T-NOTE DE 10 ANOS SUPERA 4,8% E REFORÇA NOVA ONDA DE LIQUIDAÇÃO DE ATIVOS DE RISCO

Ao atingirem novo pico na tarde desta terça-feira, os juros dos Treasuries reforçaram a liquidação global dos ativos de risco. A T-note de 10 anos passou a projetar 4,80%, maior taxa desde agosto de 2007 e mais um degrau na escalada que tem despertado uma reprecificação global. O dado que hoje motivou esse novo nível foi o de abertura de postos de trabalho nos Estados Unidos, indicando mercado de trabalho apertado – e, logo, ameaça inflacionária à frente e necessidade de política monetária restritiva por mais tempo. As bolsas de Nova York, que vinham sentindo um pouco menos nos últimos dias, hoje tiveram baixas fortes. O índice Dow Jones cedeu 1,29% na sessão e, agora, passa a acumular queda de 0,44% no ano. S&P 500 perdeu 1,37% e Nasdaq recuou 1,87%. Aqui no Brasil, a aversão ao risco fez o dólar à vista disparar ao maior nível desde 28 de março, aos R$ 5,1543 (+1,73%). O Ibovespa desceu aos 113.419,04 pontos (-1,42%), menor pontuação de fechamento desde 5 de junho. Dos 86 papéis que compõem o índice, 77 caíram. Na curva de juros, os agentes apagaram a possibilidade de corte de 75 pontos-base da Selic, ainda que a aposta amplamente majoritária seja de taxa a 11,75% no fim do ano (ou seja, mais dois cortes de 50 pontos).

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•JUROS

•CÂMBIO

MERCADOS INTERNACIONAIS

A fuga do risco nos mercados acionários do exterior continuaram ao longo da tarde, o que fez com que o índice Dow Jones passasse a cair cerca de 0,44% no acumulado do ano no pregão, em meio a preocupações sobre a trajetória de juros do Federal Reserve (Fed), com temores renovados após o relatório Jolts mostrar o mercado de trabalho mais apertado que o esperado. As bolsas de Nova York eram pressionadas pela escalada dos juros dos Treasuries, o que levou o rendimento da T-note de 10 anos a operar acima de 4,8%. Já o dólar subia ante parte das moedas fortes, com o iene limitando os ganhos do índice DXY. O petróleo, por sua vez, voltou a subir após três pregões seguidos de queda, um dia antes da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).

Novas dúvidas sobre as próximas decisões do Fed seguiram impondo pressão nos mercados acionários de Nova York, levando o Nasdaq a fechar em queda de 2% e com apenas um setor entre os 11 subíndices do S&P 500 em alta ao fim do pregão.

Hoje, a chance de uma alta de 25 pontos-base nos juros do Fed chegou ao fim da tarde em 30,9%, segundo CME Group, após o resultado de empregos do relatório Jolts acima do esperado pelo mercado. Na visão da Oxford Economics, o dado manteve em aberto a possibilidade de mais uma elevação da taxa dos Fed Funds, enquanto a Capital Economics destaca que o relatório apresentou um “quadro mais equilibrado, com os dados mais recentes ainda a apontar para um abrandamento substancial no crescimento salarial”.

Neste contexto, o índice Dow Jones caiu 1,29%, tendo registrado perda de 0,44% no acumulado do ano, o índice S&P 50 recuou 1,37% e o Nasdaq cedeu 1,87%. Já o índice VIX, que mede a volatilidade dos mercados, avançou 12,44%%. Em destaque, a farmacêutica Eli Lilly caiu 2,45%, após notícia de que fechou acordo de US$ 1,4 bilhão para a compra da Point Biopharma Global.

O contexto também tinha influência da força dos juros dos Treasuries, com novos recordes no nível das máximas do dia em 16 anos nos rendimentos da ponta longa. Entretanto, analistas consultados pelo Broadcast, em texto divulgado hoje às 16h38, alertam que esse impulso dos rendimentos pode não se sustentar. Ainda, a Navellier alerta que, “à medida que os retornos dos títulos do Tesouro americano se aproximam dos 5%, existe a percepção de que se comprar estes títulos do tesouro e os rendimentos começarem a cair, obterá um ganho de capital”. No fim da tarde, o rendimento da T-note de 2 anos subia a 5,145%, o da T-note de 10 anos tinha alta a 4,799% e o do T-bond de 30 ano avançava a 4,933%.

O dólar, apesar de subir ante libra e euro, caía ante iene, “devido às preocupações sobre uma possível intervenção do Banco do Japão”, conforme avalia a CMC Markets. Segundo a Capital Economics, há uma chance de o Ministério das Finanças do Japão ter intervindo hoje em apoio ao iene, após o dólar ter subido ao nível simbólico de 150 ienes. “O Ministério tem o poder de fogo para continuar a intervir, mas em última análise a direção da moeda será determinada pelo que acontecer com os diferenciais das taxas de juro”. Ainda não houve confirmação oficial de intervenção. No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 148,80 ienes, o euro recuava a US$ 1,0473 e a libra tinha baixa a US$ 1,2076. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou ganho de 0,11%, a 107,000 pontos.

Já entre commodities, o petróleo voltou a subir hoje, antecedendo o encontro ministerial da Opep+ amanhã. Para a CMC Markets, entretanto, a recente queda nos preços do petróleo desde os picos da semana passada “pode sinalizar que podemos ter visto um pico de curto prazo”, considerando a força do dólar e preocupações sobre a demanda mais fraca.

O cenário ocorre após a resolução temporária da paralisação do governo americano no fim de semana, o que voltou as atenções para o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, após o republicano criticar a responsabilidade dos democratas pelo impasse. Hoje, entretanto, a Câmara realiza votação que pode destituir o deputado da liderança da Casa.

BOLSA

Em mais uma rodada de pressão decorrente da escalada dos juros de mercado nos Estados Unidos, que hoje alcançaram a marca de 4,80% para o vencimento de 10 anos – e de 5,15% para o de 2 anos, na máxima do dia -, o Ibovespa mergulhou à tarde, em sucessivas renovações de mínimas após as 15h que o lançaram, no fechamento, aos 113.419,04 pontos, queda de 1,42% na sessão. Foi o menor nível de fechamento para o índice da B3 desde 5 de junho (112.696,32), e também a primeira vez, desde então, que o Ibovespa encerra o dia abaixo dos 114 mil pontos.

Hoje, na mínima, o Ibovespa mostrava perda de 1,66%, aos 113.150,89 pontos, saindo de máxima na sessão a 115.055,63, quase correspondente ao nível da abertura (115.054,87). O giro financeiro ficou em R$ 19,8 bilhões nesta terça-feira. Nas duas primeiras sessões de outubro, ontem e hoje, o Ibovespa acumula perda de 2,70%, limitando o ganho do ano a 3,36%.

A resiliência dos indicadores econômicos nos Estados Unidos – nesta terça-feira foi a vez do relatório JOLTS, métrica sobre o mercado de trabalho americano monitorada de perto pelo Federal Reserve – leva o mercado a ajustar expectativas sobre a taxa de juros de referência da maior economia do mundo, e reacende temores quanto a uma possível recessão, mais à frente, diante da perspectiva de juros altos por mais tempo do que se antevia.

“O número aguardado [para o JOLTS] era de 8,80 milhões de vagas [em aberto nos EUA], mas o dado surpreendeu, atingindo 9,61 milhões. O valor está distante do pico de abril de 2022, quando registrou 11,55 milhões de vagas; entretanto, ainda sinaliza um mercado de trabalho demasiadamente aquecido”, observa em relatório a Toro Investimentos, acrescentando que a leitura contribui para reforçar as apostas de aumento de juros pelo Fed ainda este ano. Na sexta-feira, 6, o mercado contará com outra métrica sobre o mercado de trabalho americano, o ‘payroll’ de setembro, com dados como a geração de vagas, a taxa de desemprego e a evolução média do ganho salarial.

Em Nova York, as perdas nos principais índices de ações ficaram em 1,29% (Dow Jones), 1,37% (S&P 500) e 1,87% (Nasdaq) no fechamento desta terça-feira, também acentuadas do meio para o fim da tarde. Aqui, o dólar à vista foi negociado a R$ 5,1603 na máxima do dia, e fechou ainda em forte alta de 1,73%, a R$ 5,1543.

“O mercado já havia começado o dia bem ruim por aqui, sem um fluxo positivo, e houve piora à tarde, quando buscou as mínimas, em um patamar para o Ibovespa que não se via no intradia desde o começo de junho, o que se manteve também no fechamento”, diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

“Naquela ocasião [em junho], o movimento era distinto: o Ibovespa vinha numa puxada, que o levaria aos 122 mil pontos [perto do fim de julho]. Agora, voltamos a ter um cenário de aversão a risco global, a partir dos Estados Unidos. Economia americana segue forte, resiliente, mantendo o cenário de juros altos por mais tempo, que resulta em precificação mais cética [para ativos de risco, como ações de emergentes], em meio à preocupação sobre o nível de juros em todo o mundo”, acrescenta Mota, enfatizando o ambiente de ‘risk off’.

“Muito fluxo tem saído, voltando para Estados Unidos de forma a aproveitar esse cenário de juros altos”, observa o operador.

Nesse contexto, todas as ações de maior peso e liquidez na B3 se vergaram à aversão a risco que prevaleceu especialmente do meio para o fim da tarde, e apenas nove, de 86 papéis da carteira Ibovespa, conseguiram escapar a perdas na sessão, com destaque para Natura (+2,97%), Fleury (+2,17%) e Suzano (+1,95%). A venda da The Body Shop pela Natura avança e pode chegar a um acordo com o comprador, ainda que provisório, até o final do mês, de acordo com fontes ouvidas pelos jornalistas Altamiro Silva Junior, Cynthia Decloedt e Talita Nascimento, do Broadcast. O movimento contribuiu para que a ação da empresa desgarrasse do sinal do dia.

Segundo apurou o Broadcast, a gestora Aurelius se junta a outros nomes que mostraram interesse pela marca, em processo que está sendo conduzido pelo Morgan Stanley. A empresa de private equity Epiris e a gestora Elliott Advisors, dona do grupo de livrarias Waterstones, também olharam o ativo.

No lado oposto do Ibovespa nesta terça-feira, destaque para Magazine Luiza (-8,46%), Grupo Casas Bahia (-7,94%) e Petz (-6,52%). Entre as blue chips, Petrobras ON e PN cederam hoje 1,18% e 0,44%, respectivamente, enquanto Vale ON caiu 0,61%. As perdas do dia entre as ações de grandes bancos ficaram entre 0,85% (Santander Unit) e 1,53% (Bradesco ON). A ação da B3 encerrou a sessão em baixa de 4,25%.

“O Ibovespa teve queda acima de 1% na sessão, sensibilizado também pelos dados de produção industrial de agosto, no Brasil, que ainda mostram avanço lento. Outro ponto de atenção dos investidores é a reunião da Opep+, amanhã, que trará novas informações sobre a produção de petróleo nos principais países exportadores. A recente alta do preço do petróleo tem contribuído para as preocupações em relação à inflação no mundo”, observa Vanessa Naissinger, especialista da Rico Investimentos.

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 113419.04 -1.42349

Máxima 115055.63 -0.00

Mínima 113150.89 -1.66

Volume (R$ Bilhões) 1.98B

Volume (US$ Bilhões) 3.88B

17:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 113850 -1.4627

Máxima 115520 -0.02

Mínima 113585 -1.69

JUROS

O que já estava ruim pela manhã ficou pior à tarde, quando os yields dos Treasuries escalaram para novas máximas e o dólar saltou a R$ 5,15, levando a reboque os juros futuros na B3. As taxas voltaram a abrir mais de 20 pontos-base a partir do miolo da curva, com o exterior no foco e os eventos domésticos em segundo plano. O novo dia de liquidação nos Treasuries teve como catalisador o relatório Jolts sobre o mercado de trabalho nos EUA, ainda pela manhã, que reforçou as apostas em novas elevações no juro americano nas próximas reuniões do Federal Reserve, e que no Brasil pode limitar o ciclo de cortes da Selic.

Às 17h10, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 11,150%, de 11,004% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2026 subia de 10,81% para 11,01% e a do DI para janeiro de 2027, de 11,02% para 11,24%. A taxa do DI para janeiro de 2029 avançava a 11,70%, de 11,50%. A do DI para janeiro de 2033 rompeu 12%, projetando 12,07%, de 11,88% ontem.

Um dos termômetros para a inclinação da curva, o spread entre os contratos para janeiro de 2029 e janeiro de 2025 estava em 55 pontos, de 49,7 pontos ontem. Pela manhã, as taxas locais chegaram a ensaiar um ajuste em baixa, após já terem subido bastante ontem, mas o movimento não evoluiu. Logo veio o relatório Jolts, espalhando aversão ao risco. A abertura de postos de trabalho inesperadamente saltou de 8,92 milhões para 9,61 milhões em agosto. O mercado passou a precificar chance majoritária de aumento de juros pelo Fed até janeiro.

O gerente de Renda Fixa e Distribuição de Fundos da Nova Futura Investimentos, André Alírio, afirma que a resiliência da economia americana tem reforçado as preocupações com o cenário para os preços, puxando marcas históricas nos Treasuries e as curvas no mundo todo. “A dúvida é em que medida esse cenário que está precificado vai se materializar e qual será efetivamente a ação do Fed na política monetária. Isso vai se concretizar ou vão suavizar a retórica?”, questiona.

A taxa da T-Note de 10 anos chegou hoje aos 4,80% e a do T-Bond de 30 anos, na máxima, aproximou-se de 4,95%. O movimento contaminou o câmbio, com o dólar no Brasil rompendo R$ 5,15, num dia em que também o petróleo subiu e que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, confirmou que a companhia avalia a possibilidade de reajustar combustíveis antes do fim do ano.

Analistas da Levante Investimentos afirmam que há receios de que, no Brasil, o ciclo de cortes da Selic seja interrompido mais cedo, em função do diferencial de juros, que tende a desincentivar a entrada de divisas estrangeiras – principalmente via capital financeiro. Para os profissionais, “não é trivial” pensar no futuro da política monetária brasileira no caso de uma depreciação mais acelerada do real. “Caso tal cenário se concretize, espera-se mudanças substanciais para a economia doméstica, influenciadas pela pressão no índice de preços (como já ocorreu em outras ocasiões) e provável mudança de postura da autoridade monetária”, dizem.

Na precificação da curva, o mercado hoje zerou as apostas de aceleração do ritmo de corte da Selic para 0,75 ponto porcentual no Copom de novembro, que já eram minoritárias, com probabilidade em torno de 10% nos últimos dias. Para o encontro de dezembro, o quadro das expectativas traduzido na curva a termo está dividido, 50% a 50%, entre quedas de 0,5 ponto e de 0,25 ponto. Para o fim de 2023, a curva projeta Selic já pouco acima de 11,75% e para o fim do ciclo de flexibilização, 10,75%. Os números são do economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu que para o Copom a magnitude de redução da taxa em 0,50 ponto porcentual a cada reunião é mais adequada. “A gente entende que o ‘meio por cento’ é um ritmo apropriado hoje dadas as condições”, reforçou ao programa da TV Globo “Conversa com Bial”, exibido nesta madrugada.

A alta de 0,4% na produção industrial de agosto não chegou a exercer influência sobre os negócios. O resultado veio ligeiramente abaixo da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de alta de 0,5%. A leitura dos economistas é de que o avanço nada mais foi do que uma devolução de parte da queda de 0,6% em julho e a tendência de curto prazo é de estagnação, sem alterações na perspectiva geral de PIB com viés de queda no terceiro trimestre.

O mercado acompanha a movimentação em Brasília em torno da votação dos projetos de lei sobre a taxação das empresas offshore e dos fundos de alta renda, que devem ser votados nesta semana na Câmara. No caso do PL dos fundos, o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) disse que entregará um relatório prévio ainda hoje

CÂMBIO

O mercado de câmbio doméstico foi mais uma vez tragado pela onda de aversão ao risco no exterior, com mergulho das bolsas em Nova York, escalada das taxas dos Treasuries e fortalecimento global do dólar. Dados acima do esperado do mercado de trabalho americano reforçaram a perspectiva de alta adicional da taxa básica pelo Federal Reserve e a permanência dos juros em níveis elevados nos EUA por período prolongado, o chamado “higher for longer”.

Com sinal positivo desde a abertura, o dólar acelerou o ritmo de alta ao longo da tarde, acompanhando a deterioração do ambiente externo, e correu até o nível de R$ 5,16. Com máxima a R$ 5,1603, o dólar à vista subia no fim do dia 1,73%, cotado a R$ 5,1543 – maior valor de fechamento desde 28 de março (R$ 5,1648). Nos dois primeiros pregões de outubro, a divisa já acumula valorização de 2,54%.

Operadores notaram forte pressão compradora no mercado futuro no meio da tarde, com fundos locais zerando posições vendidas (que ganham com a queda da moeda americana) para limitar perdas (stop loss). O contrato de dólar futuro para novembro, o mais líquido, apresentou giro expressivo, acima de US$ 18 bilhões – o que sugere mudanças relevantes de posições dos agentes.

Lá fora, o índice DXY voltou a superar a linha dos 107,000 pontos, mas teve seu ímpeto em parte contido pela valorização do iene à tarde. Operadores especularam que a mudança de rota estaria associada à intervenção de autoridades do Japão, após o dólar atingir o maior nível em relação à moeda japonesa desde outubro de 2022. A moeda americana subiu em bloco em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities. O real apresentou perdas similares a dos pesos mexicano e colombiano, as duas divisas que ainda lideram os ganhos na comparação com o dólar em 2023.

“Vemos um movimento global de valorização do dólar. A cesta de moedas DXY acumula alta de 7,35% desde meados de julho e não parece querer se acalmar. Essa força do dólar deve-se, basicamente, à escalada das taxas dos títulos das Treasuries, que vem renovando máximas atrás de máximas”, afirma o diretor de tesouraria do Braza Bank, Bruno Perottoni.

Divulgado pelo Departamento do Trabalho americano, o relatório Jots mostrou que a abertura de postos de trabalho nos EUA cresceu para 9,61 milhões em agosto, bem acima das expectativas dos analistas (8,9 milhões). O número de julho foi levemente revisado para cima, de 8,827 milhões para 8,92 milhões. Esses dados aumentam a cautela em torno da divulgação da pesquisa ADP de emprego privado amanhã, 4, e do relatório oficial de emprego (payroll) de setembro, na sexta-feira, 6.

O head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, observa que as taxas dos Treasuries já abriram com sinal positivo e ganharam ainda mais fôlego após a divulgação do relatório Jolts. “A aversão ao risco está alta em todos os mercados, com o dólar ganhando força. Ontem, o real foi a melhor moeda emergentes, a que menos de desvalorizou, e hoje anda junto com o peso mexicano”, afirma Weigt. “Talvez o Fed suba mais os juros. Dizem que vão ficar com taxas por bastante tempo. Por isso, a curva longa lá ficou menos invertida”.

As taxas longas do Treasuries avançaram com força. O yield da T-note de 30 anos subiu mais 3%, tocando o nível de 4,94% na máxima, enquanto o retorno da T-note de 10 anos avançou mais de 2% e superou na máxima o nível de 4,80% pela primeira vez desde agosto de 2007. Monitoramento do CME Group mostra aumento das apostas em alta adicional da taxa básica de juros pelo Federal Reserve.

“O relatório Jolts mostrou mercado de trabalho bem aquecido, o que tem reflexo na inflação. Isso levou a mais um dia de alta dos Treasuries, pressionando divisas emergentes. Temos fluxo de dólar saindo daqui porque existe perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos”, afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.

À tarde, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que houve “progresso significativo” na luta contra a inflação, mas notou que o caminho rumo à meta de 2% “pode ser acidentado”. Ele lembrou que “ainda há trabalho a fazer”, mas recomendou que o Fed seja “paciente e não reaja em excesso a indicadores individuais”.

“Os dados econômicos que têm sido divulgados mostram uma economia aquecida e, pelo menos na retórica, um Fed disposto a usar as armas da política monetária para resolver a situação. É um movimento complexo com alguns emergentes dispostos a cortar juros quando primeiro mundo está na ponta oposta”, afirma Perottoni, do Braza Bank, ressaltando que os investidores estão pedindo juros mais altos para investir no Brasil, como mostra o avanço das taxas futuras e da remuneração dos títulos públicos atrelados à inflação, as NTN-Bs. “Considerando a inflação, teríamos juros na casa de 10,50%, o que seria o patamar mínimo para a Selic. Forçar uma taxa abaixo disso pode ser bem arriscado, com sérios impactos no câmbio”.

17:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.15430 1.7289 5.16030 5.07130

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5173.500 1.75042 5180.000 5090.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5193.000 1.57356 5193.000 5124.000