RALI LOCAL PÓS-POWELL TEM FREIO COM FALAS DO FED, APESAR DE AVANÇO EM PAUTA ECONÔMICA

A correção de excessos vistos anteontem e ontem prosseguiu e ganhou mais fôlego na cena local nesta tarde. Os gatilhos para os investidores vieram de falas de dirigentes do Federal Reserve, que de certa forma modularam o discurso do presidente da instituição, Jerome Powell. O chefe da distrital do Fed Atlanta, Raphael Bostic, seguiu a linha moderada adotada por seu par do Fed Nova York, John Williams, e foi além: disse ver espaço para corte de juros só em algum momento do terceiro trimestre. O mercado, majoritariamente, crê em redução já em março, embora um pouco menos hoje do que ontem (70% a 75%, nas contas da CME). Mesmo assim, foi a senha para a realização de lucros. Um dia depois de renovar a máxima histórica, o Ibovespa caiu aos 130.197,10 pontos (-0,49%). O dólar à vista subiu 0,45%, a R$ 4,9372. Os juros futuros tiveram um dia de volatilidade. Esse mercado foi o que mais sentiu o pulso de questões locais, como o avanço da agenda econômica na Câmara. Mais cedo, foi aprovada a MP das Subvenções, essencial para fechar as contas do arcabouço em 2024. E, agora à tarde, a PEC da reforma tributária foi aprovada em votação final no primeiro turno. Mesmo assim, a pressão para embolsar lucros da semana prevaleceu. A reafirmação do rating do Brasil pela Fitch em BB com perspectiva positiva foi apenas monitorada pelos agentes, sem fazer preço. No exterior, as bolsas de Nova York terminaram sem direção única – Dow Jones subiu 0,15% e Nasdaq, 0,35%, enquanto S&P 500 caiu 0,01%. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana antes seis rivais fortes, fechou em alta de 0,58%, a 102,550 pontos. E o juro da T-note de 10 anos subiu a 3,912%.

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

BOLSA

Após ter renovado máximas históricas intradia ontem e na manhã de hoje, o Ibovespa, vindo de fechamento anterior também em nível recorde, fez uma pausa no rali de fim de ano nesta última sessão de semana em que acumulou ganho de 2,44% – contra perda de 0,85% no intervalo precedente, que havia sucedido seis semanas de avanço consecutivo. Com a alta de 2,25% nesta primeira quinzena de dezembro, estendendo o avanço de 12,54% visto em novembro, o Ibovespa mostra ganho de 18,65% em 2023, a caminho de seu melhor desempenho anual desde 2019.

Hoje, o índice da B3 oscilou entre mínima de 129.883,62 e o novo pico histórico de 131.661,25 pontos, encerrando o dia aos 130.197,10 pontos, em baixa de 0,49% na sessão. O giro ficou em R$ 31,3 bilhões, nesta sexta-feira de vencimento de opções sobre ações. “O dia foi de vencimento de opções também lá fora, o que trouxe uma volatilidade a mais na briga entre ‘comprados’ e ‘vendidos’, assim como a votação de matérias importantes na Câmara, como a MP das subvenções do ICMS, que de certa forma tem impacto negativo para as ações de varejistas”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

Assim, na ponta perdedora do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para Casas Bahia (-10,64%), Magazine Luiza (-9,05%) e Petz (-6,43%) – o ICON, índice de consumo, fechou o dia em baixa de 1,64%. No lado oposto na sessão, Braskem (+2,90%), Banco do Brasil (+2,40%), CSN (+2,39%) e Raízen (+2,19%). Nas commodities, Petrobras fechou sem sinal único (ON -0,78%, PN +0,23%) e Vale teve ganho discreto (+0,63%) – o IMAT, índice de materiais básicos, subiu 0,13%.

Fora do aspecto setorial, a boa notícia doméstica para as contas públicas – a aprovação da MP da subvenção, considerada das mais importantes medidas arrecadatórias para 2024, ano para o qual o mercado ainda mostra desconfiança quanto à capacidade de o governo zerar o déficit fiscal conforme prometido – não alterou o caminho do Ibovespa na maior parte da sessão na B3.

A pausa desta sexta-feira era esperada em véspera de fim de semana, vindo o Ibovespa de patamares históricos. Em Nova York, o Dow Jones – que havia renovado máximas nos dois dias anteriores, e hoje o fez de novo, no fim da sessão – e o S&P 500 – agora perto de romper recorde que retrocede a janeiro de 2022 – fecharam sem direção única, em alta de 0,15% e baixa de 0,01%, respectivamente. “Depois do entusiasmo com o Fed, é normal alguma lateralidade, também lá fora. A principal pergunta, daqui para frente, é se haverá elementos que sustentem novas altas”, diz Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Em nível global, o apetite por risco ganhou dinamismo especial desde a quarta-feira, 13, em que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, surpreendeu boa parte do mercado com guinada de tom, bem mais suave e moderado (‘dovish’, como prefere dizer o mercado) do que se esperava. Assim, março de 2024 passou a ser a data em que se acredita, agora, que o Fed poderá começar a cortar as taxas de juros nos Estados Unidos, referência para o mundo. Há pouco tempo, ainda havia divergência se a redução nos custos de crédito na maior economia viria apenas no segundo semestre ou se começaria ainda no fim do primeiro semestre de 2024.

“Powell veio como um Papai Noel nesse fim de ano, foi o grande ‘turning point’ [ponto de inflexão] para os mercados”, diz Cesar Mikail, gestor de renda variável da Western Asset. Com agenda mais fraca a partir da próxima semana, a penúltima do ano, a tendência é que, na ausência de surpresas negativas, o S&P 500 possa testar sua máxima histórica ainda em 2023, avalia o gestor. Hoje, mesmo em baixa, o índice amplo de Nova York fechou aos 4.719,19 pontos, não tão distante do pico histórico de 3 de janeiro de 2022, então aos 4.796 pontos, observa Mikail.

“As curvas já estão precificando juros do Fed de 75 a 100 pontos-base abaixo, ao longo de 2024, e a 125 pontos-base abaixo, no caso do BCE (Banco Central Europeu). Mesmo para quem está lá fora, acompanhando Powell e Fed bem de perto, esta semana veio como uma grande surpresa, algo realmente inesperado. Daí o ajuste que se vê nos preços dos ativos e no apetite por risco, que beneficia também emergentes como Brasil e México, os dois principais da América Latina”, acrescenta o gestor, ressaltando que, em termos de múltiplos e valuation, o Brasil ainda permanece atrativo em relação a seu principal ‘peer’ regional.

Nesse contexto, o otimismo do mercado financeiro sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo voltou a crescer no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 57,14% preveem alta para o Ibovespa na próxima semana e 28,57%, estabilidade. Apenas 14,29% esperam baixa. No Termômetro da semana passada, a maioria de 57,14% previa variação neutra; 28,57%, alta; e 14,29%, queda.

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 130197.10 -0.49295

Máxima 131661.25 +0.63

Mínima 129883.62 -0.73

Volume (R$ Bilhões) 3.13B

Volume (US$ Bilhões) 6.33B

18:33

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 132320 -0.43642

Máxima 133750 +0.64

Mínima 131930 -0.73

CÂMBIO

O dólar subiu 0,45% hoje, a R$ 4,9372, acompanhando a valorização global da moeda americana, em um movimento de correção após as perdas recentes. O fluxo de saída de fim de ano levou o real a um desempenho pior do que outros pares emergentes, apesar do avanço da agenda fiscal no Congresso. Assim, a divisa dos EUA encerrou a semana com ganho de 0,16% em relação à brasileira. No mês, sobe 0,45%.

O ajuste global do dólar após as fortes perdas anotadas desde quarta-feira, com a virada dovish do Federal Reserve (Fed, o BC americano), manteve a moeda americana em alta contra o real durante quase todo o pregão. Ela chegou a tocar pontualmente a mínima de R$ 4,9056 (-0,19%) logo após a abertura, mas logo firmou-se em alta. Na máxima, avançou até R$ 4,9509 (+0,73%).

A variação aqui acompanhou o índice DXY, que mede o desempenho do dólar contra seis pares fortes. No fim da tarde, ele subia 0,58%, aos 102,55 pontos. Outras divisas emergentes e de exportadores de commodities desempenharam melhor que o real, mesmo com perdas modestas do petróleo. O dólar caía contra o rand sul-africano (-0,07%) e subia levemente ante o peso mexicano (+0,06%) no fim da tarde.

O dólar futuro para janeiro subiu aos R$ 4,9390 (+0,44%). O giro financeiro, termômetro do apetite por negócios no mercado de câmbio, foi de US$ 14 milhões.

“O peso mexicano ficou de lado, o dólar caiu contra o rand e, aqui, subiu, mesmo com as agendas andando no Congresso. Isso parece ser a pressão do fluxo de fim de ano, remessas de dividendos de empresas para o exterior”, afirma o head da tesouraria do banco de câmbio Travelex Bank, Marcos Weigt. “Não parece ter outra razão, externa ou interna, para o real desvalorizar tanto hoje.”

Nem o avanço da agenda fiscal no Congresso foi suficiente para apoiar o real. A Câmara aprovou no início da tarde a medida provisória da subvenção do ICMS e rejeitou todas os destaques que tentavam alterar o texto-base da proposta. Agora, a MP vai à análise do Senado. Ela é a principal aposta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para turbinar a arrecadação e zerar o déficit primário em 2024.

Também à tarde, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), colocou em pauta a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária, que foi aprovada em primeiro turno. O relator da matéria na Casa, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), divulgou um novo relatório após negociações para chegar a um texto de acordo com o Senado. Ele diminuiu as exceções no ao excluir cinco setores dos regimes específicos, que têm tratamento tributário diferenciado.

Para o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, parte da alta do dólar hoje ainda pode ser atribuída ao temor fiscal deflagrado ontem pela derrubada do veto presidencial à desoneração da folha de pagamentos. Ele também cita um movimento de realização dos lucros em vários ativos, devido à proximidade do fim do ano, que pode ter ajudado a derrubar o real.

“O investidor, no fim do ano, não vai apostar, porque, se perder agora, não vai ter tempo de recuperar em 15 dias. Hoje nós vimos uma certa realização de lucros na Bolsa e no próprio dólar, em contratos feitos como hedge que o pessoal acaba realizando para terminar o ano com lucro”, explica o profissional. Depois de ter encerrado o dia ontem no maior nível da história, com 130.842,09 pontos, o Ibovespa hoje caiu 0,49%, aos 130.197,10 pontos.

Galhardo destaca também o incômodo do mercado com alguma incerteza em relação à condução da política monetária americana. Contrariando o pivô dovish do Fed na quarta-feira, hoje o presidente da distrital de Nova York do órgão, John Williams, disse que é cedo para pensar em uma redução dos juros e questionou se o aperto monetário feito até aqui é suficiente para controlar a inflação.

O chefe de economia para Brasil e estratégia para América Latina do Bank of America (BofA), David Beker, afirma que o dólar tem estado volátil em relação ao real devido à sazonalidade de fim de ano, com remessas de dividendos e investidores menos dispostos a montar posições. Mas ele diz que a tendência é de valorização do real na virada do ano, com o fluxo de entrada de dólares esperado com a safra agrícola.

Ele espera que o dólar encerre 2023 cotado em R$ 4,95 e caia a R$ 4,75 no fim de 2024, amparado pelos fortes resultados das contas externas. “O Fed vai cortar juros, vai gerar apetite por risco e temos resultados de conta corrente bem melhores do que o imaginado, puxados pela balança comercial”, disse Beker hoje, durante um café da manhã com jornalistas na sede do banco, em São Paulo.

Weigt, do Travelex, também espera que o desempenho do real melhore. “Como a desvalorização do real agora se deve a esse fluxo de remessas de dividendos, tudo mais constante, provavelmente o dólar vai voltar a cair na última semana do ano e o real vai ter alguma tendência de apreciação no começo de 2024, até porque está atrasado em relação a outros ativos”, afirma. (

18:32

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.93720 0.4496 4.95090 4.90560

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4939.000 0.43721 4954.000 4907.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4963.000 0.4961 4963.000 4952.500

JUROS

Os juros futuros chegaram a firmar trajetória de queda moderada à tarde, descolando-se do sinal de cautela que prevaleceu no exterior e do viés negativo exibido pelo câmbio e nas ações, mas no fim da segunda etapa o ambiente internacional mais carregado acabou reconduzindo as taxas para perto ajustes. O avanço da pauta econômica no Congresso colaborou para esfriar a tentativa de realização de lucros, assim como também ajustes técnicos de posições típicos de fim de ano num mercado amplamente vendido em taxas. Na semana em que o Federal Reserve fez a festa dos ativos, a curva devolveu entre 25 e 35 pontos-base nos principais contratos.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou a 10,090%, de 10,109% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 fechou estável em 9,71% ontem. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 9,80%, de 9,81%, e a do DI para janeiro de 2029 fechou a 10,21%, de 10,24%.

Ainda que não tenham conseguido sustentar o movimento de baixa até o fim, as taxas tiveram comportamento mais benigno comparado aos demais ativos domésticos, que partiram para uma realização de lucros mais firme. Mesmo com a forte queima de prêmios durante a semana, o mercado de juros adiou um ajuste consistente – nas máximas do dia os principais contratos não chegaram a subir 10 pontos-base.

“Hoje é um dia difícil para analisar o DI. Tudo levava a crer que haveria abertura, com a curva nos EUA recuperando taxas após os discursos de diretores do Federal Reserve”, afirmou a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. Tanto o presidente da distrital de Nova York, John Williams, quanto o líder da regional de Atlanta, Raphael Bostic, tentaram corrigir o excesso de otimismo sobre corte de juros no primeiro semestre de 2024. “A curva americana reagiu, mas aqui não estamos acompanhando”, constatou a economista, ponderando porém que o movimento de queda dos DIs foi limitado a um certo intervalo no período da tarde.

A virada para baixo começou após o anúncio da Fitch sobre a afirmação da nota de crédito soberana do Brasil com manutenção da perspectiva estável. Mas nas mesas de operação os profissionais questionam se tal fato teria mesmo potencial de engatilhar a melhora, uma vez que não houve alterações nem na nota nem no outlook. Mais do que isso, a Fitch fez uma série de ponderações negativas que, em tese, serviriam para estimular uma piora da curva, alertando, por exemplo, que o cumprimento da meta de primário zero em 2024 parece “cada vez mais duvidoso”.

Nesse contexto, a percepção é de que a notícia da Fitch serviu de argumento para montagem de posições vendidas nos ajustes de carteira nesta reta final do ano. “O mercado todo está aplicado. Os fundos estão desesperados por cortes de juros para se salvarem em 2023”, afirma um economista.

Em outra frente, a força tarefa do Congresso para aprovar a pauta fiscal antes do recesso parlamentar serviu como contraponto ao exterior negativo. “Parece que o governo terá algumas vitórias”, afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.

A Câmara aprovou hoje a Medida Provisória (MP) da subvenção do ICMS, que vai agora para análise do plenário do Senado. É a principal aposta da equipe econômica para garantir o déficit zero nas contas públicas no ano que vem, com potencial de arrecadação em torno de R$ 35 bilhões. Aprovou ainda a reforma tributária em primeiro turno, o que traz alívio ao mercado mais pelo fato de se ter mais uma matéria fiscal endossada pelos parlamentares do que pelo texto em si.

O relatório do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) trouxe uma série de alterações e, segundo a Warren Investimentos, entre as esperadas supressões e ajustes “de redação” uma delas é claramente de mérito, referindo-se à exclusão da Cide Zona Franca para retornar à sistemática de IPI com a finalidade de proteger a produção da região. “Como tal, deveria levar ao retorno da proposta à apreciação do Senado Federal”, afirmam os economistas Felipe Salto, Josué Pellegrini e Gabriel Garrote, lamentando a “forma apressada com que se discute um tema tão sensível, com consequências profundas para a dinâmica econômica do País”.

MERCADOS INTERNACIONAIS

O dólar recuperou parte das perdas dos últimos dois dias, subindo ante divisas rivais, após falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed) ao longo do dia pondo em questão as apostas de que o primeiro corte de juros ocorrerá em março do ano que vem. Pela tarde, o presidente da distrital de Atlanta, Raphael Bostic, disse esperar que uma flexibilização da taxa ocorra apenas no terceiro trimestre, o que conseguiu aumentar o ímpeto na moeda americana e nos rendimentos dos Treasuries, que já recebiam fôlego de questionamentos similares do presidente do Fed de Nova York, John Williams. A força dos ativos seguros pressionou as bolsas de Nova York, que encerraram mistas, após pregão volátil, enquanto o petróleo encerrou em leve queda, após dados mistos sobre a economia da China.

Após as expectativas de diferenciais de juros americanos em relação ao Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) terem pressionado a moeda americana antes rivais fortes, o dólar voltou a subir nesta sexta-feira, conseguindo impulso após Bostic e Williams colocarem em xeque a tese do mercado de que o corte de juros iniciará no primeiro trimestre deste ano. Entretanto, mesmo com a mudança de tom e com a nova força da moeda americana, a ferramenta do CME Group ainda indicava chance majoritária de corte em março (69,5%).

Considerando a fraqueza recente da moeda, o Brown Brothers Harriman (BBH) destaca que a decisão mais ‘dovish’ do Fed foi uma virada de jogo para o dólar, de forma que, se isso seguir, a divisa poderá ter tração limitada. Entretanto, o banco reforça que tudo dependerá dos dados dos Estados Unidos. “Esta semana, as leituras foram todas bastante firmes e por isso continuamos a acreditar que as expectativas de flexibilização do mercado estão erradas. Contudo, até que estas expectativas mudem, o dólar deverá permanecer sob pressão”. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana antes seis rivais fortes, fechou em alta de 0,58%, a 102,550 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro recuava a US$ 1,0901 e a libra tinha baixa a US$ 1,2687. O dólar subia a 142,11 ienes.

O cenário também ajudou os rendimentos dos Treasuries a se recuperarem, apesar de o retorno do T-bond de 30 anos chegar ao fim da tarde em queda. Contudo, a Oxford Economics destaca que ainda acha que os mercados estão precificando cortes excessivos nos juros, de forma que “a condição de sobrecompra do mercado de Treasuries deixa as taxas de juro vulneráveis a uma correção ascendente em quaisquer dados que surpreendam o lado forte”. Assim, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,426%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,912% e o do T-bond de 30 anos caía a 4,015%.

Diante do contraponto entre a precificação na curva futura e as declarações do Fed, das bolsas de Nova York, em dia de “triple witching”, quando vencem simultaneamente futuros de índices do mercado de ações, opções de índice do mercado de ações e opções de ações, o que tende a causar mais volatilidade.

O City Index destaca ainda que os mercados parecem operar sob a frase “compre com base em boatos e venda com base em notícias”, diante da fraqueza das bolsas de Nova York após as altas robustas dos últimos dias. Assim, o índice Dow Jones subiu 0,16%, o S&P 500 cedeu 0,01% e o Nasdaq subiu 0,35%. Na semana, houve ganhos de 2,93%, 2,50% e 2,85%, respectivamente. Com isso, o S&P 500 teve a sétima semana consecutivo de ganhos, maior sequência positiva desde 2017, de acordo com a Dow Jones.

Entre commodities, o petróleo encerrou o dia em queda, após ter passado parte da tarde operando em leve alta, após dados mistos da China levantarem dúvidas sobre o retorno ao crescimento da segunda maior potência do mundo. Sobre isso, o ING avalia que a recuperação do país ainda está em curso, mas “ainda parece limitada e vulnerável a qualquer agravamento no setor imobiliário”.

De qualquer forma, a Spartan Capital espera que os preços do petróleo oscilem em torno da faixa mínima a média de US$ 70, antes de voltarem aos mínimos vistos no início da semana. Na New York Mercantile Exchange, o WTI para fevereiro, agora o mais líquido, encerrou em baixa de 0,18% (-US$ 0,13), a 71,78 por barril. O WTI para janeiro, até então o mais ativo, subiu 0,28% na semana. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para fevereiro recuou 0,08% (-US$ 0,06), a US$ 76,55 por barril, mas teve alta semanal de 0,94%.