fiscal acentuado tem reforçado as apostas de aperto para a Selic. Segundo Rostagno, a curva precificava nesta tarde 61 pontos-base de aumento para o Copom na semana que vem, o que representa uma divisão do quadro, com 56% de probabilidade de elevação de 0,5 ponto porcentual e 44% de chance de alta de 0,75 ponto. Para o fim do ao, a curva projeta Selic em 5,77%.

José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV, defendeu hoje que o ciclo de aperto monetário seja “crível” para o mercado. “O BC não pode entrar com a mão fraca”, afirmou Senna, durante seminário promovido em parceria com o Estadão. Para ele, uma ação rápida poderia reduzir a “inclinação” da curva e o BC deveria “seguir o mercado”, ou seja, subir a Selic na mesma proporção apontada pelas taxas dos títulos negociados. “O BC deve agir rápido sim e no nível que o mercado está esperando”, afirmou Senna.

A poucos minutos do fim da sessão regular, o mercado foi pego de surpresa com a decisão de Fachin, com os agentes passando a precificar maior chance de polarização nas eleições e risco de travamento da agenda de reformas. “Tínhamos uma janela considerada viável para reformas até setembro mais ou menos, mas se a campanha eleitoral for antecipada a chance de reformas impopulares, mas necessárias, passarem cai muito”, disse Rostagno.

Relatório da XP Investimentos destaca que a decisão do ministro Fachin é definitiva em habeas corpus pedido pela defesa do petista. E, para que seja analisada no plenário da Corte, é preciso que o Procurador Geral da República, Augusto Aras, recorra contra o entendimento de Fachin. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já informou que vai recorrer. (Denise Abarca – [email protected])

18:31

Operação   Último

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 2.26

Capital de Giro (%a.a) 5.45

Hot Money (%a.m) 0.56

CDI Over (%a.a) 1.90

Over Selic (%a.a) 1.90

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os retornos dos Treasuries voltaram a subir, estendendo a trajetória recente, com investidores atentos à inflação. Pesquisa do Federal Reserve (Fed) de Nova York divulgada nesta tarde mostrou que os americanos esperam avanço de 3,1% dos preços nos 12 meses a partir de agora, o resultado mais elevado desde julho de 2014. O movimento no mercado de bônus penalizou as bolsas de Nova York em dias recentes, mas hoje não houve sinal único no mercado acionário, com o Dow Jones registrando recorde histórico intraday, mas o Nasdaq penalizado pela rotação de ações, com queda do setor de tecnologia, enquanto alguns analistas alertavam para o risco de valorização excessiva de alguns ativos. No câmbio, o dólar se fortaleceu, de olho nos Treasuries, o que levou o petróleo a recuar. Em Washington, o governo americano continuava a pressionar pela aprovação de um pacote fiscal, em etapa final de tramitação na Câmara dos Representantes.

Os retornos dos Treasuries mostraram fôlego. O juro da T-note de 10 anos chegou a atingir 1,613% na máxima do dia. O TD Securities destaca o movimento “notável” de venda de bônus, nos EUA e em outros mercados desenvolvidos, creditando o movimento ao otimismo com a economia, conforme avança a vacinação contra a covid-19, e ao reposicionamento dos investidores. Para o banco de investimentos, os retornos de vencimento mais longo ainda devem mostra tendência de alta, em um quadro de grandes emissões e de Fed sem disposição de se posicionar contra o movimento. O CIBC, por sua vez, projeta em relatório que o juro da T-note de 10 anos chegue a 1,75% em setembro, antes de perder fôlego e ficar em 1,50% em dezembro deste ano.

Pesquisa do Fed NY mostrou que os americanos esperam inflação em 3,1% nos 12 meses a partir de agora, no nível mais alto nesta sondagem desde julho de 2014. No caso dos preços da gasolina, a expectativa é de avanço anual de 9,6%, recorde no levantamento. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 0,160%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,602% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 2,319%.

Houve pressão sobre as bolsas de Nova York, em alguns dos pregões recentes, com analistas apontando para o avanço dos retornos dos bônus. A LPL Research comenta em relatório, porém, que uma análise histórica mostra que o S&P 500 sobe durante períodos de avanços estendidos dos juros dos bônus em quase 80% do tempo. “Há alguns sinais positivos de que as ações podem tolerar também o atual ambiente de alta nos juros”, acredita.

Hoje, o Dow Jones fechou em alta de 0,97%, em 31.802,44 pontos, o S&P 500 caiu 0,54%, a 3.821,35 pontos, e o Nasdaq recuou 2,41%, a 12.609,16 pontos, com papéis de tecnologia pressionados ante a rotação de ativos, diante do posicionamento de investidores para maior impulso adiante na economia real, conforme a economia americana reabra. Autoridades e alguns analistas, por sua vez, têm destacado o risco de valorização excessiva em ativos de risco, no contexto atual de forte apoio do Fed, conforme discute reportagem especial publicada às 14h05.

No câmbio, o dólar voltou a subir, na esteira do movimento dos retornos dos Treasuries. A Western Union aponta para a vacinação no país e o maior impulso do consumo nos EUA, com a perspectiva de menos restrições na pandemia. As negociações de um pacote fiscal também seguiram no radar. A Casa Branca voltou a qualificar o projeto como prioridade, enquanto a secretária do Tesouro, Janet Yellen, comentou sobre a importância do estímulo. Além disso, o euro caiu após um dado mais fraco do que o esperado da produção industrial da Alemanha. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 108,90 ienes, o euro caía a US$ 1,1852, a libra recuava a US$ 1,3828. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, avançou 0,37%, a 92,313 pontos.

O movimento do câmbio pressionou o petróleo, que chegou a subir no início do dia, após a notícia de um ataque contra instalações do setor na Arábia Saudita, mas depois ajustou ganhos recentes. O contrato do WTI para abril fechou em baixa de 1,57%, a US$ 65,05 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para maio recuou 1,61%, a US$ 68,24 o barril, na ICE. (Gabriel Bueno da Costa – [email protected])




2 comments

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