OTIMISMO LOCAL E APOSTA EM PAUSA DO FED LEVAM DÓLAR A RECUO DE 1% NA SEMANA

A semana marcada pela elevação do rating do Brasil pela Fitch foi de valorização do real, que encontrou respaldo também na cena externa para subir. O dólar à vista chegou no fechamento desta sexta-feira cotado a R$ 4,7308, desvalorização diária de 0,59% e semanal de 1,04%. Foi a segunda menor cotação do ano, perdendo apenas para a de quarta-feira (R$ 4,7282), justo o dia em que a Fitch mudou de BB- para BB a nota de crédito brasileira. Foi também na quarta-feira que ocorreu um fato essencial para explicar o movimento da moeda americana aqui: a decisão do Federal Reserve. O presidente do Fed, Jerome Powell, deixou a porta aberta para uma nova pausa no aperto na próxima decisão, em setembro, caso os dados mostrem que isso é possível. E hoje a desaceleração no índice de preços ao consumidor PCE, medida de inflação preferida dos dirigentes do Fed, chancelou essa aposta. A chance de o ajuste monetário americano estar chegando ao fim impulsionou o mercado acionário de Nova York hoje. Dow Jones subiu 0,50%, S&P 500 ganhou 0,99% e Nasdaq saltou 1,90%. Recheada também de balanços, a semana foi de avanços nos índices de 0,66%, 1,01% e 2,02%. No Brasil, o pregão foi de avanço tímido do Ibovespa, de 0,16%, aos 120.187,11 pontos. Na semana, a queda foi de apenas 0,02%. O investidor aqui assimila os primeiros balanços da temporada e se prepara para a semana que vem, quando ela entra em velocidade de cruzeiro. Destaque para Vale ON (-3,96% na sessão, -0,25% na semana), cujos números foram divulgados ontem. A próxima semana traz ainda a decisão do Copom, que deixou os agentes do mercado de renda fixa em compasso de espera nesta sexta-feira. Enquanto na curva de juros embute-se majoritariamente corte de 50 pontos-base, o consenso dos departamentos econômicos é de recuo de 25 pontos.

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•JUROS

CÂMBIO

O dólar à vista recuou 0,59% em relação ao real nesta sexta-feira, 28, a R$ 4,7308, acompanhando o movimento de desvalorização global após dados de inflação dos Estados Unidos reforçarem a expectativa de pausa no ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed). Com o resultado, teve a terceira baixa semanal consecutiva em relação à moeda brasileira, de 1,04%. No mês, acumula queda de 1,23% e, no ano, cede 10,40%.

A moeda chegou a cruzar o piso de R$ 4,70 pontualmente durante a manhã, quando caiu à mínima de R$ 4,6966 (-1,30%), no menor nível intradia desde maio de 2022, após o índice de preços de gastos com consumo (PCE) americano – medida de inflação preferida pelo Fed – ter ficado em linha com o esperado em junho. Depois, desacelerou a queda, até a máxima de R$ 4,7434 (-0,32%), em meio a relatos de compra por importadores.

Em relatório, a economista-chefe do Santander Brasil, Ana Paula Vescovi, destaca que o real teve na semana até a última quinta-feira, 27, a melhor performance entre as 31 moedas mais líquidas. Isso refletiu a avaliação do mercado de que tanto o Fed como o Banco Central Europeu (BCE) podem não elevar muito mais os juros após as altas de 25 pontos-base desta semana, além de uma redução dos temores com a economia americana.

“Também vimos fatores domésticos apoiando o fortalecimento do real no período, especialmente após a Fitch aumentar o rating de crédito soberano do Brasil para BB (dois níveis abaixo do grau de investimento), de BB-, com a agência notando uma melhora na perspectiva fiscal”, afirma Vescovi.

Após o aumento pela Fitch, a DBRS Morningstar elevou nesta sexta-feira a nota de crédito do Brasil de BB (low) para BB, com tendência estável, destacando a perspectiva de declínio nos riscos fiscais. O Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil, termômetro do risco-País, caiu de cerca de 175 pontos na semana passada para 163,73 pontos hoje, conforme informações da correspondente do Broadcast em Nova York, Aline Bronzati.

Com a melhora do cenário doméstico, a queda do dólar em relação ao real nesta sessão foi mais forte do que a baixa do índice DXY, que, às 17h18, cedia 0,13%, aos 101,645 pontos. Em um dia misto para commodities, com altas do petróleo entre 0,61% (WTI) e 0,89% (Brent) e quedas da soja (-1,11%) e milho (-2,21%), a moeda cedeu ante emergentes como o peso mexicano (-1,08%), mas avançou ante o dólar australiano (+0,83%).

Para o operador de câmbio da Fair Corretora Hideaki Iha, a queda do dólar em relação ao real nesta sessão seguiu a desvalorização global da moeda americana, na esteira do PCE em linha com o esperado e da consolidação da perspectiva de que o Fed deve ter encerrado seu ciclo de aperto monetário. O profissional destaca ainda um movimento técnico de ajuste após a alta de 0,65% vista nesta quinta-feira.

Na semana que vem, o mercado de câmbio deve se ajustar à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que define a taxa básica de juros na quarta-feira, 2. Pesquisa do Projeções Broadcast mostra que 62 de 88 departamentos econômicos (70%) esperam um corte de 25 pontos-base na Selic, enquanto, na curva de juros, a aposta majoritária (75%) é de corte de 50 pontos, conforme a G5 Partners.

“Eu não acho que a magnitude do corte vá impactar muito. O impacto no dólar vai depender do comunicado: se indicar um corte muito agressivo, podemos ver uma correção para cima. Mas, mesmo assim, o juro real do Brasil é muito alto e o risco-País tem caído, o que pode ajudar a atrair algum investimento”, afirma Iha, para quem o dólar deve oscilar em torno de R$ 4,70 nos próximos dias.

Às 17h30, o contrato de dólar futuro para agosto era cotado em R$ 4,7300, em queda de 0,33%. O giro financeiro somava US$ 12,8 bilhões, acima da média dos últimos pregões. (Cícero Cotrim – [email protected])

17:44

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.73080 -0.5863 4.74340 4.69660

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4731.000 -0.30555 4744.500 4697.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4759.500 -0.39761 4771.500 4727.500

MERCADOS INTERNACIONAIS

Sinais de desaceleração inflacionária nos EUA, novos incentivos econômicos e altas robustas de big techs levaram os mercados acionários de Nova York para cima, apesar do corte de projeção da Casa Branca para o PIB dos EUA. Os juros dos Treasuries e o dólar foram para baixo, assim como o iene, reagindo à flexibilização da política monetária no Japão. A possibilidade de que o juros japoneses avancem além do teto da banda bateu também nos títulos públicos e nas bolsas europeias, que fecharam mistas, com os investidores de olho nos comentários de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) após a presidente da instituição ter sinalizado nesta semana a possibilidade de pausa no aperto monetário. A confirmação do ajuste no acordo da Argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI) não evitou nova desvalorização do peso. Já o petróleo sofreu uma guinada para cima nos minutos finais de pregão, com a informação de que os russos fecharam um grande contrato de venda da commodity.

As chances de que o Federal Reserve (Fed) mantenha os juros inalterados em setembro aumentou após a divulgação do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), segundo a ferramenta FedWatch do CME Group, mesmo com a resiliência do consumo. Entretanto, a Oxford Economics avalia que os Estados Unidos ainda mostram sinais de crescimento econômico, de forma que a missão de trazer a inflação de volta à meta de 2% do Fed ainda não terminou.

Já o Citi avalia que o mercado de trabalho americano segue apertado e os salários não devem desacelerar ainda mais. “É difícil ver um pouso suave e um retorno à inflação de 2% como o resultado mais provável quando a economia não está conseguindo aterrissar”, avalia.

Nas bolsas de Nova York, a desinflação impulsionou sobretudo o Nasdaq, com Meta (+4,42%), Alphabet (+2,46%) e Tesla (+4,20%) em destaque. O índice fecha a semana em alta de 2,02%, após uma semana farta de divulgação de balanços, tendo subido 0,5% nesta sessão. Hoje, o índice Dow Jones teve alta de 0,99% e o S&P 500 subiu 1,90%.

O avanço das bolsas ocorreu mesmo após a Casa Branca reduzir sua projeção para o PIB dos EUA de 2024 de 2,1% para 1,8%. Já em relação à 2023, a projeção foi mantida em 0,4%. Também hoje, a Casa Branca anunciou que o presidente americano, Joe Biden, assinou ordem executiva que deverá beneficiar a indústria doméstica e a geração de empregos locais ao estimular a produção de tecnologia no país.

No mercado de renda fixa, os juros dos Treasuries recuaram. Segundo a Oxford Economics, a junção do PIB do segundo trimestre na leitura anualizada além do esperado junto com a “tão esperada” alta de 25 pontos-base (pb) pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) na quarta-feira deu fôlego aos retornos. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,874%, o da T-note de 10 anos cedia a 3,958% e o do T-bond de 30 anos baixava a 4,020%.

O dólar perdeu fôlego com o PCE, apesar da moeda seguir em alta ante o iene, com a divisa japonesa prejudicada após comentário do presidente do BoJ, Kazuo Ueda, de que a flexibilização da sua política de curva de juros não significa uma mudança na sua postura. Já o peso argentino seguiu operando em baixa ante o dólar, apesar do acordo do país com o FMI. Segundo a Capital Economics, “um peso mais fraco é um ingrediente-chave se a Argentina quiser sair de sua atual crise econômica”. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 141,06 ienes, o euro avançava a US$ 1,1024 e a libra tinha alta a US$ 1,2858. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,15%, a 101,622 pontos, mas na comparação semanal subiu 0,56%. O o dólar também avançava a 273,6837 pesos argentinos.

Já do outro lado do Atlântico, as bolsas da Europa tiveram fechamento misto, seguindo uma série de comentários de dirigentes do BCE sobre a próxima decisão monetário da autoridade monetária, que evidenciam uma falta de consenso sobre os próximos passos de política monetária. Enquanto Peter Kazimir disse que o fim do ciclo de aumento de juros na zona do euro está “perto da conclusão”, François Villeroy de Galhau destacou que a instituição irá se guiar por dados para conseguir retornar a inflação de volta à meta. Já Gediminas Simkus alertou que o ciclo de aperto monetário pode não terminar mesmo que haja uma pausa em setembro.

Às vésperas da divulgação dos balanços de grandes bancos europeus, o BCE divulgou teste de estresse dos bancos da região, que demonstraram resiliência a cenários econômicos severos, mas três deles falharam na prova ao ficarem abaixo da exigência mínima de capital.

Entre as commodities, o petróleo, que operou quase todo o pregão em baixa, fechou em alta nos minutos finais do pregão após notícias do The Wall Street Journal de que uma gigante de energia estatal russa iria vender grande parte de sua produção da commodity para um grupo de empresas pouco conhecidas. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para setembro fechou em alta de 0,61% (US$ 0,49), a US$ 80,58 o barril. O Brent para igual mês avançou 0,89%, a US$ 84,99, na Intercontinental Exchange (ICE). Na semana, a alta do WTI foi de 4,55% e a do Brent, de 4,83%, no quinto ganho semanal consecutivo. O barril do Brent para outubro, agora o mais líquido, subiu 0,73% hoje, a US$ 84,41. (Natália Coelho – [email protected])

BOLSA

Após a queda de 2,10% ontem, a maior desde o começo de maio, o Ibovespa se estabilizou nesta última sessão da semana, sem encontrar fôlego para apagar a perda que havia se imposto na quinta-feira. Vindo de uma sequência positiva que se estendeu até a última quarta-feira, e iniciada no dia 20, o desempenho de ontem, sozinho, colocava a semana no negativo, depois de um ganho de 2,13% na anterior. Hoje, oscilou menos de mil pontos entre a mínima (119.706,26) e a máxima (120.660,21) do dia, fechando a sessão em leve alta de 0,16%, aos 120.187,11 pontos, com giro bem fraco, a R$ 19,1 bilhões, nesta sexta-feira. Na semana, o índice da B3 ficou perto da estabilidade, mas com sinal negativo (-0,02%).

No mês, faltando apenas a segunda-feira para o encerramento de julho, o Ibovespa ainda avança 1,78%, mostrando um padrão mais contido após o salto de 9% ao longo de junho. No ano, o índice sobe 9,53%. Após a forte correção do dia anterior nas ações da empresa, Petrobras ON e PN tiveram recuperação, respectivamente, de 1,69% e 1,26% nesta sexta-feira, o que contribuiu para mitigar o sinal negativo do Ibovespa na sessão. O índice foi ajudado também pelas ações do setor financeiro, com as de grandes bancos mostrando alta até 1,49% (Itaú PN) no fechamento.

Por outro lado, após o balanço do segundo trimestre da mineradora, divulgado na noite de ontem, Vale e o setor metálico foram mal na sessão. A ação da mineradora fechou em queda de 3,96% (mínima do dia no encerramento, a R$ 67,63), com Usiminas e CSN puxando as perdas entre as siderúrgicas nesta sexta-feira, em baixa respectivamente de 5,34% e 2,18%. Usiminas e Vale ocuparam a ponta negativa do Ibovespa na sessão, logo à frente de Pão de Açúcar (-3,88%). No canto oposto, Méliuz (+7,76%), BRF (+7,11%) e Yduqs (+4,87%).

“O dia foi bem morno, com o Ibovespa não sendo carregado para nenhuma direção, ficando muito perto da estabilidade ao longo da sessão. Em contrapartida, todos os DIs abriram um pouco, tanto os mais curtos como os mais longos – um movimento interessante porque o que se viu nos últimos dias foi um cenário algo contrário (a isso). Na B3, Vale basicamente realizou em cima dos resultados trimestrais, que não agradaram ao mercado. E o preço do minério também não ajudou o desempenho do setor”, diz Fernanda Bandeira, especialista da Blue3 Investimentos, referindo-se à queda de 2,68% na cotação da commodity em Dalian, China.

Na semana, com a correção desta sexta-feira, Vale devolveu ganhos que havia acumulado e cedeu 0,25% no intervalo, ainda avançando 5,31% no mês.

Destaque da agenda externa nesta sexta-feira, na Ásia, o Banco do Japão decidiu manter os juros, conforme previsto, mas deu, hoje, “um passo no sentido de flexibilizar a política de meta para curva de juros, sinalizando que a inflação, acima da meta de 2%, requer atenção”, observa a Monte Bravo Investimentos, em boletim diário. Assim, a Bolsa de Tóquio (-0,40% no fechamento da sessão) se descolou do dia em geral favorável ao apetite por risco no exterior, em especial em Nova York, onde o Nasdaq encerrou esta sexta-feira em alta de 1,90%.

“As inovações relacionadas à inteligência artificial são o tema que continua a impulsionar o Nasdaq, mas esse movimento ganhador precisa ser monitorado de perto, tendo em vista que o cenário econômico nos Estados Unidos ainda requer cautela”, diz Fernanda, da Blue3.

Aqui, o mercado financeiro está um pouco mais conservador na avaliação sobre o comportamento das ações no curtíssimo prazo, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa, mas a percepção de ganhos segue amplamente majoritária. Depois de duas semanas com as expectativas se dividindo apenas entre alta e estabilidade, a pesquisa de hoje aponta que, no universo de participantes, 14,29% esperam queda para o Ibovespa na semana que vem, enquanto 57,1% preveem avanço e 28,57%, variação neutra. No último Termômetro, 50% responderam alta e outros 50%, estabilidade. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 120187.11 0.16457

Máxima 120660.21 +0.56

Mínima 119706.26 -0.24

Volume (R$ Bilhões) 1.91B

Volume (US$ Bilhões) 4.04B

17:44

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 120695 0.39093

Máxima 121760 +1.28

Mínima 120410 +0.15

JUROS

A agenda cheia no Brasil e no exterior não conseguiu ditar tendência firme para o mercado de juros, com as taxas oscilando ao redor dos ajustes anteriores durante o dia, ora com viés de alta ora de baixa. A ponta longa da curva até chegou a esboçar uma reação positiva após o anúncio da melhora do rating do Brasil pela agência DBRS Morningstar, à tarde, mas faltou fôlego para uma desinclinação mais consistente. Mais uma vez, o mercado preferiu evitar a montagem de posições dada a proximidade da reunião do Copom na quarta-feira (2). No balanço da semana, a curva ganhou inclinação, com as taxas curtas e intermediárias acumulando queda e as longas ficando perto da estabilidade ante os níveis da sexta-feira passada.

Às 17h15, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 estava em 12,61%, de 12,590% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 projetava 10,63%, de 10,60%. A taxa do DI para janeiro de 2027 mostrava estabilidade em 10,20%, e a do DI para janeiro de 2029, passava de 10,61% para 10,60%.

Entre os indicadores econômicos que saíram pela manhã, o destaque foi a taxa de desemprego da Pnad Contínua, que, mesmo caindo a 8%, no piso das estimativas, não teve força para mexer com os preços. Mais cedo, já havia saído a deflação do IGP-M de 0,72%, pouco menor do que indicava a mediana de -0,74% na pesquisa do Projeções Broadcast.

Na segunda etapa dos negócios, a DBRS anunciou elevação da nota de crédito do Brasil de BB (low) para BB, com tendência estável e a ponta longa ensaiou recuo mais firme, mas de forma pontual. Mais tarde, foi a vez da Austin Rating informar que a melhorou a perspectiva do rating do País (BB+) em moeda local, de estável para positiva.

“Acredito que o mercado precificou todas as notícias positivas ao longo dos últimos meses, como a desaceleração da inflação e o novo arcabouço fiscal. Agora, às vésperas do Copom, o investidor está em compasso de espera para verificar se as expectativas irão se materializar no aguardado corte de juros”, resumiu a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, acrescentando que a curva tem uma resistência no nível de 10%.

Dada a rigidez das taxas, não houve alteração relevante na precificação da Selic na curva, com a aposta de corte de 0,5 ponto para a reunião de agosto ainda aparecendo como majoritária, entre 70% e 75% nos DIs, como também prevalece nas opções digitais, em relação à expectativa de queda de 0,25 ponto.

De volta à Pnad, a taxa de desemprego a 8,0% no trimestre encerrado em junho foi a menor para o período desde 2014 e mostra que o mercado de trabalho segue resiliente aos efeitos do aperto monetário, considerando ainda que em dados dessazonalizados a taxa já aparece abaixo de 8%. Esse contexto reforça a tese de quem aposta que o Copom vai abrir o ciclo de afrouxamento da Selic de forma mais comedida.

Porém, o economista André Perfeito, que integra a corrente dos que esperam queda de 0,50 ponto, alerta sobre a estabilidade da massa salarial, o que afasta preocupações com relação a pressões inflacionárias. “Se a taxa de desemprego viesse em queda e acompanhada simultaneamente de elevação real dos rendimentos teríamos um problema de inflação de demanda, mas este não é o caso ainda”, comenta. A massa de renda real subiu 1,0%, o que o IBGE considera estabilidade.

Com a consolidação da expectativa de corte de 0,5 ponto nas mesas de renda fixa, a curva de juros ganhou inclinação na semana. “O upgrade da nota soberana pela Fitch e a surpresa favorável da inflação, tanto com o IPCA-15 cheio quanto nos preços de abertura, indicam otimismo. Este último em especial promovendo aumento do posicionamento do mercado para um corte de 0,50 ponto da Selic no Copom da próxima semana”, afirma o Banco Santander, em relatório assinado pela economista Ana Paula Vescovi. Ela pontua que a curva teve um “bull-steepening”, com as taxas curtas caindo entre 20 e 25 pontos e as longas, cerca de 10 pontos ante a última sexta-feira.

No exterior, os yields dos Treasuries estiveram em baixa, após a desaceleração do índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês) em junho em linha com o esperado reforçar a percepção de pausa no ciclo de alta de juros nos Estados Unidos. A taxa da T-Note de 10 anos voltou a ficar abaixo de 4%. (Denise Abarca – [email protected])