PRESSÃO DOS TREASURIES SE IMPÕE À TARDE, DI SOBE E BOLSA CAI

A segunda etapa dos negócios desta terça-feira foi marcada por um efeito maior da pressão dos juros dos Treasuries nos negócios, tirando ímpeto da tomada de risco e com efeito em ativos brasileiros. Mais uma vez as dúvidas sobre o cenário monetário dos Estados Unidos ficaram em primeiro plano, hoje alimentadas por dados de atividade econômica bem mais fortes do que o previsto. Volta a ganhar força o argumento que será necessário manter as taxas em níveis altos nos próximos anos para debelar as ameaças inflacionárias. Foi nesse contexto que o rendimento da T-note de 5 anos atingiu o nível mais alto desde julho de 2007, perto da marca de 4,90%. O yield da T-note de 2 anos subiu a 5,203% e o de 10 anos avançou a 4,833%. Nos mercados acionários de Nova York, o Nasdaq teve a maior queda (-0,25%), dada a pressão que juros altos causam em empresas de tecnologia. Aqui no Brasil, a curva de juros deixou de lado os impasses no Congresso com a pauta econômica e se concentrou na subida externa das taxas. Alguns vértices, como o janeiro 2027, chegaram ao fim da tarde com avanço superior a 20 pontos-base ante o ajuste de ontem. O Ibovespa caiu aos 115.908,43 pontos, recuo de 0,54%. A queda só não foi mais pronunciada por causa do bom desempenho da Petrobras (ON +2,27% e PN +2,70%), após anunciar recordes de produção. O dólar terminou em leve queda, aos R$ 5,0353 (-0,04%), renovando o piso de fechamento do mês.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os rendimentos dos Treasuries avançaram hoje, com os juros dos títulos de dois e dez anos se aproximando de níveis recordes em 16 e 17 anos, e o da T-note de 5 anos atingindo o patamar mais alto desde julho de 2007, acompanhando reação do mercado após o crescimento acima do esperado nas vendas do varejo de setembro nos EUA, que sustenta a lógica de “higher for longer” nas taxas de juros do Federal Reserve (Fed). Pela tarde os índices acionários perderam parte do ímpeto e fecharam mistos em Nova York, com balanços e o setor de semicondutores em foco. Foi ainda monitorado o fracasso do deputado republicano Jim Jordan em ser eleito para a presidência da Câmara dos Representantes, com eventuais impactos para o orçamento no radar. O dólar mostrou pouco fôlego, enquanto o petróleo, mesmo em dia bastante volátil e com riscos à oferta, ainda conseguiu marcar ganho modesto.

Ao menos por enquanto, o mercado dos títulos americanos parece ter contornado as preocupações geopolíticas no Oriente Médio e retomado a sequência de liquidação que se desenvolvia antes do início da guerra entre Israel e Hamas, pontua o analista do BMO Capital Markets, Ian Lyngen, ao indicar que investidores parecem confiantes de que, com o passar do tempo sem grandes avanços na guerra, aumentam as chances de desenvolvimento de canais diplomáticos.

De acordo com Louis Navellier, da gestora de ativos Navellier, os dados econômicos dos Estados Unidos nesta manhã, que apresentaram vendas no varejo mais fortes do que o esperado em setembro, subindo 0,7% ante previsão de 0,3%, sustentam as expectativas de que pode haver novos aumentos nos juros pelo Fed, apesar de que “os dados também reduzem receios de uma recessão”. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos tinha alta a 5,203%, o da T-note de 10 anos subia a 4,833% e o do T-bond de 30 anos avançava a 4,931%. Durante a sessão, o juro da T-note de 5 anos chegou a 4,894%, maior nível desde julho de 2007.

No câmbio, o dólar não acompanhou o movimento dos Treasuries, e se fortaleceu levemente ante iene e libra, mas caiu frente ao euro, com o índice DXY praticamente estável. No Reino Unido, a queda da libra acompanha a desaceleração no crescimento dos salários no país, que reforçou a tese de que o Banco da Inglaterra (BoE) não precisará elevar juros na próxima reunião de política monetária, disse o CMC Markets. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 149,76 ienes, o euro avançava a US$ 1,0575 e a libra tinha baixa a US$ 1,2182. O índice DXY do dólar registrou alta de 0,01%, a 106,250 pontos.

Enquanto isso, as bolsas de Nova York fecharam mistas, com o Nasdaq em queda diante da restrição do governo dos EUA às vendas de chips para o mercado chinês, com Nvidia (-4,68%) e Intel (-1,37%) acumulando perdas. Além disso, o setor de tecnologia registrou a maior baixa entre os 11 subíndices do S&P500 (-0,77%). Também hoje, o Goldman Sachs teve queda de 1,60%, depois de registrar queda de 1% em sua receita no confronto anual, e o Bank of America superou expectativas de lucro em seu balanço, fechando o dia com alta de 2,33%. No fim do pregão, o índice Dow Jones subiu 0,04%, aos 33.997,65 pontos, o S&P 500 cedeu 0,01%, aos 4.373,20 pontos e o Nasdaq fechou em queda de 0,25%, aos 13.533,75 pontos.

Hoje, os investidores também monitoraram o fracasso do deputado americano Jim Jordan, que era favorito entre republicanos e contou com o apoio do ex-presidente Donald Trump para se eleger presidente da Câmara dos Representantes dos EUA. Porém, o republicano reuniu apenas 200 dos 217 votos necessários e viu parte de seu partido se aliar a democratas para impedir sua vitória.

No fim do dia, os contratos futuros de petróleo tiveram leve alta, depois de oscilarem em reação à notícia de que a Rússia afirmou que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) poderia reduzir sua oferta em 2024, caso o quadro de déficit na oferta seja mantido. A Eurasia Group aposta que o cenário para o início de 2024 seja de excesso de oferta da commodity, visto que “se espera que a produção de petróleo bruto fora da Opep aumente em pelo menos 1 milhão de barris de petróleo por dia no próximo ano”, e isso deve forçar a Opep+ a manter sua oferta. Segundo Fawad Razaqzada, analista de mercado do City Index, “os contínuos cortes de oferta da Opep significam que, independente do que aconteça, é pouco provável que os preços caiam de modo expressivo”. Hoje, o WTI para dezembro fechou em alta de 0,21% (US$ 0,18), a US$ 85,44 o barril, na Nymex, e o Brent para o mesmo mês avançou 0,28% (US$ 0,25), a US$ 89,90 o barril, na ICE.

JUROS

O mercado de juros até ensaiou melhora no começo da tarde, com as taxas zerando a alta e alcançando a estabilidade, mas o alívio não se sustentou. Retomaram avanço firme, acompanhando a piora dos Treasuries, cujos rendimentos voltaram a romper níveis importantes ao longo da etapa vespertina dado o aumento de risco orçamentário nos Estados Unidos. O deputado republicano Jim Jordan não conseguiu votos suficientes para ser eleito presidente da Câmara dos Representantes. O noticiário e agenda locais ficaram novamente em segundo plano.

Às 17h23, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 11,045%, de 10,912% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 subia de 10,69% para 10,90%. A taxa do DI para janeiro de 2027 marcava 11,08%, de 10,88%, e a do DI para janeiro de 2029 avançava a 11,51%, de 11,32%.

As taxas intermediárias abriram 20 pontos-base no meio da tarde com a do DI para janeiro de 2027 voltando a rodar acima de 11%. A curva local replicou o estresse nos títulos do Tesouro norte-americano, que já operavam com alta expressiva desde manhã após dados de atividade nos Estados Unidos acima do esperado. Tanto a produção industrial quanto as vendas do varejo de agosto superaram o consenso, reforçando a ideia dos juros elevados por tempo prolongado e até resgatando apostas em nova alta pelo Federal Reserve no curto prazo.

No fim da manhã, houve alguma descompressão dos prêmios de risco com a melhora do câmbio e as taxas chegaram a zerar a alta e oscilar em torno dos ajustes anteriores, mesmo com a manutenção da pressão nos Treasuries.

Na segunda etapa, os yields ampliaram o movimento, após o revés republicano, e os DIs retomaram o avanço. Jim Jordan recebeu 200 votos, mas não obteve o apoio da maioria dos 435 deputados, o que mantém a Câmara dos Representantes paralisada. “Volta a preocupação sobre o shutdown da máquina pública na medida em que vai se aproximando novamente a necessidade de um novo acordo orçamentário”, explica a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.

As dificuldades políticas tornam ainda mais distante a possibilidade de uma solução definitiva para o Orçamento e, com isso, os EUA têm vivido de acordos de curto prazo que trazem volatilidade aos ativos e reforçam a incômoda situação fiscal do país. O atual acerto tem validade até 17 de novembro.

No fim da tarde, a taxa da T-Note de 2 anos estava em 5,20%, mas na máxima chegou a 5,22%. A T-Note de 10 anos projetava taxa de 4,83%, com máxima em 4,86%. A avaliação dos profissionais é de que em tais níveis a curva americana causa grandes estragos na estrutura a termo local que, não só pela escalada das taxas mas também pelo giro robusto, parece ter sido penalizada por movimentos de stop loss. Nas mesas de renda fixa, profissionais relatam também a intensa atuação de um único player, que pode ter puxado boa parte do movimento no começo da tarde.

Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Wealth Management, considera que, mais do que os potenciais impactos econômicos da tensão no Oriente Médio, “neste momento, o principal risco para a economia mundial é a elevação dos juros longos nos Estados Unidos”. “É muito difícil avaliar até onde essas taxas podem subir, mas a experiência nos ensina que, se essa tendência se mantiver, problemas podem surgir. Toda cautela é pouca”, afirma, em relatório.

O estresse atingiu também os contratos de curto prazo, reforçando a ideia de que os riscos vindos da política monetária nos EUA inviabiliza espaço para uma aceleração do ritmo de cortes da Selic. Se fosse só pelo cenário local, o quadro poderia ser diferente, dados os sinais de que o aperto monetário já concluído pelo Copom está produzindo efeitos. O volume de serviços prestados em agosto caiu 0,9% ante julho, mais do que apontava o piso das estimativas da pesquisa do Projeções Broadcast (-0,8%). O dado mal conseguiu aliviar as taxas no começo da sessão, porque logo na sequência foram divulgadas as vendas do varejo nos EUA.

As declarações do diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, em evento da Moody’s, foram monitoradas, sem influência sobre os negócios. Ele disse hoje que o cenário externo vem sendo, desde agosto, predominante na precificação de ativos. Na avaliação dele, o ceticismo do mercado quanto à promessa do governo de zerar o déficit primário, como previsto no orçamento do ano que vem, parece já estar incorporado nos preços. Por outro lado, a situação das economias emergentes ficou mais difícil com os títulos públicos dos Estados Unidos, os Treasuries, pagando 5,5% nos vencimentos curtos

BOLSA

Vindo de leve ganho de 0,67% na abertura da semana, o Ibovespa se reaproximou hoje do limiar de 117 mil pontos durante a sessão, mas não encontrou fôlego para se descolar do sinal negativo de Nova York à tarde, em meio à retomada de pressão sobre os rendimentos dos Treasuries após nova rodada de dados sobre a economia americana mais fortes do que o esperado, divulgados ainda pela manhã, e com o imbróglio político em Washington, ante a persistência de impasse sobre quem presidirá a Câmara de Representantes.

Assim, o índice da B3 encerrou o dia em baixa de 0,54%, aos 115.908,43 pontos, tendo chegado no melhor momento aos 116.916,68 pontos, então em leve alta de 0,33%, com mínima a 115.563,93 e abertura aos 116.526,43 pontos na sessão. O giro desta terça-feira subiu um pouco, para R$ 21,2 bilhões. No mês, o Ibovespa ainda cai 0,56%, mas sobe 0,13% na semana. No ano, avança 5,63%.

“Os dados americanos mais fortes – hoje, sobre a produção industrial e as vendas do varejo – reforçam a perspectiva de juros americanos altos por mais tempo, o que suga dinheiro do resto do mundo, puxando o dólar e resultando também em queda da Bolsa, que subia mais cedo”, diz Gabriel Meira, economista e sócio da Valor Investimentos.

Nesse contexto, a percepção de que a política monetária na maior economia do mundo tende a permanecer em nível restritivo por longo tempo se combina, agora, a uma segunda frente de incerteza sobre a geopolítica: a guerra no Oriente Médio contra o Hamas, um front que se abre cerca de um ano e oito meses após outro conflito ainda sem solução, entre Rússia e Ucrânia, com efeitos em ambos os casos para os preços de commodities, principalmente as de energia.

“Tivemos semanas bem conturbadas por conta do estresse nos yields dos Treasuries, especialmente nos vencimentos mais longos, o que se refletiu na curva doméstica. Depois, os rendimentos por lá cederam um pouco, o que ajuda aqui também, inclusive a Bolsa. A guerra tem um impacto direto caso venha uma escalada no conflito, com consequências especialmente para commodities como o petróleo, que vai ser uma ‘proxy’ importante para o que está acontecendo na geopolítica”, diz Lucca Ramos, sócio da One Investimentos.

“Hoje os dados do varejo americano vieram um pouco acima do esperado para setembro, e as curvas de juros, tanto a ponta curta como a longa, viraram para cima na sessão, após esses dados”, observa Alan Soares, analista da Toro Investimentos. “Nessa mesma pegada, de virada, o dólar futuro subia ainda pela manhã”, acrescenta o analista, referindo-se a movimento que chegou a prevalecer também em certos momentos do meio para o fim da tarde, com a moeda à vista, negociada a R$ 5,01 na mínima do dia, ficando pouco abaixo da estabilidade (-0,04%) no fechamento, a R$ 5,0353 – na máxima, atingiu R$ 5,0658 nesta terça-feira.

“Antes da abertura, o dia era de expectativa positiva para a Bolsa, com a Petrobras trazendo resultados de produção recorde para petróleo e gás, em momento no qual a commodity tem buscado permanecer perto da marca de US$ 90 por barril”, diz Soares.

“A petrolífera informou ontem que produziu 3,98 milhões de barris de óleo equivalente (boe) por dia durante o terceiro trimestre de 2023 – um aumento de 7,8% em relação aos três meses anteriores, o que animou os investidores”, observa Vanessa Naissinger, especialista da Rico Investimentos.

Dessa forma, mesmo com o petróleo em viés de baixa na maior parte desta terça-feira – mas em alta no fechamento em Londres e Nova York -, Petrobras ON e PN tiveram desempenho positivo, com ganho respectivamente de 2,27% e 2,70%, em máxima do dia para a preferencial no encerramento. Ainda assim, o avanço da petrolífera foi insuficiente para carregar o Ibovespa a ganhos na sessão, favorável também para Vale (ON +0,82%). O dia, contudo, foi negativo para a maioria das ações de peso e liquidez na B3, entre as quais os bancos, com Santander (Unit -2,30%) à frente.

Na ponta ganhadora do Ibovespa na sessão, além das ações de Petrobras, destaque também para Gol (+4,28%), 3R Petroleum (+2,11%) e Vamos (+1,05%). No lado oposto, Magazine Luiza (-5,59%), Cielo (-4,32%), Carrefour (-4,21%) e Yduqs (-4,15%).

“A Bolsa se mostrou errática ao longo do dia, chegando a mostrar alguma melhora no início da tarde, com Nova York, quando o mercado se animava um pouco com a possibilidade de não se mexer mais nos juros dos Estados Unidos este ano. Só não foi pior porque Petrobras e Vale ficaram no campo positivo, enquanto varejo e bancos aceleraram queda mais para o final da sessão”, diz Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos. O índice de consumo (ICON) fechou em baixa de 1,53% nesta terça-feira.

No noticiário de Washington, o deputado republicano Jim Jordan não conseguiu obter votos suficientes para ser eleito presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos na primeira votação, nesta tarde, depois que mais republicanos do que o esperado se juntaram aos democratas na recusa de apoiá-lo, preparando a Câmara para outra rodada de votação e novas incertezas sobre o caminho a seguir. Nenhum candidato obteve maioria dentre os 435 deputados. Jordan obteve 200 votos.

No Oriente Médio, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, cancelou participação na reunião com o presidente americano, Joe Biden, e com outros líderes do Oriente Médio, disse um oficial palestino de alto escalão sob condição de anonimato, conforme relato da agência Associated Press. O encontro estava agendado para esta quarta-feira. Abbas decidiu não comparecer em protesto contra suposto ataque aéreo israelense a um hospital em Gaza que, segundo autoridades de saúde do Hamas, matou mais de 500 pessoas.

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 115908.43 -0.53669

Máxima 116916.68 +0.33

Mínima 115563.93 -0.83

Volume (R$ Bilhões) 2.12B

Volume (US$ Bilhões) 4.21B

17:37

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 115790 -0.54969

Máxima 116965 +0.46

Mínima 115560 -0.75

CÂMBIO

Após a queda de 1,01% ontem, o dólar apresentou comportamento volátil hoje, com trocas de sinal ao longo do dia, em meio à divulgação de indicadores fortes da economia americana e dúvidas sobre os desdobramentos geopolíticos da guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas. Com mínima a R$ 5,0105 e máxima a R$ 5,0658, ambas registradas pela manhã, a moeda encerrou a sessão desta terça-feira, 17, cotada a R$ 5,0353, em queda de 0,04%.

No exterior, o índice DXY operava no fim do dia em ligeira baixa, com leve perda do dólar em relação ao euro. Na comparação com as principais divisas emergentes e de países exportadores de commodities, a moeda americana apresentava comportamento misto. Entre pares latino-americanos do real, o dólar subia em relação ao peso mexicano, mas mostrava recuo firme ante os pesos chileno e colombiano.

Após a onda de apetite ao risco ontem, o ambiente externo se mostrou hoje mais conturbado. Houve nova rodada de estresse das taxas dos Treasuries. A taxa da T-note de 10 anos voltou a superar o nível de 4,80%, com máxima em 4,86%. A alta das taxas teve início pela manhã com a leva de dados dos EUA e se acentuou à tarde diante de impasse político no Congresso americano. As vendas no varejo americano subiram 0,7% em setembro, bem acima das expectativas (0,3%). Já a produção industrial avançou 0,3% em setembro, enquanto a previsão era de queda de 0,1%.

Nos EUA, o deputado republicano Jim Jordan, aliado do ex-presidente Donald Trump, não conseguiu obter votos suficientes para ser eleito presidente da Câmara dos Representantes dos EUA – o que eleva as incertezas em relação a um acordo sobre o Orçamento para evitar o risco de paralisação do governo (shutdown) em novembro. Isso em um momento no qual o Tesouro americano aumenta a emissão de títulos e tem que rolar a dívida pagando juros mais elevados.

O head de gestão da Nova Futura Asset, Christian Lupinacci, observa que o real se comportou melhor que outros ativos locais, uma vez que o Ibovespa recuou e as taxas de juros futuros apresentaram alta firme. Ele ressalta que os fundos multimercados nacionais ainda carregam posições expressivas “vendidas” em dólar no segmento futuro (que ganham com a baixa da moeda americana), o que dá certo suporte ao real.

“Houve um estresse pela manhã com as vendas no varejo nos EUA e no meio da tarde com Treasuries, mas o dólar voltou a cair. Temos pontos favoráveis ao real, como balança comercial muito forte e a percepção de que o Banco Central brasileiro não vai acelerar o ritmo de cortes da Selic”, afirma Lupinacci, acrescentando que a preservação de taxa real doméstica elevada, dado o arrefecimento da inflação, tende a atrair fluxo estrangeiro.”Fazer grandes previsões de tendência com juro longo americano em alta e a guerra é dar um tiro no escuro. As alocações têm que ser mais de curto prazo. Com dólar abaixo de R$ 5,05, eu sou comprador”.

Nos EUA, houve ligeiro recuo das chances de manutenção da taxa básica americana na reunião de política monetária do Banco Central em novembro, da casa de 93% para pouco menos de 90%. O presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin, disse que vê “progresso” na luta contra a inflação e uma economia “bem mais avançada no processo de normalização da demanda do que muitos indicadores diriam”.

Além das apostas em torno do aperto monetário e do risco de um shutdown nos EUA , pesa sobre os mercados a incerteza geopolítica. Notícias de bombardeio a hospital na Faixa de Gaza com morte de civis acirraram os ânimos. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, cancelou sua participação na reunião com o presidente americano, Joe Biden, e com outros líderes do Oriente Médio. Teme-se ainda que o Irã, principal aliado do Hamas, passe a ter um envolvido direto no conflito, o que poderia suscitar ação militar direta dos EUA.

“O dia foi de volatilidade elevada, com pressão pela manhã com dados americanos. Em seguida o dólar chegou a se aproximar da marca psicológica de R$ 5,00 na mínima, mas logo retomou o movimento de alta e chegou a superar R$ 5,05”, afirma o operador Thiago Lourenço, operador da Manchester, que vê possibilidade de uma pressão maior vendedora caso o PIB chinês do terceiro trimestre, que será divulgado hoje à noite, surpreenda para cima. (Antonio Perez – [email protected])

17:37

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.03530 -0.0377 5.06580 5.01050

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5046.500 -0.05941 5076.000 5020.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5061.000 -0.25621 5067.000 5044.000