VALE E CHINA PESAM, MAS RECORDE EM NY APARA PERDAS NA BOLSA


Nem mesmo o grande fôlego para o risco dos mercados internacionais na tarde desta segundafeira foi capaz de tirar os ativos locais de uma sessão de perdas. Uma nova rodada de pressão
na Vale, agora com o governo cobrando R$ 25,7 bilhões em outorgas não pagas na renovação
antecipada de contratos de ferrovias, por si só já seria capaz de azedar o humor com a
mineradora, principal componente do Ibovespa. Mas a isso se somou a liquidação da
incorporadora Evergrande, o que reacendeu o alerta com o setor imobiliário da China, levando
a reboque todo o setor mínero-metalúrgico da bolsa brasileira. Vale caiu 0,47%, Usiminas
cedeu 2,11% e CSN recuou 0,44%. O Ibovespa terminou o dia em 128.502,66 (-0,36%). A
cautela chegou ao câmbio, com o dólar subindo a R$ 4,9459 (+0,71%), e contaminou os juros
futuros. As perdas só não foram mais pronunciadas porque a cena externa teve alívio do meio
da tarde adiante. O gatilho foi o anúncio do Tesouro dos Estados Unidos de uma menor
necessidade de financiamento via mercado no primeiro trimestre, fator que tira,
momentaneamente, dos preços dos ativos o peso da questão fiscal americana. Assim, juros dos
Treasuries chegam ao fim da tarde bem perto das mínimas, o que deu gás aos índices Dow
Jones e S&P 500, em novas máximas históricas de fechamento.
•BOLSA
•CÂMBIO
•JUROS
•MERCADOS INTERNACIONAIS
BOLSA
Após duas sessões de recuperação moderada – a única sequência positiva desta segunda
quinzena de janeiro -, o Ibovespa volta a ceder terreno neste início de semana de decisões
sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos. Faltando ainda a terça e quarta-feira para o
fechamento do mês – em que acumula, até aqui, perda de 4,23% -, o índice caiu hoje 0,36%, a
128.502,66 pontos, com máxima a 129.068,28, saindo de abertura aos 128.969,74 pontos.
Fraco, o giro foi de R$ 15,8 bilhões.
Com Vale (ON -0,47%) e os grandes bancos (Itaú PN -0,52%, Bradesco PN -0,90%) em
contraponto a ganhos em Petrobras (ON +0,95%, PN +1,53%), o Ibovespa chegou a ceder os
128 mil pontos, atingindo 127.852,82 na mínima do dia. Mas limitou as perdas em direção ao
fechamento, acompanhando os respectivos movimentos dessas blue chips – com melhora em
Petrobras e redução do ajuste negativo especialmente em Vale -, e em encerramento de sessão
muito positivo em Nova York, com Nasdaq (+1,12%) à frente.
Na ponta perdedora da carteira teórica, mais uma vez Gol, que hoje tombou 33,61% – em meio
ao processo de reestruturação a que deu entrada nos Estados Unidos, e com a divulgação,
hoje, de que o endividamento da empresa ficou acima de R$ 20 bilhões em dezembro de 2023.
Assim, a queda da ação foi bem superior a de Casas Bahia (-4,71%) e de Suzano (-3,99%) – esta
com o rebaixamento de recomendação pelo Morgan Stanley, para ‘underweight’, e preço-alvo
reduzido de R$ 60 para R$ 47. No lado oposto do Ibovespa na sessão, Assaí (+4,78%), Hypera
(+2,80%) e Raízen (+1,87%)
“A semana começa com gosto amargo, mas tem muita coisa ainda para acontecer, com
decisões de política monetária, aqui e fora [na quarta, Copom e Fed; na quinta, Banco da
Inglaterra]. É natural a volatilidade e aversão a risco nesse início de semana”, diz Matheus
Spiess, analista da Empiricus Research, enfatizando o rombo fiscal de 2023, anunciado hoje
pelo Tesouro, que chega em momento no qual ainda pairam dúvidas sobre o grau de
descumprimento da meta de déficit zero para 2024.
Assim, a curva de juros doméstica, em alta, andou na contramão dos rendimentos dos
Treasuries hoje, observa Letícia Cosenza, sócia e especialista da Blue3 Investimentos. “Sem
contar com catalisadores que o empurrassem em outra direção, o Ibovespa chegou a perder
mil pontos [na mínima ante a abertura do dia], diz.
“Alguma menção deve surgir no comunicado [do Copom desta semana], do lado interno, com
olhar especial ao fiscal após essa divulgação de números ruins: déficit de mais de R$ 230
bilhões em 2023. Se o Executivo não apresentar propostas robustas, e negociar com o
Legislativo a aprovação das mesmas, podemos ver deterioração rápida das expectativas e
estresse na curva de DI nas próximas semanas. Isso poderia pressionar o Banco Central nas
futuras reuniões do Copom”, aponta Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da
Quantzed.
Entre os segmentos da B3, Spiess, da Empiricus, destaca em especial a queda do setor metálico
nesta segunda-feira. “No caso dessa cobrança de outorgas da Vale pelo governo, parece haver
um certo revanchismo, o que se acresce às preocupações sobre o setor imobiliário chinês, que
afeta o segmento metálico como um todo”, acrescenta o analista. Nesta segunda-feira, além de
Vale, o dia foi negativo para outros nomes do segmento, com Gerdau (PN -2,20%) à frente.
O governo federal cobra R$ 25,7 bilhões da mineradora por renovação de concessões
ferroviárias durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro – dias depois de o Planalto ter
feito um recuo tático quanto à indicação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para a
presidência executiva ou, ao menos, o conselho de administração da mineradora. Em outro
desdobramento negativo, a Justiça de Hong Kong determinou a liquidação da gigante chinesa
do setor imobiliário Evergrande, o que pressionou o setor de mineração e de siderurgia nesta
abertura de semana.
Segue no radar dos investidores, também, a divulgação do relatório de produção da Vale, com
a ação da mineradora se aproximando de fim do mês em que acumula perda de 10,4%.
“Muitas questões têm atrapalhado o desempenho da ação de maior peso no Ibovespa, como a
sucessão de comando na Vale, nos últimos dias. Por outro lado, Petrobras tem ajudado, e hoje
impediu que o Ibovespa caísse, com a recente recuperação de preços do barril – apesar de
correção pontual vista hoje nas cotações da commodity”, diz Spiess.
18:24
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 128502.66 -0.36029
Máxima 129068.28 +0.08
Mínima 127852.82 -0.86
Volume (R$ Bilhões) 1.57B
Volume (US$ Bilhões) 3.20B
18:26
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 129090 -0.17785
Máxima 129695 +0.29
Mínima 128330 -0.77
CÂMBIO
Após quatro pregões consecutivos de queda, em que acumulou desvalorização de 1,53%, o
dólar subiu com força nesta abertura da semana e ameaçou romper o teto de R$ 4,95 no
fechamento. Embora haja desconforto com o quadro fiscal doméstico, com certo ruído nas
negociações entre Congresso e governo em torno da pauta econômica, o tropeço do real foi
atribuído ao ambiente externo.
Temores com o setor imobiliário na China, com a liquidação judicial da incorporadora
Evergrande, e o clima de cautela à espera do comunicado da decisão do Federal Reserve na
quarta-feira, 1, abalaram as moedas latino-americanas. O peso chileno apresentou o pior
desempenho, com perda de mais de 1%, na expectativa de que o Banco Central do Chile
anuncie, também na quarta, uma redução de 1 ponto porcentual na taxa básica do país. Por
aqui, é quase unânime a aposta de que o Banco Central vai cortar a Selic em 0,50 ponto
porcentual, para 11,25% ao ano.
Afora uma queda pequena e bem pontual pela manhã, o dólar operou em terreno positivo ao
longo do dia. As máximas vieram à tarde, quando atingiu R$ 4,9580, em sintonia com a
deterioração do Ibovespa, muito prejudicado pelo tombo das ações da Vale. No fim do dia, a
moeda era negociada a R$ 4,9459, avanço de 0,71%, passando a acumular valorização de 2%
em janeiro. Operadores observam que, após a queda das últimas sessões, havia espaço para
ajustes e movimentos de realização de lucros. Parte das tesourarias já teria dado início a
rolagem de posições em dólar futuro para a virada do mês
“As moedas emergentes recuaram. Pode ser em função desse movimento de China, com todas
as commodities caindo. Isso atrapalhou também o Brasil”, afirma o head da Tesouraria do
Travelex Bank, Marcos Weigt, acrescentando que esta semana deve ser dominada pelas
expectativas – e os desdobramentos – do comunicado que acompanhará a decisão do Banco
Central americano. “O Fed não vai mexer, mas vamos ver o comunicado para saber se vão
cortar mais cedo ou se vai ficar mais para o meio do ano”.
Divulgado pela manhã, o resultado do governo Central em dezembro e no ano de 2023 foi
monitorado, mas sem influência relevante na formação da taxa de câmbio. O Tesouro informou
que as contas do governo central apresentaram déficit de R$ 230,535 bilhões no ano passado,
o equivalente a 2,1% do PIB. Apenas em dezembro, o déficit atingiu R$ 116,147 bilhões,
resultado atribuído pelo secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, ao volume de quase R$
93 bilhões do pagamento de precatórios. Embora a equipe econômica mantenha o
compromisso de buscar o déficit primário zero neste ano, a maioria dos analistas aposta em
um rombo entre 0,5% e 1% do PIB.
À tarde, da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria,
Comércio e Serviços (MDIC) informou que a balança comercial brasileira registrou superávit
comercial de US$ 2,026 bilhão na 4ª semana de janeiro (dias 22 a 28). No mês, o superávit
acumulado é de US$ 6,433 bilhões.
A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ouribank, não viu influência de questões
domésticas sobre a dinâmica das negociações no mercado de câmbio hoje. “O principal fator é
a cautela com o comunicado da decisão do Fed na quarta-feira. E tivemos um pouco mais de
aversão ao risco com o mercado imobiliário na China, o que aumenta a incerteza e aumenta a
busca por ativos em dólar”, afirma.
Para o Banco suíço Lombard Odier, o real figura como uma das melhores moedas para
operações de carry trade. O banco argumenta que, embora as taxas de juros reais tenham
encolhido cerca de 200 pontos-base, para 8%, “ainda são altas em termos histórias”. E o real
deve se manter firme mesmo que o Banco Central continue a manter o ritmo de cortes da taxa
Selic em 0,50 ponto porcentual por reunião.
O Lombard Odier observa que a taxa de câmbio tem se mantido estável ao redor de R$ 4,90
desde novembro do ano passado, após ter atingido pico de R$ 5,20 no terceiro trimestre de

  1. “Embora uma apreciação futura parece mais difícil, acreditamos que o real é estável o
    suficiente para ser um dos melhores candidatos ao carry”, afirma o banco suíço, que ainda vê a
    moeda brasileira depreciada e mantém preço justo de R$ 4,50. “A balança comercial do país
    apresenta os maiores níveis em várias décadas, sugerindo uma fonte mais estável de demanda
    pela moeda”.
    18:26
    Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
    Dólar Comercial (AE) 4.94590 0.7106 4.95800 4.90600
    Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
    DOLAR COMERCIAL FUTURO 4950.500 0.57903 4961.000 4908.000
    DOLAR COMERCIAL FUTURO 4967.000 0.82208 4972.500 4922.000
    JUROS
    Os juros futuros começaram a semana em alta, em realização de lucros estimulada pela cautela
    com a agenda pesada de indicadores e eventos da semana, pela piora do câmbio e pelo
    desconforto com a área fiscal, reforçado pelos dados do Governo Central de dezembro e de
  2. A curva dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) havia devolvido prêmios na
    semana passada, o que deixou espaço para alguma recomposição nesta segunda-feira de
    noticiário sem destaques.
    As taxas locais operaram com sinal contrário ao de baixa dos rendimentos dos Treasuries, que
    recuaram pela menor disposição dos investidores ao risco antes das reuniões dos bancos
    centrais e relatório do Tesouro americano indicando estimativa de menor necessidade de
    empréstimos no primeiro trimestre.
    A taxa do DI para janeiro de 2025, contudo, conseguiu manter-se abaixo dos dois dígitos,
    encerrando em 9,75%, de 9,948% no ajuste de sexta-feira. A do DI para janeiro de 2026 subiu
    de 9,61% para 9,66%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 9,83% (de 9,78%) e o DI
    para janeiro de 2029, com taxa de 10,28% (de 10,22%).
    A alta nas taxas se estabeleceu ainda pela manhã, logo após a publicação dos dados fiscais e na
    medida em que o dólar ampliava os ganhos ante o real, superando a marca de R$ 4,95. Ainda
    que, grosso modo, tenham vindo alinhados à mediana das estimativas, os números do Governo
    Central relativos ao fim do ano passado reforçaram a ideia de que a meta de primário zero para
    2024 é pouco viável, num cenário de dificuldade para a obtenção de receitas.
    O déficit de R$ 116,1 bilhões em dezembro veio em linha com o consenso (R$ 116,7 bilhões),
    mas foi o pior desempenho em termos reais para o mês na série histórica iniciada em 1997. O
    governo fechou 2023 com saldo negativo de R$ 230,5 bilhões, ou seja déficit de 2,1% do PIB,
    após superávit de R$ 54,1 bilhões (0,5% do PIB), em 2022.
    O objetivo da Fazenda era um déficit de 1% do PIB em 2023. Segundo o secretário do Tesouro,
    Rogério Ceron, o primário teria se aproximado deste alvo, ficando em 1,08%, descontados os
    fatores extraordinários, como o pagamento dos precatórios (R$ 92,4 bilhões) e transferência
    compensações aos estados relativas a perdas de ICMS (R$ 7,5 bilhões).
    Mas a incidência de fatores não recorrentes não serve de alívio para as preocupações com o
    quadro à frente. “Olhando para o futuro, acreditamos que as medidas recém-aprovadas para
    aumentar as receitas devem ter um efeito positivo, mas não o suficiente para atingir a meta de
    déficit zero”, avalia Tiago Sbardelotto, economista da XP. “Além disso, ainda vemos pressão
    proveniente de gastos relacionados a previdência e assistência social, o que poderia exigir
    algum bloqueio nas despesas discricionárias”, complementa. A previsão da XP é de déficit
    primário de 0,6% em 2024.
    “Uma alteração da meta parece inevitável. A previsão de déficit zero dever dar lugar a
    estimativas mais factíveis em 2024″, afirma Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos,
    para quem a mudança deverá ser anunciada em março, após a divulgação do relatório
    bimestral de despesas e receitas.
    Ele atribui à preocupação fiscal apenas parte do movimento de hoje nos DIs, que refletiram
    ainda o câmbio e ajuste de posições antes dos eventos da semana. Na quarta-feira, haverá
    decisões de política monetária do Federal Reserve e do Copom e na quinta, do Banco da
    Inglaterra. “Além da Super Quarta, tem payroll na sexta-feira e balanços das big techs na
    semana”, diz.
    O mercado não conta com mudanças nas taxas nesta semana nem por parte do Copom nem
    por parte do Fed. Em termos de comunicação, alguns agentes não descartam que o presidente
    do Fed, Jerome Powell, possa já dar, na entrevista após a reunião, algum sinal sobre o timing
    para começar a afrouxar os juros.
    Já para o Copom não há expectativa de mudança na indicação para o plano de voo de cortar a
    Selic de 0,5 em 0,5 ponto até próximo dos 9%, reforçada pela leitura negativa dos preços de
    abertura do IPCA-15 de janeiro. “Desde a última reunião, não houve alterações relevantes da
    dinâmica inflacionária, das expectativas, das projeções de inflação, do hiato do produto e do
    balanço de riscos que justifiquem uma sinalização divergente das anteriores”, avalia o
    estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sérgio Goldenstein.
    No exterior, os juros dos Treasuries cederam, com ajustes de posição de risco antes do
    desfecho do encontro do Fed e dos dados da semana, como o payroll na sexta-feira. Os yields
    renovaram mínimas no fim da tarde. A taxa da T-Note de dez anos caiu à casa de 4,07%, após o
    Tesouro dos EUA divulgar relatório informando que espera tomar US$ 760 bilhões em dívidas
    no mercado no primeiro trimestre, em estimativa menor do que projetado anteriormente. O
    dólar à vista encerrou em R$ 4,9459 (+0,71%).
    MERCADOS INTERNACIONAIS
    A previsão do Departamento do Tesouro dos EUA de tomar menos dívidas no mercado do que
    o estimado anteriormente provocou uma reviravolta nos negócios internacionais nesta tarde,
    que pressionou os juros dos Treasuries e apagou os ganhos do dólar no exterior. Também na
    esteira do anúncio, as bolsas de Nova York aceleraram alta e empurraram Dow Jones e S&P 500
    aos maiores níveis da história. O comunicado melhorou de forma generalizada o sentimento de
    risco, que antes apresentava comportamento mais neutro, no começo de uma semana que
    será marcada por decisões de juros de Federal Reserve (Fed) e Banco da Inglaterra (BoE), além
    da divulgação de balanços de grandes empresas de tecnologia. Ao mesmo tempo, investidores
    monitoravam os riscos geopolíticos, mas o petróleo sucumbiu às especulações de um possível
    cessar-fogo em Gaza.
    O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou, no fim da tarde, que pretende
    tomar US$ 760 bilhões em dívidas no mercado no primeiro trimestre deste ano e US$ 220
    bilhões no segundo trimestre. Em meio a expectativas de maior fluxo fiscal e a um saldo em
    caixa mais alto que o esperado neste começo de ano, as projeções de valores vieram mais
    baixos do que as estimativas anteriores.
    Para o Jefferies, o resultado reflete questões sazonais associadas à entrada de receitas geradas
    por impostos de pessoa física. De qualquer forma, o anúncio do Tesouro foi suficiente para
    jogar os rendimentos dos Treasuries às mínimas do dia. No final da tarde, o retorno da T-note
    de 2 anos recuava a 4,307%, o da T-note de 2 anos caía a 4,078%, e o do T-bond tinha queda a
    4,327%.
    O alívio com a questão fiscal também ecoou nas bolsas de Nova York, onde Dow Jones e S&P
    500 renovaram máximas históricas, dando sequência à alta recente motivada pelo setor de
    tecnologia, que hoje fez o Nasdaq descolar dos pares e subir perto de 1%. Esta semana
    também será decisiva para o setor, visto que serão divulgados os resultados trimestrais de
    Microsoft, Alphabet, Meta, Apple e Amazon. Além disso, a Boeing, que enfrenta percalços após
    a explosão de uma tampa de porta em um voo da Alaska Airlines, também publica balanço. No
    fechamento, o Dow Jones fechou com alta de 0,59%, aos 38332,93 pontos; o S&P 500 subiu
    0,76%, aos 4927,94 pontos; e o Nasdaq ganhou 1,12%, aos 15628,04 pontos.
    Outro mercado que sentiu o efeito da nota do Tesouro foi o câmbio. O dólar apagou os ganhos
    de mais cedo, quando subia contra desenvolvidos e se aproveitava de uma série de discursos
    recentes de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE), destacando um possível corte mais
    cedo. Hoje, o vice do BCE, Luis de Guindos, avaliou que o processo de perda de fôlego da
    inflação deve continuar na zona do euro, enquanto os dirigente François Villeroy de Galhau e
    Peter Kazimir disseram que haverá cortes de juros neste ano, embora tenham divergido sobre o
    momento.
    Paralelo a isto, a espera de investidores por sinais da atividade na zona do euro nesta semana
    também pressionou a moeda comum. A Convera destaca que as leituras preliminares da
    inflação ao consumidor para a Alemanha e a zona do euro serão fundamentais para determinar
    quando virão os cortes. Esse cenário de fraqueza em BCs mundo afora mantém o dólar com
    certo fôlego contra rivais mesmo em caso de corte de juros pelo Fed em março, escreve o
    banco suíço Lombard Odier. No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 147,44 ienes, o euro
    recuava a US$ 1,0834 e a libra subia a US$ 1,2711. O índice DXY, que mede o dólar ante uma
    cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,17%, a 103,609 pontos.
    Antes do Tesouro, investidores aproveitavam uma segunda-feira até então pacata – sem
    indicadores econômicos e discursos de dirigentes dos Bcs que estão para decidir juros – para se
    posicionarem visando os acontecimentos da semana. Além das decisões de juros do Federal
    Reserve (Fed) e Banco da Inglaterra (BoE), a agenda econômica mantém no radar o relatório de
    empregos dos EUA, que sai na sexta-feira, e os balanços trimestrais de big techs.
    Para a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) na quarta-feira, a manutenção
    dos juros é tida como certa. Porém, as falas de Jerome Powell podem revelar a cereja do bolo
    para os investidores: se o Fed planeja cortar juros em março ou mantê-los até a reunião de
    maio. O mercado, no momento, se apresenta muito dividido quanto a março, com a
    ferramenta do CME Group oscilando durante o dia, mas indicando, perto do fechamento de
    Nova York, que a chance de manutenção em março é de 52,4%.
    Uma potencial fonte de incerteza nessa precificação é a crescente tensão no Oriente Médio,
    que deixou petróleo volátil hoje. Isso porque investidores colocavam na balança as
    especulações de cessar-fogo e um ataque de uma milícia pró-Irã a uma base militar dos EUA na
    Jordânia que deixou baixas americanas. O WTI para março fechou em baixa de 1,57% (US$
    1,23), a US$ 76,78 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex); e o Brent para abril
    recuou 1,35% (US$ 1,12), a US$ 81,83 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).