SINAIS DIVERGENTES DE BCS E FISCAL DEIXAM MERCADOS LOCAIS SEM DIREÇÃO ÚNICA NA SEMANA

Um agitado noticiário das políticas monetária e fiscal deixou os ativos domésticos sem
direção única nesta semana. O investidor ainda busca entender como os sinais
dissonantes dos bancos centrais dos EUA, da Inglaterra e do Japão (de inclinação dovish)
e da autoridade brasileira (de viés hawkish) vai afetar os preços domésticos. Há, por
exemplo, o temor de a postura do BC local intimidar a recuperação econômica e, com
isso, impedir a performance de ações dos setores ciclo e financeiro. Por outro lado, há
também a percepção de que o diferencial de juros seguirá atrativo. E ainda uma parcela
que estima até uma Selic terminal maior. Com essas incertezas à mesa, o relatório
bimestral de receitas e despesas, dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, trouxe
mais um ingrediente com sabor divergente. Por mais que o fato de não haver alteração na
meta fiscal tenha fortalecido a equipe econômica, há dúvidas se a prudência com as
contas públicas vai permanecer no ambiente de queda de popularidade do governo e
eleições municipais. Nesta soma de fatores, depois de subir 1,88% no cômputo semanal
até quarta-feira, o Ibovespa acumulou alta de 0,23% ante a semana passada. Hoje,
perdeu 0,88%, aos 127.027,10 pontos, com certa cautela fiscal. Para comparação, em
Nova York, os três principais índices saltaram em torno de 2% em relação à sexta-feira
passada. Nos juros futuros, as taxas mais curtas subiram e as longas ficaram estáveis, um
processo de desinclinação visto também nos Treasuries. O dólar à vista subiu aos R$
4,9986 (+0,39% hoje e +0,01% na semana), dias após romper o teto dos R$ 5. Lá fora, DXY
teve valorização semanal de cerca de 1% – patrocinada, sobretudo, pelo recuo de libra,
iene e euro.
•BOLSA
•JUROS
•CÂMBIO
•MERCADOS INTERNACIONAIS
BOLSA
O Ibovespa manteve a tendência observada na véspera e voltou a cair hoje, furando a
linha dos 127 mil pontos no pior momento do dia e praticamente zerando os ganhos
semanais. Segundo analistas, preocupações em torno da política fiscal do governo
fortaleceram o clima de aversão ao risco, somando-se à percepção de que o Banco
Central vai diminuir a taxa Selic menos do que se esperava anteriormente.
No fechamento da sessão, o índice recuou 0,88%, para 127.027,10 pontos, depois de ter
oscilado entre a mínima de 126.879,44 (-1,0%) e a máxima de 128.158,57 (estável), em
sessão de giro fraco, de R$ 17,7 bilhões. O ganho semanal, que chegou a 1,88% na
quarta-feira, ficou reduzido a 0,23%.
O gatilho para a piora da percepção fiscal veio do primeiro relatório bimestral de avaliação
das receitas e despesas, divulgado pela manhã. Nele, o governo diminuiu a projeção de
resultado primário deste ano, de um superávit de R$ 9,1 bilhões para um déficit de R$ 9,3
bilhões. A nova previsão continua dentro da meta do governo, de déficit zero, com
tolerância de 0,25 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB).
Parte do mercado considerou que, embora mais realistas, as projeções de receitas do
governo – que levam em conta medidas de efeito incerto, como o voto de qualidade do
Carf – continuam otimistas. Também prevalece a avaliação de que, em algum momento, o
Executivo vai mudar a meta fiscal do ano para acomodar mais gastos públicos.
“Talvez isso ocorra mais para a frente e acho muito difícil de não ocorrer, porque o governo
não quer ter restrições aos gastos no ano que vem, e o presidente Lula foi muito claro
nessa visão”, afirma o economista Carlos Kawall, sócio-fundador da Oriz Partners e exsecretário do Tesouro Nacional.
O analista da Empiricus Research Matheus Spiess afirma que o temor fiscal deflagrado
hoje serviu para dar continuidade à realização da véspera, quando o Ibovespa já havia
caído 0,75%, respondendo à percepção de menos cortes na taxa Selic. Uma piora das
expectativas para as contas públicas, lembra o profissional, poderia ser mais um fator
limitante da redução dos juros.
“Parte da culpa de o Copom ter tirado o plural do ‘forward guidance’ provavelmente vem
da incerteza fiscal, entre outros fatores, já que, na falta de uma âncora fiscal, precisamos
de uma âncora monetária mais forte”, diz Spiess. “Essa questão fiscal voltou ao radar dos
investidores e deve continuar tensionando o mercado até a ata do Copom.”
Essa perspectiva explica o desempenho dos setores que mais caíram na Bolsa brasileira
hoje, a exemplo dos papéis de grandes bancos, diz o analista. Hoje, ações como as de
Itaú Unibanco (PN -1,49%), Bradesco (ON -1,88%, PN -1,27%) e BTG Pactual (Unit -1,56%,
na mínima) mergulharam.
“A tese que vinha se formando era de que os juros iriam cair, o crédito iria ficar mais
abundante e os bancos iriam se capitalizar, por isso a perspectiva de juros mais alto
acaba prejudicando essas ações”, afirma o analista. “Além disso, quando tem um
problema fiscal no Brasil, historicamente você chama os bancos para pagarem uma parte
da conta.”
Outro destaque de queda no dia, o setor de mineração e siderurgia ficou mais atrelado à
piora do cenário doméstico, depois de ter acumulado fortes ganhos na semana, segundo
o analista. Vale ON, papel com maior peso no Ibovespa, caiu 1,15%, acompanhada de
pares como Gerdau PN (-2,0%) e CSN ON (-2,58%), apesar da alta de 1,5% nos preços do
minério de ferro.
Segundo o gestor de renda variável da Western Asset, Naio Ino, a percepção de juros mais
altos, que pesou sobre a Bolsa ontem, parece ter afetado o mercado também hoje. Com
isso, o dia foi de prejuízo para as empresas cíclicas domésticas. “Existe um movimento de
aversão ao risco”, afirma. Entre as cinco maiores baixas do Ibovespa, empresas cíclicas
estiveram entre os destaque, com Casas Bahia ON (-12,93%), Vamos ON (-4,15%) e CVC
ON (-3,83%). Completam a lista Marfrig ON (-6,60%) e Dexco ON (-4,34%).
Na ponta positiva, o destaque foi Petrobras (PN +0,98%, ON +0,79%), que engatou um
movimento de recuperação após ter acumulado perdas na semana, ainda refletindo a
decisão da empresa de não pagar dividendos extraordinários. Os maiores ganhos foram
de Embraer ON (+7,93%), Cogna ON (+3,38%), Cemig PN (+2,40%), Sabesp ON (+1,98%) e
Braskem PNA (+1,75%).
O Termômetro Broadcast Bolsa mostra que o mercado está cauteloso com as ações no
curtíssimo prazo: 42,86% dos investidores esperam alta do Ibovespa na próxima semana,
de 60% na pesquisa anterior. A previsão de estabilidade passou de 40,0% para 42,86%,
enquanto 14,29% das respostas indicam queda, que não aparecia no Termômetro
anterior
17:29
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 127027.10 -0.8829
Máxima 128158.57 0.00
Mínima 126879.44 -1.00
Volume (R$ Bilhões) 1.78B
Volume (US$ Bilhões) 3.56B
17:32
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 127720 -0.9231
Máxima 128910 0.00
Mínima 127625 -1.00
JUROS
Os juros futuros chegaram ao fim da tarde oscilando perto da estabilidade, com discreto
viés de baixa nos vértices curtos e intermediários, comportamento que prevaleceu
durante toda a sessão. A agenda do dia teve como destaque somente o Relatório
Bimestral de Despesas e Receitas, que foi bem digerido, mas longe de trazer grande alívio
com o cenário fiscal. O recuo nos juros dos Treasuries, se não foi capaz de trazer as taxas
locais para baixo, ao menos contribuiu para limitar o contágio da cautela que afetou a
Bolsa e o câmbio.
Às 17h23, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava
em 9,905%, de 9,932% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 mostrava 9,84%,
de 9,85%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,09% (de 10,08% ontem) e a do DI
para janeiro de 2029 marcava 10,59%, de 10,56%.
O giro de contratos, que vinha sendo turbinado nos últimos dias pelos ajustes à
sinalização do Federal Reserve e do Copom, voltou a ficar perto do padrão dos últimos 30
dias. Na semana, a curva perdeu inclinação, com as taxas curtas subindo cerca de 5
pontos e as longas encerrando praticamente nos níveis dos ajustes da sexta-feira.
A ausência de vetores contundentes nesta sexta-feira resultou em lateralidade para as
taxas, após uma semana de várias decisões de política monetária pelo mundo. Hoje foi a
vez da Colômbia, que reduziu sua taxa em 0,5 ponto porcentual, a 12,25%.
O relatório bimestral de receitas e despesas foi bem recebido, mas sem provocar impacto
nos preços. “Veio razoavelmente em linha com o esperado, mas a questão fiscal ainda
levará algum tempo para se resolver”, afirma o gestor de portfólio da Kínitro Capital,
Mauricio Ferraz.
O documento trouxe um bloqueio de R$ 2,9 bilhões em despesas discricionárias para
cumprir o limite de gastos previsto no arcabouço fiscal. Houve ainda revisão na estimativa
do resultado primário para 2024, de superávit de R$ 9,1 bilhões para déficit de R$ 9,3
bilhões.
Para o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, o relatório indica um grau
de realismo maior para as contas públicas e fortalece o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad. “Ele consegue não alterar a meta e não fez o contingenciamento – que era uma
pressão grande da ala mais política, para não contingenciar”, afirma.
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular o julgamento da revisão da vida
toda, ontem, é ponto positivo para a área fiscal, um vez que a União se livra de arcar com
uma despesa extra da ordem de R$ 480 bilhões. Mas, no contexto geral, permanece
consenso entre os economistas que a meta de primário zero segue em risco de revisão
nos próximos meses e que o gasto fiscal tende a crescer em ano eleitoral.
Ferraz, da Kínitro, afirma que, na semana do Fed um pouco mais dovish e do Copom um
pouco mais hawkish, a curva de juros “não se mexeu tanto”, com os DIs voltando a
precificar hoje Selic terminal em 9,60%. “O mercado recebeu bem a mudança de postura
do BC e agora é acompanhar os dados”, diz, referindo-se ao ajuste no foward guidance do
Copom.
A agenda carregada da próxima semana, mais curta pelo feriado da sexta-feira Santa,
também ajudou a esfriar a disposição do investidor hoje para a montagem de posições. O
destaque é a ata do Copom, na terça-feira (26), para a qual a grande expectativa é o
detalhamento das razões que levaram os diretores a limitar a indicação de novo corte de
0,5 ponto porcentual da Selic à reunião de maio.
No exterior, o ponto alto da agenda é o índice de preços dos gastos com consumo (PCE,
em inglês), medida de inflação preferida do Federal Reserve, na sexta-feira (29), que
ajudará a balizar as expectativas de política monetária nos Estados Unidos. No fim da
tarde, os yields dos Treasuries estavam em baixa, com o da T-Note de 2 anos em 4,59% e
o da T-Note de dez anos em 4,20%.
CÂMBIO
O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 22, em alta no mercado doméstico de
câmbio, alinhado à onda de fortalecimento da moeda americana no exterior. Operadores
citaram também desconforto com a questão fiscal doméstica após a divulgação do
relatório bimestral de receitas e despesas pelo governo federal e possível saída de
recursos da bolsa como indutores da busca por dólares.
Apesar do pouco apetite ao risco, a divisa voltou a mostrar baixa volatilidade, com
oscilação de apenas de pouco menos de três centavos entre a mínima (R$ 4,9817) e a
máxima (R$ 5,0091). No fim do dia, a moeda era negociada a R$ 4,9986, avanço de 0,39%.
Na semana, o dólar permaneceu praticamente estável (+0,01%). Principal termômetro do
apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para abril movimentou pouco mais de US$
12 bilhões. Em certos momentos, esse contrato operou abaixo da cotação do dólar à
vista, o que sugere uma demanda maior no mercado spot.
“Isso é um sintoma de baixa liquidez e provavelmente de saída de recursos do país. Quem
tem dólares está cobrando caro pela moeda”, afirma o gerente de câmbio da Treviso
Corretora, Reginaldo Galhardo, para quem o receio de que a ampliação de gastos pelo
governo leve a uma deterioração fiscal alimenta busca por proteção (hedge) e a
manutenção de posições compradas em dólar.
Pela manhã, na divulgação do relatório de avaliação de receitas e despesas do primeiro
trimestre, os ministérios da Fazenda e do Planejamento anunciaram um bloqueio de R$
2,9 bilhões em despesa discricionárias no Orçamento, como havia sido antecipado pelo
Broadcast. Por ora, o governo mantém a meta de déficit primário de 0% do PIB neste ano.
Há dúvidas, contudo, em relação à capacidade de geração de receita adicional pelas
medidas da Fazenda para ampliar a arrecadação.
No exterior, o índice DXY – referência do comportamento do dólar em relação a uma cesta
de seis divisa fortes – voltou a superar os 104,00 pontos com enfraquecimento do euro e
tocou máxima aos 104,496 pontos. A moeda americana subiu em relação à maioria das
divisas emergentes e de exportadores de commodities. Uma das exceções foi o peso
colombiano. O Banco Central da Colômbia cortou a taxa de juros em 0,50 ponto
porcentual, para 12,25%. A decisão foi dividida, com três dirigentes votando por redução
maior.
O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, vê rigidez na taxa de câmbio no curto
prazo. Passado o alívio com o fato de o Federal Reserve ter confirmado, na quarta-feira,
20, que a maioria de seus dirigentes projeta três cortes de juros neste ano, o dólar volta a
subir no mundo. Há dúvidas ainda sobre o início do processo de redução, embora as
apostas majoritárias se voltem para junho, em razão dos indicadores americanos. “E
temos também a questão da crise no setor imobiliário chinês, apesar de a China ter dado
sinais de estímulos, e todo o contexto geopolítico desfavorável para os ativos de risco”,
afirma Velho.
O economista ressalta que fatores locais, como o fluxo cambial negativo do lado da conta
financeira e a perspectiva de mudança da meta fiscal ainda no primeiro semestre,
contribuem para tirar força do real. Ele acrescenta que a sinalização mais conservadora
do Banco Central, que no comunicado de quarta-feira evitou se comprometer com a
continuidade de cortes de juros em 0,50 ponto porcentual após maio, poderia até ajudar a
moeda brasileira, mas já estava em grande parte refletida nos preços.
“A arrecadação foi positiva no primeiro trimestre e não houve alteração da meta, o que
deu fôlego momentâneo à Fazenda. Mas a pressão política deve aumentar, com o
presidente Lula querendo mais flexibilidade nos gastos discricionários. Isso contribui para
a rigidez do dólar”, afirma Velho
MERCADOS INTERNACIONAIS
As bolsas de Nova York tentaram se recuperar ao longo da tarde, com S&P 500 e Nasdaq
flertando com o azul, em meio à alta de ações do setor de semicondutores, mas
acabaram fechando sem direção única. Apesar do ímpeto contido, o Nasdaq renovou
recorde de fechamento. Falas de dirigentes de bancos centrais hoje, incluindo do
presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, não forneceram informações adicionais ao
mercado, após uma semana intensa de ajustes nas políticas monetárias dos principais
Bcs do mundo. Os rendimentos dos Treasuries seguiram em queda, enquanto o dólar
avançou sobre rivais, de olho em perspectivas de diferencial nos juros. A força do dólar
minou a atratividade de commodities e o petróleo fechou em queda, colocando em
segundo plano tensões geopolíticas. Um possível ataque terrorista na Rússia nesta tarde
alimenta especulações em torno do conflito com a Ucrânia, enquanto em Israel, o
primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, reafirmou seus planos de invasão terrestre da
cidade de Rafah, no sul de Gaza, com ou sem apoio dos EUA.
Após uma semana recheada de decisões de bancos centrais, os mercados acionários em
Wall Street encerraram esta sexta-feira sem grande impulso, com a agenda modesta
abrindo espaço para o foco em catalisadores corporativos. Assim, o S&P 500 e o Nasdaq
chegaram a flertar com o positivo, apoiados pelo setor de semicondutores, mas perderam
força. No fim da tarde, o S&P 500 fechou em baixa de 0,14%, a 5.234,18 pontos, e o
Nasdaq subiu 0,16%, a 16.428,82 pontos, este último em recorde histórico. Já o Dow
Jones caiu 0,77%, a 39,475,90 pontos, pressionado pelas perdas da Nike (-7%), após a
empresa projetar quedas nas vendas e ter recomendação rebaixada por diversas casas
de análise.
No horário citado, os juros dos Treasuries recuavam. O retorno da T-note de 2 anos caía a
4,598%, o da T-note de 10 anos diminuía a 4,212% e o do T-bond de 30 anos cedia a
4,388%. Para a Oxford Economics, a principal lição deixada pelo Federal Reserve (Fed)
nesta semana é de que “os dirigentes não estão ignorando a inflação, mas não estão em
pânico”. A consultoria ressalta que o BC americano manteve projeções para cortes de
juros neste ano, mas ainda querem mais dados, o que reforça a precificação de junho
como início da flexibilização monetária.
Nesta manhã, Powell ofereceu poucas pistas adicionais sobre os próximos passos de
política monetária, ao comentar apenas que a pandemia deixou efeitos “duradouros”
sobre a economia, durante o evento institucional Fed Listens. Do outro lado do Atlântico,
os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE), Robert Holzmann e Joachim Nagel,
reforçaram que ainda não há um mês definido para começar a cortar os juros e que é
necessário cautela para evitar repique da inflação na zona do euro.
No câmbio, entretanto, os comentários tiveram poucos efeitos sobre a força do dólar.
Segundo a Capital Economics, o rali da divisa americana representa uma “expectativa de
comportamento mais dovish de outros grandes bancos centrais e uma expectativa já
muito antecipada de saída da política ultra-acomodatícia do Banco do Japão (BoJ)”. Além
do diferencial de juros, a decisão do Banco do Povo da China (PBoC) de permitir o
enfraquecimento do yuan adicionou impulso na performance do dólar nesta sexta-feira,
aponta a consultoria.
Assim, o dólar cedia a 151,45 ienes, o euro recuava a US$ 1,0808 e a libra tinha baixa a
US$ 1,2595. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrava
alta de 0,44%, a 104,46 pontos.
Entre emergentes, o dólar caía a 3.892,10 pesos colombianos, após o BC da Colômbia
anunciar corte de 50 pontos-base nos juros básicos, a 12,25%, em decisão dividida, com
os dissidentes votando por redução mais agressiva.
A divisa americana subia a 92,1147 rublos russos, seguindo decisão do BC a Rússia de
manter as taxas inalteradas em 16%. Também no radar, agências de notícias da Rússia
relataram nesta tarde possíveis ataques terroristas, depois que homens armados
invadiram e atacaram uma casa de show, deixando número indefinido de mortos e
feridos. O caso amplia especulações sobre o conflito com a Ucrânia, mas a Casa Branca
diz não ver indicativo de envolvimento de Kiev no ataque.
Ainda no campo geopolítico, Netanyahu reafirmou seus planos de invasão terrestre da
cidade de Rafah, no sul de Gaza, com ou sem apoio dos EUA. Nesta manhã, Rússia e
China vetaram uma resolução, proposta pelos Estados Unidos, pedindo cessar-fogo,
durante reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Entre commodities, a valorização do dólar no exterior minou a atratividade do petróleo,
colocando em segundo plano o cenário geopolítico. O WTI para maio fechou em queda de
0,54% (US$ 0,44), em US$ 80,63 o barril, na Nymex, e o Brent para junho caiu 0,48% (US$
0,41), a US$ 84,83 o barril, na ICE.