PETROBRAS, FISCAL E MAL-ESTAR POLÍTICO LEVAM ATIVOS DOMÉSTICOS A PERDAS NA SEMANA


Bolsa e real caíram e a curva de juros abriu na semana, com o investidor adotando
cautela após dias agitados no noticiário corporativo e político-econômico. No front
empresarial, a decisão da Petrobras de cortar dividendos extraordinários reacendeu
dúvidas sobre os planos da companhia e a interferência do governo na estatal,
derrubando os papéis na sessão de hoje (ON -10,37% e PN -10,57%). Dado o peso dela no
Ibovespa, o índice desceu aos 127.070,79 pontos (-0,99%) e acentuou as perdas ante a
sexta-feira passada a 1,63%. A liquidação de ações da petroleira somou-se ao mal-estar
crescente ao longo dos últimos dias vindo de Brasília. Seguem fazendo ruído as
declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem sobre a possibilidade de
ampliar os gastos com obras públicas diante das surpresas positivas com a arrecadação
federal. Nos bastidores, a fala surpreendeu o governo, mas não enterrou a disposição da
equipe econômica com o cumprimento da meta fiscal. Apesar disso, há o temor de que a
baixa na popularidade do governo leve a uma maior pressão sobre os cofres públicos, de
modo a reverter a tendência de piora da percepção da população. Em termos de
mercado, isso se refletiu em aumento da cotação do dólar, que hoje bateu na máxima os
R$ 4,99, e impulsionou juros. A moeda americana terminou o dia em R$ 4,9811 (+0,96%)
no segmento à vista, valorização semanal de 0,53%, também com relatos de saída de
recursos do País com o desenrolar da Petrobras. Nos juros, o impacto só não foi maior por
causa do movimento externo das taxas. O relatório de emprego dos Estados Unidos
(payroll) chancelou declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que
os juros básicos cairão lá este ano, ainda que haja dúvidas sobre o início dos cortes, o que
pesou nas bolsas americanas, em baixa na sessão e na semana. Decisão do Banco
Central Europeu (BCE) e discurso de sua presidente, Christine Lagarde, também
indicaram que o afrouxamento da política monetária virá em meados do ano, fechando as
curvas de juros do continente e ajudando suas bolsas.
•BOLSA
•CÂMBIO
•JUROS
•MERCADOS INTERNACIONAIS
BOLSA
O Ibovespa moderou perdas ao longo da tarde e conseguiu sustentar, no fechamento, a
linha de 127 mil pontos, após ter tocado mínima da sessão a 125.802,48, mais cedo,
então no menor nível intradia desde 8 de dezembro. Boa parte desta queda decorreu da
correção implacável em um dos principais ativos da B3, Petrobras, que mostrou em boa
parte do dia perdas de dois dígitos, tanto na ON como na PN. A correção decorreu menos
do lucro de 2023 – segundo maior da história, ainda que em queda significativa ante o
recorde de 2022 – e mais da frustração dos investidores com relação a dividendos extras e
planos da empresa.
No fechamento, Petrobras ON e PN mostravam quedas ainda expressivas, de 10,37% e
10,57%, respectivamente, que colocaram o Ibovespa em baixa de 0,99%, a 127.070,79
pontos, em dia em geral positivo para outras ações de peso no índice, com destaque para
os grandes bancos (Itaú PN +0,92%, Bradesco PN +0,58%, Santander Unit +0,99%) e parte
do setor metálico, como CSN (ON +2,90%). Vale ON, por sua vez, caiu 0,77%.
Na ponta do Ibovespa na sessão, destaque para Dexco (+6,77%), Petz (+4,76%) e 3R
Petroleum (+4,28%). No lado oposto, além das duas ações da Petrobras, vieram Fleury (-
1,98%) e Vamos (-1,91%). Reforçado, o giro financeiro na B3 subiu a R$ 32,9 bilhões nesta
sexta-feira, em que a abertura do dia, aos 128.334,69 pontos, quase correspondeu à
máxima (128.338,33) da sessão. Na semana, o Ibovespa acumulou perda de 1,63%, após
ter cedido 0,18% no intervalo anterior. No mês, o índice recua 1,51% e, no ano, perde
5,30%.
“O dia foi bastante agitado, com o Ibovespa já iniciando em queda de quase 2% e
cedendo 2 mil pontos. Mas conseguiu reduzir as perdas ao longo da tarde, ficando em
torno de 1%. Com o movimento negativo gerado em Petrobras, outra estatal importante,
Banco do Brasil, também acabou pagando o pato”, diz Nilson Marcelo, analista
quantitativo da CM Capital, referindo-se ao temor de ingerência do governo em empresas
de economia mista, em momento no qual o mercado aguardava distribuição de dividendo
extraordinário pela Petrobras – que não veio. Assim, na contramão dos ‘peers’, Banco do
Brasil ON fechou o dia em baixa de 0,98%.
“Na Bolsa de Nova York, antes da abertura da B3 e dos negócios à vista em NY, as ADRs
[American Depositary Receipts] da Petrobras já caíam entre 12% e 13%. No balanço da
noite de ontem, houve queda nas receitas de vendas da empresa no quarto trimestre, de
15,3% frente ao mesmo período do ano anterior, com preço da commodity levemente
menor em valores médios, trazendo efeito às receitas do diesel e da gasolina. Essa
diminuição da receita de vendas se propagou pelos resultados da Petrobras, de forma que
o lucro líquido para os acionistas ficou 28,4% menor na comparação entre os últimos
trimestres de 2023 e de 2022″, diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos.
“A distribuição de R$ 14,2 bilhões em dividendos indicada pela empresa contempla
proventos ordinários, mas não os extraordinários, que eram muito aguardados
especialmente pelos acionistas minoritários. O restante que poderia ser distribuído – ou
seja, R$ 43,9 bilhões – deve ser encaminhado para formação de reservas legais e
estatutárias, e, quem sabe, pode ser até utilizado no futuro para a distribuição de
proventos”, acrescenta o analista da Toro. “Mas esses recursos podem também ser
reservados para outros investimentos, como os relacionados à energia renovável, que o
próprio presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, mencionou algumas semanas atrás.”
“Fica então a dúvida, o temor do mercado, sobre essa retenção de caixa na companhia
que poderia ser distribuído aos acionistas. Fica a dúvida se pode gerar o retorno mínimo
requerido pelos investidores, ou se haverá destruição de valor para os acionistas”, conclui
Serra.
No quadro macro, a retomada de um aspecto doméstico, que vinha em segundo plano
frente à atenção dedicada à trajetória dos juros americanos, contribuiu também para
acentuar a percepção de risco nesta véspera de fim de semana: novas declarações do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no sentido de transformar aumento de arrecadação
em mais gasto público. Assim, além das questões atinentes à Petrobras e à gestão das
estatais de forma mais ampla, o dólar à vista subiu hoje 0,96%, a R$ 4,9811, enquanto os
juros futuros mostraram elevação em diferentes vértices, com destaque para os
vencimentos de janeiro de 2027 e de 2029.
“Dá pra dizer que 90% da queda do Ibovespa veio hoje de Petrobras, e se considerarmos
outros papéis, mantém-se a dinâmica das últimas semanas, muito aderente aos
balanços, com o mercado respondendo agora mais ao micro do que ao macro, sem
desdobramentos novos quanto a cortes de juros do Federal Reserve”, diz Felipe Moura,
analista da Finacap Investimentos, observando que o quadro macro, no momento, ainda
é “pouco direcional” para a Bolsa.
Dessa forma, o mercado está um pouco mais conservador quanto ao desempenho das
ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira.
Entre os participantes, 37,50% disseram esperar alta e outros 37,50%, queda para o
Ibovespa na próxima semana, enquanto 25% acreditam em estabilidade. No
levantamento anterior, as respostas de queda e de variação neutra tinham, cada, 25,00%,
e 50,00% previam avanço.
18:25
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 127070.79 -0.9888
Máxima 128338.33 -0.00
Mínima 125802.48 -1.98
Volume (R$ Bilhões) 3.28B
Volume (US$ Bilhões) 6.60B
18:31
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 128330 -1.0372
Máxima 128880 -0.61
Mínima 127125 -1.97
CÂMBIO
O mercado doméstico de câmbio se descolou do exterior hoje, em meio ao mal-estar
causado pela decisão da Petrobras de não pagar dividendos extraordinários. Operadores
mencionam que um forte movimento de compra de dólares no País – possivelmente
refletindo a desmontagem de posições de estrangeiros na petroleira – levou à valorização
expressiva da moeda americana contra o real na sessão.
No fim do pregão, o dólar à vista havia subido 0,96% em relação ao real, a R$ 4,9811, mais
do que revertendo as quedas acumuladas desde quarta-feira. Com o movimento de hoje,
fechou a semana não só com alta de 0,53%, mas também na maior cotação desde 26 de
fevereiro, quando havia batido R$ 4,9815. Hoje, oscilou entre a mínima de R$ 4,9556 e a
máxima de R$ 4,9918 – em altas de 0,44% e 1,18%, respectivamente.
O comportamento de outras moedas evidencia a pressão do noticiário doméstico sobre o
dólar nesta sessão, segundo profissionais do mercado. A moeda americana perdeu força
contra pares do real, como o peso mexicano (-0,45%), e outras divisas correlacionadas a
commodities, a exemplo do dólar australiano (-0,11%). E o índice DXY, que mede a
variação do dólar contra seis moedas fortes, cedeu 0,11%, a sétima baixa seguida.
“O que afetou mesmo o mercado hoje foi a Petrobras, esse balanço e o não pagamento de
dividendos extras”, afirma o chefe da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt. “Tanto
que o peso mexicano está valorizando hoje e, aliás, está valorizando a semana inteira. O
real estava vindo nessa direção, de valorizar, mas esse resultado da Petrobras deu uma
estragada no mercado.”
Ontem, depois do fim do pregão, a Petrobras informou que seu lucro líquido caiu 28,4%
no quarto trimestre do ano passado, na comparação com o mesmo período de 2022,
abaixo das expectativas. E o conselho de administração da estatal ficou dividido e decidiu
não pagar dividendos extraordinários, o que já vinha sendo sinalizado pelo presidente da
empresa, o ex-senador pelo PT do Rio Grande do Norte Jean Paul Prates.
Durante uma teleconferência para comentar o balanço do quarto trimestre, hoje, Prates
descartou qualquer interferência política na empresa e disse que os dividendos retidos
eventualmente voltarão para os acionistas. Mas as declarações não reverteram o receio
do mercado. No fim do dia, as ações da petroleira caíam em torno de 10%.
Segundo Hideaki Iha, operador da Fair Corretora, é nítido que o real sucumbiu hoje a um
forte fluxo comprador de dólares. O profissional pondera que é difícil confirmar se esse
movimento responde ou não à desmontagem de posições, mas reconhece que o
noticiário sobre a estatal azedou o mercado hoje. “O que pesou hoje para essa alta do
dólar foi fluxo, e contra fluxo não há argumento”, diz Iha.
O próprio aumento da liquidez é evidência desse fluxo forte: no fim da tarde, o contrato
futuro de dólar para abril havia movimentado mais de US$ 15 bilhões, bem acima da
média dos últimos dias. No fim da tarde, o contrato estava cotado em R$ 4,9905 – em alta
de 0,94% -, depois de ter atingido os R$ 5,0 na máxima da sessão.
Diante do turbilhão da Petrobras, os números divergentes do relatório mensal de
empregos dos Estados Unidos, o payroll, foram absorvidos sem grandes impactos no
mercado doméstico.
O país criou 275 mil postos de trabalho em fevereiro – acima do consenso, de 200 mil -,
mas os resultados de janeiro e dezembro foram revisados para baixo. A taxa de
desemprego subiu de 3,7% para 3,9%, mais do que o esperado, e os aumentos reais de
salários ficaram abaixo das previsões. Os resultados fortaleceram a probabilidade de
início dos cortes dos juros americanos em junho.
Aqui, os investidores ainda repercutiram declarações do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que disse ontem que pode tentar aumentar o limite de gastos este ano, já que a
arrecadação tem surpreendido para cima. No mercado de câmbio, também pesaram as
quedas em torno de 1% dos preços do petróleo e do minério de ferro.
18:31
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.98110 0.9607 4.99180 4.95560
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4989.000 0.9102 5000.000 4959.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4959.913 06/03 4972.000 4972.000
JUROS
Os juros futuros fecharam a sessão em alta, pressionados desde manhã pelo ambiente
doméstico de maior cautela trazido pelos ruídos envolvendo a Petrobras e maior risco
fiscal depois do presidente Lula afirmar que quer discutir aumento no limite de gastos. O
avanço só não foi mais forte porque os rendimentos dos Treasuries estiveram bem
comportados após a leitura do relatório de emprego nos EUA. Em relação à última sextafeira, os vencimentos curtos acumularam queda moderada e os longos subiram,
configurando à curva ganho no nível de inclinação.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em
9,890%, de 9,877% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 subiu de 9,70% para
9,74%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 9,97% (de 9,90% ontem) e a do DI
para janeiro de 2029 avançou a 10,43%, de 10,34%.
O mercado já abriu bem pressionado, repercutindo os eventos da quinta-feira no Brasil e
também pela cautela antes da divulgação do payroll de fevereiro nos EUA, às 10h30.
Destaque da agenda da semana, o documento mostrou geração de vagas acima do
consenso, mas também forte revisão para baixo de meses anteriores, aumento
inesperado da taxa de desemprego e avanço salarial menor que o previsto, o que levou ao
avanço nas apostas de início de corte de juros pelo Federal Reserve em junho. O
rendimento da T-Note de 2 anos voltou a rodar abaixo de 4,50% e a taxa do papel de 10
anos ficou de lado, na marca de 4,08%.
Se o desempenho dos títulos do governo dos EUA não conseguiu aliviar a curva local, ao
menos evitou um estresse ainda pior, disse um operador de renda fixa. “Alguns
investidores até ameaçaram vender, mas desistiram porque ficaram com medo dos
próximos passos do governo”, afirmou, referindo-se ao noticiário envolvendo a Petrobras e
as declarações de Lula, dadas num momento em que o governo enfrenta dificuldades
para sustentar a meta de primário zero em 2024.
O mercado reagiu muito mal à confirmação de que a Petrobras não pagará dividendos
extraordinários, decisão que acentuou o temor de ingerência política na estatal, “a
despeito de sinalização de que serão alocados como reserva de capital para uma
eventual distribuição futura dos dividendos”, afirma Eduardo Velho, economista-chefe e
sócio da JF Trust.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, confirmou que os dividendos extraordinários
100% retidos em 2023 não serão utilizados para investimentos ou para pagar dívidas e
voltarão aos acionistas, sendo o Tesouro Nacional um deles.
Ao mesmo tempo, Lula destacou ontem que a “arrecadação está aumentando além
daquilo que muita gente esperava” e que poderá levar ao Congresso a discussão sobre
aumento do limite de gastos. “Vamos ver como é que a gente pode utilizar mais dinheiro
para fazer mais benefício para o povo”, disse.
A declaração gerou ruídos sobre a preservação da meta fiscal, mas a equipe econômica
leu a fala mais como um “recado de otimismo”, e continua a alertar que é preciso cautela
com o nível de despesas do Orçamento, segundo apurou o Broadcast.
O economista-chefe do banco Bmg, Flávio Serrano, afirma que todo esse contexto
ampliou os índices de volatilidade induzindo “stops”, ou seja, zeragem de posições
vendidas por vários fundos. Esse movimento é sugerido também pelo elevado volume de
contratos negociados nesta sexta-feira, perto de 1 milhão no DI para janeiro de 2025.
Velho, da JF Trust, lembra também que o mercado vem se preparando para a mudança no
forward guidance do Copom nas próximas reuniões. Na medida em que o ciclo de
afrouxamento monetário vai avançando, é mais arriscado para os diretores se
comprometerem com qualquer indicação. “O que em nossa avaliação é prudente, pois o
balanço de riscos pode se alterar em 30 a 40 dias. Isso também pode ser um sinal de que
o terreno está sendo preparado para reduzir o ritmo de cortes da Selic de 50 pontos para
25 pontos até o final desse semestre”, disse. O forward guidance por ora aponta mais
duas reduções da Selic em 0,5 ponto porcentual, em março e em maio
MERCADOS INTERNACIONAIS
Dissipou-se à tarde o bom humor que apoiou as bolsas de Nova York no fim da manhã, na
esteira do relatório de emprego dos EUA (payroll). O clima benigno deu lugar à cautela à
medida que os investidores digeriam os dados. No saldo final, a leitura de analistas do
mercado foi de que o payroll reforça previsão de cortes de juros mais à frente neste ano,
mas confirma que o Federal Reserve (Fed) provavelmente tomará o seu tempo para fazêlo. A ideia de um Fed paciente ajudou a minimizar a pressão sobre o dólar e injetou fôlego
na ponta longa dos retornos dos Treasuries. Por outro lado, minou qualquer otimismo do
lado da demanda, o que colaborou para a desvalorização do petróleo.
Até o fim da tarde, o mercado consolidou sua visão de que o cenário mais provável é de
que o início dos cortes de juros pelo Fed aconteça em junho, segundo o monitoramento
do CME Group. Também permanecia a aposta majoritária em um relaxamento acumulado
de 100 pontos-base ao longo do ano. Sem perspectiva de os custos de empréstimo
baixarem antes da metade do ano, as bolsas de Nova York sofreram pressão. O índice
Dow Jones fechou com queda de 0,18%, aos 38.722,69 pontos, o S&P 500 recuou 0,65%,
aos 5.123,69 pontos, e o Nasdaq cedeu 1,16%, aos 16.085,11 pontos.
O destaque foi a baixa generalizada entre as fabricantes de chips. A ação da Broadcom
caiu 6,99%, depois que a empresa manteve inalteradas as projeções de vendas para o
ano fiscal, em cerca de US$ 50 bilhões. A Marvell Technology também frustrou os
analistas com suas perspectivas financeiras, e caiu 11%. Nvidia baixou 5,55% e Intel,
4,66%.
Os retornos dos Treasuries de maior prazo terminaram o dia em alta, com essa
expectativa de que demorará algumas reuniões até o primeiro corte de juros acontecer.
Às 18h (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos cedia a 4,482%; o da T-note de 10 anos
recuava a 4,083%; e o retorno no T-bond de 30 anos tinha alta a 4,257%. No acumulado
da semana, os retornos recuaram.
O dólar até ganhou força, mas não o suficiente para vencer a guerra de braço contra o
iene e a libra. Na visão da Capital Economics, o viés de baixa da moeda americana se
explica também pela postura do presidente do Fed, Jerome Powell, que participou de
duas audiências no Congresso, onde teria dado declarações “relativamente neutras” que
não convenceram os investidores de câmbio. O euro, sim, caiu ante o dólar, ainda sob
efeito da estagnação no Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro no quarto trimestre,
que dá força ao argumento de que o BCE logo precisará cortar seus juros. No fim da tarde
em Nova York, o índice DXY – que mede o dólar ante seis rivais fortes – caía 0,07%, a
102,747 pontos, com euro em baixa a US$ 1,0937 e a libra em alta a US$ 1,28539.
Já o petróleo se desvalorizou. Pesaram as dúvidas sobre o quanto o mercado realmente
ficará apertado, já que as expectativas são de demanda fraca e as perspectivas de oferta,
incertas.
“Tivemos a divulgação de alguns indicadores negativos ao longo da semana, tanto nos
Estados Unidos quanto na Alemanha e na China. Isso ocorre em meio a uma política
monetária contracionista aplicada tanto pelo Fed quanto pelo BCE, que deve se estender
ao longo do primeiro semestre e garantir uma desaceleração das atividades econômicas
nessas regiões”, detalhou o analista Bruno Cordeiro, da StoneX, que comentou os receios
do mercado em relação à evolução da demanda global. Há ainda muitos
questionamentos sobre se a Opep conseguirá manter os cortes de produção no segundo
semestre deste ano, como mostrou o Broadcast na reportagem especial publicada às
12h45.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para abril fechou em baixa de
1,16% (US$ 0,92), a US$ 78,01 o barril, enquanto o Brent para maio fechou em baixa de
1,06% (US$ 0,88), a US$ 82,08 o barril. Em relação à sexta-feira passada, 1º, o contrato
mais líquido do WTI desvalorizou 2,45% e o do Brent, 1,75%.
Também no noticiário, o Senado americano tenta chegar a um acordo para aprovar uma
proposta de orçamento que impeça uma paralisação (shutdown) do governo americano.