PETROBRAS E COPOM LEVAM IBOVESPA AOS 120 MIL PONTOS PELA 1ª VEZ DESDE ABRIL DE 2022

A combinação do noticiário positivo envolvendo a Petrobras e a expectativa de suavização do tom do Banco Central no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) levou o Ibovespa a romper mais uma importante marca psicológica neste rali recente. Hoje o índice superou, no fechamento, o nível dos 120 mil pontos, marca não vista no encerramento dos negócios desde o dia 4 de abril de 2022. O indicador acionário terminou a sessão aos 120.420,75 pontos, valorização de 0,67%. Petrobras (ON +3,99% e PN +4,19%) saltou hoje na esteira da elevação de recomendação para compra pelo Goldman Sachs e o Santander, bem como pela aprovação pelo Cade da venda da Lubnor pela estatal à Grepar. Ações de consumo, como Natura ON (+7,53%), também se destacaram, à medida que o mercado estima alívio nas condições aos consumidores caso o BC realmente chancele a aposta de corte da Selic em agosto na comunicação de logo mais. Na curva de juros, por sua vez, a expectativa com a comunicação do Copom resultou em movimentos laterais nos juros futuros de curto e médio prazos. No câmbio, o real foi beneficiado hoje por relatos de entrada de recursos estrangeiros para a bolsa doméstica. A moeda americana à vista recuou aos R$ 4,7678, baixa de 0,59%, mantendo-se nos menores níveis desde o fim de maio de 2022. O dólar também esteve fraco lá fora na esteira da valorização da libra e do euro bem como sinais difusos de dirigentes do Federal Reserve sobre seus próximos passos. Enquanto o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que os juros devem sofrer mais elevações, embora em ritmo menor, o chefe da distrital de Atlanta, Raphael Bostic, defendeu pausa no aperto monetário. O DXY cedeu aos 102,071 pontos, queda de 0,46%.

•BOLSA

•JUROS

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

BOLSA

O Ibovespa renovou mais uma vez o pico do ano na sessão desta quarta-feira, 21, encerrou o dia com 120.420,26 pontos (+0,67%) – acima da marca de 120 mil pontos no fechamento pela primeira vez desde 4 de abril de 2022. A expectativa por uma sinalização de corte de juros em breve na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de hoje e os ganhos acima de 4% das ações da Petrobras sustentaram o desempenho.

A companhia avançou entre 4,19% (PN) e 3,99% (ON), após bancos como Goldman Sachs e Santander terem elevado a recomendação da estatal para compra. A isso somaram-se aumentos acima de 1% dos preços do petróleo e relatos de fluxo estrangeiro para as ações da empresa em meio à queda de 0,60% do dólar ante o real, que levou a moeda americana a encerrar o dia cotada a R$ 4,7678.

“Quem sustentou o Ibovespa foi a Petrobras, com um alta de 4%, em virtude de algumas casas estrangeiras terem recomendado compra”, afirma o chefe de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno. “Junto a isso, o setor bancário tem uma performance também boa”, completa o analista, que atribui a alta do setor à expectativa por uma sinalização de corte dos juros.

O segmento financeiro foi um dos destaques positivos da sessão, com alta de 0,80%, sustentada por Banco do Brasil ON (+3,15%) e BTG Pactual Unit (+1,21%). Outros setores sensíveis aos juros também encerraram a sessão em alta, a exemplo do imobiliário (+2,04%) e de consumo (+0,60%), puxados respectivamente por Aliansce Sonae ON (+3,13%) e por Ambev ON (+0,92%).

“Com uma expectativa de redução de juros bastante precificada para começar a partir de agosto, os bancos acabam beneficiados por uma tendência de aumento das linhas de empréstimo, que gera uma expectativa de melhora no segmento. Varejo e bancos, que têm alta correlação com os juros, acabam tendo um ganho”, diz o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.

O desempenho do Ibovespa só acabou contido pelo setor de materiais básicos, que cedeu 1,34%, refletindo a redução de 0,99% dos preços do minério de ferro na China e os temores de que o governo do gigante asiático possa conceder menos estímulos do que seria necessário para estimular a economia. Com isso, Vale ON encerrou o dia em queda de 1,01%, Usiminas PNA perdeu 1,22% e Gerdau PN recuou 0,81%.

Profissionais do mercado afirmam que a Bolsa brasileira tem potencial de continuar em tendência de alta, mas que os resultados dos próximos dias vão depender das sinalizações dadas pelo Banco Central na sua decisão de hoje. A autoridade monetária publica o comunicado do Copom de junho com a decisão sobre a taxa Selic a partir de 18h30.

Embora seja praticamente consensual no mercado a avaliação de que o comitê deverá manter os juros 13,75% ao ano, os analistas aguardam sinais sobre os próximos passos da política monetária. Alterações no tom do comunicado – por exemplo, com a exclusão da afirmação de que o comitê “não hesitará” em retomar o ciclo de aperto, se necessário – podem validar as apostas de corte dos juros em agosto e permitir continuidade do rali.

“A manutenção dos juros está dada, e o mercado quer ver qual é o teor do comunicado”, diz Moliterno, da Veedha. “O Ibovespa está numa boa tendência de alta e pode subir muito mais quando os juros começarem efetivamente a ser cortados, mas o fato de ter uma clareza maior de que os juros serão reduzidos à frente já pode fazer o mercado manter uma performance positiva.”

O índice teve variações moderadas na etapa da manhã, quando chegou a operar com viés de queda e atingiu a mínima de 119.332,0 pontos (-0,24%). À tarde, firmou-se em alta e chegou a atingir a máxima de 120.518,52 pontos (+0,75%), distante menos de 100 pontos do nível do fechamento. O pregão movimentou R$ 27,9 bilhões.

Na ponta positiva do Ibovespa, as maiores altas foram registradas por Natura ON (+7,53%), Prio (+6,94%), IRB Brasil ON (+5,78%) e Yduqs ON (+4,57%), além de Petrobras PN, na quinta colocação. Em contrapartida, as maiores perdas foram vistas nos papéis de Embraer ON (-7,42%), CVC ON (-5,25%), Pão de Açúcar ON (-2,75%), JBS ON (-2,33%) e Dexco ON (-2,53%). (Cícero Cotrim – [email protected])

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 120420.26 0.66698

Máxima 120518.52 +0.75

Mínima 119332.00 -0.24

Volume (R$ Bilhões) 2.78B

Volume (US$ Bilhões) 5.83B

18:03

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 122725 0.60251

Máxima 122870 +0.72

Mínima 121540 -0.37

JUROS

O compasso de espera pela decisão do Copom nesta noite resultou em movimentos laterais nos juros futuros de curto e médio prazos, mas a ponta longa se firmou em queda à tarde. Com a expectativa de manutenção da Selic em 13,75% para hoje consolidada há semanas, o foco da reunião é o comunicado, mais especificamente é esperada uma flexibilização na linguagem que sinalize para o início dos cortes da taxa básica no segundo semestre. O mercado esteve de olho também no ambiente internacional e na tramitação do arcabouço fiscal no Senado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,03% (máxima), de 12,993% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou em 11,11%, de 11,07% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2027 terminou em 10,50%, de 10,53%, e a do DI para janeiro de 2029 em 10,80%, de 10,88%.

Na sequência da trajetória vista já nas últimas sessões, as taxas tiveram oscilações discretas até os vértices intermediários, mais sensíveis à expectativa para a política monetária, na medida em que o mercado vê como bem precificada a chance de que o colegiado suavize o tom. Há expectativa pela retirada ou modificação do trecho presente no comunicado de maio em que o comitê afirmava que “apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

“O que temos hoje é um ajuste fino do mercado para o Copom, com o mercado precificando menos o exterior”, afirma o economista Rafael Rondinelli, do Banco Modal. Ele lembra que desde a última reunião uma série de variáveis evoluiu para atender aos pré-requisitos para a abertura do ciclo de distensão monetária. É essa melhora que autoriza a perspectiva de que o terreno hoje será preparado para uma redução da taxa em breve, em agosto se confirmada a precificação da curva dos DIs. Os índice de inflação ao consumidor e também no atacado recuaram e mostraram melhora em sua composição, as expectativas de inflação tanto no Boletim Focus quanto nas implícitas das NTN-B caíram para este e os próximos anos, recuaram ainda os preços de commodities e o câmbio se valorizou.

Por fim, o cenário fiscal está mais equilibrado com o avanço na tramitação do texto do arcabouço fiscal no Congresso. O texto passou pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), como esperado, e não se descarta que seja votado ainda hoje em plenário. Como houve alterações por parte do relator Omar Aziz (PSD-AM), será necessário voltar depois para a Câmara, mas é algo que está na conta do mercado.

Neste dia do Copom, integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chamado “conselhão”, aproveitaram para reforçar o coro pela abertura do ciclo de cortes da Selic. Em carta aberta, pediram aos diretores o início da queda dos juros no País. “É hora de baixar os juros para retomar a atividade econômica, gerar emprego e renda. É urgente uma política monetária adequada”, diz o documento.

Mas o economista-chefe da Blue3 Investimentos, Roberto Simioni, afirma que para esta reunião o consenso é de que não haja qualquer alteração na Selic, “uma vez que na semana que vem ocorrerá uma reunião muito mais estratégica, que é a do Conselho Monetário Nacional (CMN)”. Na pauta, estará a definição da meta de inflação para 2026 e possibilidade de também se rever para cima as já fixadas para 2024 e 2025, além da possibilidade de ser discutida a proposta de alteração do atual modelo de ano-calendário para um modelo de meta constante no tempo.

“Ambas as discussões podem provocar uma possível desancoragem das expectativas inflacionárias no futuro, como também a necessidade de redesenho das estimativas de Selic e inflação, caso tais regras sejam alteradas”, disse. Para ele, caso a reunião do CMN transcorra sem alteração nas condições atuais, há possibilidade de que o ciclo de baixa da Selic comece já em agosto.

Do exterior, os mercados adotaram postura defensiva pela manhã após dado de inflação acima do esperado no Reino Unido e da afirmação do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na Câmara dos EUA que pode fazer sentido elevar mais os juros, apesar de indicar que o ritmo poderá ser mais moderado. As chances de aumento de 25 pontos-base no juro na reunião de julho chegaram a superar 80% e houve abertura das curvas de juros globais.

À tarde, os yields dos Treasuries viraram para baixo, em meio a leilão de T-Bonds e declarações do presidente da distrital do Federal Reserve (Fed) em Atlanta, Raphael Bostic, o que aliviou as taxas locais nos contratos com vencimento de 2029 em diante. Bostic indicou apoio à manutenção dos juros no nível atual (entre 5,00% e 5,25%) pelo restante deste ano, em um esforço para evitar dano significativo à economia dos Estados Unidos. (Denise Abarca – [email protected])

CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, 21, em queda de 0,59%, cotado a R$ 4,7678, com mínima a R$ 4,7628 ao longo da tarde, em meio a máximas do Ibovespa e ao aprofundamento das perdas da moeda americana no exterior. Operadores voltaram a relatar entrada de recursos estrangeiros para a bolsa doméstica diante de sinais de crescimento mais forte da economia brasileira neste ano. Espera-se que o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncie hoje à noite manutenção da taxa Selic em 13,75%, mas abra a porta para o início de um ciclo de cortes a partir do segundo semestre.

Lá fora, o índice DXY – termômetro do comportamento da moda americana em relação seis divisas fortes – renovou mínimas à tarde e flertou com o rompimento do 102,000 pontos, com ganhos expressivos frente ao euro, na esteira de falas mais duras de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE). O índice de preços ao consumidor (CPI) no Reino Unido subiu 8,7% em maio (leitura anual), acima da previsão (8,4%). O dólar também caiu na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, em dia de alta das cotações do petróleo. O contrato do tipo Brent para agosto subiu 1,61%, a US$ 77,12 o barril.

“O real se aprecia com essa tendência de dólar mais fraco no exterior. Ainda há dúvidas sobre os próximos passos do Fed, que parece aguardar mais dados para saber se volta a elevar os juros. Por enquanto, o mercado continua com apetite por moedas emergentes”, afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.

Pela manhã, em depoimento a comitê da Câmara dos Representantes do EUA, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que “quase todos os dirigentes” do BC americano acreditam que “será apropriado elevar as taxas de juros um pouco mais até o fim do ano”, uma vez que inflação segue bem acima da meta de 2%. À tarde, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, defendeu uma pausa no aperto monetário, alertando que altas adicionais dos juros podem comprometer o desempenho da economia.

Monitoramento do CME Group mostra que as chances de alta dos FedFunds em 25 pontos-base em julho chegaram a atingir 80% hoje. A aposta majoritária é a de que a taxa básica esteja na faixa entre 5,25% e 5,50% no fim do ano, acima, portanto, do intervalo atual (entre 5,00% e 5,25%).

Segundo o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, o dólar perde força globalmente diante da perspectiva de enfraquecimento da economia americana com a manutenção dos juros em níveis elevados até o fim do ano, após o Fed provavelmente encerrar o ciclo de aperto com uma alta de 25 pontos-base em julho.

“O risco de uma alta mais forte dos juros nos EUA praticamente já não existe mais, porque a inflação parece que já atingiu seu pico. Isso diminui muito a chance de abertura da curva dos Treasuries, o que ajuda as divisas emergentes”, diz Velho. “De outro lado, a perspectiva de juro alto por período prolongado prejudica a economia e enfraquece o dólar frente a outras moedas fortes”.

O economista da JF Trust vê continuidade do fluxo de recursos para a B3 com investidores já se “antecipando” a uma redução da taxa Selic no segundo semestre, provavelmente em agosto. O apetite por ações locais deve manter a oferta de dólares nos mercado doméstico, abrindo espaço para nova rodada de apreciação do real.

“O cenário ainda é de queda do dólar. A dúvida é se ele pode romper os R$ 4,50. A aprovação do arcabouço no Senado já está precificada. A questão agora é a reforma tributária. Se tiver sinais de que não vai andar no Congresso, pode ter uma realização forte na bolsa e alta do dólar”, afirma Velho.

Pela manhã, Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou o texto-base do projeto do novo arcabouço fiscal, com placar de 19 votos a favor e 6 contrários. Há possibilidade de que o projeto seja apreciado no plenário da Casa ainda hoje.

À tarde, o BC informou que o fluxo cambial total foi negativo em US$ 2,383 bilhões na semana passada (de 12 a 16 de junho), com saídas líquidas de US$ 1,859 bilhão pelo canal financeiro. Com isso, o fluxo total em junho (até o dia 16) é negativo em US$ 1,589 bilhão.

Segundo operadores, a queda expressiva do dólar nas duas primeiras semanas de junho em ambiente de fluxo negativo se deve, provavelmente, a um forte movimento vendedor no mercado de derivativos cambiais, cuja dinâmica tem forte influência sobre a formação da taxa de câmbio. (Antonio Perez – [email protected])

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.76780 -0.5901 4.81580 4.76280

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 4769.000 -0.64583 4822.500 4768.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4797.000 -0.67295 4806.000 4791.500

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os juros dos Treasuries perderam força e chegaram a flertar com o território negativo, após o presidente da distrital do Federal Reserve (Fed) de Atlanta, Raphael Bostic, apoiar pausa no aperto monetário da instituição. Os comentários contrariam a perspectiva defendida pelo presidente do BC americano, Jerome Powell, de que os juros devem sofrer mais elevações, embora em ritmo menor. Assim, os rendimentos da ponta longa inverteram ganhos, o dólar ampliou perdas no exterior e as bolsas de Nova York reduziram queda, embora o Nasdaq tenha permanecido descolado dos pares em Wall Street devido a deterioração nas ações da Tesla e de big techs. O dólar fraco impulsionou o mercado de commodities, levando a altas de mais de 1% do petróleo.

Em artigo, Bostic defendeu que o Fed deveria realizar uma pausa na sua estratégia de aperto monetário, para estudar os efeitos da política restritiva na economia dos Estados Unidos e observas se a inflação continua reduzindo rumo à meta de 2%. O dirigente argumentou que, com o rápido aperto monetário, as taxas básicas chegaram a um nível restritivo que tem demonstrado alguns efeitos de desaceleração em alguns setores, tornando necessário cautela para não “drenar” o desempenho da atividade econômica.

Os comentários vieram na contramão da posição reiterada hoje por Powell, em testemunho na Câmara de Representantes dos Estados Unidos. Retomando o gráfico de pontos e decisão monetária da semana passada, Powell observou que quase todos os dirigentes apoiaram mais altas de juros até o final de ano, embora acredite que o ritmo deva ser reduzido para que o Fed avalie novos indicadores macroeconômicos.

Para o Rabobank, ainda restam dúvidas sobre o ritmo da política monetária após as falas de Powell, contudo, o banco holandês projeta nova alta em julho, seguida por manutenção dos juros em setembro e pausa definitiva em novembro, já que os Estados Unidos podem enfrentar uma “leve recessão” no período.

Por outro lado, a Oxford Economics acredita que os juros já atingiram sua taxa terminal e devem permanecer neste nível até o final do ano, optando por não fazer “mudanças imediatas” em sua projeção até obter novos dados econômicos. “Prevemos que o mercado de trabalho, o crescimento dos salários nominais e a inflação serão moderados”, avalia. Contudo, a consultoria não descarta a possibilidade de que o Fed possa continuar elevando os juros para controlar a inflação, alertando que, neste cenário, o BC americano poderia tornar um “pouso suave” em um “pouso forçado” da economia dos EUA.

Desde a manhã, as falas de Powell, consideradas hawkish pelo BMO, provocaram pressão de baixa sobre o mercado acionário em Wall Street, embora as bolsas tenham recebido alívio pontual com os comentários de Bostic. No final da tarde em Nova York, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,30%, o S&P 500 recuou 0,52% e o Nasdaq perdeu 1,21%.

O descolamento do Nasdaq acompanhou a deterioração nas ações da Tesla e de empresas de tecnologia americanas. A produtora de veículos elétricos perdeu o impulso positivo da notícia de que o estado do Texas começaria a exigir que concorrentes incluíssem o plugue da Tesla em estações de carregamento, fechando o pregão queda forte de 5,46%. Entre empresas de tecnologia, a Alphabet recuou 2,07%, a Microsoft perdeu 1,33%, a Meta cedeu 0,95%, a Amazon teve queda de 0,76% e a Apple caiu 0,57%. Já entre produtoras de semicondutores, Intel perdeu 6% e Nvidia caiu 1,74%.

No mercado de títulos, os comentários de Bostic adicionaram pressão na esteira de um leilão do Tesouro americano de T-bonds de 20 anos, que teve procura acima da média. Assim, os rendimentos dos Treasuries encerram mistos, com recuo na ponta longa. No horário citado, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,713%, o da T-note de 10 anos recuava a 3,716% e o T-bond de 30 anos tinha baixa a 3,800%.

Já o dólar ampliou perdas ante rivais, recuando inclusive sobre a libra, após passar a maior parte do pregão avançando contra a moeda britânica. Esta fraqueza apoiou a alta de commodities, com destaque para alta de mais de 1% do petróleo. Por volta das 17h (de Brasília), o dólar subia a 141,83 ienes e a libra tinha alta a US$ 1,2776. O índice DXY, que mede a moeda americana contra outras divisas fortes, recuou 0,46%, aos 102,071 pontos. No fechamento, o petróleo WTI teve alta alta de 1,88% (US$ 1,34), a US$ 72,53 o barril, na Nymex, e o Brent para o mesmo mês avançou 1,61% (US$ 1,22), a US$ 77,12 o barril, na ICE.

No horário citado, o euro avançava a US$ 1,0987, apoiado durante o dia por falas de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE). Em evento na Alemanha, o presidente do BC da Alemanha (Bundesbank), Joachim Nagel, e a integrante do conselho do BCE Isabel Schnabel defenderam que o aperto monetário deve ser persistente no bloco para controlar a alta inflação, em parte devido a um mercado de trabalho excepcionalmente apertado. Nagel chegou a afirmar que “seria um erro” desistir muito cedo do aperto monetário, segundo reportou a Reuters.

Entre emergentes,o dólar caía a 249,3009 pesos argentinos, no mercado oficial. A imprensa local reportava que Buenos Aires estaria perto de pagar US$ 1,9 bilhão ao Fundo Monetário Internacional (FMI), enquanto aguarda novos adiantamentos do Fundo e renegocia os termos do pacote de ajuda em andamento. (Laís Adriana – [email protected])