OTIMISMO COM BRASIL LEVA DÓLAR A MENOS DE R$ 4,80 E FAZ BOLSA MIRAR OS 120 MIL PONTOS

A tendência de valorização do real e das ações brasileiras nos últimos dias se manteve nesta segunda-feira, dia de baixa liquidez devido a um feriado nos Estados Unidos. O otimismo com o cenário futuro do Brasil se dá em meio à contínua elevação de expectativas de crescimento local e à redução das estimativas de inflação ao mesmo tempo em que o mercado aguarda um sinal firme do Banco Central para redução dos juros em breve. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne amanhã e na quarta-feira, quando anuncia a decisão sobre a Selic. A taxa permanecerá em 13,75%, mas boa parte do mercado aposta em indicações de que o corte se dará a partir de agosto. A despeito de diminuir um pouco a atratividade da renda fixa local, os juros menores tendem a valorizar os ativos listados em bolsa, o que garante o fluxo de estrangeiros e, consequentemente, a baixa do dólar ante o real. Assim, a moeda americana cedeu aos R$ 4,7755 (-0,92%), menor valor de fechamento desde 31 de maio do ano passado e primeira cotação abaixo de R$ 4,80 no fechamento desde 6 de junho de 2022. O Ibovespa subiu aos 119.857,76 pontos (+0,93%), mais uma vez renovando o pico do ano e mirando a marca psicológica dos 120 mil pontos. Os juros futuros tiveram um viés de alta, mas também foram penalizados pela liquidez fraquíssima. Sem Nova York, a sessão externa também foi morna. As bolsas europeias recuaram, à medida que ainda se espera um aperto adicional por parte do Banco Central Europeu (BCE). O petróleo Brent caiu em Londres, dado o temor de que os estímulos à China sejam menores do que o mercado aguardava. No fim da noite de hoje, o Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) anuncia a sua decisão de juros e o investidor espera corte.

•CÂMBIO

•BOLSA

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 19, em baixa de 0,92%, cotado a R$ 4,7755 – abaixo de R$ 4,80 pela primeira vez desde 6 de junho de 2022 e no menor valor de fechamento desde 31 de maio do ano passado (R$ 4,7516). Com queda em 10 dos 12 pregões de junho, a moeda já acumula desvalorização de 5,86% no mês. Tirando uma alta pontual e bem limitada na abertura, quando tocou máxima a R$ 4,8299, o dólar operou com sinal negativo ao longo do dia e registrou mínima a R$ 4,7600, à tarde.

A apreciação do real se deu na contramão da onda de fortalecimento do dólar no exterior, tanto em relação a moedas fortes quanto divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Houve frustração com a ausência de estímulos à economia na reunião do Conselho Estatal da China encerrada na sexta-feira, 16. As expectativas se voltam agora para possível corte de taxas longas pelo Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) hoje à noite.

Operadores atribuíram a baixa firme do dólar à entrada de fluxo estrangeiro para bolsa e desmonte parcial de posições defensivas no mercado futuro, que tiveram seu efeito exacerbado pela liquidez bem reduzida, dada a ausência da referência das bolsa em Nova York, fechadas em razão de feriado nos EUA. Termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para julho movimentou menos de US$ 8 bilhões.

“A liquidez é reduzida e as divisas emergentes estão perdendo com commodities para baixo Parece que temos um movimento de tesourarias descarregando posições compradas (em dólar). A alta das ações da Petrobras mesmo com a queda do petróleo sugere que existe um fluxo estrangeiro mais forte para a bolsa, o que joga o dólar para baixo”, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.

O pano de fundo para a valorização do real é a melhora das expectativas para a economia brasileira, às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que anuncia sua decisão no início da noite desta quarta-feira, 21. É consenso no mercado que o colegiado vai manter a taxa Selic em 13,75% ao ano. As atenções se voltam para o comunicado do Copom, que pode trazer pistas sobre o tão esperado início de ciclo de cortes.

Pela manhã, o boletim Focus trouxe nova rodada de redução das expectativas de inflação. Houve revisão para baixo da mediana das projeções para taxa Selic no fim deste ano (de 12,50% para 12,25%) e para o próximo (de 10% para 9,50%). Mais: a maioria dos economistas já prevê queda da taxa Selic de 13,75% para 13,50% em agosto, segundo o Sistema de Expectativas de Mercado, base de dados do Boletim Focus. Para a taxa de câmbio no fim de 2023, a estimativa caiu de R$ 5,10 para R$ 5,00,

Para o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, o Copom deve promover “mudanças importantes” em seu comunicado, retirando referência a eventual retomada de ciclo alta dos juros e “sinalizando que o cenário macroeconômico sugere afrouxamento monetário para breve”, tendo em vista a inflação corrente e a melhora das expectativas. Oliveira acredita em início de ciclo de cortes em agosto com redução de 0,50 ponto porcentual e taxa Selic em 11,75% no fim do ano.

“Se o BC for muito tímido no início do ciclo de corte da Selic, como sugerem algumas análises, o real deverá valorizar moderadamente ainda, dado que o juro real ainda permanecerá excessivamente alto”, afirma o economista-chefe do Banco Pine.

Do lado político, investidores monitoram a tramitação do novo arcabouço fiscal no Senado e as negociações em torno da reforma tributária. No início da tarde, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que a prioridade absoluta é aprovar o arcabouço no Senado ainda nesta semana. A proposta do marco fiscal deve ser apreciada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da casa nesta terça-feira, 20 e, em seguida, ir ao plenário.

Em meio a especulações de atraso da tramitação da reforma tributária, dada a pressão de setores como o varejista, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Arthur Lira, disse ao Estadão/Broadcast que o calendário para apreciação da matéria em plenário está mantido para a primeira semana de julho.

“Se o arcabouço for aprovado e a reforma tributária, que é uma novela antiga, andar, garantindo o cumprimento das metas fiscais, podemos ver o dólar buscar R$ 4,70 ou até R$ 4,60. Mas por enquanto ainda vejo R$ 4,80 como um patamar relevante”, afirma Velloni, da Frente Corretora.

Entre os indicadores, a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou à tarde que a balança comercial brasileira superávit comercial de US$ 2,544 bilhões na terceira semana de junho (dias 12 a 18). No mês, o superávit acumulado é de US$ 7,244 bilhões e no ano, de US$ 42,166 bilhões. (Antonio Perez – [email protected])

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.77550 -0.915 4.82990 4.76000

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 4790.000 -0.80762 4841.500 4770.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4805.500 -0.88687 4805.500 4800.500

BOLSA

O Ibovespa renovou mais uma vez o pico do ano nesta segunda-feira, 19, quando fechou em alta de 0,93%, aos 119.857,76 pontos, no maior nível desde outubro. A expectativa por um corte da taxa Selic em agosto foi a principal responsável pelo desempenho do índice, após o relatório Focus ter mostrado uma redução das expectativas do mercado para a inflação de 2023 a 2026 e a taxa básica de juros no fim deste ano e do próximo.

Embalado pelo otimismo com os ativos domésticos, o índice chegou a avançar a 119.939,00 pontos na máxima do dia (+0,99%), distante apenas 61 pontos de superar a marca dos 120 mil pontos pela primeira vez desde novembro de 2022. Na mínima, registrada pontualmente nos primeiros minutos de negócios, cedeu aos 118.557,81 pontos (-0,17%), em meio à liquidez reduzida devido ao feriado que deixou fechadas as bolsas em Nova York.

Profissionais do mercado atribuem o desempenho ao fortalecimento das apostas em uma redução da taxa Selic em agosto após a divulgação do relatório Focus. Às vésperas da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima quarta-feira, 21, o boletim mostrou queda das medianas para o IPCA de 2023 (5,42% para 5,12%), 2024 (4,04% para 4,0%), 2025 (3,88% para 3,80%) e 2026 (3,90% para 3,80%).

“A melhora das expectativas de inflação para 2024 e para o horizonte mais longo, de 2025 a 2026, deve ser percebida e bem-vinda pelo BC. Isso e a recente dinâmica favorável do IPCA e da inflação no atacado, e o fortalecimento do real, devem permitir que o BC considere uma virada na política monetária e cortes de juros já em agosto”, afirmou o diretor de Pesquisa Macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em relatório.

O Focus também registrou uma queda das estimativas intermediárias do mercado para a taxa Selic no fim de 2023 (12,5% para 12,25%) e de 2024 (10,0% para 9,5%). Os analistas do mercado ainda anteciparam de setembro para agosto a projeção do primeiro corte dos juros, quando passaram a prever uma queda de 0,25 ponto porcentual da taxa, de 13,75% para 13,5%.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, a aposta em um corte dos juros em breve e o aumento geral do otimismo com os ativos domésticos explicam a alta do Ibovespa nesta sessão. “De forma geral, temos um otimismo com a expectativa de que o BC possa sinalizar um corte de juros [em agosto] na quarta-feira”, afirma a analista.

Assim, mesmo em meio à baixa liquidez, que levou a um giro financeiro fraco – de R$ 15,9 bilhões -, 69 das 86 ações que compõem o Ibovespa anotaram ganhos no pregão. O setor financeiro avançou 1,37% e liderou o índice, puxado por altas acima de 1% nos papéis de grandes bancos como Bradesco (+2,06% ON, +1,77% PN), Santander Unit (+1,44%) e Itaú Unibanco (+1,36%).

As altas dos papéis ordinários e preferenciais da Petrobras – de 2,63% e 2,49%, respectivamente – também deram fôlego ao Ibovespa em um dia marcado por quedas dos preços de commodities, incluindo o petróleo. A expectativa de que a companhia pague mais dividendos no segundo trimestre sustentou as altas. Já Vale ON cedeu 0,39%, em meio à baixa do minério de ferro e a incertezas sobre o desempenho da economia chinesa.

Na ponta positiva do índice, os destaques ficaram com Azul ON (+3,93%), Localiza ON (+3,90%), JBS ON (+3,86%), Cogna ON (+3,73%) e Marfrig ON (+3,46%). Em contrapartida, tiveram as maiores quedas CVC ON (-5,11%), Natura ON (-2,37%), Alpargatas PN (-2,06%), Assaí ON (-1,92%) e Hapvida ON (-1,61%).

Embora o principal índice de referência da B3 já acumule ganho de 10,64% em junho e de 9,23% no ano, analistas ainda veem espaço para um desempenho positivo no curto prazo caso o BC modere a sua comunicação e sinalize que há espaço para redução da taxa Selic em junho. A análise técnica do Itaú BBA indica que o Ibovespa continua em tendência de alta, com o objetivo de 121,6 mil pontos.

“Acho que sustenta o rali doméstico, e pode ganhar algum impulso, mesmo que cada vez mais marginal. Mas, se ratificada a meta de 3% no Conselho Monetário Nacional (CMN) da próxima semana, corrobora ou referenda esse momento mais construtivo, de menor prêmio de risco, de menores ruídos e interferências políticas na condução da agenda econômica”, diz o estrategista-chefe da BGC Liquidez, Daniel Cunha.

Abdelmalack, da Veedha, afirma: “se o BC divulgar um comunicado sinalizando que pode haver uma queda dos juros, provavelmente o Ibovespa deve buscar um fechamento em alta esta semana”. Caso esse cenário se confirme, o índice avançaria pela nona semana consecutiva, na maior sequência de ganhos semanais desde a encerrada em agosto de 2016. (Cícero Cotrim – [email protected])

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 119857.76 0.92569

Máxima 119939.00 +0.99

Mínima 118557.81 -0.17

Volume (R$ Bilhões) 1.59B

Volume (US$ Bilhões) 3.33B

18:04

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 122440 1.11905

Máxima 122500 +1.17

Mínima 120850 -0.19

JUROS

A ausência dos mercados em Wall Street, a agenda esvaziada e o compasso de espera pelos eventos da semana resultaram num dia fraco para o mercado de juros. As taxas ensaiaram uma pressão de alta pela manhã, mas que se dissipou ao longo da sessão, e passaram a oscilar de lado até o fechamento. Numa segunda-feira de liquidez fraquíssima, o mercado resistiu a uma realização de lucros, mas também não houve gatilhos para estimular o aumento da exposição ao risco, mesmo com o dólar abaixo de R$ 4,80 e nova rodada de redução das expectativas de inflação e Selic no Boletim Focus.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 ficou em 13,030%, de 13,017% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 11,12% para 11,13%. A do DI para janeiro de 2027 encerrou em 10,51% (de 10,50% no ajuste) e a do DI para janeiro de 2029, em 10,86%, 10,84%.

O DI mais negociado, para janeiro de 2024, movimentou apenas 353,7 mil contratos, ante média diária de 815 mil nos últimos 30 dias, refletindo a falta da referência dos mercados americanos, que hoje não abriram em função de feriado. “O foco hoje todo está no câmbio. A agenda está esvaziada e há um compasso de espera pelo Copom e pelo arcabouço”, resumiu o economista da MAG Investimentos Felipe Rodrigo de Oliveira.

A valorização do câmbio é vista como um dos catalisadores da melhora do quadro não só para a inflação corrente como das expectativas. Duas de três variáveis-chave, como lembra Oliveira, que parecem ser condicionantes para o início do ciclo de cortes da Selic. A outra, diz, é o arcabouço fiscal. Todas elas vêm apresentando evolução e, desse modo, abrem caminho, se não para uma queda da Selic esta semana, ao menos para um ajuste na comunicação do Copom, que sinalize que uma redução da Selic já está no radar dos diretores.

“Esperamos a retirada da última frase do texto, onde diz que ‘não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como o esperado'”, preveem os analistas do BTG Pactual, para os quais a manutenção deste trecho dará ao mercado a interpretação de um tom hawkish e dúvidas sobre o início do ciclo de cortes em agosto.

O dólar à vista caiu 0,92%, fechando hoje em R$ 4,7755, o menor patamar desde 31/5/2022 (R$ 4,7526). Sobre o novo marco fiscal, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a expectativa é encerrar a votação no Senado nesta semana. Na avaliação do ministro, a proposta está bem calibrada e é a “prioridade absoluta no Senado”. Está prevista para ser votada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nesta terça. Em seguida, deve ir a plenário.

Na Pesquisa Focus, a nova onda de revisões para baixo para o IPCA veio acompanhada de queda nas medianas para a Selic. Após oito semanas parada em 12,50%, a expectativa para o fim de 2023 caiu para 12,25%. No fim de 2024, cedeu de 10,00% para 9,50%, após 17 semanas de estabilidade, alinhando-se, assim, ao que está precificado na curva de juros. Ainda, os analistas anteciparam de setembro para agosto a projeção para o primeiro corte, também convergindo para o que prevalece tanto na precificação dos DIs quanto nas opções digitais.

As expectativas de IPCA recuaram em todos os horizontes. Após o corte nos preços da gasolina na semana passada, a mediana para junho (0,20% para -0,04%) já é deflacionária. Para o fim de 2023, a projeção tombou de 5,42% para 5,12%, ainda acima do teto da meta de 4,75%. A de 2024 saiu de 4,04% para 4,00% e a de 2025, de 3,90% para 3,80%. A mediana para 2026 recuou a 3,80%, de 3,88%.

Ao destacar que a análise de cenário e o balanço de riscos para a inflação tiveram mudanças importantes, a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, espera que o Copom sinalize que o processo de afrouxamento pode se iniciar a partir de agosto, o primeiro corte de um ciclo que também deve ser longo, com Selic terminando o ano em 12% e 9,5% em 2024. “Reduções mais agressivas podem ocorrer caso a queda da inflação seja ainda maior e a convergência para o centro do meta aconteça mais rapidamente”, afirmou. Porém, esse cenário dependeria do cumprimento das regras fiscais aprovadas com a desaceleração do crescimento dos gastos público e redução do déficit primário. (Denise Abarca – [email protected])

MERCADOS INTERNACIONAIS

Com liquidez limitada pelo feriado nos Estados Unidos, o dólar avançou ante outras divisas, adicionando pressão sobre o petróleo e o cobre. O mercado de commodities aguarda decisão do Banco do Povo da China (PBoC) nesta noite, monitorando sinais de estímulos para recuperação da economia chinesa após o governo encerrar uma reunião sem anunciar medidas concretas. Este cenário também pesou sobre as bolsas da Europa, que encerraram o dia no vermelho em meio a falas de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) indicando possibilidade de mais aperto monetário. Investidores ainda se preparam para acompanhar testemunhos do presidente do Federal (Fed), Jerome Powell, no Congresso dos EUA nesta semana, de olho em perspectivas para os juros americanos.

O dólar abriu a semana ganhando força ante moedas rivais, na esteira de dúvidas sobre estímulos econômicos para recuperação da China e incertezas sobre a economia global, o que minou o apetite por risco nos mercados europeus. Por volta das 17h (de Brasília), o dólar subia a 141,97 ienes, o euro caía a US$ 1,0923 e a libra recuava a US$ 1,2782. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,27%, a 102,522 pontos.

Em relatório, a Oxford Economics avalia que a divisa americana deve continuar apoiada contra moedas de países desenvolvidos, mesmo se a economia global conseguir evitar uma recessão. “Nossa visão negativa sobre o ritmo do crescimento global nos levou a manter uma inclinação defensiva para ativos de risco, o que é um bom presságio para o dólar”, pontua a Oxford.

A força do dólar no exterior ampliou a pressão de queda no mercado de commodities, em especial, sobre o petróleo e o cobre. Em dia de liquidez limitada pelo feriado nos EUA, as commodities começaram o pregão em baixa, após notícias de que uma reunião do Conselho Estatal da China terminou sem medidas concretas para impulsionar a economia, contrariando a expectativa de adoção de novos estímulos direcionados. No fechamento, o futuro da tonelada do cobre caía 0,61%, a US$ 8.533,00, na LME. No pregão eletrônico da Nymex, o petróleo WTI para agosto operou em baixa de 0,58%, a US$ 71,51 por barril, e o Brent para o mesmo mês fechou em queda de 0,68%, a US$ 76,09 o barril, na ICE.

Com a desaceleração da reabertura chinesa e sem grande apoio do governo, o Goldman Sachs cortou hoje sua projeção para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) da China neste ano, de 6,0% a 5,4%, e também para 2024, de 4,6% a 4,5%, considerando que há “persistentes ventos contrários ao crescimento” no país. O banco ainda espera que ocorram medidas de estímulo, mas não tão grandes quanto vistas em 2008-2009, 2015-2016 ou em 2020. Estímulos à infraestrutura devem ser “apenas direcionados e moderados”, e haverá também apoio a veículos movidos à energia elétrica ou manufatura mais avançada, destaca o Goldman.

Para a Kleinwort Hambros, investidores também acompanharam a viagem do secretário de Estado americano, Antony Blinken, à Pequim, em busca de “qualquer sinal de colaboração ou amizade” diante da recente piora nas relações bilaterais entre as duas maiores economias do planeta. Em comunicado nas redes sociais, Blinken comentou que as conversas com lideranças chinesas foram produtivas, ressaltou a importância do comércio bilateral e frisou que os EUA não apoiam a independência de Taiwan ou “quaisquer mudanças unilaterais por qualquer um dos lados”.

Este cenário se somou à falas hawkish de dirigentes do BCE e à um relatório sinalizando possibilidade de novas altas de juros na zona do euro, o que pesou sobre o mercado acionário europeu. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 1,09%, a 461,73 pontos. Em Londres, o FTSE 100 caiu 0,71%, a 7.588,48 pontos, com investidores em compasso de espera por decisão do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) nesta quinta-feira, 22.

Nesta tarde, o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, disse que é certo que a inflação deverá moderar, mas que o núcleo pode não diminuir de forma tão pronunciada. Pela manhã, a dirigente Isabel Schnabel comentou que o banco central precisa continuar elevando os juros até surgirem sinais convincentes da desaceleração no núcleo e de retorno sustentado à meta de 2%.

Em relatório, o BCE revelou que uma mediana de analistas monetários aponta mais uma elevação de 25 pontos-base nos juros em julho, a última alta do ciclo atual de apertos. A partir disto, o banco central manteria as taxas até o segundo trimestre de 2024, quando faria uma redução de 25 pb nos juros.

Nesta semana, investidores também devem monitorar indicações sobre o caminho da política monetária dos Estados Unidos, diante de agenda repleta de eventos de dirigentes do Fed. Em especial, Powell deve falar na Câmara dos Representantes dos EUA nesta quarta-feira e, no dia seguinte, testemunha no Senado americano. (Laís Adriana – [email protected])