POWELL DEIXA FRESTA PARA MAIS JURO E PRESSIONA MERCADOS, MAS BLUE CHIPS SEGURAM BOLSA

Depois de uma primeira reação tímida à manutenção dos Fed Funds entre 5,25% e 5,50%, os mercados esmiuçaram as falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e concluíram que elas indicam que mais juros poderão vir pela frente. Não que houvesse uma mudança substancial em sua comunicação, de viés hawkish e na mesma linha das falas no Simpósio de Jackson Hole, no mês passado. Mas ao dizer que se a economia dos Estados Unidos se mostrar mais forte, o aperto poderá voltar e que as taxas permanecerão em níveis restritivos por um tempo, Powell deu uma senha para subida dos juros dos Treasuries, valorização do dólar e queda das bolsas de Nova York. O juro da T-note de 2 anos avançou a 5,169%, máxima desde 2006. O DXY subiu além dos 105 pontos e os três principais índices americanos cederam, com queda forte do Nasdaq (-1,53%), devido ao peso de tecnologia. Internamente, enquanto os agentes aguardam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) logo mais, o Ibovespa conseguiu permanecer no azul, ainda que longe das máximas. O índice subiu aos 118.695,32 pontos, valorização de 0,72%, com ajuda de ações de bancos (Itaú Unibanco PN +1,69%), Vale (+0,67%) e Petrobras (ON +0,13% e PN +0,23%). O dólar à vista virou nos minutos finais e subiu aos R$ 4,8802 (+0,15%). E os juros futuros exibiam tendência de alta, pressionado pelos Treasuries após o fechamento de Nova York.

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MERCADOS INTERNACIONAIS

O rendimento da T-note de 2 anos renovou máxima desde 2006, após o Federal Reserve (Fed) manter juros, mas sinalizar chance de mais aperto à frente. O presidente da instituição, Jerome Powell, aliás, alertou para a necessidade de manter a taxa básica em nível restritivo para o retorno da inflação à meta, que foi interpretado por analistas como sinal de que os juros ficarão altos por mais tempo. O cenário impôs particular pressão sobre as ações de tecnologia em Wall Street e acarretou em fechamento no vermelho das bolsas de Nova York, com Nasdaq em baixa de mais de 1%. O dólar, por outro lado, se beneficiou nesse contexto e se firmou em alta ante rivais, em detrimento do petróleo.

Durante coletiva de imprensa, Powell ressaltou o comprometimento do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) em chegar à meta de inflação de 2%, mas reconheceu que as expectativas de inflação seguem bem ancoradas e que a política monetária atual já está restritiva. Entretanto, ressaltou que poderá elevar novamente a taxa, caso necessário.

A manutenção dos juros de hoje, considerada como uma pausa “hawkish” pela Pantheon Macroeconomics e pela Edelman Smithfield, ajudou a levar o rendimento da T-note de 2 anos e 10 anos em alta, apesar do juro da T-bond de 30 anos reverter o movimento e chegar ao fim da tarde de Nova York em queda. Por volta das 17h00 (de Brasília), o juro projetado pela T-note de 2 anos subia a 5,169% – na máxima intraday, tocou em 5,195%, maior valor desde julho de 2006, antes da crise financeira global. Já o da T-note de 10 anos, que chegou a renovar máxima desde 2007, subia a 4,372%, enquanto o do T-bond de 30 anos recuava a 4,412%.

O dólar, por sua vez, reverteu perdas e passou a subir. Na visão de André Cordeiro, do Banco Inter, apesar de o mercado não ter sido pego de surpresa com a manutenção dos juros, “está claro que o Fed deseja os juros elevados por mais tempo, frustrando as expectativas de cortes que estavam precificadas para junho de 2024”. Já para o Commerzbank, apesar da pausa, o BC sinaliza estar pronto para outra elevação de juros, apesar de também assumir um “pouso suave” para a economia. Por volta das 17h (de Brasília), o índice DXY, que mede a divisa dos EUA ante seis rivais fortes, avançava 0,20%, a 105,367 pontos, com euro em baixa a US$ 1,0663, o dólar subia a 148,15 ienes, enquanto a libra recuava a US$ 1,2345.

Para as próximas decisões monetárias, o gráfico de pontos do BC mostrou divergência entre os dirigentes sobre o nível da faixa de juros nos próximos meses. Na visão de Ariane Benedito, da Esh Capital, o direcionamento do Fed, principalmente sobre expectativas de inflação, poderá ser ditada a partir da pressão dos preços das commodities, com destaque para o petróleo, “que contamina a precificação de toda a cadeia econômica”.

Já a Oanda defende que o Fed ainda acredita na sua capacidade de alcançar um pouso suave, mas mais alguns relatórios de inflação mais altos farão com que as apostas de corte nas taxas para 2024 desapareçam. “As taxas mais elevadas não irão desaparecer, pois parece que a resiliência econômica dos EUA veio para ficar”, avalia.

O cenário pesou em empresas de tecnologia e comunicação, que emplacaram as piores perdas entre os 11 subíndices do S&P 500. Segundo a Oanda, “a economia dos EUA está demasiado forte e este ciclo de subida das taxas durará muito mais tempo do que Wall Street deseja”. Assim, o índice Dow Jones caiu 0,22%, o S&P 500 cedeu 0,94% e o Nasdaq teve queda de 1,53%, pressionadas por empresas como Alphabet (-3,12%), Microsoft (-2,40%) e Apple (-2,0%).

Da mesma forma, o petróleo teve queda de quase 1% hoje, “uma vez que a Fed continua determinado a manter a luta contra a inflação até ao final do ano”, avalia a Oanda, mesmo com a queda nos estoques dos Estados Unidos além do esperado pelo mercado, segundo Departamento de Energia do país. O contrato do barril do WTI para novembro fechou em baixa 0,91%, a US$ 89,66 na New York Mercantile Exchange (Nymex). O contrato do Brent para igual mês perdeu 0,86%, a US$ 93,53, na Intercontinental Exchange

BOLSA

Após série de três perdas, o Ibovespa resistiu até certo ponto à piora de sentimento em Nova York após o comunicado sobre a decisão de juros do Federal Reserve, no meio da tarde, mas não o suficiente para conservar, em fechamento, a marca de 119 mil, vista em boa parte da sessão. Ainda assim, encerrou o dia em alta de 0,72%, a 118.695,32 pontos, entre mínima de 117.846,51 e máxima de 119.615,70 na sessão, com giro a R$ 20,1 bilhões, fraco, antes do Copom. Na semana, o índice ensaiou passar hoje ao positivo, mas ainda cede 0,05% no intervalo, com a perda de força no fim da tarde. No mês, ganha 2,55% e, no ano, sobe 8,17%.

Em Nova York, por outro lado, prevaleceu sinal negativo no fechamento desta quarta-feira, com Nasdaq e S&P 500 em baixa, respectivamente, de 1,53% e de 0,94%. Ao fim, o Dow Jones não resistiu à piora dos outros dois índices, em leve baixa de 0,22% no encerramento do dia, após ter se desgarrado mais cedo, como o Ibovespa.

Na B3, desde a manhã, as ações de maior peso e liquidez operaram no positivo, como Itaú (PN +1,69%) e demais grandes bancos (Unit do Santander +1,10%, BB ON +0,89%, Bradesco PN +0,41%), assim como as dos carros-chefes das commodities, com Vale (ON) chegando a acentuar ganho acima de 1% à tarde, embora limitado a 0,67% no fechamento. O dia foi moderadamente positivo também para Petrobras (ON +0,13%, PN +0,23%), apesar do sinal negativo do petróleo na sessão.

Na ponta do Ibovespa, destaque para o salto de 11,68% para as ações da Azul, com a elevação da recomendação do Goldman Sachs para a companhia aérea, de neutra para compra. A sessão também foi positiva para a outra aérea, Gol, em alta de 6,09% no fechamento, entre CVC (+7,62%) e Alpargatas (+4,74%) nesta quarta-feira. No lado oposto, Pão de Açúcar (-5,93%), Braskem (-4,12%) e PetroReconcavo (-2,38%).

Assim, o Ibovespa, que operava com ganho na casa de 1,3% antes do Fed, reagiu pouco à relativa deterioração de Nova York a partir do meio da tarde, com os sinais emitidos pelo BC americano. Entre os principais fatores para a piora de confiança dos investidores lá fora, os dirigentes do Federal Reserve elevaram as projeções para a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 2024 e 2025, no gráfico de pontos (“dot plot”), em relação aos patamares indicados no documento anterior, de junho.

Por outro lado, dentre os 19 dirigentes presentes na reunião desta semana do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve, 13 esperam que os juros básicos cheguem ao fim de 2024 em um nível menor que o atual, de 5,25% a 5,50%, faixa que foi mantida pelo comitê na reunião concluída nesta tarde.

Após a decisão, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, destacou que os efeitos totais da política monetária restritiva, adotada pelo BC americano desde março de 2022, ainda serão sentidos. “Continuamos fortemente comprometidos em atingir a meta de inflação de 2%”, reiterou Powell, na entrevista coletiva.

Na avaliação do presidente do Fed, o mercado de trabalho continua forte, mas a demanda e a oferta de vagas estão se ajustando. “Esperamos que o reequilíbrio prossiga”, disse Powell. Ele destacou também que dados econômicos recentes indicam que os gastos dos consumidores permanecem robustos nos EUA. O presidente do Fed também apontou que as expectativas de inflação estão bem ancoradas no país e o processo para levá-la à meta, de forma sustentável, tem um longo caminho à frente.

“Powell disse, ainda, que ao chegar no nível suficientemente restritivo de juros, o Fomc deverá manter as taxas nestes níveis por algum tempo. No entanto, ao ser questionado, ele disse algumas vezes que não necessariamente este nível foi atingido na reunião de hoje. Segundo Powell, o Fed está pronto para voltar a elevar os juros se for necessário, e as decisões continuarão sendo tomadas, decisão após decisão”, aponta em nota Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.

Em outro desdobramento desta tarde, a mediana das projeções do Federal Reserve para a inflação americana, pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), subiu em 2023 e em 2025, mas se manteve em 2024, na comparação com as projeções realizadas em junho.

“Os olhos do mercado se voltarão, agora, aos números do emprego nos Estados Unidos, que têm sido um fator impactante nas decisões [do Fed], dado que o cenário de ‘pleno emprego’ tem alta correlação com a resiliência de dados inflacionários, visto que o poder de compra dos consumidores segue elevado”, observa Guilherme Sahadi, CEO da BullSide Capital.

Nesse contexto, o mercado ainda vê como cenário mais provável a manutenção dos juros do Fed nas próximas reuniões deste ano. Mas o risco de haver pelo menos mais uma elevação cresceu após a decisão monetária do banco central americano, de acordo com dados da plataforma de monitoramento do CME Group.

Por volta das 15h15 (de Brasília), a ferramenta mostrava 68,1% de chance de os juros ficarem estáveis na faixa de 5,25% a 5,50% em novembro. Antes do anúncio, essa possibilidade era de 72%. Já a probabilidade de aumento de 25 pontos-base no período estava em 31,2%, nesta tarde.

O Citi avalia que o Federal Reserve “enviou uma mensagem hawkish sem ambiguidades”, em sua decisão desta quarta-feira e em sua comunicação. O banco destaca, em comentário a clientes, que o BC dos EUA continua a prever uma elevação de 25 pontos-base ainda este ano – e que para o Citi deve ocorrer em novembro. Em suas projeções, o Fed trouxe uma alta de 50 pontos-base na mediana do gráfico de pontos para 2024 e também 2025.

“As bolsas tinham amanhecido de forma mais positiva, com leitura sobre inflação no Reino Unido abaixo do esperado, inclusive no núcleo do índice de preços ao consumidor, que exclui itens considerados mais voláteis. A leitura resultou em divisão do mercado sobre a decisão de juros de amanhã, do Banco da Inglaterra”, diz Gabriela Sporch, analista da Toro Investimentos. (Luís Eduardo Leal – [email protected], com equipe de Internacional do Broadcast)

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 118695.32 0.72089

Máxima 119615.70 +1.50

Mínima 117846.51 0.00

Volume (R$ Bilhões) 2.00B

Volume (US$ Bilhões) 4.13B

17:32

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 119470 0.54705

Máxima 120700 +1.58

Mínima 118980 +0.13

CÂMBIO

Após romper o piso psicológico de R$ 4,85 pela manhã e trabalhar ao longo da tarde em queda moderada, o dólar à vista ganhou fôlego na última hora de negócios e encerrou a sessão desta quarta-feira, 19, em alta de 0,15%, cotado a R$ 4,8802 – nível muito próximo da máxima do dia, a R$ 4,8807, registrada nos últimos minutos do pregão. Esse movimento se deu em meio a ganhos da moeda americana no exterior, em especial em relação a divisas fortes, e a novas máximas das taxas dos Treasuries de 2 anos, enquanto investidores digeriam declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

Como esperado por ala amplamente majoritária do mercado, o BC americano anunciou manutenção da taxa básica na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano, mas manteve a porta aberta para um aumento adicional dos juros, a depender dos indicadores econômicos. No chamado gráfico de pontos, 12 dirigentes do Fed esperam juros entre 5,50% e 5,75% no fim deste ano, ao passo que sete projetam taxa no nível atual.

“O Fed pausou, mas indicou uma alta de 25 pontos-base em novembro. Para 2024, prevaleceu o ‘higher for longer’, taxa de 5,1% até o fim do próximo ano”, afirmou, no X (ex-Twitter), a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, para quem o BC americano traçou em suas projeções um cenário de “perfeito soft landing”, algo desafiador dado o nível da taxa dos Treasuries de 2 anos, acima de 5,10%.

Em seu comunicado, o BC americano disse que a atividade se expande em “ritmo sólido” e que, apesar da perda de fôlego do mercado de trabalho, a taxa de emprego continua baixa e a inflação, elevada. Uma vez mais, o comitê do Fed afirmou que vai levar em conta o efeito cumulativo e defasado do aperto monetário para avaliar se é preciso uma alta adicional de juros. Apesar do tom do comunicado e de revisão para cima de projeções de crescimento e inflação, a reação inicial do mercado foi amena.

Em entrevista coletiva após a decisão, o presidente do Fed reforçou o discurso ‘data dependent’, ou seja, de que vai avaliar os indicadores econômicos no intervalo entre reuniões do BC americano para decidir sobre eventual nova alta dos juros. Powell reconheceu que a atividade tem desempenho superior ao que muitos esperavam diante do aperto monetário. Ele ressaltou que, caso a economia se mostre mais forte do que o projetado, o Fed terá que subir mais a taxa básica – o que acabou alimentando uma alta das taxa dos Treasuries de 2 anos, mais ligada às expectativas para o rumo da política monetária.

Para o diretor de investimentos da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, o tom do comunicado foi duro. Ele chama a atenção para o fato de os integrantes do Fed passarem a prever inflação mais alta, maior crescimento econômico e menor taxa de desemprego. “No fundo, as projeções mostram que o trabalho dele está mais difícil. Powell reforçou que o Fed está data dependent e até deixou a porta aberta nova alta. Mas a mensagem principal é de juro em nível elevado por mais tempo”, afirma Jolig, para quem a reação inicial positiva do mercado causou estranheza.

O Citi avalia que o Fed “enviou uma mensagem hawkish sem ambiguidades”. O banco destaca, em comentário a clientes, que o BC dos EUA continua a prever uma elevação de 25 pontos-base ainda para este ano, que para o Citi deve ocorrer em novembro. A mudança no gráfico de pontos é sinal de que o Fed planeja “manter juros mais elevados por mais tempo”, acredita o Citi.

Lá fora, o índice DXY, que operava em ligeira baixa antes da fala de Powell, trocou de sinal e passou a subir, superando a linha dos 105,317 pontos, com novas máximas do dólar em relação ao euro. A moeda americana também abandonou o sinal negativo que mantinha na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, embora tenha se mantido em leve queda frente a dois pares do real, os pesos chileno e colombiano.

Jolig vê a possibilidade de uma piora do apetite ao risco e manutenção de dólar forte no mundo ao longo dos próximos dias, mas descarta a possibilidade de uma depreciação acentuada do real. “O dólar pode subir mais contra as moedas da Ásia, mas as divisas que têm carrego, caso do real, não devem ser muito atingidas”, diz Jolig, para quem o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tende a manter o ritmo de redução da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual por reunião nos próximos meses. (Antonio Perez – [email protected])

17:32

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.88020 0.1478 4.88070 4.84340

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4884.000 0.1538 4888.500 4849.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4880.000 -0.40816 4887.500 4872.500

JUROS

Os juros futuros devolviam durante a sessão o movimento de alta de ontem, mostrando queda nesta “Super Quarta” de decisões do Federal Reserve e do Comitê de Política Monetária (Copom), mas no fim da tarde zeraram o recuo. A curva dos Treasuries, que ontem pressionou as taxas locais para cima, continuou servindo como referência principal, e operou com volatilidade após o comunicado do Fed, com trajetória replicada nas taxas da B3. As curtas tiveram oscilação limitada, uma vez que estão consolidadas as apostas no corte de 0,50 ponto porcentual da Selic esta noite. O mercado aguarda o comunicado para medir as chances de ampliação do ritmo de queda nos próximos encontros.

Às 17h23, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,51%, de 10,48% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026, em 10,21%, de 10,18%. O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 10,45%, de 10,44% ontem no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2029 apontava 10,98%, estável. O DI para janeiro de 2031 passava de 11,29% para 11,28%.

Como esperado, o Fed manteve os juros na faixa de 5,25% a 5,50% e o comunicado veio também relativamente dentro do previsto. O que surpreendeu foi o gráfico de pontos, com revisão para cima nas estimativas para juros em 2024 (de 4,6% para 5,1%) e 2025 (3,4% para 3,9%), em 50 pontos-base.

O quadro indica espaço menor para afrouxamento monetário e taxas em níveis restritivos por um período mais longo. Para 2023, a estimativa permaneceu em 5,6%, indicando novas altas nas próximas reuniões. “Também chamou a atenção o fato de que nas projeções de longo prazo 5 dos 19 votantes veem o juro acima da mediana de 2,5%, o que sugere a possibilidade de um juro de equilíbrio mais alto, algo mais estrutural”, explica Francisco Nobre, economista da XP Investimentos, para quem tal fato é um ponto de atenção.

Na esteira da piora do gráfico de pontos, as taxas longas e intermediárias dos títulos dos EUA passaram a subir, com o yield da T-Note de dez anos chegando ao pico de 4,40%. Na sequência, o movimento foi dissipado pela entrevista do presidente do Fed, Jerome Powell, que não deu ênfase à mudança no gráfico de pontos, optando por repetir o tom das declarações recentes, de que os próximos movimentos estão atrelados aos dados e que o comitê vai avaliar tudo “reunião a reunião”. “Estamos preparados para subir mais os juros, se for preciso”, destacou Powell.

“Nada do que ele disse surpreendeu e não há certeza de que haverá alta adicional. Ao deixar no ar possibilidade de voltar a subir, a ideia é não levar o mercado a apostar prematuramente em cortes”, diz Nobre, para quem, no entanto, “depois dos dot plots” “é considerável” a chance de nova elevação do juro nos EUA este ano.

No fim da tarde, a curva dos Treasuries voltou a piorar. Não somente a taxa da T-Note de dois anos bateu máxima em direção aos 5,20% como o yield da T-Note de dez anos voltou a subir e a mirar os 4,40%. Os DIs foram junto, zerando a queda que vinha prevalecendo desde manhã.

Internamente, o dia não teve agenda relevante. “O mercado local mira o comunicado do Copom, procurando sinais que possam justificar qualquer porta aberta para aceleração do passo”, resumiu o co-gestor da Mesa Institucional de Títulos Públicos da Warren Rena, Luis Felipe Laudisio.

O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, disse que a tendência é o mercado repercutir amanhã logo na abertura o comunicado, especialmente se houver alterações relevantes no balanço de riscos e projeções de inflação. Na precificação da curva, as apostas são majoritariamente de novos cortes de 0,5 ponto nas reuniões restantes em 2023. Para o fim deste ano, os DIs apontavam Selic entre 11,50% e 11,75% e para o fim de 2024, em 9,50%. (Denise Abarca – [email protected])