POWELL DÁ GÁS A APOSTAS DE CORTE EM BREVE PELO FED E IMPULSIONA APETITE AO RISCO

O discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, nesta tarde corroborou a visão do mercado de que a economia dos Estados Unidos está no pico de juros e que, em breve, haverá redução das taxas. Ainda que Powell tenha tentado conter as apostas de relaxamento ao dizer que é prematuro especular quando ele irá começar, o investidor interpretou as falas dele com um viés mais suave. Isso porque ele reconheceu os progressos no combate à inflação e repetiu a tese de que o pouso suave da atividade está em curso. O mercado já vinha embalado mais cedo pelo saldo “dovish” dos discursos de dirigentes do Fed ao longo da semana e viu em Powell um catalisador para o rali. Em Nova York, as bolsas terminaram com ganhos entre 0,55% (Nasdaq) e 0,82% (Dow Jones). Esse último saltou 2,42%% na semana. No Brasil, o Ibovespa fechou na máxima, aos 128.184,91 pontos (+0,67%). É o maior nível de encerramento desde julho de 2021. No mercado cambial, o dólar à vista encerrou a sessão em baixa de 0,70%, cotado a R$ 4,8807, em sintonia com o sinal da moeda ante divisas emergentes. Os juros futuros recuaram, em linha com os Treasuries, mas o movimento perdeu fôlego no fim da sessão diante do aumento do desconforto fiscal. Ao Broadcast, o relator da LDO, Danilo Forte, disse que vai rejeitar a emenda do senador Randolfe Rodrigues que limita o tamanho do bloqueio de despesas do Orçamento. Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse em Dubai que desconhecia a objeção de Forte à emenda.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA caíram no primeiro dia de dezembro e o mercado reforçou suas apostas por cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) já em março, depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que os riscos de apertar demais e de menos a política monetária estão equilibrados, mas que seria prematuro especular quando virá um relaxamento. Diante do discurso lido como dovish por analistas, as bolsas de Nova York ganharam impulso e o dólar ficou misto. O petróleo continuou sua trajetória descendente, ainda repercutindo as movimentações da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), que levantaram dúvidas sobre a capacidade do grupo tomar decisões. Hoje, o Brasil assumiu a presidência do G20, e anunciou na COP28 que tem como objetivo a criação de um fundo para arrecadar US$ 250 bilhões para preservar florestas tropicais.

Jerome Powell repetiu mais uma vez que o Fed vai manter os juros em níveis restritivos pelo tempo necessário, e não descartou novas altas nas taxas, mas assumiu que a autoridade monetária será mais cautelosa daqui em diante e, segundo a gestora Navellier, foi um discurso interpretado pelo mercado como “mais do mesmo”, o que acabou por reforçar a tese de cortes prematuros. O BMO concordou com a análise da gestora, e escreve que “Powell foi mais equilibrado do que agressivo, o que, dado o cenário atual, pode sustentar a tese do mercado”.

O BMO avalia que as falas do presidente do Fed em meio a uma semana de dados que apontam para a desaceleração econômica dos EUA fez os rendimentos dos Treasuries cair, com o juro da T-note de 10 anos ficando abaixo de 4,25%, depois de ter atingido 5% na escalada recente que, segundo o banco, já chegou ao fim, e agora vai caminhar de volta para meados de 3%, embora não ouse datar uma previsão. Acompanhando a queda, o BMO pontua que agora o mercado volta as atenções completamente para dados de emprego, visto que na semana seguinte será divulgado o relatório JOLTS de emprego e, na sexta-feira, o payroll, e é muito provável que o mercado continue vendo a trajetória de queda. No fim da tarde em Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos caía a 4,554%, o da T-note de 10 anos baixava a 4,217%, e do T-bond de 30 anos cedia a 4,406%. Nas mínimas intraday, o yield de 2 anos atingiu menor nível desde junho, enquanto os de 10 e 30 anos foram aos valores mais baixos desde setembro.

Assim como os juros, o dólar também foi para baixo hoje, com o índice DXY, que mede a força da moeda americana contra rivais desenvolvidos, caindo 0,28%. O euro, porém, também deu sinais de fraqueza hoje. Segundo o analista da Oanda Craig Erlam, os índices de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês) industriais dos EUA e zona do euro são “desanimadores” e mostram que a recessão do setor industrial de ambos deve permanecer em 2024, visto que tanto este quanto aquele tem dados indicando contração da indústria, o que mostra uma economia em desaquecimento. O analista do City Index Matt Weller explica que a semana de calmaria no Reino Unido bastou para a libra, visto que a zona do euro e os Estados Unidos lidaram com uma semana turbulenta. No fim da tarde de Nova York. Ao fim da tarde, o dólar caia a 146,87 ienes, o euro recuava a US$ 1,0880 e a libra tinha alta a US$ 1,2705.

As bolsas de Nova York ganharam impulso com Powell e os dados de atividade nos EUA. Os três principais índices acionários americanos continuaram o movimento de alta hoje, depois de fecharem novembro como o melhor mês do ano. O avanço se deu mesmo com o tombo da Pfizer, que perdeu 5,12% hoje depois de um anúncio que está arquivando parte de sua pesquisa sobre um remédio contra a obesidade. O índice Dow Jones registrou alta diária de 0,82%, a 36.245,50 pontos; o S&P 500 avançou 0,59%, a 4.594,63 pontos; e o Nasdaq subiu 0,55%, a 14.305,03 pontos. Na semana, houve alta de 2,42%, 0,77% e 0,38%, respectivamente.

No cenário geopolítico, a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, e o diretor geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Qu Dongyu, assinaram um documento durante a COP28 que torna mais fácil a cooperação entre as duas instituições para atuarem em conjunto em regiões de interesse. O Brasil anunciou planos de criar o Fundo Floresta Tropical para Sempre, que visa levantar US$ 250 bilhões para financiar a preservação de florestas tropicais em cerca de 80 países, e assumiu a presidência do G20.

Ainda na cena geopolítica, a reunião da Opep+ de ontem continuou reverberando nos mercados, com investidores demonstrando preocupação com a unidade do cartel, visto que os países parecem divididos quanto à decisão de cortes na produção. O mercado, segundo a Rystad Energy, está cético com a capacidade do grupo de cumprir a promessa que parte dos países assumiu de, no total, entregar um corte de 2,2 milhões de barris por dia na produção da commodity. O petróleo WTI para janeiro fechou em baixa de 2,49% (US$ 1,89), a US$ 74,07 o barril. O Brent para fevereiro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), caiu 2,45% (US$ 1,98), a US$ 78,88 o barril. Na semana, tanto o WTI quanto o Brent acumularam perda em torno de 1%.

BOLSA

O Ibovespa iniciou dezembro como encerrou novembro, em alta, ainda amparado pela expectativa de custos de crédito em baixa no ano que está para chegar, ante os sinais de moderação da atividade econômica nos Estados Unidos, como nos PMIs desta sexta-feira, e de que a inflação, embora ainda fora da meta, tem se arrefecido. Com olhar nas declarações desta tarde dos presidentes dos BCs americano (Jerome Powell) e brasileiro (Roberto Campos Neto), o Ibovespa se firmou em alta e, nos melhores momentos, tocou e sustentou os 128 mil pontos, o que se estendeu ao fechamento.

Hoje, saiu de abertura a 127.331,12 pontos e, na mínima, escorregou para os 126.655,67 pontos – no fechamento, na máxima, foi a 128.184,91 pontos, em alta de 0,67%. Com giro financeiro fortalecido como ontem – hoje um pouco abaixo, a R$ 26,8 bilhões -, o índice da B3 encerrou a sessão no maior nível desde 14 de julho de 2021. Após ter concluído novembro com ganho de 12,54%, o maior em três anos, o Ibovespa avançou 2,13% no agregado das últimas cinco sessões, estendendo a série vencedora pela sexta semana – iniciada em outubro, no intervalo a partir do dia 23.

Assim, o Ibovespa mantém a melhor sequência desde os nove avanços semanais consecutivos, entre 24 de abril e 23 de junho deste ano, intervalo no qual havia escalado 14,6 mil pontos. Agora, em nível mais alto do que naquele período, a recuperação chega a 15 mil pontos em tempo menor, o que pode animar os investidores quanto a um rali de fim de ano, iniciado um pouco mais cedo.

Dessa forma, o Ibovespa deu mais um passo de reaproximação à máxima histórica de fechamento, de 7 de junho de 2021, quando foi aos 130.776,27 pontos naquele encerramento. No intradia, a maior marca é da mesma sessão, há quase dois anos e meio, quando o Ibovespa chegou a 131.190,30 pontos.

O Banco Inter estima que o Ibovespa alcançará 142 mil pontos no final de 2024, com a expectativa de “tempos melhores” para a Bolsa no ano que vem. Entre os fatores que tendem a colaborar para este cenário estão a percepção de afrouxamento monetário pelo Federal Reserve (Fed) no próximo ano e de continuidade de recuo da Selic no Brasil, a depender dos avanços fiscais, reportam as jornalistas Maria Regina Silva e Caroline Aragaki, do Broadcast.

“Dados de inflação mais recentes têm mostrado queda na pressão de preços pelo lado da demanda: números mais consistentes em linha com a moderação da atividade nesta reta final de 2023, conforme se viu também em informações como as do Livre Bege desta semana, nos Estados Unidos, que reforçam a percepção de que os BCs não mais precisarão elevar os juros, e poderão cortá-los em 2024”, diz Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos.

Dessa forma, o otimismo do mercado financeiro sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo também disparou no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, a expectativa de alta para o Ibovespa na próxima semana acelerou de 33,33% na pesquisa da semana passada para 71,43%, enquanto, no sentido contrário, as projeções de baixa, que também eram de 33,33%, caíram para 14,29%. A percepção de variação neutra, do mesmo modo, recuou de 33,33% para 14,29%.

Nesta sexta-feira, após indecisão até o começo da tarde, os índices de Nova York se firmaram em direção única, positiva, com destaque para Dow Jones (+0,67%) no fechamento, estabilização que contribuiu para que o Ibovespa segurasse o sinal e ampliasse ganhos no meio da tarde, em dia negativo para o petróleo.

Com perdas acima de 2% para a commodity, Petrobras ON e PN encerraram o dia em baixa de 1,33% e de 0,67%. Os grandes bancos mostraram desempenho misto no fechamento, com Santander (Unit -1,06%) e Itaú (PN -0,22%) em baixa, e leve alta para Bradesco (ON +0,56%, PN +0,31%) e BB (ON +0,20%). No lado ganhador, Vale ON, a ação de maior peso individual no Ibovespa, subiu hoje 1,86%, em dia forte também para outros nomes do setor metálico, como CSN (ON +4,51%) e Usiminas (PNA +4,58%), com a alta perto de 2% para o minério de ferro na China (Dalian), a US$ 139,69 por tonelada no contrato futuro mais negociado, para janeiro de 2024.

Na ponta vencedora do Ibovespa na sessão, Cielo (+7,96%), Magazine Luiza (+7,43%) e Soma (+7,37%). No lado oposto, Klabin (-6,25%), Braskem (-5,85%) e Suzano (-3,76%).

Em discurso nesta sexta-feira, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reiterou que a instituição está comprometida para que a inflação retorne à meta de 2%, mantendo a política monetária em nível restritivo até se ter a confiança de que os índices de preços estão a caminho de atingir a meta.

Ele ponderou que o Fed está agora em posição para agir com cautela daqui para frente, após a rápida escalada de juros a partir de 2022. Na avaliação de Powell, no momento, estão “mais equilibrados” os riscos entre aperto exagerado e arrocho insuficiente. Ainda assim, ressalvou que seria “prematuro” concluir, em definitivo, que a política monetária atingiu nível suficientemente restritivo. E acrescentou ser cedo para “especular” sobre quando o Fed poderá começar a cortar os juros.

“O fato de o discurso de Powell não ter trazido novo tom, mais ‘hawkish’, contribuiu para consolidar expectativas de que os juros básicos não devem mais subir na maior economia do mundo – ao menos por ora. Assim, mesmo sem sinalizar queda adiante, a fala alimentou o apetite por risco, observado nas últimas semanas”, destaca Rachel de Sá, chefe de Economia da Rico Investimentos.

Aqui, falando em paralelo a Powell no exterior, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que, com as variáveis como estão hoje, não há como dar um guidance (indicação) de qual será a taxa Selic terminal – mas que entende que será restritiva. Campos Neto defendeu que o ritmo de cortes de 0,50 ponto porcentual segue apropriado diante do comportamento da inflação corrente, do hiato da atividade e das expectativas de inflação. “Com as variáveis que temos na mão, ainda precisamos de juro em campo restritivo”, disse em almoço anual da Febrabran, em São Paulo

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 128184.91 0.67053

Máxima 128184.91 +0.67

Mínima 126655.67 -0.53

Volume (R$ Bilhões) 2.67B

Volume (US$ Bilhões) 5.44B

18:33

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 128445 0.4929

Máxima 128650 +0.65

Mínima 127075 -0.58

CÂMBIO

Após trocas de sinal pela manhã, o dólar à vista se firmou em baixa e renovou mínima à tarde em meio ao movimento global de desvalorização da moeda americana e à queda das taxas dos Treasuries. Declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sugerindo “pouso suave” da economia dos EUA e cautela na condução da política monetária deram fôlego renovado a divisas emergentes. Uma vez eliminada a perspectiva de alta adicional de juros pelo Fed neste ano, ganha força a especulação em torno do início de processo de cortes, com apostas cada vez mais voltadas para março de 2024.

Com mínima a R$ 4,8689, o dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 1º, em baixa de 0,70%, cotado a R$ 4,8807. Na semana, a moeda recua 0,36%. Pela manhã, a divisa chegou a esboçar um movimento de alta e correu até máxima a R$ 4,9369, movimento atribuído a ajuste de posições no mercado futuro e a remessas para fora do país típicas de fim de ano. No acumulado de 2023, o dólar apresenta desvalorização de 7,56%.

Lá fora, o índice DXY – que mede o comportamento do dólar em relação a seis divisas fortes – também ensaiou uma alta pela manhã, mas começou a perde fôlego no começo da tarde com mais um indicador mostrando moderação da atividade nos EUA. O índice de gerente de compras (PMI) do ISM/Chicago ficou estável em 26,7 pontos em novembro, quando se esperava alta para 47.

A virada de chave veio à tarde com a fala de Powell. O presidente do BC americano disse que o comitê de política monetária da instituição não precisa “agir com pressa”, dados os efeitos defasados da alta de juros, e que a inflação “está indo na direção correta”. Segundo Powell, é possível pôr a inflação rumo à meta de 2% sem impor perdas significativas no nível de emprego e com desaquecimento moderado da atividade – o tão sonhado “pouso suave” dos investidores.

Segundo o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, as declarações de Powell sinalizam “que a política monetária está no lugar certo, selando o fim do ciclo de alta de juros”. Ele observa que presidente do BC americano não fez menção às quedas das taxas dos Treasuries nas últimas semanas, que representam alívio das condições financeiras, nem desautorizou “falas mais dovish” de outros integrantes do Fed.

Plataforma de monitoramento do CME Group mostra que as chances de que o BC americano inicie um processo de redução dos juros em março superaram 61% após a fala de Powell. As apostas giram em torno de ciclo de cortes total ente 100 e 125 pontos-base nos Estados Unidos em 2024.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, prevê dados mais fracos da economia americana nos próximos dos trimestres e ressalta que a política monetária nos EUA tem efeitos desasados mais demorados do que em países emergentes como o Brasil. Esse quadro sugere que o Fed já encerrou o ciclo de aperto monetário e pode antecipar o movimento de queda para o primeiro semestre do próximo ano.

“Tivemos uma mudança estrutural de cenário em novembro com dados mais amenos de inflação nos EUA. Essa dinâmica ajudou a promover uma valorização das moedas emergentes como o real”, afirma Velho, ressaltando que há um retorno do fluxo de estrangeiros para a Bolsa brasileira, que se beneficia também do processo de redução da taxa Selic. “Mais da metade de entrada de estrangeiro para a bolsa no ano foi em novembro”.

Dados da B3 mostram que no mês passado, até o dia 29, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 18,48 bilhões na bolsa local. No acumulado do ano, as entradas líquidas de capital externo soma R$ 24,848 bilhões.

Em almoço anual da Febraban, em São Paulo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que o ritmo de redução da Selic em 0,50 ponto porcentual por reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) segue apropriado. Ele disse que não faz projeções para a taxa terminal, mas que, mesmo no fim do ciclo de cortes, a política monetária seguirá em terreno restritivo.

Ontem, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, relatou que, em conversas recentes, tem percebido no mercado um sentimento de que haveria espaço para acelerar os cortes de juros – no que foi interpretado por uma ala dos investidores como um sinal de que o BC já consideraria um ritmo mais forte de redução da Selic.

“Uma queda mais forte da Selic poderia impulsionar o dólar. Mas não é o caso agora porque o ciclo de cortes já está bem precificado e o cenário externo é preponderante”, diz Velho, que, por ora, vê o mercado complacente com a questão fiscal. “O governo reforçou o compromisso com a meta de déficit zero, mas podemos voltar a ter um estresse lá por março, com a provável mudança de meta e a falta de disposição do governo de fazer contingenciamento”.

Hoje à tarde, o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Danilo Forte (União-CE), informou ao Estadão/Broadcast que vai rejeitar a emenda do senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) que limita o tamanho do bloqueio de despesas do Orçamento. Forte negou que em conversa telefônica com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha dito que era improcedente a informação de que rejeitaria a emenda Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso.

Como revelou o Estadão/Broadcast, na semana passada, consultores da Câmara e Senado alertaram que a interpretação da regra de contingenciamento só poderia ser feita alterando o arcabouço, que foi criado por uma lei complementar. Já a LDO é uma lei ordinária. “Não quero ser responsável pelo desequilíbrio financeiro do País e nem pela insolvência fiscal”, disse o relator.

18:32

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.88070 -0.7019 4.93690 4.86890

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4895.000 -0.9911 4950.500 4882.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4956.434      

JUROS

O ambiente externo continuou ditando a dinâmica da curva de juros em boa parte da sessão desta sexta-feira. Assim como ontem, o mercado ensaiou uma realização de lucros pela manhã, com avanço das taxas, mas o movimento não prosperou. A correção da alta se dissipou à tarde, com a aceleração do recuo dos rendimentos dos Treasuries e do petróleo, que colocou as taxas locais novamente em queda. O retorno da T-Note de dez anos tombou para perto de 4,20% nas mínimas, apoiado em discurso considerado “dovish” do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. No fim da tarde, porém, os juros locais estavam bem longe as mínimas, em meio ao aumento do desconforto fiscal.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,300%, estável ante o ajuste de 10,308% ontem. A do DI para janeiro de 2026 caiu de 9,95% para 9,93%. O DI para janeiro de 2027 encerrou em 10,06%, de 10,05%. O DI para janeiro de 2029 fechou com taxa a 10,52, de 10,49%. No balanço da semana, as taxas longas cederam em torno de 25 pontos-base em relação à última sexta-feira e as curtas, cerca de 15 pontos.

Com os principais eventos do dia programados para a tarde, o mercado dedicou a manhã a um ajuste à queda de ontem, descolando-se do comportamento de baixa da curva americana e também do dado mais fraco da produção industrial, que subiu 0,1% em outubro, abaixo da mediana das estimativas (+0,4%). O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falaria às 12h30 e o do Fed, Jerome Powell, às 13h. Enquanto as declarações de Campos Neto foram absorvidas sem maiores reações nos ativos, a fala de Powell deu gás ao alívio nos Treasuries.

Falando na Spelman College, em Atlanta, Powell fez as ponderações de costume, ao afirmar que é cedo para discutir corte de juros e que a política monetária deve seguir em território restritivo por algum tempo para que a inflação retorne à meta de 2%. Mas o que chamou a atenção do mercado foi o fato de que ele desta vez não citou a possibilidade de voltar a apertar juros.

“Powell já não fala mais em novas altas e o mercado já começa a ficar comprado em queda”, afirmou o estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, Daniel Leal. Pela ferramenta do CME Group, uma redução acumulada de 1,25 ponto porcentual na taxa básica até o fim de 2024 agora é a hipótese mais provável.

Leal destacou o impacto das declarações no juro da T-Note de dez anos que caiu a 4,21% nas mínimas. “A T-Note está caindo mais de 10 pontos em relação a ontem e isso se reflete no DI”, complementou. A fala do dirigente também inverteu a alta do índice DXY e levou, no Brasil, o dólar a até R$ 4,86 no piso da sessão. Várias taxas do DI passaram então a testar a marca de um dígito, na linha do que já havia sido visto ontem com o contrato para janeiro de 2026.

Nesse contexto, o mercado tinha tudo para dar sequência ao rali de novembro, até porque o petróleo voltou a fechar hoje em queda, de mais de 2%. O barril do Brent, referência para os preços da Petrobras, terminou em US$ 78,88, reforçando a dificuldade nos últimos dias em se manter acima de US$ 80.

Porém, o alívio das taxas passou de “firme” para “moderado” no fim da tarde, em meio ao noticiário fiscal negativo. O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Danilo Forte (União-CE), negou que em conversa telefônica com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter dito que era improcedente a informação de que rejeitaria a emenda Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso. Ele confirmou ao Estadão/Broadcast que vai rejeitar a emenda que limita o tamanho do bloqueio de despesas do Orçamento.

A rejeição cria uma saia-justa para Haddad, que conseguiu o aval do presidente Lula para manter a meta fiscal de zerar o déficit em 2024 com base no entendimento de que o contingenciamento, se necessário, não passaria de R$ 23 bilhões a R$ 26 bilhões.

Haddad ao menos conseguiu uma vitória ontem na questão dos precatórios, com a autorização dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que o Executivo quite o passivo de R$ 95 bilhões acumulados. O pagamento será feito por meio da abertura de crédito extraordinário, que ficará fora do limite de despesas e não terá impacto sobre a meta fiscal. “O Tesouro Nacional se organizou para começar a pagar a partir da edição da medida provisória”, disse hoje o ministro, em Dubai.

Com isso, cresce a expectativa sobre as pautas que devem se desenrolar em Brasília na próxima semana. Há expectativa em relação à votação do projeto de lei de taxação das apostas esportivas no Senado e à possível instalação da sessão conjunta entre Câmara e Senado para analisar vetos de Lula ao arcabouço e ao voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), além do veto à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos a 17 setores da economia até 2027.

Com relação à participação de Campos Neto no almoço da Febraban, havia alguma expectativa sobre o que viria após as falas ontem dovish do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo. Campos Neto defendeu que o ritmo de cortes de 0,50 ponto porcentual segue apropriado e que com as variáveis como estão hoje, ele não faz um guidance de qual será a Selic terminal. “Com as variáveis que temos na mão, ainda precisamos de juro em campo restritivo”, disse.