PETRÓLEO EM NY PERDE OS US$ 70, ADICIONA FATOR PARA QUEDA DE JUROS E PESA EM BOLSAS

O aumento bem maior que o esperado dos estoques de gasolina e destilados nos Estados Unidos na semana passada, divulgado no começo da tarde, provocou uma onda de vendas no mercado de petróleo, que já enfrenta temores de uma desaceleração da demanda. A cotação em Nova York do tipo WTI perdeu o suporte dos US$ 70 por barril e voltou aos níveis de quase seis meses atrás. Foi um ingrediente a mais para o recuo global dos juros, que já vinham em baixa desde a divulgação da fraca geração de empregos no setor privado nos Estados Unidos, medida pela ADP. Foi também um fator para o recuo forte das empresas do setor de energia mundo afora, o que acabou refletindo-se em perdas nos índices, dado o peso dessas companhias nos indicadores acionários. Aqui no Brasil, Petrobras terminou com recuo de 2,38% (ON) e 3,60% (PN), enquanto o Ibovespa desceu aos 125.622,65 pontos (-1,01%). No mercado cambial, a despeito do comportamento das commodities, houve espaço para a queda do dólar ante o real, já que a aposta de redução de juros em março nos Estados Unidos teve avanço. A moeda americana à vista caiu aos R$ 4,9024 (-0,47%).

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os preços do petróleo caíram até 4%, nos menores níveis em quase seis meses, com o barril do WTI fechando abaixo da marca de US$ 70 em Nova York, nas mínimas desde junho. Os preços foram pressionados por fundamentos baixistas relacionados à oferta e por expectativas de desaceleração econômica, que colaboraram para pessimismo com a demanda. O cenário prejudicou o desempenho das ações de energia nos EUA, que pesaram nas bolsas. Também impôs pressão aos rendimentos longos dos Treasuries, enquanto o mercado consolida aposta em corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) já em março, sobretudo após dado de emprego no setor privado aquém do esperado.

Esta foi a quinta sessão consecutiva que o petróleo fechou em baixa, diante da visão de que os cortes da oferta da Opep+ serão insuficientes para manter o mercado apertado. O pessimismo é agravado pela alta nos estoques americanos de derivados, os temores de uma possível desaceleração da demanda global e às tensões geopolíticas no Oriente Médio e na Venezuela. “O mercado duvida da eficácia dos últimos cortes de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), em momento em que as exportações de petróleo dos EUA continuam a crescer. Assim, os investidores ficaram mais preocupados recentemente com a oferta excessiva de países não pertencentes à Opep, enquanto os receios sobre a demanda também se intensificaram”, comentou o analista Fawad Razaqzada, da City Index.

Com isso, o petróleo WTI para janeiro fechou em queda de 4,06% (US$ 2,94), a US$ 69,38 o barril. O Brent para fevereiro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), caiu 3,75% (US$ 2,90), a US$ 74,30 o barril. Ambos tiveram os fechamentos mais baixos desde junho deste ano.

As bolsas de Nova York viraram para o negativo na última hora do pregão, depois de passarem boa parte da tarde mistas. O setor de energia foi o que mais caiu entre os 11 do S&P 500. A ação da ExxonMobil teve baixa de 1,32% e a da Chevron caiu 0,23%. O índice Dow Jones caiu 0,19%, aos 36.054,43 pontos; o S&P 500 recuou 0,58%, aos 4.549,34 pontos; e o Nasdaq cedeu 0,58%, aos 14.146,71 pontos.

Segundo o BMO Capital Markets, o tombo do petróleo ajuda a mitigar preocupações com a inflação, o que foi um dos fatores que esteve por trás da queda dos juros longos dos Treasuries hoje. A renda fixa repercute também dados de comércio e do mercado de trabalho americano, que sustentaram a expectativa de relaxamento monetário em breve nos EUA. Março é o primeiro mes com precificação majoritária de cortes de juros pelo Fed, segundo a ferramenta do CME Group. O yield da T-note de 2 anos subia 4,603%, o da T-note de 10 anos cedia a 4,126% e o do T-bond de 30 anos recuava a 4,224%.

Em um primeiro momento, o dólar reagiu em baixa ao relatório da ADP, mas a tendência se reverteu ao longo da tarde. A avaliação é de que a moeda americana pode acabar favorecida pela divergência entre o desempenho dos EUA e de pares europeus. O BBH reforçou que a economia dos EUA continua crescendo “dentro ou acima da tendência, mesmo quando o resto do mundo entra em recessão”, e que as pressões sobre preços permanecem persistentes demais para que “o Fed não seja capaz de cortar as taxas tão cedo e na mesma proporção que os mercados esperam”.

O Lombard Odier também prevê uma recuperação da divisa americana em 2024, apoiada por melhor performance dos EUA em comparação a outras economias avançados. “Um pouso suave nos EUA em meio a um crescimento lento em outros lugares deve fazer com que o dólar americano mantenha as vantagens de rendimento e crescimento em relação a seus pares”, projetou, em relatório. No fim da tarde em Nova York, o dólar avançava a 147,40 ienes. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de seis rivais fortes, fechou em alta de 0,10%, a 104,153 pontos.

No front geopolítico, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, invocou pela primeira vez em seu mandato o Artigo 99 da Carta das Nações Unidas, em função da guerra em Gaza. O instrumento permite chamar a atenção da ONU para qualquer evento que ameace a segurança do mundo e não era usado desde 1989.

Chanceler do Uruguai, Omar Paganini sugeriu, na Cúpula do Rio de Janeiro, que o Mercosul deve avançar no diálogo com a China ou abrir caminho para um acordo bilateral que também poderá “servir” ao bloco

JUROS

A divulgação de mais um indicador sinalizando perda de fôlego no mercado de trabalho dos Estados Unidos, dias antes da publicação dos dados oficiais sobre o setor, pesou sobre os juros dos Treasuries e o dólar e, consequentemente, provocou queda nas taxas dos contratos de DI. O declínio nos preços do petróleo também colaborou, em menor grau, para taxas mais baixas, ao elevar a expectativa de cortes nos preços dos combustíveis e de um cenário de inflação mais benigno.

A ADP divulgou mais cedo que o setor privado dos Estados Unidos criou 103 mil empregos em novembro, menos que os 120 mil esperados pelo mercado. O indicador reforçou o sinal de arrefecimento dado ontem pelo relatório Jolts, que apontou a abertura de 8,7 milhões de postos de trabalho no país em outubro, número que também ficou aquém da previsão de 9,3 milhões.

Os dados ganharam relevância e impacto no mercado porque foram divulgados dias antes do relatório oficial do governo americano a respeito do emprego, o payroll, que será publicado na sexta-feira, 8, e porque a força no mercado de trabalho vinha sendo mencionada pelo banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, como um fator que colocava em dúvida a possibilidade de cortes nos juros do país.

Os números consolidaram a aposta de que os juros nos Estados Unidos podem começar a cair em março, segundo dados da Ferramenta CME FedWatch. “O movimento que a gente vê hoje é reflexo completamente lá de fora”, disse Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos. “Se você olha os juros dos bonds lá fora, os dos títulos dos Estados Unidos estão recuando, e os de todos os outros também”, acrescentou.

Entre os Treasuries, o destaque era a T-note de 10 anos, cuja taxa caía a 4,125%, de 4,186% ontem. Ela também voltou a operar perto da taxa projetada pelas T-notes de 5 anos, que estava em 4,124%, depois de terminar o pregão de terça-feira a 4,154%.

Vale ressaltar que, em meados de novembro, os dois títulos tinham taxas acima de 4,5%, e no final de outubro beiravam 5%. Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos, apontou que essa queda relativamente brusca nas taxas deve-se a um conjunto de dados que reforçam o fim do aperto monetário nos EUA.

E a queda deve prosseguir até que haja alguma informação ou gatilho capaz de interromper o movimento, segundo Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos. “Todo mundo está avisando que a precificação de corte de juros nos EUA em março parece exagerada, mas o dado da ADP contribui para isso e para a expectativa com o payroll”, acrescentou.

Além do declínio nos juros dos Treasuries, outro fator de pressão sobre as taxas de DIs foi a queda significativa dos preços do petróleo – de mais de 4% para o barril do WTI e de pouco menos que isso no caso do Brent.

Segundo Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, esse movimento, somado à valorização do real ante o dólar, deve deixar os preços domésticos de combustíveis ainda mais baixos que os do exterior, o que aumenta a probabilidade de eles ficarem mais baratos e contribuírem para uma menor pressão inflacionária.

“Por mais que o banco central não vá se guiar por preço administrado, no curto prazo tem efeito nos headlines de inflação”, afirmou.

A taxa do contrato de DI para janeiro de 2025 recuou a 10,325%, de 10,374% no ajuste de ontem, enquanto a taxa para janeiro de 2026 caiu a 9,995%, de 10,047%. A taxa para janeiro de 2027 recuou a 10,100%, de 10,159%, e a de janeiro de 2029 teve queda a 10,530%, de 10,601%.

BOLSA

Em perda de sustentação desde o começo da etapa vespertina, o Ibovespa encerrou esta quarta-feira no menor nível desde o último dia 24, e operou abaixo dos 126 mil pontos em boa parte da tarde, refletindo hoje em especial a queda de Petrobras (ON -2,38%; PN -3,60%, mínima do dia no fechamento), alinhada à acentuação da correção dos preços do petróleo após a divulgação semanal dos estoques dos Estados Unidos.

Assim, o índice encerrou em baixa de 1,01%, a 125.622,65 pontos, bem mais perto da mínima (125.614,35), do fim da tarde, do que da máxima (127.537,55) do dia, em que saiu de abertura aos 126.906,70. O giro ficou em R$ 22,8 bilhões nesta quarta-feira. Na semana, o Ibovespa cai 2,00% e, nas quatro primeiras sessões de dezembro, recua 1,34%. No ano, sobe 14,48%, alavancado por alta de 12,54% em novembro.

Ao longo da tarde, a virada observada na maior parte do setor metálico (Vale ON -0,66%, Gerdau PN -0,04%, CSN ON -0,29%), a despeito do avanço de 2,76% no preço do minério de ferro no mercado futuro de Dalian (China), colocou pressão extra sobre o Ibovespa, em dia já bem negativo para as duas ações de Petrobras, com a queda em torno de 4% para os preços do petróleo, que lançou a referência americana, o WTI, abaixo de US$ 70 por barril pela primeira vez desde junho.

A correção vista nos preços da commodity foi ampliada após o Departamento de Energia (DOE) dos Estados Unidos divulgar avanço acima do esperado para os estoques de gasolina e destilados do país, apesar de recuo nos de barris de petróleo.

Para piorar, o sinal único dos grandes bancos foi negativo, com BB (ON -2,14%) ainda à frente da correção e Santander (Unit -1,54%) no piso do dia no encerramento. Na ponta perdedora do Ibovespa nesta quarta-feira, destaque para São Martinho (-4,44%), BRF (-4,34%), PetroRecôncavo (-4,33%) e Prio (-3,99%), logo à frente da preferencial de Petrobras (-3,60%). No lado oposto, Hypera (+6,03%), Pão de Açúcar (+3,92%), Raízen (+2,89%) e CVC (+2,79%).

O diretor presidente do GPA, Marcelo Pimentel, afirmou hoje que os rumores sobre a empresa virar uma corporation – que afetaram o preço das ações especialmente ontem – não passam de especulação. “Houve movimento de choque e isso fez impacto na ação, mas não há nenhuma relação com uma movimentação específica”, disse Pimentel, em evento com investidores, em São Paulo. Ontem, as ações chegaram a subir 14%, em meio a fortes rumores de que a empresa teria recebido proposta para virar uma corporação sem controle definido, como parte da estratégia de saída do controlador, o Casino, da América Latina.

Por sua vez, o diretor financeiro do GPA, Rafael Russowsky, disse hoje que o movimento de ontem do mercado, que provocou alta no preço das ações da empresa, foi uma cobertura de ‘short’, de aluguel de ações, que nada tem a ver com supostas propostas na mesa para a companhia virar uma corporation, reforçando as palavras do presidente do GPA, ditas mais cedo.

Para a Ativa Investimentos, as ações do GPA e do Carrefour (+2,33% no fechamento) foram impulsionadas pelos novos guidances. A primeira empresa manteve a projeção de entregar margem Ebitda entre 8% e 9% em 2024, enquanto a segunda anunciou, ontem, novas projeções de vendas, animando o mercado, apesar de o Citi considerar as projeções “conservadoras” e um risco negativo às suas estimativas.

No quadro mais amplo, para além do ajuste no petróleo e do noticiário corporativo, o Ibovespa não conseguiu acompanhar fatores favoráveis a uma progressão da exposição a ações, com o dólar e os juros futuros em baixa na sessão, em dia de alívio na curva de juros doméstica em linha com o que se viu também nos Treasuries, ante sinais de que a política monetária dos Estados Unidos tende mesmo a se afrouxar nos próximos meses.

Tal percepção ‘dovish’ sobre a orientação dos juros de referência na maior economia do mundo foi reforçada, hoje, por dados mais fracos sobre o mercado de trabalho americano, referentes à geração de vagas no setor privado em novembro, da ADP, que corroboraram a mais recente leitura de outra métrica sobre o emprego, a do Jolts, que captura o ritmo de giro da mão de obra e é acompanhada de perto pelo Federal Reserve. Na sexta-feira, será a vez do relatório sempre mais aguardado, o payroll de novembro, com dados como a criação líquida de vagas, a taxa de desemprego e, em especial, a evolução do ganho salarial médio.

“A visão de fim do ciclo de alta [nos juros de referência] também é corroborada por falas mais ‘dovish’ [suaves] das autoridades monetárias, tanto nos Estados Unidos como na Europa, mesmo entre os membros mais proeminentemente ‘hawkish’ [rigorosos na condução da política monetária]”, observa em nota a Guide Investimentos.

A percepção mais favorável sobre os juros no mundo tem levado casas de investimento a rever suas projeções para o Ibovespa no fim do próximo ano: enquanto Inter e XP colocam target a 142 mil pontos para o fechamento de 2024, a Guide prevê avanço ainda maior, em direção a 155 mil pontos. Todas essas marcas, se confirmadas, serão inéditas, considerando a referência histórica em vigor para o Ibovespa, há dois anos e meio. Em 7 de junho de 2021, o índice foi aos 130.776,27 pontos naquele encerramento e, no intradia, chegou a 131.190,30 pontos, também em nível recorde.

As previsões foram feitas neste começo de dezembro, quando o Ibovespa vinha de ganho de 12,54% em novembro, no que foi o maior avanço para o índice da B3 em três anos. Nesta virada para dezembro, com a gordura acumulada no mês anterior, o Ibovespa tem encontrado certa dificuldade para levar adiante o rali que elevou o nível do índice em dólares ao longo de novembro, refletindo também o ingresso de recursos estrangeiros no período.

“As bolsas, aqui e no exterior, começaram o dia em tom positivo, mais animador pela manhã, muito em linha com o otimismo em torno da expectativa de corte na taxa de juros nos Estados Unidos já para o começo do próximo ano, o que dava impulso também ao petróleo e contribuía para o desempenho do mercado brasileiro, com a B3 em alta na abertura”, diz Helder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos.

“As taxas dos Treasuries de 10 anos têm caído bastante, o que resulta também em fechamento da curva de juros doméstica. Tudo confluía para uma ótima performance da Bolsa, hoje, que acabou sendo frustrada, à tarde, pela queda expressiva do Brent, derrubando o bloco das ações de petróleo na B3”, acrescenta o analista, observando que o setor financeiro também “apanhou” na sessão, em meio às discussões ainda em andamento sobre o futuro do JCP (juros sobre capital próprio), que costuma ser distribuído com frequência pelo segmento aos respectivos acionistas.

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 125622.65 -1.00912

Máxima 127537.55 +0.50

Mínima 125614.35 -1.02

Volume (R$ Bilhões) 2.27B

Volume (US$ Bilhões) 4.64B

18:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 125825 -1.01872 130460 -0.67607

Máxima 127870 +0.59 131000 -0.26

Mínima 125745 -1.08 130455 -0.68

CÂMBIO

O dólar à vista emendou nesta quarta-feira, 6, o segundo pregão seguido de queda no mercado doméstico de câmbio, mas ainda se manteve acima da linha de R$ 4,90. Dados abaixo do esperado do mercado de trabalho dos EUA levaram à perda de fôlego da moeda americana em relação a divisas emergentes e ao recuo das taxas dos Treasuries longos. Investidores sustentam as apostas em redução de juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) a partir de março de 2024.

Com sinal negativo desde a abertura, o dólar à vista chegou a romper o piso de R$ 4,90 no fim da manhã e registrou mínima a R$ 4,8891 (-0,74%). Ao longo da tarde, com ajustes intraday e piora do Ibovespa, que renovou mínimas abaixo da linha de 126 mil pontos, a moeda reduziu o ritmo de baixa e passou a orbitar os R$ 4,90. No fim do dia, o dólar à vista era cotado a R$ 4,9024, recuo de 0,47%. Na semana, a divisa ainda apresenta valorização de 0,44%, graças à alta de 1,39% na segunda-feira.

No exterior, o índice DXY – termômetro do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes – trabalhou ao longo do dia ao redor da estabilidade, mas apresentava leve avanço no fim da tarde, próximo dos 104,200 pontos. A moeda americana recuava na comparação com divisas emergentes e de exportadores de produtos básicos. Entre as commodities, o minério de ferro subiu mais de 2%, ao passo que a cotações do petróleo desabaram. O contrato do tipo Brent para fevereiro fechou em queda de 3,75%, a US$ 74,30 o barril.

“Hoje foi um dia de alívio no mercado de câmbio, que respondeu a dados mais fracos do mercado de trabalho nos EUA. Houve queda nas taxas dos Treasuries com o mercado precificando queda de juros a partir do início do próximo ano, o que favorece moedas emergentes”, afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, para quem ainda é cedo para dizer que a uma tendência de apreciação do real. “O mercado de câmbio tem oscilado bastante com indicadores da economia americana e na próxima sexta-feira teremos o payroll”, acrescenta, em referência à divulgação do relatório de emprego dos EUA em novembro, no dia 8.

Relatório ADP revelou que o setor privado dos Estados Unidos gerou 103 mil vagas de trabalho em novembro, abaixo das expectativas (120 mil). Houve também revisão para baixo dos números de outubro (de 113 mil para 106 mil). Já o Departamento de Trabalho dos EUA informou que o custo unitário da mão de obra no país caiu a um ritmo anualizado de 1,2% no terceiro trimestre, abaixo da leitura preliminar e da previsão de analistas (-0,8%). Esses números se somam à queda na abertura de postos de trabalho nos EUA na passagem de setembro para outubro, segundo relatório Jolts divulgado ontem, e aumentam as expectativas de que o payroll confirme moderação do mercado de trabalho – um dos quesitos para continuidade do processo de desinflação e eventual relaxamento monetário nos EUA.

O economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, ressalta que a curva de juros americana passou a precificar corte de 130 pontos-base pelo Federal Reserve em 2024, em razão dos dados mais recentes do mercado de trabalho. Ele também observa que existe expectativa de queda superior a 120 pontos-base da taxa de juros na Europa, na esteira de leituras mais baixas de inflação ao consumidor. “A percepção de corte de juros nos EUA e na zona do euro é o principal driver para os preços dos ativos. Mantemos o cenário de valorização do real por conta dos bons fundamentos das contas externas e recuo do prêmio de risco pais”, afirma Oliveira.

Entre indicadores locais, o Banco Central informou pela manhã que o setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) registrou superávit primário de R$ 14,798 bilhões em outubro, abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast (superávit de R$ 17,20 bilhões). Apesar de positivo, o dado de outubro foi o pior desempenho das contas consolidadas do País para o mês desde 2020 (superávit de R$ 2,952 bilhões). No ano, até outubro, as contas do setor público apresentam déficit acumulado R$ 82,281 bilhões (0,93% do PIB). 

18:27

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.90240 -0.469 4.92200 4.88910

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4911.500 -0.62721 4931.500 4898.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4934.000 -0.50413 4934.000 4924.500