PRESSÃO EXTERNA ARREFECE À TARDE, MAS CURVA DO DI ABRE MAIS E DÓLAR SUPERA OS R$ 5

O mercado deu prosseguimento nesta quarta-feira à reprecificação global de ativos, na esteira da forte alta dos juros dos Treasuries de prazo mais longo. O investidor segue buscando uma referência para as taxas americanas e, enquanto isso, a pressão segue. Dúvidas na inflação – anabolizadas pela retomada da alta do petróleo, com o barril rumo aos US$ 100, segundo analistas – seguem como principal fator a puxar os rendimentos, uma vez que um desarranjo nos preços de energia tende a afetar a potência da política monetária. Mas há também quem aponte os riscos de paralisação do governo dos Estados Unidos. O yield da T-note de 10 anos subiu aos 4,613%, operando nos maiores níveis em 16 anos, e o do T-bond de 30 anos foi a 4,723%, nas máximas em 12 anos. Houve, ao longo da tarde, um certo arrefecimento na onda de vendas de Treasuries, o que ajudou a aliviar um pouco a distorção dos movimentos nos demais ativos. Nas bolsas americanas, por exemplo, o Nasdaq teve espaço para subir 0,22%, enquanto o Dow Jones aparou as perdas a 0,20%. Internamente, os juros futuros acompanharam a abertura da curva nos EUA, com impulso também das dúvidas na seara fiscal. O DI para janeiro de 2027 voltou à casa de 11%, maior nível em 4 meses, mas caminha para fechar bem longe da máxima do dia (11,245%). No mercado de câmbio, o dólar à vista conseguiu seguir a distensão externa, depois de tocar a máxima em R$ 5,0795. A moeda terminou o dia negociada a R$ 5,0478 (+1,22%), mantendo-se nos mais altos níveis desde junho. Por fim, depois de uma tarde bastante volátil, o Ibovespa subiu aos 114.327,05 pontos, valorização de 0,12%.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•CÂMBIO

•BOLSA

MERCADOS INTERNACIONAIS

Sinais de mais aperto no mercado de petróleo levaram a commodity a fechar em alta de mais de 2%, com o WTI chegando a operar no maior nível desde agosto de 2022, enquanto analistas voltavam a reforçar a possibilidade do óleo chegar a US$ 100 o barril no curto prazo. Assim, empresas de energia foram beneficiadas e ajudaram a reverter parte das perdas nas bolsas de Nova York, levando a um fechamento misto dos principais índices. Entretanto, a preocupação quanto ao impacto na inflação global, além da retórica de juros altos por mais tempo, manteve os retornos dos Treasuries e o dólar em alta, enquanto investidores também acompanhavam o impasse que pode acarretar na paralisação do governo dos Estados Unidos.

A queda dos estoques de petróleo dos Estados Unidos além do esperado pelo mercado lembrou “aos traders de energia o quão apertado o mercado de petróleo se tornou”, avalia a Oanda. Tanto a casa de análises quanto a Marex destacam para o baixo nível dos estoques no centro de distribuição de Cushing, que caíram para as mínimas desde julho de 2022, segundo a Oanda, que destaca que a possibilidade do barril do petróleo chegar a US$ 100 o barril está próxima. A chance da commodity chegar a este nível também é apontada pela CMC Markets.

O contrato do WTI para novembro fechou com ganho de 3,64% (US$ 3,29), a US$ 93,68 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), após máxima intradiária de US$ 94,17. O Brent para dezembro subiu 2,09% (US$ 1,93), a US$ 96,55 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Na máxima, o contrato chegou a ser cotado a US$ 97,06.

A força do petróleo ajudou a aumentar o movimento de compra de ações do setor de energia, com Exxon Mobil avançando 3,26%, a ConocoPhillips em alta de 2,97% e a Diamondback Energy subindo 2,72%. Entre os 11 subíndices do S&P 500, o setor de energia foi o que mais avançou (2,51%). Também em destaque no pregão, a ação da Meta caiu 0,41%, após apresentar do seu novo headset (uma espécie de óculos) de realidade mista, o Quest 3, que desagradou investidores. Hoje, o Dow Jones caiu 0,20%, o S&P 500 avançou 0,02% e o Nasdaq teve alta de 0,22%.

Os índices ainda eram pressionados, entretanto, pela retórica de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos, após o presidente do Federal Reserve (Fed) de Minneapolis, Neel Kashkari, reforçar que os juros neutros podem ter subido após a pandemia e que ainda há possibilidade de mais de uma elevação na taxa dos Fed Funds.

Essa visão ajudou a elevar os juros dos Treasuries, que chegaram ao fim da tarde de Nova York em alta pela terceira sessão seguida. Na visão da Navellier, os mercados parecem convencidos de que haverá uma paralisação do governo federal dos EUA e “as batalhas orçamentais estão contribuindo para os rendimentos”. Entretanto, mesmo que a paralisação realmente ocorra, a expectativa é “que os pagamentos de juros sobre a dívida do Tesouro e os pagamentos da Segurança Social continuem, uma vez que seria um suicídio político falhar esses pagamentos”. No fim da tarde, o retorno da T-note de 2 anos caia a 5,133%, o da T-note de 10 anos avançava a 4,163% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 4,723%.

O dólar subiu ante rivais fortes. Na visão do Brown Brothers Harriman (BBH), a narrativa dos mercados permanece a favor do dólar, “uma vez que a economia dos EUA está numa posição muito mais forte do que outras grandes economias, como a zona euro ou o Reino Unido. Com dados firmes dos EUA esperados que levem a um ajuste mais elevado nas expectativas de aperto do Fed, esperamos maior fortalecimento do dólar”. No fim da tarde em Nova York, o dólar avançava a 149,62 ienes, o euro tinha baixa a US$ 1,0505 e a libra recuava a US$ 1,2138. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,40%, a 106,666 pontos. (Natália Coelho – [email protected])

JUROS

O mercado de juros teve nova sessão de forte estresse nesta quarta-feira, com taxas voltando a disparar em cima de níveis já muito elevados atingidos nos últimos dias. O ambiente internacional conturbado continuou predominando nos negócios locais, mas o mercado manteve o risco fiscal interno no radar, atento ao noticiário envolvendo a proposta do governo sobre o pagamento dos precatórios. Treasuries, petróleo e dólar formaram a tempestade perfeita a abalar a curva de juros, que ganhou ainda mais inclinação.

Às 17h15, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 saltava de 10,702% para 10,895% (máxima de 11,035%) e a de janeiro de 2026 subia de 10,51% para 10,76% (máxima de 10,98%). O DI para janeiro de 2027 voltou a 11,00%, nível que não era visto desde 25 de maio. Tinha taxa de 11,01%, mas com máxima de 11,24% (10,79% ontem no ajuste). E a do DI para janeiro de 2029 marcava 11,51%, de 10,36% no ajuste e 11,35% na máxima. O giro de contratos foi novamente robusto, com mais de 2 milhões girados apenas no DI para janeiro de 2025, que tem sido o de maior liquidez.

Dada a adição de prêmios consistente nos últimos dias, o mercado chegou ensaiar um ajuste em baixa, pela manhã, quando a curva dos Treasuries estava relativamente bem comportada respondendo ao acordo fechado pelo Senado dos EUA para evitar o shutdown. No fim da primeira etapa porém, os yields começaram a piorar depois que o líder da Câmara de Representantes, o republicano Kevin McCarthy, disse “não ver apoio” à proposta na sua Casa – que também precisa dar o seu aval.

Além disso, o presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, alertou para o risco de novas altas de juros caso o aperto já aplicado não surta o efeito desejado na inflação. Previu mais 25 pontos-base, mas disse não descartar a possibilidade de um aperto ainda maior. O alerta, somado aos ajustes decorrentes do leilão de US$ 49 bilhões em T-Notes de 5 anos com demanda abaixo da média, deu combustível para o aumento das taxas. Nas máximas, o retorno da T-Note de dez anos chegou a 4,64%, ainda no maior nível desde 2007, e o do T-Bond de 30 anos a 4,74%.

Com isso, à tarde, as principais taxas dos trechos longo e intermediário do DI chegaram a abrir quase 50 pontos ante os ajustes de ontem, caso por exemplo do janeiro de 2027 que na máxima chegou a 11,24%, de 10,79% ontem no ajuste. “O Brasil está apanhando de todos os lados. A curva bateu stop e não tem mais fundamento”, avaliou o economista Felipe Rodrigo de Oliveira, da MAG Investimentos.

Os preços do petróleo, variável importante para a inflação doméstica, subiram mais de 2%, e, ao mesmo tempo, o dólar manteve-se em valorização generalizada, superando R$ 5 no Brasil.

No fim da tarde, os mercados como um todo esboçaram reação e os juros dos títulos do Tesouro americano arrefeceram um pouco, afastando os DIs das máximas.

Internamente, os investidores mantêm o foco sobre a questão dos precatórios. “O mercado vê com bons olhos a intenção em regularizar os precatórios, mas reage com cautela na tentativa de reclassificação de tipos de despesa para contabilidade da dívida”, destacam os economistas da Levante Investimentos, em relatório.

Diante da polêmica em torno da proposta para o pagamento das dívidas judiciais, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, deu uma série de entrevistas nesta quarta-feira para explicar a ideia do governo, rechaçando categoricamente avaliações de que o pedido feito ao Supremo Tribunal Federal (STF) tenha caráter de “pedalada”.

“Não tem pegadinha. A gente está resolvendo um problema grave: uma moratória, com ocultamento de dívida pública, que é o que está acontecendo hoje. O Brasil não paga as obrigações em dia perante o mundo. Pagar em dia as contas é uma obrigação do governo”, disse, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Segundo Ceron, nem a quitação do estoque de precatórios do governo, nem a piora da situação externa geram pressão sobre a gestão da dívida. Afirmou ainda que o tema não contaminará a discussão sobre o cumprimento das metas fiscais previstas no novo arcabouço.

Nesta questão, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse em audiência Comissão de Finanças e Tributação (CFT), que apesar de entender a dificuldade de se atingir a meta déficit zero em 2024, é preciso continuar perseguindo esse objetivo. “É isso que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem pontuado. Mesmo que a meta não seja cumprida 100%, os agentes percebem esforço nessa direção”, afirmou.

No entanto, a votação da Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso está atrasada, segundo o governo em função de “ajustes”, reforçando a percepção do mercado de que a meta de primário será alterada, o que não será possível fazer após a aprovação. (Denise Abarca – [email protected])

CÂMBIO

O mercado de câmbio doméstico foi engolfado nesta quarta-feira, 27, pela corrida global para a moeda americana e a escalada das taxas de juros longas nos Estados Unidos. Já em alta firme pela manhã, quando ultrapassou a barreira psicológica de R$ 5,00, o dólar à vista ganhou ainda mais força ao longo da tarde, correndo até o nível de R$ 5,07, em sintonia com as máximas das taxas da T-note de 10 e do T-Bond de 30 anos.

Ao temor crescente de juros mais altos por período prolongado nos EUA, reforçado hoje por declarações duras de dirigente do Federal Reserve e pelo avanço do petróleo, soma-se um quadro técnico de pressão das taxas, com leilões robustos do Tesouro americano. Há também receio com a possibilidade de paralisação parcial (shutdown) do governo dos EUA, dado o impasse no Congresso para aprovação do Orçamento.

Com uma arrancada no meio da tarde, o dólar renovou sucessivas máximas até atingir R$ 5,0795. A moeda perdeu parte do fôlego nas duas últimas de pregão, com arrefecimento do estresse no exterior, e encerrou o dia em alta de 1,22%, cotada a R$ 5,0478 – maior valor de fechamento desde 31 de maio (R$ 5,0730). Como é costumeiro em episódios de aversão ao risco, o real amargou o pior desempenho entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities.

A movimentação no segmento futuro, com giro ao redor de US$ 20 bilhões do contrato para outubro, sugere mudanças relevantes de posicionamentos de agentes, em especial dos fundos locais, que mantêm aposta firme a favor do real. Ontem, esses fundos reduziram sua posição “vendida” em dólar em mais de US$ 1,380 bilhão. Operadores observaram que, em determinados momentos do pregão, a taxa à vista ficou acima do dólar futuro mais próximo, o que indica escassez de moeda física.

Dados do fluxo cambial divulgados pelo Banco Central à tarde corroboram esse quadro ao mostrar que há forte saída de recursos do país neste mês. Na semana passada (de 18 a 22), o saldo total foi negativo em US$ 3,646 bilhões, com retiradas líquidas de US$ 3,582 bilhões pelo canal financeiro. No mês, até o dia 22, o fluxo cambial total está negativo US$ 4,795 bilhões.

O sócio e diretor de Gestão da Azimut Brasil Wealth Management, Leonardo Monoli, afirma que o principal vetor para a alta do dólar hoje é a escalada das taxas dos Treasuries. “O foco do mercado é o comportamento da curva de juros americana, que é influenciada por maior volume de emissão de dívida pelo Tesouro e pela expectativa de juros em média mais elevados por mais tempo nos EUA, como o Fed tem avisado”, afirma Monoli, acrescentando que a alta das cotações internacionais do petróleo também “complicam” o ambiente de juros nos EUA. O contrato do tipo Brent para dezembro fecho hoje em alta de 2,09%, a US$ 94,36 o barril.

Hoje, o presidente da distrital do Fed em Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou que prevê uma elevação adicional de 25 ponto-base na taxa básica americana, mas ressaltou que não descarta a possibilidade de aperto ainda maior. Com direito a voto nas reuniões de política monetária do BC americano, Kashkari disse que o mercado de trabalho e o consumo permanecem muito fortes. “Isso me faz questionar se já fizemos o suficiente”, comentou.

O diretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management ressalta que o processo de redução do balanço patrimonial do Fed também provoca aperto da liquidez. O BC americano drena recursos que poderiam ser justamente utilizados pelo mercado para absorver as emissões mais robustas do Tesouro. O retorno da T-note de 10 anos ultrapassou hoje a casa de 4,60% e registrou máxima a 4,64350% – nos níveis mais elevados desde outubro de 2007.

“Essa situação resulta na alta global do dólar. É preciso cuidado com divisas latino-americanas de países que estão em ciclo de corte de juros. A alta dos Treasuries está espremenda o diferencial entre juros, o que é muito ruim para emergentes”, diz Monoli, acrescentando que a deterioração da atividade da China, embora tenha ficado em segundo plano hoje, também prejudica as divisas latino-americanas. “Temos também um vetor interno de alta do dólar, que é a piora do risco Brasil, com as dúvidas sobre a meta fiscal.”

Lá fora, o índice DXY – termômetro do desempenho do dólar frente a seis moedas fortes, em especial euro e iene – chegou a se aproximar da linha dos 107,000 pontos nos piores momentos, ao registrar máxima 106,830 pontos. Entre divisas pares do real, no fim da tarde o dólar tinha os maiores ganhos em relação a peso colombiano (+1,10%), peso mexicano (+0,81%) e peso chileno (+0,80%). (Antonio Perez – [email protected])

17:31

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.04780 1.2171 5.07950 4.98880

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5051.000 1.19203 5079.500 4987.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5072.500 1.13648 5100.500 5012.000

BOLSA

Com o real muito pressionado na sessão, em que o dólar à vista tocou, na máxima do dia, a marca de R$ 5,0795, o Ibovespa mostrou resiliência até o início da tarde, mas chegou a sucumbir, depois das 14h, à piora também em Nova York. Em direção ao fechamento, contudo, os três principais índices de NY viraram para o positivo, o que contribuiu para que o Ibovespa retornasse à marca d´água, não tão distante da estabilidade no encerramento do dia, e com sinal positivo no ajuste final.

Na B3, o índice de referência fechou em leve alta de 0,12%, aos 114.327,05 pontos, a meio caminho entre a mínima (113.365,75) e a máxima (115.340,41) do dia, saindo de abertura aos 114.193,51 pontos. Na semana, o Ibovespa cai 1,45% e, no mês, cede 1,22%. No ano, limita a alta a 4,19%. O giro financeiro desta quarta-feira se manteve a R$ 22,8 bilhões, semelhante ao da sessão anterior. E, com o fechamento levemente positivo, o Ibovespa interrompe sequência de quatro perdas, que o havia colocado ontem no menor nível de encerramento desde 5 de junho.

O bom desempenho das ações de commodities, em especial de Petrobras (ON +3,71%, PN +3,17%, ambas nas máximas da sessão no fechamento), contribuía desde cedo para o leve viés positivo do Ibovespa nesta quarta-feira, em dia amplamente favorável ao petróleo, em alta de 3,64% para o WTI e de 2,09% para o Brent, que coloca a referência global acima de US$ 96 por barril, em Londres. A disparada do petróleo na sessão, com a referência americana, o WTI, atingindo o maior nível desde agosto de 2022, a US$ 93,68, decorreu de queda na leitura semanal sobre os estoques nos Estados Unidos, em um contexto de oferta restrita no momento.

Além do forte desempenho de Petrobras na sessão, a oscilação de Vale (ON +0,21%) no fechamento foi importante para o sinal do Ibovespa no fim do dia, com desempenho em geral ruim para as ações do setor financeiro, à exceção entre os grandes bancos de BB (ON +0,87%). Na ponta do Ibovespa, destaque para Gol (+7,19%), PetroReconcavo (+4,61%) e Prio (+2,92%), além dos papéis ON e PN de Petrobras. No lado oposto, Casas Bahia (-5,00%), Pão de Açúcar (-2,99%), Copel (-2,90%) e Magazine Luiza (-2,86%).

Mais cedo, as notícias de que o banco central da China vai intensificar o apoio à economia local, e que os líderes do Senado dos EUA fecharam acordo que evita a paralisação do governo, ajudavam a mitigar a percepção de risco desde o exterior, o que também contribuiu, no fechamento, para que o Ibovespa evitasse hoje a quinta perda consecutiva.

“Com o rendimento da T-note de 10 anos a 4,60%, tem-se aí uma taxa livre de risco em nível muito atraente, o que acaba afetando também o nosso câmbio, muito pressionado na sessão de hoje. Há ainda uma preocupação, dúvida, sobre até onde o Federal Reserve poderá ir, embora o consenso, no momento, aponte mais uma alta da taxa de referência americana até o fim do ano. É uma situação de incerteza que afeta também o S&P 500, por lá. Então, com tudo isso, por que vir para um emergente nesse contexto”, diz Cesar Mikail, gestor de renda variável da Western Asset.

Nesta quarta-feira, apesar da melhora observada em parte da tarde, os índices de Nova York fecharam sem direção única, com o Dow Jones ainda em baixa de 0,20%, e S&P 500 e Nasdaq em alta, respectivamente, de 0,02% e 0,22%.

No plano doméstico, Mikail destaca a retomada de receios em torno da situação fiscal, com a percepção de que o governo enfrentará grande dificuldade para cumprir os compromissos com relação ao equilíbrio das contas públicas. “A arrecadação federal nos últimos três meses tem mostrado essa dificuldade, e para melhorar a expectativa será preciso um sinal pelo lado do controle de gastos”, acrescenta.

“Ata dura do Copom apenas, como se viu nesta semana, não me parece que será o suficiente daqui para frente. Serão necessários também sinais do governo quanto a cortes de gastos para que essa melhora de percepção se materialize. Fora disso, com o juro que se tem lá fora, se exigirá aqui mais prêmio. E isso já tem sido observado nos juros longos, que são o que realmente interessa. O fiscal está ‘at risk’ [em risco], o que tem pesado, para além do cenário externo desfavorável. Sinais como os recentes, sobre precatórios, não são bons”, afirma o gestor.

Além das circunstâncias brasileira e americana, “a crise do setor imobiliário na China continua a dar o que falar, com reverberações diretas para nosso mercado”, pela exposição a commodities, observa Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos, referindo-se também ao quadro global, de “juros mais altos por mais tempo”, tendo os Estados Unidos à frente. Assim, como ontem, o dia foi de “dólar para cima e Bolsa para baixo”. E os juros futuros também mostram aversão a risco.

“O dólar vem ganhando força em relação a referências como o euro, o que se reflete no índice DXY [que contrapõe a moeda americana a pares como o próprio euro, a libra e o iene]. Na curva de juros, o estresse esteve mais concentrado hoje em vértices curtos e intermediários aqui no Brasil, sobretudo pela manhã, até o início da tarde. E veio devolvendo mais para o fim do pregão, apesar do segundo dia de alta relativamente expressiva”, diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 114327.05 0.11701

Máxima 115340.41 +1.00

Mínima 113365.75 -0.72

Volume (R$ Bilhões) 2.27B

Volume (US$ Bilhões) 4.52B

17:31

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 114740 -0.05226

Máxima 115995 +1.04

Mínima 113985 -0.71