POWELL DIZ QUE MARÇO É CEDO DEMAIS PARA CORTE, LEVA CAUTELA A NY E APARA GANHO LOCAL

O corte de juros nos Estados Unidos virá, mas março é cedo demais para ele ocorrer. Foi essa a
mensagem que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, emitiu na coletiva após a
decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) manter os Fed Funds na faixa de 5,25% a
5,50%. O comunicado veio cheio de mudanças redacionais, mas ainda deixava alguma dúvida
para os observadores do Fed. Powell demorou, mas as sanou na coletiva. Reconheceu que os
juros serão reduzidos em algum momento neste ano, mas isso ocorrerá até que o Fomc tenha
confiança na inflação contida de modo sustentável. O presidente do Fed ponderou que não é
provável que essa confiança seja suficiente para a reunião de março e, assim, levou cautela aos
mercados externos. As bolsas de Nova York tiveram perda forte, com pressão ainda maior no
Nasdaq, já penalizado desde cedo por balanços ruins do setor de tecnologia. O dólar subiu ante
as moedas fortes e os juros dos Treasuries desaceleraram a queda. Aqui no Brasil, os recados
de Powell serviram para amenizar o alívio que os ativos locais estavam tendo desde a manhã. O
Ibovespa reduziu os ganhos a 127.752,28 pontos no fechamento, ainda em alta de 0,28%. O
dólar futuro, que captou melhor as falas cruciais de Powell do que o à vista, que fechou às 17h
em R$ 4,9374(-0,16%), opera perto da estabilidade aos R$ 4,96. Nos juros futuros, o ritmo de
queda diminuiu. Aqui, atenções voltadas também para a decisão do Copom de logo mais,
quando o Banco Central deve reduzir a Selic em 0,50 ponto porcentual e sinalizar manutenção
de cortes de mesma magnitude nas próximas reuniões.
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•BOLSA
•CÂMBIO
•JUROS
MERCADOS INTERNACIONAIS
Depois de semanas de alertas de vários dirigentes, Wall Street parece enfim ter escutado
quando o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, disse não esperar cortes de
juros em março. O comentário na coletiva de imprensa, somado a algumas alterações no
comunicado de juros do Fed, deram um viés hawkish à decisão de manutenção da taxa básica
anunciada nesta tarde. O resultado foi precificações mais contundentes no cenário da reunião
de março, para a qual agora se tem probabilidade de mais de 60% de Fed deixar as referências
de política monetária inalteradas. Com isso, as bolsas de Nova York sofreram pressão e o
Nasdaq recuou mais de 2%, enquanto o dólar ganhou força e os juros dos Treasuries reduziram
perdas neste fim da tarde.
A manutenção de juros no nível atual já era amplamente esperada pelo mercado. O
comunicado da decisão trouxe algumas mudanças em relação ao da reunião anterior, como a
retirada de trecho que mencionava possível necessidade de aperto adicional.
Outros ajustes foram vistos por alguns analistas como tendo uma inclinação hawkish. O Fed
alterou, por exemplo, a avaliação sobre o desempenho da economia dos Estados Unidos de
“desacelerou” para “tem se expandido em ritmo sólido”. Além disso, acrescentou um aviso de
que não espera que seja apropriado cortar juros até que tenha maior confiança de que a
inflação está caminhando de forma sustentável à meta de 2%.
Na avaliação do diretor de investimentos da gestora norte-americana Global X ETFs, Jon Maier,
esses trechos sugerem um grau de cautela pela parte do Fed, “indicando que, embora os cortes
de juros estejam previstos no horizonte, não são iminentes”.
Essa percepção foi reforçada depois que Powell disse que reduzir juros em março seria cedo
demais. A chance de o Federal Reserve (Fed) manter juros em março ultrapassou 60% após a
afirmação, depois de ter oscilado na casa dos 40%-50% desde o início do ano. No fim desta
tarde, o monitoramento do CME Group indicava probabilidade de 64,5% de manutenção dos
juros, contra 35,5% de relaxamento.
Com a expectativa de política restritiva por mais tempo do que se esperava do que antes se
esperava, as bolsas de Nova York fecharam em baixa. As ações de tecnologia enfrentaram
particular pressão, após balanço mal recebido da Alphabet. O Dow Jones fechou com queda de
0,82%, aos 38150,30 pontos; o S&P 500 recuou 1,61%, aos 4845,65 pontos, e o Nasdaq cedeu
2,23%, aos 15164,01 pontos.
Já o dólar exibiu recuperação ante rivais, após operar em baixa durante boa parte do dia. Por
volta das 18h (de Brasília), o dólar caía a 147,33 ienes, o euro recuava a US$ 1,0803 e a libra
tinha queda a US$ 1,2666. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes,
registrou queda de 0,12%, a 103,274 pontos
Outros analistas, no entanto, ponderaram que o Fed reconheceu que deverá baixar suas taxas
de política monetária em 2024 e que retirou a parte do comunicado que falava na possibilidade
de novos aumentos – indicando que já chegaram ao pico. O ING disse que mantém sua previsão
de o afrouxamento começar em maio, apontando que Powell reforçou que os juros nos EUA
estão em território restritivo. O Wells Fargo é outro que projeta o primeiro corte para maio,
estimando redução acumulada de 125 pontos-base ao longo do ano. O Commerzbank
destacou que o Fed está “abrindo a porta para cortes de juros, mesmo que primeiro queira ter
mais certeza de que a inflação foi realmente derrotada”.
Talvez por isso os retornos dos Treasuries terminaram o dia em baixa, ainda que com perdas
menores do que as vistas antes do anúncio do Fed. Mais cedo, o viés negativo já havia sido
dado pela divulgação do relatório ADP, que mostrou criação de empregos no setor privado
aquém do esperado, além do relatório de refinanciamento do Tesouro dos EUA. Na marcação,
o juro da T-note de 2 anos caía a 4,221%, o da T-note de 10 anos baixava a 3,953% e o do Tbond recuava a 4,194%.
Outro destaque da conferência com Powell foi a afirmação de que o debate sobre as
participações em títulos do banco central está “começando a entrar em foco”. Ele afirmou que
os dirigentes planejam iniciar discussões aprofundadas sobre a redução no balanço na próxima
reunião, que acontece em março. Powell destacou que este processo “ainda está no início”,
mas que não vê necessidade de a recompra reversa ser cortada a zero sem que haja uma
redução gradual.
BOLSA
Hoje na contramão de Nova York, o Ibovespa teve um respiro nesta última sessão de janeiro,
embora em alta enfraquecida no fechamento a 0,28%, aos 127.752,28 pontos, em fim de mês
no qual equilibrou dias de recuperação (ao todo, 10) e recuo (12). O sinal negativo, contudo,
mostrou-se mais agudo no intervalo, tendo em vista o nível recorde de 134,1 mil pontos em
que o índice havia encerrado dezembro – movido pela expectativa global, que prevalecia então,
de que o Federal Reserve começaria a cortar juros já em março, e não em maio ou além.
Assim, neste janeiro de relativa frustração de expectativas, o índice da B3 acumulou perda de
4,79%, a maior para o mês desde o recuo de 6,79% na abertura de 2016 – foi também a pior
retração mensal desde a queda de 5,09% em agosto passado. Hoje, com as atenções dos
investidores concentradas à tarde nos sinais do Federal Reserve sobre a orientação da política
monetária nos Estados Unidos, o Ibovespa oscilou entre 127.326,08 e 129.558,45 pontos
(+1,69%, limitando então a perda do mês a 3,45%, o que não se confirmou afinal), com
abertura a 127.401,93 na sessão.
Ainda que com menor vigor em direção ao encerramento, com a acentuação de perdas vista
em Nova York perto do fim do dia, “boa parte da alta de hoje veio de correção técnica [na B3]
depois de um mês em baixa, em que o Ibovespa chegou a cair 5% em janeiro, com fluxo de
saída do investidor estrangeiro”, diz Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7
Capital.
“Até ontem, dia 30 de janeiro, o Ibovespa caía 5,1%, negociado a um múltiplo P/L de 9,2. No
mês, houve saída relevante de capital estrangeiro, com as máximas históricas dos índices S&P
500 e Dow Jones, em Nova York, e a forte recuperação dos papéis de tecnologia na Nasdaq.
Somado a isso, dados econômicos fracos e perspectivas piores para a China afetaram
diretamente o Ibovespa, já que os papéis ligados a commodities têm peso preponderante na
Bolsa brasileira”, observa Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side
Investimentos.
Na ponta da carteira teórica na sessão, destaque para o salto em Soma (+16,81%) e Arezzo
(+12,09%) após a confirmação, em fato relevante, de conversas entre as empresas sobre junção
de operações – o que poderá envolver a unificação das bases acionárias, em companhia única
com governança compartilhada. Outros nomes associados ao ciclo doméstico também foram
bem na sessão, como Magazine Luiza (+6,06%), Cielo (+5,07%), Locaweb (+4,00%) e Casas
Bahia (+3,82%).
“Magazine Luiza também seguiu em alta refletindo o otimismo quanto à oferta de ações, em
que os controladores irão garantir um aporte de R$ 1 bilhão. Já a alta de Casas Bahia pode ser
explicada por boa parte de posições ‘short’ [vendidas] sendo cobertas antes do comunicado do
Copom [nesta noite] – além de que a empresa quer emitir mais R$ 1 bilhão, com Bradesco e
Banco do Brasil ancorando a oferta”, acrescenta Fernandes, da A7 Capital.
O dia na B3 também foi positivo para os grandes bancos, como Itaú (PN +1,08%) e Bradesco
(ON +0,29%, PN +0,52%), à exceção de Santander (Unit -1,88%) que ontem havia subido 1%, na
contramão do setor, e hoje caiu após o balanço trimestral.
No segmento de commodities, Petrobras chegou a se descolar do sinal negativo do petróleo na
sessão – reforçado no começo da tarde por inesperado aumento nos estoques semanais dos
Estados Unidos -, mas fechou sem direção única, com a ON em leve baixa de 0,02% e a PN em
alta de 0,32%. Vale ON, por sua vez, manteve o viés negativo que prevaleceu ao longo do mês,
encerrando o dia na mínima da sessão, em baixa de 1,48%, a R$ 67,76, e acumulando perda de
12,23% em janeiro.
“O PMI industrial da China, que veio mais fraco, manteve o setor de mineração e siderurgia na
contramão do dia, ainda sendo descontado”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da
Veedha Investimentos. Além da Vale, destaque para recuo de 1,01% em CSN e de 1,08% em
Gerdau. Na ponta vendedora do Ibovespa na sessão, além de Santander Brasil, presença de
RaiaDrogasil (-3,62%) com o rebaixamento da recomendação do Citi, de neutra para venda, e
Assaí (-2,78%). Também vieram entre as maiores perdedoras do dia as ações de Carrefour (-
2,07%) e WEG (-1,97%).
Na B3, o giro financeiro subiu para R$ 27,1 bilhões nesta superquarta de decisões sobre juros
nos Estados Unidos e no Brasil – daqui a pouco, será a vez de o Copom deliberar sobre a Selic, a
qual se espera que seja reduzida, hoje, de 11,75% para 11,25% ao ano. Nesta tarde, o comitê
de política monetária do Fed, o Fomc, manteve conforme o previsto a taxa de juros de
referência no nível de 5,25% a 5,75% ao ano, por unanimidade.
O comunicado sobre a decisão do Fed incluiu, entre as novidades, um alerta de que o BC
americano não espera que seja apropriado cortar juros até que se tenha maior confiança de
que a inflação ao consumidor está caminhando de forma sustentável em direção à meta de 2%.
Assim, pela ferramenta do CME, a chance de manutenção de juros em março voltou a ser
precificada como a mais provável pelo mercado, passando de 43,6% antes do comunicado,
para 52,8% por volta das 16h10. E a probabilidade de corte naquele mesmo mês recuou de
56,4% para 47,2%.
Por sua vez, o cenário de corte de 150 pontos-base a serem acumulados até o fim de 2024
ficou um pouco menos provável – passando de 39,5% para 38,8% -, mas ainda é a principal
aposta dos investidores, reporta a jornalista Maria Lígia Barros, do Broadcast.
“O comunicado do Fed veio ainda bem conservador: seguiu comentando que a inflação cedeu,
mas ainda não pode se desligar. Foi positivo ter retirado o trecho sobre possível aperto
monetário adicional, mas negativo ter mudado a parte que falava sobre a economia
desacelerar, mencionando agora que a ‘economia se expandiu em ritmo sólido'”, observa
Marcelo Oliveira, CFA e co-fundador da Quantzed.
Nesta última sessão de janeiro, o dólar fechou o dia em baixa de 0,16%, a R$ 4,9374. À vista,
havia se acomodado a R$ 4,85 no fechamento de 2023, em queda de 8% ao longo do ano
passado, a maior baixa em sete anos. Tal ajuste refletia, então, tanto a relativa melhora da
percepção fiscal doméstica como a redução dos custos de crédito lá fora – combinação que
contribuiu para aumento de fluxo de recursos estrangeiros para a Bolsa a partir de novembro,
com o fechamento na curva de juros futuros. Dessa forma, o Ibovespa, na moeda americana,
encerrou 2023 aos 27.647,67 pontos.
Agora, ao fim de janeiro de 2024, o índice da B3, em dólar, está em 25.874,40 pontos,
refletindo a alta de 1,73% da moeda americana no mês, frente ao real, e a queda de 4,79%
acumulada pelo Ibovespa nesta abertura de ano. Em dólar, o Ibovespa havia terminado
novembro a 25.905,58 pontos, superando então o ponto mais alto de 2023, no fim de julho, a
25.783,48 pontos, e também o ponto mais forte, em junho de 2021 (25.496,99), do período de
recuperação iniciado em março daquele ano, ainda no contexto da pandemia.
18:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 127752.28 0.27509
Máxima 129558.45 +1.69
Mínima 127326.08 -0.06
Volume (R$ Bilhões) 2.71B
Volume (US$ Bilhões) 0
18:28
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 127960 0.235
Máxima 130050 +1.87
Mínima 127520 -0.11
CÂMBIO
Em pregão instável e marcado por trocas de sinal, o dólar à vista se firmou em baixa na reta
final dos negócios em meio a declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell,
após a decisão do Banco Central americano de manter a taxa básica inalterada. Com máxima a
R$ 4,9660 e mínima a R$ 4,9364, ambas registradas pela manhã, a moeda encerrou a sessão
cotado a R$ 4,9374, em baixa de 0,16%. Apesar do refresco hoje, a divisa ainda sobe 0,54% na
semana e encerra janeiro com ganhos de 1,73%.
A instabilidade do dólar em boa parte do pregão refletiu tanto o ambiente de cautela à espera
da decisão do Fed quanto questões técnicas, como a rolagem de posições futuras e a disputa
pela formação da última taxa ptax de janeiro, com a tradicional queda de braço entre
“comprados” e “vendidos”. Habitualmente divulgada por volta das 13h, a taxa ptax saiu pouco
depois das 15h, em razão da operação padrão dos servidores do Banco Central. Mais líquido a
partir de hoje, o contrato de dólar futuro para março apresentou giro expressivo, superior a
US$ 20 bilhões.
“O pregão foi marcado pela briga pela formação da Ptax, com os ‘comprados’ aparentemente
conseguindo uma taxa forte, de R$ 4,9535″, afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora,
Reginaldo Galhardo, para quem, além da influência externa, o dólar ainda carrega um prêmio
relevante por conta do risco fiscal doméstico.
Como esperado, o comitê de política monetária do Fed (Fomc, na sigla em inglês) manteve a
taxa básica no intervalo entre 5,25 e 5,50% ao ano. Houve algumas mudanças no comunicado
que chamaram a atenção. Depois de afirmar em dezembro afirmou que a economia havia
desacelerado, desta vez a autoridade disse que a atividade crescem em ritmo sólido.
O Fed reconheceu que houve progresso significativo no campo inflacionário, embora a inflação
se mantenha elevada. Apesar de dar sinais de caminhar para um quadro de maior equilíbrio, o
mercado de trabalho segue apertado. O BC americano ainda incluiu no comunicado a
afirmação de que não espera que seja apropriado reduzir os juros até que haja grande
confiança de que a inflação se move de forma sustentável para a meta de 2%.
Após reação amena ao comunicado do Fed, os ativos chacoalharam em meio à fala Powell em
entrevista coletiva. A primeira reação foi positiva, com queda do dólar no exterior e diminuição
das perdas das taxas dos Treasuries.
Powell disse que já há confiança de que a inflação caminha para a meta, após seis meses de
boas leituras de índices de preços, mas que ainda é preciso mais informações positivas para
que o BC americano acumule uma “grande confiança” e comece a cortar as taxas. Segundo
Powell, seria apropriado iniciar um processo de redução em algum momento neste ano,
sentimento compartilhado por quase todos os dirigentes do Fed.
“O mercado se animou no começo do discurso de Powell. Apesar de adotar uma cautela, ele
disse que, se tudo continuar caminhando na direção atual, é provável que haja cortes de juros
neste ano. É mais provável que seja em maio ou junho”, afirma o sócio e head da Nexgen
Capital, Felipe Izac, para quem o Fed ainda espera um “gatilho” mais forte para iniciar o
processo de redução da taxa básica. “Ele comentou que a geração de empregos ainda é forte e
que ajudaria se o mercado de trabalho mostrasse mais moderação”.
Parte do otimismo se desfez, levando o dólar a ganhar força em relação a moeda fortes,
quando Powell disse que não achar provável que o Fed alcance um nível de confiança
suficiente para cortar os juros já em março. Por aqui, o comentário de Powell fez o dólar à vista
reduzir o ritmo de baixa nos minutos finais da sessão e levou o dólar futuro para março a
mostrar instabilidade, alternando leves altas e baixas.
“O principal destaque foi Powell falando que não acha provável cortar juros em março, uma vez
que o mercado estava com uma probabilidade implícita mais alta para isso. Esse fato deu certo
suporte ao dólar”, afirma o diretor de investimentos da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig,
acrescentando que os ativos locais até que reagiram bem, com o Ibovespa se mantendo em
alta apesar das perdas nas bolsas em Nova York, mas que o “cenário merece cautela”.
Ferramenta de monitoramento do CME Group mostrou que as chances de redução de juros em
março passaram de 50% ante das declarações do presidente do BC americano para a casa de
62%. Como consequência, a possibilidade de haver um corte de 25 pontos-base caiu a 37,5%.
Após a forte abertura de postos de trabalho em dezembro revelada ontem pelo relatório Jolts,
hoje a pesquisa o relatório ADP mostrou que o setor privado dos EUA gerou 107 mil vagas em
janeiro, número bem inferior à previsão dos analistas ouvidos pela FactSet (145 mil). Além
disso, houve revisão para baixo do resultado de dezembro, de 164 mil para 158 mil vagas. As
atenções se voltam agora para a divulgação do relatório oficial de emprego (payroll) referente a
janeiro, na sexta-feira
18:29
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 0.00000 0.00000 0.00000
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4954.000 0.0707 4965.000 4947.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4966.500 -0.03019 4978.500 4938.000
JUROS
Os juros futuros terminaram o dia em baixa moderada a partir dos vencimentos intermediários,
numa dinâmica conduzida basicamente pelo ambiente externo, com a reunião de política
monetária nos Estados Unidos no foco. A ponta curta esteve mais engessada, com pouca
oscilação e players evitando definir posições antes do Copom, ainda que a expectativa por
mudanças no comunicado seja baixa.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 9,985%, de
9,986% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 9,69% para 9,66%. O DI para
janeiro de 2027 encerrou com taxa de 9,79%, de 9,86% ontem, e a do DI para janeiro de 2029
passou de 10,32% para 10,23%.
As taxas estiveram em queda desde o começo da sessão, mas após a divulgação do
comunicado do Fed passaram por alguma volatilidade, companhando o sinal de baixa dos
Treasuries. No entanto, enquanto lá as taxas curtas caíram mais do que as longas, por aqui a
curva perdeu inclinação.
Pela manhã, a curva americana já vinha sendo pressionada para baixo com dados mais fracos
da pesquisa ADP, que trouxeram bom presságio para o payroll na sexta-feira. Pouco antes do
resultado do comunicado, os DIs chegaram a renovar mínimas, perderam fôlego após o
comunicado, voltaram a acelerar e depois a desacelerar com a entrevista coletiva do
presidente da instituição, Jerome Powell.
Como amplamente esperado, o Fed manteve o juro na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano, mas
houve reação negativa ao comunicado, dada a avaliação dos diretores de que a economia “tem
se expandido em ritmo sólido”, mudando a linguagem vista no comunicado de dezembro, no
qual afirmavam que a atividade havia desacelerado.
“No entanto, o Comitê julgou que os riscos para atingir o seu duplo mandato de inflação e
desemprego passaram a ficar mais alinhados, o que é uma outra forma de dizer que os
membros estão mais confiantes na ocorrência do cenário de um ‘pouso suave'”, afirma Lucas
Farina, analista econômico da Genial Investimentos.
A partir de então, ampliou-se a expectativa pela entrevista de Powell. As declarações
reconhecendo desaceleração da inflação de forma “notável” trouxeram maior alívio às curvas
num primeiro momento, mas, ao mesmo tempo, ele considerou pouco provável que o início do
ciclo de afrouxamento seja na reunião de março. No fim da tarde, o retorno da T-Note de dez
anos, que operou abaixo de 4,00% durante boa parte da sessão, retomava tal patamar.
Para o economista-chefe da nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, a mensagem geral do
Federal Reserve é dovish, embora menos do que o mercado esperava, dada a ênfase de que,
mais do que a atividade, é o comportamento da inflação que vai balizar o processo de alívio
monetário. “O Fed indica que vai cortar a taxa basicamente de olho na inflação, mas será bem
conservador. Deve optar por atrasar o início do ciclo porque quer minimizar o risco de ter de
voltar a subir”, afirmou.
Internamente, a agenda de indicadores trouxe a Pnad Contínua, com a taxa de desemprego
recuando de 7,5% no trimestre até novembro para 7,4% até dezembro. Essa é a menor taxa de
desemprego para um quarto trimestre desde 2014 (6,6%) e veio abaixo da mediana das
estimativas dos analistas, de 7,5%. O dado reforça a ideia de que o ritmo de cortes de juro em
0,5 ponto porcentual é adequado para as próximas reuniões.
“A Pnad trouxe um sinal muito bom para a economia, de queda de desemprego sem
aceleração nos salários. Sugere que é possível haver crescimento sem pressões inflacionárias”,
afirma Borsoi.
Na sua avaliação, embora a perspectiva de curto prazo para o Copom de hoje seja a de um não
evento, com manutenção da sinalização de novos cortes de 0,5 ponto nas próximas reuniões, o
comunicado pode trazer algum debate sobre a taxa terminal. “Há pontos de discussão sobre o
repique da inflação de serviços e o comportamento do juro neutro”, apontou.