O término da votação da reforma tributária e a célere aprovação do projeto de lei que trata do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf) deram gás ao "pacote Brasil" nesta sexta-feira. A percepção de que Congresso e governo acertaram o passo na questão econômica chancelou apostas de valorização de preços dos ativos domésticos. Nem mesmo o adiamento para agosto dos ajustes finais no arcabouço fiscal na Câmara tiraram ímpeto dos agentes. O movimento de queda forte hoje neutralizou os prêmios acumulados nas últimas três sessões no mercado de juros futuros. Ao fim do dia, o DI para janeiro de 2025 recuou aos 10,68% e o janeiro 2027 foi para 10,10%. No Ibovespa, 80 dos 86 papéis do Ibovespa terminaram em alta hoje, refletindo o bom humor quase generalizado. O índice chegou a superar a marca dos 119,5 mil pontos na máxima, mas terminou o dia em 118.897,99 pontos (+1,25%), pressionado pela fraqueza em Nova York na hora final. Na semana, voltou a exibir ganhos, tendo subido 0,69%. O real teve um dos melhores desempenhos hoje no cenário global de câmbio. O dólar à vista cedeu aos R$ 4,8659 (-1,30%), embora na semana tenha acumulado ganho de 1,59%. A razão para essa elevação ante a sexta-feira passada vem de fatores externos. Dados nos Estados Unidos ao longo dos últimos dias reforçaram a visão que a economia por lá segue resiliente e, portanto, guarda uma ameaça inflacionária à frente. Hoje, contudo, o relatório de emprego (payroll) veio mais fraco que o esperado e suscitou a chance de o Federal Reserve ser menos duro após a reunião de julho, quando um aumento de 0,25 ponto porcentual parece endereçado. O juro da T-note de 2 anos recuou a 4,943%, um dia depois de bater a máxima desde 2006. O DXY recuou aos 102,272 pontos (-0,87%). Mas o cenário ainda incerto pesou nas bolsas de Nova York: Dow Jones caiu 0,55%, S&P 500 cedeu 0,29% e Nasdaq perdeu 0,13%.
•JUROS
•BOLSA
•CÂMBIO
•MERCADOS INTERNACIONAIS
JUROS
A aprovação da reforma tributária na Câmara, iniciada ontem e concluída hoje com a votação dos destaques ao texto, sustentou os juros futuros em baixa durante todo o dia. O ritmo de queda dos longos, mais sensíveis ao risco fiscal, superou o dos curtos, conferindo perda de inclinação para a curva, uma vez que o ambiente externo não atrapalhou.
Os dados do payroll norte-americano resultaram em Treasuries bem comportados e redução das chances de haver mais do que uma alta adicional nos juros nos Estados Unidos até o fim do ano. O desempenho hoje reduziu significativamente o nível de prêmios acumulados nas últimas três sessões, e as taxas fecharam a semana entre a estabilidade e viés de queda em comparação aos níveis da última sexta-feira.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,785%, de 12,837% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 ficou em 10,68%, de 10,82%. A taxa do DI para janeiro de 2027 caiu de 10,29% para 10,10% e a do DI para janeiro de 2029, de 10,65% para 10,45%. Encerraram a semana praticamente estáveis, com viés de baixa na ponta mais curta.
Com até 30 pontos de alta acumulados, no caso dos DI mais longos, entre terça e quinta-feira, o mercado de juros encontrou na aprovação da reforma tributária oportunidade para retomar posições aplicadas, consideradas a tendência natural da curva diante da perspectiva de início imediato de queda da Selic e melhora do cenário fiscal. O texto aprovado ficou longe do ideal, mas o mercado entendeu que os ajustes foram necessários para que se viabilizasse a votação após 30 anos de discussão.
"Foi uma grande vitória para o País. A proposta agora aprovada pode não ser a ideal, mas representa melhoria significativa em relação ao caótico sistema existente", comenta Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management.
Também da opinião de que a reforma aprovada foi a "possível", o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, lembra que as mudanças pelas quais passou o texto original remetem ao que já havia ocorrido com a reforma da Previdência e com o próprio texto do arcabouço fiscal, que chegaram completos ao Congresso e depois foram desidratados. "O processo é assim mesmo, mas o importante é que a reforma reduz distorções e acaba com a cumulatividade de um sistema que era alvo de críticas generalizadas não só no Brasil, como no exterior", disse.
A reforma acaba com os impostos federais IPI, PIS e Cofins, o estadual ICMS e o municipal ISS, que darão lugar a dois IVAs: a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) substitui os tributos federais, enquanto o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) unifica e substitui ICMS (estadual) e ISS (municipal). Além disso, será criado um Imposto Seletivo, que incidirá sobre itens nocivos à saúde e ao meio ambiente.
O texto-base foi aprovado ontem por larga margem de votos, 375 no segundo turno, muito além dos 308 necessários por ser uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Hoje, na votação dos destaques, a Câmara acatou apenas um deles. Em outra vitória do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, os deputados aprovaram o projeto de lei que retoma o chamado voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). A matéria é um dos trunfos da equipe econômica para aumentar a arrecadação e cumprir as metas de resultado primário do arcabouço fiscal.
Como destacam os analistas da MCM Consultores, enquanto no Brasil a aprovação da reforma tributária na Câmara, a permanência da inflação ao produtor em terreno negativo e a redução das projeções para o IPCA dão mais impulso à melhora de humor dos agentes, no exterior ocorre o contrário. "Essencialmente por conta dos receios ligados ao prolongamento dos apertos monetários nos EUA e na Europa", observam.
O payroll dos Estados Unidos fortaleceu as apostas de que o Fed vai voltar a elevar o juro na reunião deste mês, mas amenizou a perspectiva de novos apertos adicionais até o fim do ano. A geração de 209 mil vagas em junho ficou abaixo do consenso de 225 mil e a taxa de desemprego de 3,6% veio em linha com o esperado. "Os salários, contudo, aceleraram, o que não é bom sinal para o que o mercado quer, que é ver o Fed parar de subir o juro", afirma Cruz, da RB.
A agenda local trouxe hoje o IGP-DI de junho, com deflação de 1,45%, mais forte do que apontava a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de -1,26%. O dado, no entanto, ficou em segundo plano. Na próxima semana, o IPCA de junho, na terça (11), é o destaque do calendário. A mediana das estimativas é de deflação de 0,10%, após alta de 0,23% em maio. Em 12 meses, a mediana de 3,14% aponta inflação abaixo da meta central de 3,25% em 2023. (Denise Abarca - [email protected])
BOLSA
No meio da tarde, com novos sinais de avanço da pauta econômica no Congresso em dia atípico para votações, o Ibovespa operou nos maiores níveis desta sexta-feira, em que fechou em alta um pouco mais contida, de 1,25%, aos 118.897,99 pontos, buscando no melhor momento se reaproximar de resistência na região dos 120 mil pontos. Hoje, saiu de mínima na abertura aos 117.426,95 e atingiu no pico da sessão 119.548,71 pontos (+1,81%), com giro financeiro a R$ 24,4 bilhões no encerramento. Na semana, acumulou leve ganho de 0,69%, vindo de perda de 0,75% na anterior, quando havia interrompido série de nove semanas em alta. No ano, o índice sobe 8,35%.
Pela manhã, o relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos - com geração de vagas de trabalho em junho abaixo do que se chegou a temer, após a forte leitura do dia anterior no levantamento da ADP - e, na madrugada desta sexta-feira, a passagem da reforma tributária em dois turnos pela Câmara dos Deputados, com a suspensão do interstício de votação, foram os fatores que deram amparo, desde cedo, ao apetite por risco na B3 nesta última sessão da semana.
Em Nova York, os três principais índices acionários oscilaram entre perdas e ganhos moderados ao longo desta sexta-feira, em que fecharam em baixa, cedendo terreno na semana: hoje, Dow Jones -0,55%, S&P 500 -0,29% e Nasdaq -0,13%.
“O resultado do 'payroll' foi muito importante para estabilizar o mercado hoje, após toda a volatilidade que se viu ontem com os dados da ADP, muito acima do consenso”, diz o analista Lucas Serra, da Toro Investimentos. Ele destaca também os movimentos no câmbio e na curva de juros, que recuaram bem depois da divulgação dos números desta sexta-feira sobre o mercado de trabalho americano - embora este continue em situação sólida, que ainda endereça aumento de 25 pontos-base para a taxa de juros na próxima reunião do Federal Reserve, no fim do mês, acrescenta.
Se ontem, na B3, apenas cinco ações do Ibovespa haviam conseguido se dissociar da aversão a risco que prevalecia desde o exterior - com a perspectiva de retomada dos aumentos de juros nos EUA ainda em julho -, hoje seis de 86 componentes da carteira do índice fecharam a sessão em baixa: Embraer (-1,99%), Telefônica Brasil (-0,68%), Hypera (-0,33%) e Arezzo (-0,12%), além de Petrobras ON (-0,54%) e PN (-0,51%).
Na ponta ganhadora nesta sexta-feira, Pão de Açúcar (+10,15%), Petz (+8,51%), IRB (+7,45%), BRF (+7,23%) e 3R Petroleum (+7,04%). Entre os grandes bancos, os ganhos na sessão chegaram a 1,94% (BB ON) no encerramento.
Vale ON subiu 0,94% mesmo com o recuo de quase 2% para os preços do minério de ferro na China, enquanto Petrobras chegou a ensaiar alta à tarde, mas ao fim não conseguiu se alinhar aos ganhos disseminados no Ibovespa e também ao avanço superior a 2% para o Brent e o WTI na sessão, com o enfraquecimento do dólar pós-payroll. Na semana, ambos os barris de petróleo subiram mais de 4%.
No começo da tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteve reunido com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários da Casa para garantir a votação do projeto de lei que retoma o chamado "voto de qualidade" no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
Logo após o encontro no gabinete do deputado alagoano, foi retomada a sessão em plenário, para votar destaques da reforma tributária em segundo turno. E, após intenso diálogo com o governo, a Câmara decidiu também deliberar, no mesmo dia, sobre o projeto do Carf - um item da pauta considerado chave para a equipe econômica. O sinal de que a agenda econômica está ganhando dinamismo maior na tramitação pelo Legislativo animou os investidores, levando o Ibovespa a máximas da sessão no meio da tarde. No fim do dia, o projeto de lei sobre o Carf foi aprovado de forma simbólica, na Câmara, passando então aos destaques.
Apesar da sequência vitoriosa para o governo, há nas entrelinhas alguma cautela quanto ao formato final da proposta de reforma tributária, considerando mudanças incorporadas ao texto. “Há consenso de que a aprovação impactará, com um aumento na produtividade, possibilitando redução no tempo e no dinheiro gasto com obrigações tributárias. No entanto, ainda é cedo para precisar quais serão os efeitos no sistema financeiro”, observa, por exemplo, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), em nota.
“Entendemos que as exceções colocadas no texto, a transição mal calibrada, a governança do imposto (por meio do Conselho Federativo), a preservação dos incentivos do ICMS por meio de subsídios (com o Fundo de Compensação de Incentivos do ICMS), dentre outras dificuldades que ficaram para tratamento por leis complementares, colocam um viés negativo sobre o resultado final”, enumera a Warren Rena em nota do economista-chefe, Felipe Salto, ex-secretário de Fazenda do Estado de São Paulo. “O Senado ainda poderá fazer modificações ou mudar o rumo das discussões e da apreciação do texto que sairá da Câmara”, acrescenta.
Outro ponto crucial da pauta econômica no Congresso, o arcabouço fiscal, que deve retornar à Câmara após modificações no Senado, deve ser aprovado com "alterações mínimas", disse nesta sexta-feira Arthur Lira em entrevista à GloboNews, na qual antecipou que a votação da matéria deve ficar mesmo para agosto.
Vindo de ganho de 9% em junho, e de um avanço adicional, de 0,69%, nesta primeira semana de julho, o mercado financeiro ficou um pouco mais cauteloso quanto ao desempenho das ações no curtíssimo prazo, aponta o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, a parcela dos que acreditam que a Bolsa fechará a próxima semana acumulando ganhos recuou para 33,33%, de 62,50% na pesquisa passada. Em contrapartida, a fatia dos que esperam variação neutra saltou de 12,50% para 50,00%, enquanto os que preveem perda representam 16,67%, de 25,50% na semana passada. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 118897.99 1.25381
Máxima 119548.71 +1.81
Mínima 117426.95 0.00
Volume (R$ Bilhões) 2.43B
Volume (US$ Bilhões) 4.99B
18:03
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 120150 0.79698
Máxima 121215 +1.69
Mínima 119200 0.00
CÂMBIO
Após subir 1,64% ontem e fechar no maior valor desde 5 de junho, o dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 7, em baixa de 1,30% no mercado doméstico de câmbio, cotado a R$ 4,8659. Já em queda firme pela manhã, em meio à onda de enfraquecimento da moeda americana no exterior com dados de emprego nos EUA abaixo do esperado, o dólar renovou mínimas à tarde, descendo até R$ 4,8485, com avanço da pauta de reformas econômicas na Câmara dos Deputados.
Após a aprovação na madrugada desta sexta-feira da reforma tributária em dois turnos, classificada por atores políticos como histórica, a Câmara se debruçou hoje à tarde sobre o projeto que retoma o "voto de qualidade" no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), graças à articulação entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Considerado essencial para ampliação de receitas e cumprimento das metas fiscais, o projeto do Carf foi aprovado de forma simbólica, com dois destaques, e segue para o Senado. Não houve sobressaltos nem quando o presidente da Câmara, em entrevista a GloboNews, informou que a votação final do arcabouço fiscal ficará apenas em agosto, uma vez que a aprovação é dada como certa e com "alterações mínimas", nas palavras do próprio Lira.
Apesar do refresco hoje, o dólar à vista encerra a primeira semana de julho com alta de 1,59%. Analistas ponderam que havia espaço para ajustes técnicos e realização de lucros de posições vendidas (que ganham com a baixa da taxa de câmbio), após a moeda ter caído 5,59% em junho e terminado o primeiro semestre com perdas de 9,29%. No ano, o dólar à vista agora apresenta desvalorização de 7,84%.
Nas mesas de operação, comenta-se que o avanço da pauta econômica no Congresso aumenta o cacife do ministro da Fazenda dentro do governo e enfraquece a chamada ala política, capitaneada pela presidente do PT, Gleisi Hoffman, e mais inclinada à heterodoxia econômica. Caso confirmado, o início do ciclo de corte da taxa Selic a partir de agosto fortalecerá ainda mais Haddad, o principal interlocutor do governo com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
"O cenário político é muito favorável quando se pensa no que se esperava após as eleições. Tivemos uma polarização muito grande na eleição para presidente, mas o Congresso assumiu o protagonismo e impede que se vá para extremos à esquerda ou à direita. As reformas estão andando", afirma o co-CEO e diretor de investimentos na Alphatree Capital, Rodrigo Jolig.
No exterior, o índice DXY - que mede a variação do dólar frente uma cesta de seis moedas fortes - operou em baixa firme, com mínima aos 102,226 pontos, em dia marcado por ganhos expressivos do iene, em meio à informação de que os salários no Japão cresceram em maio no ritmo mais forte em 28 anos. Há a expectativa de que o banco central do país possa começar a reverter a política monetária frouxa. Moedas emergentes e de países exportadores de commodities, que apanharam ontem, se recuperaram hoje, com destaque para os ganhos acima de 1% do real e do peso colombiano.
Nos EUA, depois do susto ontem com o resultado acima do esperado da geração de empregos no setor privado americano, revelada pelo relatório ADP, houve alívio hoje com os números do payroll. Foram criadas 209 mil vagas em junho, abaixo da mediana de Projeções Broadcast (225 mil). A taxa de desemprego caiu 3,7% em maio para 3,6% em junho, em linha com o esperado. Foram revisados para baixo os números de geração de postos de trabalho em maio (de 339 mil para 306 mil) em abril (294 mil para 217 mil).
A perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) promova uma alta de juros de 25 pontos neste mês segue amplamente majoritária. Houve, contudo, diminuição dos temores em uma taxa terminal ainda mais elevada. Em junho, o Fed manteve os FedFunds na faixa entre 5,00% e 5,25%, sob argumento de que precisava de tempo para avaliar os efeitos do ciclo de aperto monetário sobre a economia.
"O payroll não foi fraco, mas havia o temor de que fosse um número muito grande, após o ADP de ontem. A verdade é que o mercado de trabalho segue forte e o Fed vai ter que segurar os juros em níveis mais altos", afirma Jolig, da Alphatree Capital, que atribui o tropeço do real e de outras divisas emergentes ontem a um "movimento técnico" de ajuste e realização de lucros de um "trade" já bastante vencedor.
Para Jolig, o real e pares latino-americanos devem apresentar desempenho positivo nos próximos meses. Por aqui, a taxa de câmbio pode voltar as níveis de R$ 4,70. Mesmo que o BC inicie em agosto o ciclo de redução de juros com um corte de 0,50 ponto porcentual, a taxa Selic deve encerrar o ano provavelmente ainda em dois dígitos. "O carry vai continuar atraente e dar sustentação ao real. É um 'trade' que deve continuar forte por mais uns seis meses", afirma. (Antonio Perez - [email protected])
18:02
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.86590 -1.2982 4.93570 4.84850
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4894.500 -0.96115 4957.000 4869.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4990.000 06/07
MERCADOS INTERNACIONAIS
A perspectiva de que o Federal Reserve (Fed) poderá ser menos rígido em suas decisões monetárias a partir de setembro ajudou a pressionar o dólar ante divisas fortes e emergentes, enquanto outras economias deverão manter o aperto no combate à inflação. A visão ajudou a trazer o juro da T-note de 2 anos de volta a operar na faixa de 4%, enquanto juros dos Treasuries da ponta longa mantinham a alta. A queda da moeda ajudou a levar o petróleo a subir mais de 2%, acumulando mais de 4% de ganhos semanais, enquanto ouro e cobre também se favoreciam com o impulso. As commodities ajudaram a dar fôlego às bolsas de Nova York pela tarde, mas o índices acabaram fechando em queda, com investidores ainda digerindo payroll.
O dólar operou em forte baixa, pressionado principalmente pelo iene, após dados do Japão reforçarem a possibilidade de que o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) abandone sua política acomodatícia, o que deverá beneficiar a moeda. Ainda, a projeção da Capital Economics é que o iene seja ainda mais valorizado, à medida que as expectativas das taxas de juros nos Estados Unidos comecem a cair ainda este ano, levando em conta uma desaceleração do crescimento e o enfraquecimento da inflação, que levariam "o Fed a reavaliar e mudar para uma política de flexibilização".
Entretanto, o Brown Brothers Harriman (BBH) aponta que, se os dados econômicos dos Estados Unidos continuarem fortes e demonstrando resiliência da atividade do país, o dólar deverá voltar a subir. No final da tarde em Nova York, O índice DXY fechou em queda de 0,87%, a 102,272 pontos, o dólar recuava a 142,12 ienes, o euro subia a US$ 1,0966 e a libra tinha alta a US$ 1,2834..
As expectativas de um Fed menos rígido mais adiante também ajudaram a pressionar os juros da T-note de 2 anos, enquanto os da T-note de 10 anos e do T-bond de 30 anos seguiam subindo. No geral, os rendimentos tiveram uma boa performance na semana. Segundo a Oxford Economics, a inclinação da curva de juros continuou aumentando após o relatório de empregos (payroll), "com investidores reagindo ao crescimento ligeiramente mais lento do emprego, mas acima das expectativas de ganhos e a uma queda esperada na taxa de desemprego".
No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos cai a 4,943%, o da T-note de 10 anos tinha alta a 4,054% e do do T-bond avançava a 4,041%.
Na esteira da queda do dólar, commodities ganharam força, com o ouro e o cobre fechando em alta, e o petróleo subindo mais de 4% na semana. Apesar da força da commodity, a CMC Markets levanta a questão de que o óleo tinha potencial de subir mais, diante do número de cortes de produção da semana. Entretanto, o petróleo deverá ficar com um piso nos preços, ao passo que a demanda da gasolina parece estar aumentando, apesar das incertezas econômicas globais.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para agosto fechou em alta de 2,87% (US$ 2,06), a US$ 73,86 o barril, enquanto o Brent para setembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 2,55% (US$ 1,95), a US$ 78,47o barril. Na semana, os ganhos foram de 4,56% e 4,05%, respectivamente.
As commodities ajudaram a fazer com que a bolsas de Nova York operassem em alta por um tempo durante a tarde, mas os índices acabaram fechando em queda, com investidores digerindo o payroll, que demonstrou uma queda na taxa de desemprego e força nos salários, em dia marcado pela volatilidade. Ainda, a chance de alta na próxima decisão de juros, no fim do mês, subiu a 92,4%, segundo levantamento do CME Group. Hoje, Dow Jones fechou em queda de 0,55%, o S&P 500 cedeu 0,29% e o Nasdaq teve baixa de 0,13%.(Natália Coelho - [email protected])