TREASURIES, ATA E PAUTAS NO CONGRESSO APOIAM MERCADO LOCAL, ENQUANTO PETRÓLEO CAI 4%

Os ativos domésticos sustentaram à tarde, e até ampliaram no caso da Bolsa e dos juros futuros, o desempenho positivo visto desde a manhã. Aos eventos no exterior e à leitura da ata do Copom, somou-se na segunda etapa o avanço da agenda econômica no Congresso para amplificar os ganhos, levando o Ibovespa a fechar em alta de 0,71%, com 119.268,06 pontos, maior nível desde 14 de setembro, e as taxas dos DIs a recuarem cerca de 15 pontos-base. O dólar à vista computou a quinta sessão em baixa, fechando aos R$ 4,8750 (-0,26%). A aprovação do relatório preliminar da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) com meta de déficit zero em 2024 pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) foi vista como uma vitória da equipe econômica no embate com a ala do governo que defendia alteração do objetivo fiscal. Ainda, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou o relatório da reforma tributária. A curva dos Treasuries teve alívio atribuído a falas consideradas “dovish” de dirigentes do Federal Reserve e ao tombo de mais de 4% nos preços do petróleo. Dados fracos de atividade na Europa e do comércio exterior na China realçaram as preocupações sobre a demanda global, pesando sobre a commodity. As ações da Petrobras e outras ligadas a matérias-primas acusaram o golpe, mas com efeito sobre o Ibovespa neutralizado pelos ganhos do setor financeiro. Por outro lado, a queda do petróleo favoreceu o recuo dos juros futuros, apesar da ata do Copom considerada hawkish. O documento indicou que o cenário externo “volátil e adverso” pode limitar o ciclo de flexibilização da Selic, o que amparou o real pela percepção de diferencial de juros atrativo ao capital externo. Lá fora, as bolsas americanas subiram, com destaque para o oitavo avanço seguido do Nasdaq e para o sétimo pregão seguido de alta do S&P 500, a maior sequência positiva de ambos desde novembro de 2021.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os retornos dos Treasuries continuaram sua trajetória descendente ao longo da tarde, com a ponta longa acelerando queda. A tendência refletiu expectativas por relaxamento monetário do Federal Reserve (Fed) em meados de 2024, ainda que a diretora Michelle Bowman tenha sinalizado apoio a mais um aumento de juros. O movimento potencializou os ganhos dos papéis de tecnologia, em um movimento que turbinou o Nasdaq a um avanço de quase 1%. Tanto o índice quanto o S&P 500 acumularam a mais longa sequência positiva desde novembro de 2021. Apesar disso, a escalada geral em Wall Street acabou contida pelo desempenho negativo dos papéis de energia, comprimidos pelas perdas de 4% do petróleo.

Mais cedo, o presidente da distrital de Chicago do Fed, Austan Goolsbee, afirmou que a inflação precisa entrar em queda sustentada para o Fed parar de cogitar mais aperto, enquanto o diretor Christopher Waller pareceu otimista com a perda de fôlego do mercado de trabalho americano, que se aproxima de níveis pré-pandêmicos. Também pela manhã, Neel Kashkari, presidente do Fed de Minneapolis, não descartou novos apertos e disse que a autoridade segue dependente de dados para tomar decisões. Durante a tarde, Lorie Logan, do Fed de Dallas, disse que a economia americana deve desacelerar, enquanto a diretora do Michelle Bowman foi mais radical e afirmou que pode ser favorável a um novo aumento nas taxas, principalmente se a inflação não continuar arrefecendo.

Os avisos dos dirigentes de que os juros podem subir outra vez não foram suficientes para mudar a convicção de investidores, que seguem apostando no fim do pico de juros, com a ferramenta do CME Group indicando início do ciclo de cortes de taxas a partir de maio de 2024. Diante disso, os retornos dos títulos do Tesouro americano caíram hoje, seguindo a tendência de queda vista desde a decisão do Fed, na semana passada, e na esteira das apostas de que o banco central dos EUA não vai mais subir juros. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,932%, o da T-note de 10 anos recuava a 4,569% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 4,736%.

O alívio na ponta longa dos Treasuries refletiu nas bolsas, que tiveram as big techs em foco hoje, com o setor de tecnologia conduzindo alta mais forte entre os setores do S&P500, e com o Nasdaq subindo mais de 1%. Louis Navellier, da Gestora Navellier, pontua que empresas do setor de consumo discricionário também conduziram a alta hoje, “ajudado pelas perspectivas para os gastos na temporada de feriados”. Segundo o CMC Markets, a perspectiva de fim de alta de juros pelo Fed também contribuiu para as bolsas hoje.

Do lado das perdas, empresas do setor de energia foram penalizadas pela queda no petróleo. Tudo somado, Dow Jones subiu 0,17%, a 34.152,60 pontos; o S&P 500 avançou 0,28%, a 4.378,38 pontos; e o Nasdaq se valorizou 0,90%, a 13.639,86 pontos. O S&P 500 acumula o sétimo pregão consecutivo de ganhos e o Nasdaq, a oitava – a mais longa sequência de altas diárias desde novembro de 2021.

Hoje, o petróleo atingiu níveis mais baixos desde agosto, antes do início do conflito entre Hamas e Israel. Os preços da commodity foram afetados pelos sinais de fraqueza da economia chinesa, que reportou queda nas exportações maior do que o esperado, de 6,4% na comparação anual. O petróleo também foi impactado pela gama de indicadores da economia da zona do euro, que segundo o Wells Fargo apontam para uma possível recessão. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para dezembro fechou em baixa de 4,26% (US$ 3,45), a US$ 77,37 o barril. Enquanto isso, o Brent para janeiro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), caiu 4,19% (US$ 3,57), a US$ 81,61 o barril.

Na esteira dos dados de fraqueza econômica, o euro foi prejudicado contra o dólar hoje, também porque segundo o analista do City Index, Fawad Razaqzada, houve “falta de outras notícias importantes, o que permitiu ao dólar que simplesmente subisse”. Mais cedo, a inflação ao produtor na zona do euro caiu menos do que o esperado, e a produção industrial da Alemanha recuou bem mais do que o esperado. Enquanto isso, no Reino Unido, o mercado passou a cogitar cortes de juros mais precoces depois que o economista-chefe do Banco da Inglaterra (BoE), Huw Pill, não descartou que as taxas de juros do país possam ser cortadas a partir de agosto do ano que vem, mais cedo do que o consenso de analistas. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, subiu 0,31% hoje, aos 105,546 pontos. Ao fim da tarde, o euro recuava a US$ 1,0698, a libra tinha baixa a US$ 1,2298 e o dólar subia a 150,42 ienes

JUROS

Embora a ata do Copom tenha sido o destaque da agenda da terça-feira, a curva de juros continuou sendo conduzida pelos eventos no exterior. O recuo nos rendimentos dos Treasuries e o tombo do petróleo resultaram em queda para as taxas locais, sob influência ainda da expectativa positiva para as pautas econômicas no Congresso.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,820%, de 10,861% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,71% 10,62%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 10,76% (10,91% ontem) e a do DI para janeiro de 2029 terminou em 11,13%, de 11,30%.

A queda do spread entre os vencimentos para janeiro de 2025 e janeiro de 2029, de 44,5 ontem para 31 pontos hoje, ilustra bem o grau de desinclinação da curva, puxado pelos dois fatores-chave que normalmente atuam sobre a ponta longa – exterior e fiscal. O retorno da T-Note de 10 anos voltou a rodar abaixo de 4,60% e o do T-Bond de 30 anos, abaixo de 4,80%. Vale lembrar que as taxas longas americanas foram destaque entre os fatores altistas citados no balanço de risco do Copom no comunicado da reunião de quarta-feira e hoje também na ata.

A economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, porém, não vê sustentação para a queda da curva dos EUA enquanto o cenário fiscal por lá estiver nebuloso. “Só vai fechar para valer com uma percepção mais positiva sobre o fiscal, que deve voltar ao foco com a retomada da discussão sobre o teto da dívida”, afirma. O atual acordo fechado pelo Congresso americano expira no dia 17. “E se o juro nos EUA persistir nos 5%, não vai ter Selic a 9%”, completa.

O recuo dos yields se deu na esteira de comentários de dirigentes do Federal Reserve e no recuo de mais de 4% do petróleo. Os receios com a demanda global após dados fracos de comércio exterior da China prevaleceram ante a possibilidade de o conflito entre Israel e Hamas reduzir a oferta da commodity. O barril do tipo WTI caiu abaixo dos US$ 78 e não só voltou ao patamar pré-guerra no Oriente Médio como foi o menor desde julho.

Apesar da queda do petróleo e da decepção com os dados da China, o real teve boa performance, com o dólar caindo para o patamar de R$ 4,87. A commodity e o câmbio são dois fatores importantes para o processo de desinflação no Brasil, que foi ressaltado hoje pela ata do Copom. O documento foi considerado “hawkish” pelos analistas, não pela avaliação do quadro local, mas sim pelos alertas com relação ao ambiente internacional, que podem limitar o tamanho do ciclo da Selic.

“O Copom avalia que o cenário doméstico lhe permite continuar com o ciclo de cortes iniciado em agosto ao ritmo de 50 pontos-base por reunião. Porém, a discussão sobre o cenário externo deixa claro também que o Comitê entende que pode colocar restrições na extensão desse ciclo”, comenta Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Wealth Management.

Segundo o economista-chefe do banco Bmg, Flávio Serrano, a ata trouxe pouca alteração na precificação das apostas de Copom para a curva. “Aumentou a chance de cortes mais contundentes em janeiro e março”, disse. Para dezembro, estão plenamente precificados 50 pontos de corte indicados na ata. Para janeiro, ainda há 30% de probabilidade de queda de 25 pontos e 70% de queda de 50 e para março o quadro está dividido 50% para cada uma destas alternativas. Para o fim de 2024, a projeção é próxima de 10,50%.

Na ata, o Copom repetiu a qualificação de “mais volátil e adverso” sobre o cenário internacional já trazida no comunicado, com “múltiplos mecanismos de transmissão da economia internacional para a economia doméstica, financeiros e econômicos, que devem ser incorporados na tomada de decisão”. Os diretores dão atenção especial à elevação das taxas de longo prazo nos Estados Unidos, que restringe as condições financeiras.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou a mensagem da ata hoje em evento da Bradesco Asset, ao afirmar que o pior cenário para os emergentes será se o prêmio fiscal ganhar importância na estrutura dos juros dos Estados Unidos. “É um cenário onde o prêmio de risco do mundo desenvolvido começa a afetar o prêmio de risco do mundo emergente.”

Se, ao mesmo tempo, houver piora fiscal no Brasil, o cenário pode ficar mais complicado, alertou ainda o presidente do BC. Até por isso, o avanço das matérias econômicas no Congresso hoje fez algum contraponto ao incômodo com a possibilidade de mudança da meta de primário no ano que vem. A CCJ do Senado aprovou por 20 a 6 o relatório da reforma tributária, mas o relator, senador Eduardo Braga (MDB-AM), aceitou quase 250 emendas. A expectativa é de que seja apreciado ainda nesta semana em plenário.

Ainda, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou o relatório preliminar da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) com meta de déficit zero em 2024. A expectativa de votação final é entre os dias 22 e 24, segundo o relator, o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE).

“Foi uma boa notícia para o ministro Haddad. A preservação do déficit zero para o ano que vem não garante que essa meta seja entregue, mas estimulará o encaminhamento das medidas de arrecadação pelo Congresso e reforçará o arcabouço, dando credibilidade ao governo na área fiscal”, afirmam Felipe Salto e Josué Pellegrini, economistas da Warren Rena. Lembram, porém, que as possibilidades de alteração seguem sobre a mesa.

BOLSA

Divulgada pela manhã, a ata relativamente benigna do Copom, que contribui para o mercado precificar mais dois cortes de meio ponto porcentual na Selic nas próximas reuniões, em dezembro e janeiro, formou boa combinação com o recuo dos rendimentos dos Treasuries e dos preços do petróleo nesta terça-feira, contribuindo para o quinto avanço consecutivo do Ibovespa, aos 119.268,06 pontos, alta de 0,71% na sessão. Assim, atingiu o maior nível de fechamento desde 14 de setembro, então aos 119.391,55 pontos.

Hoje, o índice oscilou dos 118.026,33 aos 119.576,62 (+0,97%), saindo de abertura aos 118.422,18 pontos. O giro financeiro subiu a R$ 28,4 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa acumula ganho de 0,94% e, no mês, avança 5,41%, recolocando a alta do ano a 8,69%.

No fim da tarde, a aprovação por ampla margem (20 votos a seis) do relatório da reforma tributária na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado ajudou a fortalecer a confiança dos investidores, levando o Ibovespa um pouco mais adiante, nas máximas da sessão. Também foi benéfica a aprovação de relatório preliminar sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) com a manutenção da meta de déficit zero para 2024, na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso.

Na B3, o bom desempenho das ações de bancos, no dia seguinte à divulgação do balanço trimestral do Itaú (PN +2,80%), foi o contraponto à correção em Vale (ON -1,99%) – terceira maior perda entre os componentes do Ibovespa na sessão, com a moderada retração de preço do minério na China. Petrobras (ON -2,21%, PN -1,66%) também figurou entre as maiores quedas desta terça-feira. Prio (-2,48%) e BRF (-1,56%) completaram a lista das principais perdas do dia.

A terça-feira foi de correção para os preços do petróleo em Londres e Nova York, em baixa acima de 4%, o que o levou a ser negociado nas mínimas desde julho, com o fortalecimento do dólar e em meio a sinais de arrefecimento da demanda chinesa pela commodity. O forte ajuste nas cotações do insumo contribui para amenizar os receios em torno da trajetória da inflação global, com efeito benéfico para os rendimentos dos títulos do Tesouro americano, cujo avanço tem sido um fator de preocupação. Em novo sinal de alerta sobre a maior economia asiática, a China reportou queda de 6,4% nas exportações, na base anual – leitura bem pior do que o mercado esperava.

“Usufruímos hoje de movimento semelhante ao da última sexta-feira, quando o mercado digeria relatório sobre emprego mais fraco nos Estados Unidos, ao fim de uma semana de decisões sobre juros lá como aqui. E esses dados da sexta-feira tiraram pressão da curva de juros americana, com efeito também para as curvas ao redor do mundo, inclusive no Brasil. Houve adição de prêmios de agosto a outubro, afetando os ativos fora dos Estados Unidos, um período em que se viu apreciação do dólar e depreciação desses ativos. Neste começo de novembro, parece estar havendo certa reversão desse movimento”, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Nesse contexto de busca por ativos depreciados, na ponta do Ibovespa nesta terça-feira destaque para as ações das varejistas Magazine Luiza (+23,78%) e Casas Bahia (+11,76%), à frente de Hapvida (+8,54%) e Soma (+7,58%). Destaque também, entre os bancos, para Bradesco (ON +2,06%, PN +2,64%) e Santander (Unit +2,77%, na máxima do dia no fechamento).

O desempenho de grandes nomes do setor financeiro foi beneficiado, na sessão, pelos números trimestrais do Itaú, divulgados na noite anterior. O banco trouxe “resultados sólidos, com destaque para a qualidade da carteira de crédito, cuja inadimplência está abaixo do mercado, e para números fortes de margem financeira com clientes”, aponta a analista Júlia Aquino, da Rico Investimentos, acrescentando que Itaú tem o terceiro maior peso no Ibovespa, atrás apenas de Vale e Petrobras.

Pela manhã, “a ata do Copom, referente à reunião que trouxe a Selic para 12,25% ao ano, sacramentou praticamente outro corte de meio ponto para dezembro, que colocará a taxa de juros a 11,75% no fechamento do ano. O ritmo de corte é considerado ainda apropriado, mas houve mensagem sobre o fiscal, após as falas recentes do ministro Haddad e do presidente Lula”, diz Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos, referindo-se a sinais do governo no sentido de possível flexibilização do compromisso de déficit primário zero para 2024.

“O Copom considera importante que o governo busque a execução das metas fiscais já estabelecidas, de forma a manter a ancoragem das expectativas de inflação para o ano que vem – as quais vêm aumentando nas últimas leituras do Focus por conta das incertezas sobre o fiscal”, acrescenta o economista.

“O conteúdo da ata deu grande peso ao ambiente de incerteza, com destaque para o cenário global, o que demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. Além da sinalização de manutenção do ritmo de queda de 50 bps nas próximas reuniões caso se confirme o cenário esperado, fica claro que saiu do radar do Copom, pelo menos nesse momento, a possibilidade de aceleração do ritmo”, observa em nota Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos.

No exterior, a realização vista especialmente nos títulos de 10 anos do Tesouro americano contribuiu para o moderado apetite por ações em Nova York, onde o destaque do dia ficou com o Nasdaq (+0,90% no fechamento), mais exposto à perspectiva de curto prazo para a taxa de juros de referência nos Estados Unidos.

18:20

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 119268.06 0.70658

Máxima 119576.62 +0.97

Mínima 118026.33 -0.34

Volume (R$ Bilhões) 2.83B

Volume (US$ Bilhões) 5.82B

18:23

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 120415 0.47142

Máxima 120880 +0.86

Mínima 119015 -0.70

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CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira, 7, em queda de 0,26%, cotado a R$ 4,8750 – menor valor de fechamento desde 19 de setembro. Foi o quinto pregão consecutivo de baixa da moeda americana no mercado doméstico, que já acumula desvalorização de 3,30% em novembro. Na mínima, a divisa rompeu o nível de R$ 4,86 (R$ 4,8593). Operadores apontam a perspectiva de manutenção de diferencial de juros interno e externo favorável nos próximos meses, o fluxo expressivo de recursos via comércio exterior e o andamento da agenda econômica no Congresso como pontos que impulsionaram a moeda brasileira. Foi aprovado à tarde na Comissão Mista de Orçamento (CMO) o relatório preliminar da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) com meta de déficit zero em 2024.

Ao alívio nas taxas dos Treasuries nos últimos dias, após dados abaixo do esperado do mercado de trabalho nos EUA na semana passada reforçarem a aposta de manutenção dos juros pelo Federal Reserve em dezembro, soma-se a perspectiva de que não haverá aceleração do ritmo de queda da taxa Selic. A avaliação é a de que ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada hoje pela manhã, trouxe um tom levemente mais duro. No documento, o comitê diz que o ambiente externo se tornou mais desafiador, o que “exige cautela por parte de países emergentes”.

O head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, observa que hoje apenas o real e o peso mexicano apresentaram ganhos em relação ao dólar entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes. “Houve um alívio das taxas americanas e aqui parece que vamos ter juro elevado por um bom tempo. Temos taxas reais elevadas um diferencial de juros ainda muito alto, que estimula a busca por carry trade. É a mesma condição do México”, afirma Weigt, acrescentando que o saldo expressivo da balança comercial garante um fluxo contínuo de dólar e dá mais conforto aos investidores.

O tesoureiro do Travelex observa que a mudança de nível das taxas longas nos EUA foi bem pronunciada nos últimos dias, tirando pressão sobre as divisas emergentes. O retorno da T-note de 10 anos, que chegou a atingir 5,00% no fim de outubro, furou no fim da semana passada o piso de 4,60%. As taxas longas americanas recuaram em bloco mais uma vez hoje, com a T-note de 10 anos ao redor de 4,58%, em meio ao tombo das cotações internacionais do petróleo e consequente alívio das pressões inflacionárias.

Por aqui, em evento pela manhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu que o ritmo de corte da Selic em 0,50 ponto porcentual é, por ora, apropriado, considerando a “visibilidade” para as próximas duas reuniões do Copom. Ele ressaltou que, embora tenha diminuído, o diferencial entre juros interno e externo ainda é alto. O real, disse Campos Neto, tem se destacado como moeda relativamente estável entre emergentes. O pior cenário para o mundo emergentes, segundo o presidente do BC, seria um cenário em que o prêmio de risco nos países desenvolvidos comece a subir. Se, ao mesmo tempo, houver piora fiscal no Brasil, o cenário pode ficar mais complicado, alertou.

Houve também nos últimos dias uma diminuição dos ruídos fiscais provocados por declarações do presidente Lula dando conta de que seria muito difícil cumprir a meta de déficit zero em 2024. Ontem à noite, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (-sem partido-AP), informou que o governo Lula decidiu não enviar neste momento mensagem modificativa alterando a meta fiscal na LDO, cujo texto preliminar foi aprovado hoje à tarde. A estratégia esperar a tramitação de projetos no Congresso que permitam alcançar a meta fiscal. A principal aposta da equipe econômica no momento é a Medida Provisória que restringe a compensação de tributos federais de benefícios fiscais concedidos pelos Estados. Além da LDO, houve aprovação hoje à tarde do relatório da reforma tributária, do senador Eduardo Braga (MDB-AM), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Para o especialista em câmbio da Manchester Investimentos, Thiago Avallone, o fato de eventual mudança na meta fiscal ter sido adiada contribuiu para que o real tivesse um desempenho superior a de seus pares hoje. Além disso, ele observa que há liquidação de contratos por parte de exportadores por trás da queda da moeda americana no mercado doméstico. “Não acredito que o dólar se mantenha nesse patamar, apesar do diferencial de juros ainda favorecendo o real. No fim do ano temos aumento das remessas ao exterior e pode haver nova alta de juros nos EUA. Vejo dólar mais próximo de R$ 5,00”, afirma Avallone.

18:23

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.87500 -0.2639 4.90870 4.85930

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4887.500 -0.26528 4921.500 4872.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4893.000 -0.56903 4901.000 4893.000