TEMOR COM FED FAZ DÓLAR ESCALAR AO MAIOR NÍVEL DESDE OUTUBRO E INCLINA CURVA DE JUROS

As dúvidas quanto ao ciclo de afrouxamento de juros nos Estados Unidos seguiram
dominando os mercados nesta tarde, embora no fechamento os ativos tenham se
afastado dos piores momentos da sessão. Dados fortes dos Estados Unidos reforçaram o
tom cauteloso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na sexta-feira e fizeram
agentes recalcularem o momento e o tamanho das quedas dos Fed funds. O cenário mais
provável segue sendo o de corte a partir de junho e em 75 pontos-base até o fim do ano,
mas cresceram apostas de início do alívio no segundo semestre e em redução em 2024
de 50 pontos, segundo a CME. Nos mercados domésticos, o real acabou sendo
penalizado adicionalmente pela aversão global ao risco por ser o emergente mais líquido.
Assim, o dólar à vista terminou o dia em R$ 5,0591 (+0,87%), a maior cotação desde 13 de
outubro. As taxas de juros futuros de longo prazo, mais sensíveis às incertezas no cenário,
abriram mais que as de curta duração. Desta forma, a curva ganhou inclinação. O
diferencial entre os vértices de 2029 e 2025 chegou a 80 pontos-base, o maior nível desde
o fim de março de 2023. Já o Ibovespa caiu aos 126.990,45 pontos, desvalorização de
0,87%. A subida da Petrobras (ON +0,73% e PN +0,78%) na esteira da valorização do
petróleo aparou as perdas do índice. O óleo, por sua vez, avançou com aumento da
tensão no Oriente Médio.
•CÂMBIO
•JUROS
•BOLSA
•MERCADOS INTERNACIONAIS
CÂMBIO
O dólar à vista iniciou a semana em forte alta no mercado doméstico de câmbio,
acompanhando a onda de valorização da moeda americana no exterior, em meio a uma
escalada das taxas dos Treasuries. Dados fortes da indústria dos Estados Unidos
divulgados hoje, somados à fala cautelosa do presidente do Federal Reserve, Jerome
Powell, na última sexta-feira, 29, lançam dúvidas sobre a magnitude de eventual ciclo de
cortes de juros neste ano nos EUA.
Após encerrar o primeiro trimestre com ganhos de 3,34%, já acima da barreira técnica e
psicológica de R$ 5,00, o dólar até ensaiou uma queda na abertura dos negócios com
dados positivos na China e valorização do minério de ferro. Mas a moeda trocou de sinal
rapidamente e, com altas sucessivas, ultrapassou a faixa de R$ 5,05 por volta das 11h, em
sintonia com o exterior.
Com máxima a R$ 5,0705 no início da tarde, o dólar terminou a sessão desta segundafeira, 1º, em alta de 0,87%, cotado R$ 5,0591 – maior nível de fechamento desde 13 de
outubro do ano passado (R$ 5,0885). Operadores afirmam que o giro muito forte no
segmento futuro sugere disparada de ordens para limitação de perdas (stop loss) por
parte de fundos locais, que ainda carregam posições relevantes “vendidas” na moeda
americana. O contrato de dólar futuro para maio movimento mais de US$ 18 bilhões, algo
raro para uma segunda-feira.
O real amargou o pior desempenho entre seus pares latino-americanos. Na comparação
com as divisas emergentes e de exportadores de commodities mais relevantes, a moeda
brasileira sofreu menos apenas que a coroa norueguesa e o florim húngaro. Termômetro
do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o Índice DXY
subia 0,41% às 17h, aos 104,979 pontos, depois de ter atingido máxima aos 105,075
pontos.
“Saíram números de atividade mais fortes nos EUA e a inflação por lá ainda está resiliente.
Aqui, o panorama técnico é ruim já faz algum tempo, com a maioria dos fundos ainda
muito ‘vendidos’ em dólar. O real já tem desempenho pior que o do peso mexicano faz
algum tempo e hoje tem essa perda mais forte”, afirma o head da Tesouraria do Travelex
Bank, Marcos Weigt, ressaltando que o México oferece aos investidores taxa de juros
similar a do Brasil, mas tem dívida pública bem inferior em relação ao PIB.
Divulgado no fim da manhã, o PMI industrial dos Estados Unidos elaborado pelo Instituto
para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) subiu de 47,8 em fevereiro para 50,3 em
março, acima da previsão de analistas (48,5). Com leitura acima de 50, o indicador
passou a espelhar expansão da atividade pela primeira vez desde setembro de 2022. As
atenções se voltam agora para a divulgação de dados do mercado de trabalho nos EUA
nos próximos dias, com destaque para o relatório oficial de emprego (payroll) de março,
na sexta-feira, 5.
Na sexta-feira passada, 29, quando os mercados estavam fechados em razão do feriado
da Paixão de Cristo, Powell disse que os dirigentes do BC americano precisam de mais
confiança de que a inflação está em trajetória sustentada de queda ainda de começar a
cortar os juros. Medida de inflação preferida pelo Fed, o índice de preços de gastos com
consumo (PCE) referente em fevereiro veio dentro do esperado. Monitoramento de
plataforma do CME Group mostra que as chances de redução de 50 pontos-base da taxa
básica americana neste ano subiram de 24,8% quinta-feira para 30,5% hoje. A aposta
majoritária ainda é de corte de 75 pontos-base, com 33,8%.
O sócio e diretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management, Leonardo Monoli,
afirma que, em razão da força da atividade nos EUA, as apostas em torno da magnitude
de corte de juros pelo Fed neste ano se reduzem, o que leva a abertura da curva de juros
nos EUA e ao fortalecimento do dólar.
“Já tem menos de 75 pontos-base de cortes precificados para este ano. Trata-se de um
ambiente que começa a apresentar um desvio bem maior do cenário central projetado
pelo mercado na virada do ano, quando havia alocação de risco diante da espera de
movimento mais forte de cortes pelo Fed”, afirma Monoli. “Com a economia dos EUA
ainda aquecida, o risco de cauda de não haver cortes neste ano começa a ganhar mais
peso. Vai surgindo um ambiente mais desafiador pela frente, principalmente para países
emergentes”.
17:29
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.05910 0.8713 5.07050 5.00980
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5072.500 0.7048 5085.500 5024.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5090.000 1.1225 5090.000 5090.000
JUROS
O avanço dos juros futuros perdeu força ao longo da tarde, levando a ponta curta dos
contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para perto da estabilidade, enquanto os demais
ainda subiam, mas longe das máximas. A desaceleração não teve um catalisador
específico e se deu em linha com a acomodação de outros ativos e na falta de novidades
na sessão vespertina. Contudo, a curva ainda mostrava ganho de inclinação no fim do dia,
motivado pelo estresse do cenário externo. A disparada do retorno dos Treasuries e o
aumento da pressão no câmbio acabaram por afetar principalmente os vértices longos.
Às 17h08, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava
em 9,930%, de 9,910% no ajuste de quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2026 subia de
9,89% para 9,93%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,20%, de 10,15%, e o DI para
janeiro de 2029 projetava taxa de 10,74%, de 10,65%. O diferencial entre os vértices para
janeiro de 2029 e janeiro de 2025 chegou aos 80 pontos, o que não se via há cerca de um
ano – desde os 83 pontos de 24/3/2023. Na quinta-feira, havia ficado em 75 pontos.
Abril começou com tensão nos mercados globais. Apesar do índice de preços dos gastos
com consumo (PCE, em inglês), medida preferida de inflação do Federal Reserve,
divulgado na sexta-feira (29), ter vindo em linha com as estimativas, o discurso do
presidente da instituição, Jerome Powell, também na sexta, pesou sobre os negócios,
combinado à surpresa de dados industriais dos Estados Unidos que saíram hoje pela
manhã.
Ele afirmou que os dirigentes não veem como apropriado cortar juros até conquistarem
confiança de que a inflação esteja em trajetória de queda sustentada. Já o PMI Industrial,
apurado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, em inglês), subiu de 47,8 em fevereiro
para a 50,3 em março, mais do que o esperado (48,5) e mostrando expansão pela primeira
vez desde o fim de 2022. “Os mercados interpretaram que são reduzidas as chances de
um corte significativo de juros pelo Fed, mas o setor de construção está bem mais fraco e
há muitos dados do mercado de trabalho ainda por vir”, diz James Knightley, economista
do banco ING, destacando especialmente o payroll de março, na sexta-feira (5).
As apostas no orçamento de corte de 75 pontos-base no juro dos EUA este ano ainda
eram o cenário mais provável (33,8%) no fim da tarde, mas a probabilidade de um total de
50 pontos saltou de 24,8% para 30,5%. Ainda, houve recuo na chance do Fed cortar 100
pontos-base, passando de 23,6% quinta-feira para 17,3% hoje.
O juro da T-Note de dez anos voltou a romper 4,30%, chegando até 4,33% na máxima da
sessão, e o dólar subiu até R$ 5,0705 na máxima, para fechar em R$ 5,0591, mesmo num
dia positivo para as commodities, que são também variável-chave para a inflação.
Subiram tanto o petróleo – que fechou no maior patamar desde outubro – quanto o
minério de ferro, mas os grãos recuaram.
A reação dos DIs ao cenário internacional passa principalmente pela desempenho desses
ativos. Na ata, o Copom reiterou que não há relação mecânica entre a condução da
política monetária norte-americana e a determinação da taxa básica de juros, mas estará
atento a mecanismos de transmissão para os preços domésticos.
O gerente de Renda Fixa e Distribuição de Fundos da Nova Futura Investimentos, André
Alírio, acredita que o mercado tende a se acomodar nos próximos dias. “Num passado
recente, Powell disse que não necessariamente todos os indicadores teriam de estar
alinhados para começar a cortar juros e acho que essa ideia é que deve prevalecer. O que
estamos vendo hoje não deve perdurar ao longo da semana”, prevê.
BOLSA
Com volume financeiro moderado na retomada dos negócios após o feriado da sextafeira, o Ibovespa interrompeu hoje sequência de duas recuperações e voltou a fechar
abaixo dos 127 mil pontos. Nesta abertura de abril, o índice caiu 0,87%, a 126.990,45
pontos, bem mais perto da mínima (126.771,80) do que da máxima (128.658,86) da
sessão. O giro ficou restrito a R$ 19,9 bilhões nesta segunda-feira. Vindo de perda de
0,71% em março, o Ibovespa cede agora 5,36% no ano.
Nesta abertura de semana, mês e trimestre, os rendimentos dos Treasuries se
mantiveram pressionados pelas incertezas em torno dos juros do Federal Reserve, após
novos dados de atividade sobre a maior economia do globo – o que resultou também em
retração nos índices de ações em Nova York, na maior parte da sessão. A aversão a risco
desde o exterior afetou os ativos domésticos como um todo, com efeito sobre a curva de
juros e o câmbio. Assim, o dólar foi a R$ 5,07 na máxima do dia – ao fim, à vista, mostrava
alta de 0,87%, a R$ 5,0591.
Pela manhã, o índice de atividade PMI do setor industrial nos Estados Unidos, do Instituto
de Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), passou pela primeira vez em um ano e meio
a terreno de expansão, a 50,3 em março, ante expectativa de leitura a 48,5 para o mês. A
percepção de aquecimento da economia americana vem em momento no qual o
mercado tem se posicionado para início do processo de cortes dos juros americanos em
junho.
Na sessão, o desempenho na B3 foi amplamente negativo para as ações de grandes
bancos, com destaque para Itaú (PN -3,41%), mas o mergulho do Ibovespa foi
relativamente moderado por Vale (ON +0,64%) e Petrobras (ON +0,73%, PN +0,78%), com
as grandes ações de commodities respondendo ao movimento de preços do minério e do
petróleo, frente a indicações um pouco mais favoráveis sobre a China.
Os preços da commodity vinham sob pressão da crise imobiliária no país asiático e de
aumento das exportações australianas, o que trouxe sinal de mais oferta em meio a
demanda deprimida, recentemente. Hoje, contudo, responderam também ao índice de
gerentes de compras (PMI) industrial da China, que passou de 49,1 em fevereiro para 50,8
em março, segundo anunciou o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS) no fim de
semana.
Em Dalian, o contrato mais negociado de minério, para maio de 2024, subiu hoje 2,61%,
ao correspondente a US$ 106,26 por tonelada. No noticiário sobre a Vale, o processo para
escolha do novo presidente da empresa – sobre quem sucederá Eduardo Bartolomeo a
partir de 1º de janeiro de 2025 – foi lançado no mercado, e executivos de empresas
começaram a ser sondados por consultorias de headhunting de renome internacional,
apurou o jornalista Ivo Ribeiro, do Estadão, junto a fontes próximas ao processo e
especialistas. O cronograma de definição e contratação está previsto para até o final de
novembro.
Além do comportamento favorável do minério, os contratos futuros de petróleo atingiram
hoje os maiores níveis desde outubro, em Londres e Nova York, ajustando-se à surpresa
positiva dos PMIs chinês e americano, antes da reunião desta quarta-feira da Opep+. “Há
algum ânimo sobre a economia chinesa que se transfere para as commodities, mas, para
o calendário que se teve hoje, o desempenho da Bolsa não foi positivo”, diz Helder
Wakabayashi, analista da Toro Investimentos.
“Para além do desempenho das ações de commodities, especialmente as de mineração e
siderurgia, o dia foi bem negativo para o mercado como um todo. Há bastante tempo não
se via uma queda como essa, de 3%, em Itaú, ainda mais nesse patamar de preço. Desde
o exterior, há ceticismo com relação ao momento em que os juros dos Estados Unidos, de
fato, começarão a cair – o que reduz ainda mais o apetite do investidor estrangeiro pela
Bolsa brasileira”, diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester
Investimentos, em referência ao recuo do estrangeiro na B3 que marcou a performance da
Bolsa no primeiro trimestre.
Na ponta perdedora do Ibovespa nesta segunda-feira, destaque para Locaweb (-6,34%),
CVC (-5,86%) e Raízen (-5,08%). No lado oposto, Hapvida (+6,49%), IRB (+2,44%) e Casas
Bahia (+2,36%).
17:29
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 126990.45 -0.8709
Máxima 128658.86 +0.43
Mínima 126771.80 -1.04
Volume (R$ Bilhões) 1.99B
Volume (US$ Bilhões) 3.93B
17:29
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 127495 -0.9401
Máxima 129260 +0.43
Mínima 127310 -1.08
MERCADOS INTERNACIONAIS
O ataque israelense ao consulado iraniano na cidade de Damasco, na Síria, fez os
temores por conflitos geopolíticos aumentarem nesta tarde, o que impulsionou os preços
do ouro – que já vinha revoando máxima histórica mais cedo – e elevou o petróleo ao maior
nível desde outubro. O petróleo avançou apesar dos fortes ganhos do dólar, que hoje
avançou junto dos retornos dos Treasuries em meio à volta do Índice de Gerentes de
Compras (PMI) industrial dos EUA ao território de expansão, após um ano e meio abaixo
da marca de 50. O indicador inspirou cautela em relação à apostas para o ciclo de
relaxamento monetário do Federal Reserve (Fed), o que contribuiu para as perdas das
bolsas de Nova York durante a maior parte da sessão, embora tenham fechado mistas.
Segundo analistas da Mizuho, o ataque ao consulado iraniano eleva as tensões para o
nível mais próximo da entrada do Irã na guerra contra Israel. A ofensiva matou pelo menos
sete pessoas, incluindo dois generais, de acordo com autoridades sírias e iranianas. Isto
alimenta as preocupações sobre um possível choque no lado da oferta do petróleo, visto
que o Irã é um importante player da commodity. Mais cedo, o petróleo operava sem
direção única, enquanto era apoiado pelos PMIs industriais da China e dos EUA. Com a
notícia do ataque, os preços tocaram máximas desde outubro. O WTI para maio fechou
em alta de 0,65% (US$ 0,54), em US$ 83,71 o barril, na Nymex. O Brent para junho, por
sua vez, hoje avançou 0,48% (US$ 0,42), a US$ 87,42 o barril na ICE.
Os riscos geopolíticos fazem investidores recorrerem a ativos de segurança – como dólar
e ouro. Os ganhos do metal vêm desde cedo, o que o fez renovar máximas, e ainda
recebeu impulso extra após o aumento das tensões geopolíticas. Na Comex, o ouro com
entrega prevista para junho, contrato agora mais líquido, fechou em alta de 0,84%, a US$
2.257,10 a onça-troy.
Assim, o ouro conseguiu vencer a pressão causada pela escalada da moeda americana,
diante recuo das expectativas de investidores para o ciclo de flexibilização do Fed. Após o
PMI industrial dos EUA medido pelo instituto ISM ficar em território de expansão, a
ferramenta do CME Group registrou avanço nas apostas para redução de apenas 50
pontos-base até o fim de 2024. A chance de redução de apenas 50 pontos-base
aumentou de 24,8% ontem para 30,5%. Apesar da probabilidade de cortes de 75 pb ainda
ser a maior (33,8%), o CME Group indicou recuo na chance do Fed cortar 100 pontosbase, passando de 23,6% ontem para 17,3% hoje.
O PMI industrial dos EUA ficou em 50,3 hoje, a primeira vez em território positivo em um
ano e meio. A expectativa do mercado era de que o índice ficasse próximo de 48,5. A
leitura, segundo a Oxford Economics, é consistente com um avanço anualizado superior a
2% do Produto Interno Bruto (PIB) americano no primeiro trimestre, e também é fonte de
otimismo para os próximos meses.
Com a visão de que o ciclo de flexibilização pode não ser tão forte como o esperado, o
dólar avançava a 151,66 ienes, o euro recuava a US$ 1,0742 e a libra tinha baixa a US$
1,2548 perto do fechamento de Nova York. O índice DXY, que mede o dólar ante uma
cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,45%, a 105,019 pontos. Entre moedas de
países emergentes, o dólar recuou contra a lira turca após a oposição ao presidente da
Turquia Recep Tayyip Erdogan ter resultado forte em eleições locais. A Eurasia avaliou que
o resultado das urnas deve manter o compromisso de Erdogan com medidas de ajuste
econômico, embora a consultoria também veja riscos de fracasso nesse processo.
O risco de um Fed mais comedido também impulsionou os retornos dos Treasuries. Pela
manhã, operaram mistos. Perto das 17h (de Brasília), tinham alta robusta. O retorno da Tnote de 2 anos subia a 4,713%; o da T-note de 10 anos subia a 4,324%; e o do T-bond de
30 anos tinha alta a 4,464%.
Toda essa cautela também se transmitiu à bolsas de Nova York. Hoje, investidores
operaram em reação aos acontecimentos de sexta-feira, em que o índice de preços de
gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) acelerou à taxa anual de 2,5% em fevereiro
em dia sem pregão físico por conta do feriado de Páscoa. Também na sexta-feira, o
presidente do Fed, Jerome Powell, defendeu que o banco central americano espera ter
mais confiança em relação ao cenário inflacionário antes de abrir o ciclo de relaxamento
monetário. Agora, investidores também aguardam as próximas declarações do presidente
da instituição monetária, esperadas em evento nesta quarta-feira. Tudo isso se somou à
leitura do PMI industrial americano hoje para manter a aversão ao risco.
Entre destaques, os papéis da Micron Technology saltaram 5,44%, após um analista do
Bank of America (BofA) Securities prever crescimento da demanda por um chip voltado à
inteligência artificial. Esta previsão acabou por se transmitir ao setor de IA, o que
contribuiu para o Nasdaq fechar no azul. No lado das perdas, a ação da Tesla recuou
0,32%, depois que a empresa elevou preços para alguns modelos de veículos elétricos.
Tudo somado, o índice Dow Jones recuou 0,60%, aos 39.566,85 pontos; o S&P 500 caiu
0,20%, aos 5.243,77%; e o Nasdaq subiu 0,11%, aos 16.396,83 pontos.
No noticiário da América Latina, o presidente da Argentina, Javier Milei, deu a entender
hoje que o plano de dolarização da economia local não deve acontecer antes das
eleições legislativas de 2025. Ele afirmou que não falava especificamente sobre
dolarização, e sim sobre a concorrência das moedas, mas para atingir o objetivo ele
reconheceu que ainda são necessárias inúmeras reformas.