WILLIAMS AUMENTA INCERTEZA ANTES DE CPI, PUXA TREASURIES LONGOS E TIRA ÍMPETO DE NY

Já nos minutos finais da sessão desta quarta-feira, a fala do presidente da distrital de
Nova York do Federal Reserve, John Williams, acrescentou uma dose de ansiedade ao
cenário para a política monetária dos Estados Unidos. Ele defendeu uma política
monetária restritiva “durante algum tempo” ao notar que o trabalho para levar a inflação
americana à meta não acabou. O juro da T-note de 10 anos tocou máxima a 4,047% ao
passo que as bolsas de Nova York diminuíram o ritmo de alta. Pelo cargo que exerce,
Williams tem poder de voto permanente nas decisões do Fed e costuma refletir o
consenso entre os dirigentes da instituição. Por isso, suas falas na véspera da divulgação
do índice de preços ao consumidor (CPI) têm sido acompanhadas com lupa, já que o
dado tem sido visto como essencial para dar um direcionamento mais claro às apostas
de corte do Federal Reserve, hoje majoritárias no mês de março. Aqui no Brasil, contudo,
pouco ecoaram as palavras de Williams. O mercado de câmbio à vista já estava fechado,
mas o dólar futuro seguiu na tendência de queda que marcou o dia. Os juros futuros
apontavam alta na ponta curta, mas alívio nos trechos intermediário e longo – aqui,
agentes observaram ainda que há expectativa com o IPCA, que também é publicado
amanhã. Na Bolsa, o tom negativo seguiu prevalecendo, sob pressão de papéis ligados a
commodities, em baixa no mercado internacional. O Ibovespa terminou o dia em queda
de 0,46%, aos 130.841,09 pontos, com peso das baixas de Vale (ON -1,50%) e Petrobras
(ON -0,99% e PN -0,92%).
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•JUROS
•BOLSA
•CÂMBIO
MERCADOS INTERNACIONAIS
Em sessão volátil, os rendimentos longos dos Treasuries se firmaram em alta na última
hora, em compasso de espera na véspera da divulgação da inflação ao consumidor (CPI)
nos Estados Unidos. No fim da tarde, o presidente do Federal Reserve (Fed) de Nova York,
John Williams, afirmou que espera a manutenção da política restritiva por “algum tempo”,
o que intensificou o movimento da renda fixa. Na esteira, as bolsas de Nova York
reduziram ganhos, mas ainda conseguiram encerrar no azul, com as ações do setor de
tecnologia em destaque. Meta, em particular, saltou 3,65% e aproximou o S&P 500 do
recorde histórico, contido apenas pelo setor de energia. Os papéis de petroleira foram
puxados para baixo pela queda do petróleo, após salto inesperado dos estoques nos EUA.
Já o dólar caiu ante boa parte dos rivais, no aguardo do CPI.
Louis Navellier, da gestora Navellier, escreve que os mercados estão “bastante
entusiasmados” com a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) amanhã,
visto que devem consolidar as apostas sobre corte de juros pelo Federal Reserve em
março – a ferramenta do CME Group indica um cenário cada vez mais apertado para esta
reunião. Agora, o CME indica chance de 67,6% de cortes, contra 32,4% de manutenção.
De acordo com a mediana de 26 análises consultadas pelo Projeções Broadcast, o CPI
dos Estados Unidos deve ter avançado 0,2% em dezembro do ano passado, em
comparação com novembro, o que representa uma aceleração comparada ao dado de
novembro, que indicou avanço de 0,1%. Enquanto isso, o núcleo deve ter avançado 0,3%,
mantendo-se estável frente ao dado de novembro.
Na esteira da expectativa pelo dado, os retornos dos Treasuries oscilaram durante o dia,
em um movimento de ajuste, conforme avalia o analista da CM Capital, Alex Carvalho,
mas a ponta longa se firmou no azul perto do fechamento de Nova York, puxados pela
postura mais restritiva do presidente do Fed de Nova York, John Williams. Em discurso
sobre suas expectativas econômicas para 2024, Williams defendeu a manutenção da
política restritiva do BC americano por “algum tempo”. Também hoje, o leilão de US$ 37
bilhões em T-notes de 10 anos teve demanda acima da média, segundo análise do BMO
Markets. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos caía a 4,354%, o da Tnote de 10 anos tinha alta a 4,043%, e o juro do T-bond subia a 4,213%.
Enquanto dava suporte aos Treasuries, as falas de Williams prejudicaram os ganhos dos
índices acionários de Nova York, que reduziram parte dos ganhos mas conseguiram se
manter no azul, apoiados principalmente pelas techs. O setor de tecnologia foi apoiado
principalmente pelos ganhos da Meta (3,65%), cujos papéis se aproximam do valor mais
alto já registrado, depois da Mizuho ter elevado o preço-alvo de suas ações hoje.
Enquanto isso, o S&P 500 também se aproxima de recorde histórico, e chegou a ficar a
menos de 30 pontos de seu maior nível, mas perdeu fôlego no fim do dia, contido por
Williams e pelo desempenho negativo das empresas de energia, que registraram a maior
queda dentre os setores do índice, com a ExxonMobil recuando 1,02% e Chevron caindo
0,83%. No fechamento, o Dow Jones acumulou ganhos de 0,45%, aos 37.695,60 pontos.
Enquanto isso, S&P 500 fechou com alta de 0,57%, aos 4.783,44 pontos, aproximando-se
do maior fechamento já registrado, de 4.818,62 pontos. O Nasdaq fechou com ganhos de
0,75%, aos 14.969,65 pontos.
O recuo das petroleiras acompanha os indicadores do Departamento de Energia (DoE)
dos Estados Unidos de que os estoques nacionais de petróleo e gasolina estão muito
bem abastecidos, o que provocou uma queda nos preços do petróleo, que subiam até a
divulgação do relatório semanal. Os estoques cheios deixaram o aumento de tensões no
Oriente Médio em segundo plano e contiveram reações às declarações do secretário de
Estado dos EUA, Antony Blinken, de que o Irã está apoiando os ataques Houthi a navios no
Mar Vermelho. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para fevereiro
de 2024 fechou com queda de 1,20% (US$ 0,87), a US$ 71,37 o barril; enquanto o Brent
para março, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 1,01% (US$ 0,79), a
US$ 76,80 o barril.
O aguardo do CPI fez o dólar acumular perdas frente à maioria das divisas estrangeiras,
em queda contra euro e libra. Mais cedo, a dirigente do Banco Central Europeu, Isabel
Schnabel, disse em transmissão no X, antigo Twitter, que ainda é muito cedo para discutir
corte de juros. Na Argentina, o dólar blue avançou a 1.150 pesos argentinos no mercado
paralelo, em novo recorde nominal, de acordo com o jornal Ámbito Financiero, enquanto
circulam notícias de que o governo do presidente Javier Milei fechou acordo com o Fundo
Monetário Internacional (FMI), que desbloqueará US$ 3,3 bilhões ao país. O índice DXY,
que mede a variação da divisa americana ante seis rivais fortes, fechou em baixa de
0,20%, a 102,362 pontos. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 145,79 ienes,
enquanto o euro avançava a US$ 1,0965 e a libra, a US$ 1,2731.
No fim do dia, um documento na Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM dos
EUA) indicou a aprovação de emissão de um ETF de bitcoin à vista, no prazo-limite para
julgar o pedido de registro do fundo administrado por uma joint venture entre a ARK
Investment Management e a gestora de ativos cripto 21Shares
JUROS
Os juros futuros permaneceram próximos aos ajustes da véspera, com viés de alta na
ponta curta e de queda nos trechos intermediário e longo. A expectativa por dados de
inflação dos Estados Unidos e Brasil, amanhã, deu o tom dos negócios. O mercado ainda
aguarda os números para calibrar apostas no início do corte dos juros americanos.
A taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025, mais negociado
do dia, subiu de 10,110% no ajuste de ontem para 10,135%. O do DI para janeiro de 2026
avançou de 9,770% para 9,775%. Em contrapartida, caíram os juros dos contratos para
janeiro de 2027 (9,896% para 9,880%) e janeiro de 2029 (10,291% para 10,245%).
Os juros curtos responderam mais do que os longos ao movimento dos rendimentos dos
Treasuries, que avançaram ao longo do dia, refletindo ajustes nas expectativas para o
índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos, o CPI. No fim da sessão, a taxa da TNote de dois anos caía de 4,358% para 4,354% e a do papel de dez anos subia de 4,016%
para 4,043%.
Segundo o gestor de portfólio da B. Side Wealth Management, Jonas Chen, o
comportamento dos juros hoje refletiu ajustes de mercado na expectativa pelos dados de
inflação. Os investidores, ele explica, tentam calibrar as apostas no timing e no
orçamento total de redução da taxa básica americana.
“Tivemos um ano de juros subindo em 2022, inclusive nos EUA, e isso agora deve se
reverter, é consenso que vamos entrar num ciclo de afrouxamento. A dúvida é até onde
vamos”, diz Chen. “Para o Brasil, é a mesma coisa: a taxa terminal certa é de 9,5% ou de
9%? Precisamos ver os dados.”
A mediana da pesquisa Projeções Broadcast indica aceleração do CPI entre novembro e
dezembro, de 0,1% para 0,2%, equivalente a uma alta anual de 3,2%. Para o núcleo da
inflação, que exclui preços mais voláteis de energia e alimentação, a estimativa
intermediária indica taxa de 0,3%, a mesma vista em novembro.
Aqui, o IBGE vai divulgar, também amanhã, os dados do IPCA de dezembro. A mediana do
mercado indica aceleração da inflação, de 0,28% para 0,49%, e uma taxa de 4,55% no
acumulado de 2023 – abaixo do teto da meta, de 4,75%. Será a primeira vez desde 2020
que o Banco Central não estoura a meta de inflação.
O economista-chefe do Banco Fibra, Marco Maciel, espera aceleração do IPCA a 0,45%,
explicada por pressões sazonais de fim de ano. “Essa perspectiva contribui para manter a
trajetória da Selic rumo a 9% no fim de 2024, podendo deslocar o juro futuro de um ano
para 9% no curto prazo”, afirma, em relatório.
Declarações do diretor de política econômica do Banco Central, Diogo Guillen, também
pesaram levemente sobre a curva. Ainda durante a manhã, em evento organizado pelo
JPMorgan, ele disse que o ambiente ainda é de volatilidade e incerteza, o que demanda
cautela na condução da política monetária.
Guillen acrescentou que não vê pressão significativa de salários na inflação. Mas voltou a
chamar a atenção para a desancoragem das expectativas, que continuam em 3,5% a
partir de 2025 – portanto, 0,5 ponto porcentual acima do centro da meta de inflação, de
3%.
“A queda da inclinação da curva, com alta nas taxas curtas e queda das taxas longas, é
uma reação típica a uma novidade hawkish, então não dá para descartar que o mercado
deu uma interpretação hawkish ao discurso dele”, diz um economista, ressaltando que as
falas de Guillen não trouxeram novidades sobre a condução da política monetária.
O mercado continua acompanhando a disputa em torno da reoneração da folha de
pagamentos. Mas o tema continua no pano de fundo, devido à escassez do noticiário. “O
fiscal em algum momento vai começar a fazer preço e, hoje, ele está nos impedindo de
atingir juros mais baixos, mas sem entrar numa espiral negativa. Por enquanto, só fica no
radar”, diz Chen, da B.Side.
Hoje, o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, disse que o presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decidirá sobre o tema na semana que vem, depois
de reunir-se com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está de férias. E o líder do
governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que o governo federal não trabalha
com a hipótese de devolução da medida provisória da reoneração.
BOLSA
Desta vez em sentido contrário ao de Nova York, onde as variações também foram
contidas pela expectativa, amanhã, do CPI dos EUA, o Ibovespa caiu 0,46%, a 130.841,09
pontos, entre mínima de 130.438,06 e máxima de 131.627,60 pontos na sessão, em que
saiu de abertura aos 131.446,59 pontos. O giro financeiro se manteve abaixo do limiar de
R$ 20 bilhões, a R$ 19,6 bilhões nesta quarta-feira.
Em janeiro, o Ibovespa acumula perda de 2,49%, o equivalente a 3.344 pontos em relação
ao fechamento de 2023, então aos 134.185,24, bem perto da máxima histórica renovada
ao longo de dezembro. Nesta segunda semana de 2024, o índice da B3 recua 0,90% até
esta quarta-feira. Desde a abertura do ano, em sete sessões até aqui, foram três ganhos e
quatro perdas para o Ibovespa – a alta mais acentuada, de 0,61%, no dia 5; e a maior baixa
no intervalo, de 1,21%, em 4 de janeiro.
Com agenda econômica rarefeita desde o início da semana, foi mais um dia “de poucas
novidades para o cenário do mercado”, em que os ativos de risco mantiveram
“movimentação modesta” ante a recalibragem de expectativas dos investidores para a
trajetória dos juros nos Estados Unidos, nesta véspera de divulgação da inflação ao
consumidor americano em dezembro, aponta em nota a Guide Investimentos.
“A curva de juros no Brasil mostrou hoje grau de volatilidade um pouco maior, com os
vértices em alta [o que afeta o apetite por ativos de risco, como ações]”, diz Erik Sala,
analista da DVInvest/Blue3 Investimentos, referindo-se à “ansiedade” que tem
prevalecido entre os investidores desde a divulgação, na semana passada, da ata da mais
recente reunião de política monetária do Federal Reserve, de dezembro, que jogou água
no chope dos que aguardavam corte de juros americanos já em março.
“Essa precificação de corte nos juros do Fed para março vem perdendo força desde a
publicação da ata: já foi uma aposta muito maior. E amanhã tem o CPI, que será um
dado-chave para essa definição do mercado com relação à perspectiva para os juros dos
Estados Unidos”, acrescenta o analista, destacando também a divulgação, nesta quintafeira, do IPCA, a métrica oficial de inflação ao consumidor no Brasil.
Nesse contexto mais avesso a risco, aqui e no exterior, o início de ano tem sido marcado
por desempenho em geral negativo para as ações de maior peso no Ibovespa,
especialmente Vale (ON -6,44% em 2024) e siderúrgicas – Gerdau (PN -9,60%) e CSN (ON
-8,90%), ambas no mês -, em meio também a reconsiderações sobre a demanda chinesa,
que têm afetado o preço do minério de ferro neste começo de janeiro, após recuperação
nas cotações da commodity observada em dezembro.
Nesta quarta-feira, o contrato mais negociado de minério de ferro no mercado futuro de
Dalian, para maio de 2024, fechou em baixa de 3,02%, a 962 yuans por tonelada, o
equivalente a US$ 134,20.
As sucessivas quedas do minério nos últimos pregões refletem fatores como preço
“esticado”, aspecto que tem sido reforçado pelo governo chinês; temores quanto ao setor
imobiliário, após pedido de falência da Zhongzhi; e notícias sobre demanda mais fraca,
aumento nos estoques do insumo e pausas para manutenção de siderúrgicas chinesas,
além de restrições em Tangshan, uma região importante para o aço, segundo o
economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi.
O Banco do Brasil BI (BB-BI) avalia que o setor de siderurgia e mineração se destacou na
B3 em dezembro, acompanhando então a retomada nos preços do minério – e em
antecipação, também, à entrega de bons resultados pelas companhias do setor,
especialmente aquelas, como CSN e Usiminas, cujos papéis não precificavam, nos
meses anteriores, a melhora nas cotações da commodity. Hoje, Usiminas PNA caiu
2,67%, colocando a perda no mês a 9,58%, e CSN ON cedeu 2,61% (na semana, -6,91%).
Em relação à mineração, em dezembro o PMI industrial na China seguiu em retração,
indicando a continuidade do arrefecimento da atividade. “Embora os dados mais recentes
de produção e consumo de aço no país asiático mostrem nova redução sequencial, as
importações de minério tiveram ligeiro aumento e contribuíram para o incremento dos
estoques da commodity”, aponta a analista Mary Silva, do BB-BI.
A abertura de 2024 também tem sido ruim para as ações de grandes bancos, outro setor
fundamental no Ibovespa, com destaque para Bradesco (ON -5,37%, PN -6,15% no mês),
que ontem teve recomendação rebaixada pelo Goldman Sachs, para ‘venda’. Hoje
Bradesco ON e PN fecharam, respectivamente, em baixa de 1,70% e 1,72%.
Na sessão, o papel de maior peso individual no Ibovespa, Vale ON, caiu 1,50%, em dia
negativo também para Petrobras (ON -0,99%, PN -0,92%). Entre os grandes bancos, além
de Bradesco, destaque para a queda de 1,23% em Santander. Na ponta perdedora do
Ibovespa na sessão, MRV (-4,71%), CVC (-4,41%) e Prio (-4,17%). No lado oposto, Embraer
(+3,38%), Eletrobras (PNB +3,03%, ON +2,59%) e Natura (+2,32%).
O sinal do petróleo na sessão se firmou no negativo após dados semanais do
Departamento de Energia dos EUA terem mostrado que os estoques da commodity no
país tiveram alta de 1,338 milhão de barris, a 432,40 milhões, na semana encerrada em 5
de janeiro. Analistas ouvidos pela FactSet previam recuo de 600 mil barris no intervalo.
18:26
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 130841.09 -0.46064
Máxima 131627.60 +0.14
Mínima 130438.06 -0.77
Volume (R$ Bilhões) 1.95B
Volume (US$ Bilhões) 4.00B
18:26
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 131945 -0.45643
Máxima 133045 +0.37
Mínima 131600 -0.72
CÂMBIO
O dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, 10, em queda de 0,30%, cotado a R$
4,8916, devolvendo parte do avanço de 0,74% na sessão de ontem. Como nos dias
anteriores, o pregão foi de liquidez reduzida e oscilações muito modestas. Em baixa
desde a abertura, a moeda apresentou variação de pouco mais de três centavos entre
mínima (R$ 4,8788) e máxima (R$ 4,9057), ambas pela manhã.
Segundo operadores, a cautela tem pautado os negócios em meio à espera pela
divulgação nesta quinta-feira, 11, do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em
inglês) nos EUA referente a dezembro, que pode levar a um rearranjo das apostas em
torno da condução da política monetária americana. Amanhã, sai também o IPCA de
dezembro, que deve mostrar aceleração em relação a novembro. Não se espera, contudo,
que haja impacto relevante nas estimativas para o ritmo de corte da taxa Selic.
No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar em relação uma cesta de
seis divisas fortes – operou em queda ao longo do dia, com mínimas no fim da tarde, na
casa dos 102,350 pontos. Após ensaiar uma alta em relação a divisas emergentes e de
exportadores de commodities, a moeda americana sucumbiu na segunda etapa de
negócios. Entre pares do real, apenas o peso mexicano amargou perdas.
O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, afirma que o dólar parece
não ter fôlego, no curto prazo, para se sustentar por vários pregões acima da linha de R$
4,90 e apenas devolveu hoje um pouco a alta de ontem, acompanhando o ambiente
externo de leve enfraquecimento da moeda americana.
“O clima é de cautela até que se tenha uma visão mais clara sobre as taxas de juros nos
países desenvolvidos, em especial nos EUA. A espera pelo CPI foi o tema da semana até o
momento, com muita especulação sobre como o Fed vai se comportar”, afirma Galhardo.
A leitura do CPI é considerada crucial para o refinamento das apostas em torno dos
próximos passos do Federal Reserve. Na semana passada, após dados acima do
esperado do mercado de trabalho americano, as chances de cortes de juros pelo Banco
Central dos EUA em março, que chegaram a ultrapassar 80% no fim de 2023, recuaram
para a faixa de 60%.
Segundo a mediana das estimativas de 26 casas de análise consultadas pelo Projeções
Broadcast, o CPI deve ter avançado 0,2% em dezembro, o que representa uma leve
aceleração na comparação com novembro (0,1%). Já o núcleo do CPI deve ter avançado
0,3% no mês passado, variação idêntica a de novembro.
O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, espera que o núcleo do CPI venha
comportado, o que pode abrir espaço para perda de fôlego do dólar no exterior, com
reflexos no mercado doméstico de câmbio. “Se o CPI de amanhã mostrar desaceleração,
a curva de juros americana seguirá majoritariamente projetando redução de 25 pontos
base dos juros em março, para o intervalo entre 5% e 5,25%”, afirma.
Pela manhã, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, ressaltou
que a autoridade monetária não realizou intervenções no mercado de câmbio doméstico
ao longo de 2023, fato inédito desde 1999. O BC não injetou recursos novos no sistema,
seja com leilões de venda, recompra ou swap cambial, mas apenas promoveu rolagem de
posições. Guillen salientou que alguns países sofreram mais com o câmbio no ano
passado, mas que o comportamento no Brasil ocorreu dentro do desejável.
18:26
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.89160 -0.2956 4.90570 4.87880
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4905.000 -0.28461 4919.000 4891.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4919.000 -0.30401 4922.000 4916.000