NY INVERTE À TARDE PARA ALTA COM APPLE E BOEING, APESAR DE TREASURIES


Os mercados internacionais tomaram direções distintas na tarde desta quinta-feira,
movimento que passou ao largo dos investidores locais. As bolsas de Nova York mudaram
de direção com o impulso de dois importantes papéis: Apple e Boeing. Enquanto a
primeira colheu frutos da elevação do papel para “compra” pelo Bank of America, a
segunda avançou após anunciar que venderá 150 de suas aeronaves 737 MAX para a
aérea indiana Akasa Air. O movimento ganhou força nas últimas horas da sessão e os
principais índices terminaram perto da máxima intradiária. No fim do dia, os ganhos foram
respectivamente de 3,26% e 4,21%. Entre os índices, alta de 0,54% no Dow Jones, 0,88%
no S&P 500 e 1,35% no Nasdaq. A recuperação nas ações destoou do que ocorreu na
ponta longa dos juros dos Treasuries. A pressão da alta do petróleo se somou a
comentários do presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, que disse estar
aberto a cortes de juros, mas só no terceiro trimestre do ano. Com isso, o rendimento da
T-note de 10 anos saltou a 4,1382% no fim da tarde. Aqui no Brasil, o Ibovespa mais um
teve um dia de perdas – a oitava nas treze sessões de janeiro. O recuo hoje veio do bloco
de blue chips. O índice terminaram a sessão em 127.315,74 pontos, desvalorização de
0,94%, na mínima do dia. Nos juros e no dólar, prevaleceram de novo movimentos
técnicos diante da percepção de que os preços desses ativos já se ajustaram a um
cenário externo mais adverso. O DI para janeiro de 2025 caiu a 10,095% e o dólar subiu a
R$ 4,9311 (+0,02%).
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•BOLSA
•JUROS
•CÂMBIO
MERCADOS INTERNACIONAIS
As bolsas de Nova York encerraram o pregão com ganhos robustos, com força do setor de
tecnologia, principalmente da Apple (+3,26%), e também da Boeing (+4,21%). O
movimento ocorria a despeito das altas da ponta longa dos retornos dos Treasuries, que
por sua vez ocorreram após leilão do Tesouro americano e em reação à fala do presidente
do Federal Reserve (Fed) de Atlanta, Raphael Bostic, de que o primeiro corte de juros
americanos ocorrerá a partir do terceiro trimestre. O previsto pelo dirigente é bem depois
de março, mês no qual o mercado vem apostando para o início do relaxamento monetário
dos EUA. O cenário também foi benéfico para o petróleo, cujo fôlego se somava à queda
dos estoques nos Estados Unidos e a novas movimentações no Oriente Médio. A
commodity tampouco recebia muita pressão do dólar, que operava misto ante moedas
fortes e emergentes, apesar da fraqueza do euro após ata do Banco Central Europeu
(BCE) menos rígida.
Hoje, o Tesouro americano anunciou que ofertou US$ 18 bilhões em leilão de títulos
atrelados à inflação (Tips) de 10 anos, com rendimento máximo de 1,810% – ficando bem
acima da média recente de 1,594%, o que ajudou a ponta longa dos rendimentos dos
Treasuries subir mais. A tendência, entretanto, já havia sido acentuada em resposta à
defesa de Bostic à normalização dos juros a partir do terceiro trimestre.
Apesar de o dirigente ter destacado que adiantou sua projeção para o início dos cortes, o
período indicado pela autoridade não é o mesmo do mercado, que ainda prevê 57,1% de
chance de que o primeiro relaxamento monetário seja em março. Bostic também reiterou
que há mais evidências de que a inflação dos Estados Unidos está no caminho certo para
voltar à meta de 2% do Banco Central. O rendimento da T-note de 2 anos caía a 4,346%, o
da T-note de 10 anos subia a 4,138% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 4,368%.
O quadro, apesar de ter ajudado os rendimentos dos Treasuries, não afetou
definitivamente as bolsas de Nova York, que finalizaram o dia com ganhos,
principalmente o Nasdaq (1,35%). Além dos ganhos da Apple, após o Bank of America
elevar a recomendação do papel para “compra”, e da Boeing, que ganhou força ao
anunciar que venderá 150 de suas aeronaves 737 MAX para a aérea indiana Akasa Air, o
City Index avalia que os índices foram ajudados pela possibilidade de um pouso suave
nos Estados Unidos. Assim, o índice Dow Jones subiu 0,54%, o S&P 500 avançou 0,88%.
A ideia da resiliência da economia americana, segundo análise do City Index, foi
levantada hoje devido à força do setor imobiliário. Mais cedo, o Departamento do
Comércio dos Estados Unidos anunciou uma queda bem menor nas construções de
moradias anunciadas que o previsto pelo mercado. Por outro lado, o CIBC discorda,
indicando que a atividade do setor deverá permanecer “fraca” até sinalizações mais
claras pelo Fed de sua intenção de flexibilizar a política monetária.
O apetite por risco também favoreceu o petróleo, que ganhou fôlego principalmente após
os Estados Unidos anunciarem recuo bem maior do que o esperado nos seus estoques de
petróleo na semana, sugerindo um fortalecimento da demanda, enquanto preocupações
com as baixas temperaturas podem afetar a oferta, conforme avalia a Spartan Capital
Securities. A empresa também alerta para uma escalada dos conflitos do Oriente Médio,
que ainda podem ter mais efeito nos preços do petróleo. Assim, na Nymex, divisão de
metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março teve alta de
2,02% (US$ 1,47), a US$ 73,95 o barril. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para
igual mês subiu 1,56% (US$ 1,22), a US$ 79,10 o barril.
A commodity não teve pressão do dólar, que operou perto da estabilidade no pregão. No
caso do euro, a moeda reagiu principalmente à ata do BCE, que destacou a queda
“acentuada” na inflação da zona do euro nos últimos meses. Também hoje, o presidente
da distrital de Filadélfia do Fed, Patrick Harker, afirmou que a inflação deve continuar a
arrefecer nos EUA, enquanto o risco de recessão diminui. Já entre moedas emergentes, o
dólar blue renovou novamente sua máxima histórica, operando em alta de 1,22%, a 1240
pesos argentinos. No fim da tarde de Nova York, o dólar subia a 148,21 ienes, o euro tinha
baixa a US$ 1,0868 e a libra subia a US$ 1,2694. O índice DXY – que mede o dólar ante seis
rivais fortes – avançou 0,08%, a 103,536 pontos.
BOLSA
O Ibovespa seguiu em queda pelo terceiro dia, tendo chegado a retomar o nível de 129 mil
pontos pela manhã, sem força para sustentar recuperação mesmo com o favorecimento
proporcionado por Nova York, onde os três índices subiram hoje entre 0,54% (Dow Jones)
e 1,35% (Nasdaq). Ao fim, a referência da B3 mostrava perda de 0,94%, a 127.315,74
pontos, na mínima do dia, após ter atingido, na máxima de hoje, 129.046,63, com giro a
R$ 22,8 bilhões. Na semana, recua 2,80% e, no mês, 5,12%.
A ação de maior peso no Ibovespa, Vale ON, chegou a operar em leve alta, mas perdeu
força e fechou em baixa de 0,65%, também na mínima do dia, a R$ 69,00, apesar da
estabilização nos preços do minério de ferro em Dalian, na China, que contribuiu para o
avanço do setor de siderurgia (Usiminas PNA +2,77%, CSN ON +2,28%, Gerdau PN
+1,22%) na sessão.
Por sua vez, Petrobras, mesmo com o petróleo em alta – sinal acentuado pela commodity
à tarde, após a divulgação de queda acima do esperado para os estoques dos EUA -,
fechou no vermelho, com ON em baixa de 0,74% e PN, de 0,40%. O dia foi negativo
também para grandes bancos, com BB (ON -1,16%) e Bradesco (ON -1,13%, PN -0,57%) à
frente.
“Bolsa caiu na contramão dos mercados internacionais, com destaque negativo para os
setores financeiro e de construção”, diz Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da
Quantzed. “Parece ter sido um dia de retirada de capital estrangeiro. Vale lembrar que os
investidores estrangeiros aportaram muito no Brasil em novembro e dezembro, e
começaram janeiro em retirada, com destaque para o dia 16, em que a soma do mercado
à vista e futuro foi superior a R$ 2 bilhões”, acrescenta.
Nesta quinta-feira, 18, para além do avanço do petróleo na sessão, duas empresas do
setor foram destaque de alta, PetroReconcavo (+11,70%) e 3R Petroleum (+7,62%),
ambas na ponta ganhadora do Ibovespa. Em nota, a Toro Investimentos aponta que,
ontem, a Maha Energy anunciou ter passado a deter 5% do capital da 3R, e apresentou
“proposta de transação que pode vir a beneficiar a empresa.”
“Os ativos onshore da 3R e seus passivos seriam segregados da estrutura e colocados à
venda. Neste contexto, a PetroReconcavo se mostra como potencial interessada, vide a
proximidade de vários ativos com possibilidade de criação de sinergias e o know how
desta em operações onshore”, acrescenta a Toro.
O Citi avalia também que a combinação de negócios entre a 3R Petroleum e a
PetroReconcavo proposta pela acionista da primeira, Maha Energy, possui sinergias
operacionais claras, principalmente na infraestrutura e nos ativos midstream que
desempenham papel importante no negócio onshore, reporta a jornalista Marcia Furlan,
do Broadcast.
Do outro lado do índice, na ponta perdedora do Ibovespa, destaque na sessão para
Magazine Luiza (-6,98%), Hapvida (também -6,98%), Vamos (-6,47%) e Energisa (-5,34%).
A Energisa informou hoje que está trabalhando na documentação para realizar possível
oferta pública de ações ordinárias e preferenciais, a fim de captar volume aproximado de
R$ 2 bilhões nesta sexta-feira, 19, depois do fechamento do mercado.
Em fato relevante, a companhia disse que, caso a oferta seja realizada, a acionista
controladora, Gipar, manifestou a intenção de acompanhar o aumento de capital na
proporção de sua participação no capital social da empresa, de 27,7%, reporta a
jornalista Ludmylla Rocha, do Broadcast.
No quadro mais amplo, os recentes sinais, neste começo de ano, de que o início do
afrouxamento da política monetária nos Estados Unidos pode vir mais tarde do que o
mercado vinha precificando em dezembro – o que foi decisivo para o Ibovespa buscar
novas máximas históricas naquele mês – permanecem como pano de fundo da
inapetência por risco – assim como a instabilidade geopolítica no Oriente Médio e a
tibieza econômica na China, a que a Bolsa brasileira tem grande exposição, via
commodities.
Hoje, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, disse que adiantou sua
projeção para normalização dos juros do BC americano, do quarto para o terceiro
trimestre do ano. “Dito isso, se continuarmos a ver uma acumulação de surpresas para
baixo nos dados da inflação, posso ficar confortável em defender uma normalização mais
cedo do que no terceiro trimestre”, afirmou Bostic, em discurso preparado para evento.
“Há uma calibragem ainda em curso, no mercado, com relação aos juros nos Estados
Unidos. Isso pega a Bolsa em cheio, após se pensar que a taxa do Fed começaria a cair já
em março. E quando se prolonga, quando se coloca para adiante a expectativa por juros
mais baixos, afeta diretamente o apetite por ativos de risco, como ações”, diz Gabriel
Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, em referência à
realização de lucros em andamento na B3 neste início de ano.
“Os rendimentos dos títulos americanos, os Treasuries, continuam a subir, com o de 10
anos pagando agora 4,12%, o que pressiona as Bolsas, principalmente aqui”, observa
Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos. Assim, o Ibovespa se manteve hoje no
menor nível de fechamento desde 12 de dezembro (então aos 126,4 mil pontos), no
intervalo anterior à sequência de máximas históricas que o colocaria aos 134,1 mil no
encerramento de 2023. Desde o início do ano, em 13 sessões, o índice da B3 subiu em
cinco e caiu em oito.
18:22
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 127315.74 -0.93997
Máxima 129046.63 +0.41
Mínima 127315.74 -0.94
Volume (R$ Bilhões) 2.28B
Volume (US$ Bilhões) 4.61B
18:25
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 128135 -0.80127
Máxima 130195 +0.79
Mínima 128060 -0.86
JUROS
Os juros futuros fecharam o dia próximos dos ajustes, mas novamente com viés de baixa
ao longo da curva. Mais uma vez, ficaram descolados das taxas americanas, que em sua
maioria avançaram. Ajustes de apostas no início do ciclo de cortes de juros nos Estados
Unidos mais uma vez deram o tom da sessão nos mercados.
As taxas dos contratos de depósito interfinanceiro (DI) oscilaram entre leves altas e leves
baixas durante o dia, em parte embaladas pelas mudanças nas expectativas para os juros
americanos. Mas, a partir de meados da tarde, firmaram-se em baixa, contrariando
ganhos firmes nos rendimentos da T-Note de dez anos, a 4,1382% no fim da tarde.
“Entendo que já existe uma limitação de contaminação neste início de ano, dessa
percepção de que vai demorar mais para cortar os juros lá fora”, afirma o estrategista da
RB Investimentos Gustavo Cruz. “Tudo bem, pode cortar um pouco menos ou um pouco
mais devagar aqui, mas não vão mudar para onde a taxa vai.”
A taxa do DI para janeiro de 2025, o mais negociado da sessão, caiu de 10,116% no ajuste
anterior para 10,095%. O juro do DI para janeiro de 2026 recuou de 9,786% para 9,760% e
o do contrato para janeiro de 2027, de 9,963% para 9,920%. A taxa do DI para janeiro de
2029 cedeu de 10,387% para 10,355%.
Nas contas do economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, a curva precificava, no
fim da tarde de hoje, queda da Selic a pouco menos de 9,5% no fim de 2024,
praticamente o mesmo nível da última terça-feira, 16. Nas próximas três reuniões do
Copom, a curva embutia cortes de 0,5, 0,48 e 0,43 ponto porcentual, também
virtualmente parada.
Segundo Cruz, da RB, alguns fatores domésticos também podem ter favorecido o viés de
baixa dos juros. Ele cita notícias desta semana que mostraram o desligamento de mais de
800 mil beneficiários do programa Bolsa Família após um pente-fino feito pelo governo
como um dos pontos que tendem a beneficiar as taxas.
“Nós vimos notícias surpreendentes do governo falando em algum corte de gastos, há
quanto tempo isso não acontecia? Cortar gastos, passar um pente fino nos programas
sociais, isso é algo que favorece os juros”, diz o estrategista.
No cenário doméstico, o destaque ficou novamente com o imbróglio da medida provisória
(MP) da reoneração gradual da folha de pagamentos, que opõe governo e Congresso. Um
documento divulgado hoje pela Fazenda afirma que a MP é uma alternativa à
judicialização da desoneração. Segundo o texto, a medida levaria a uma renúncia de R$
5,6 bilhões, contra R$ 12,3 bilhões no caso do modelo atual.
A política fiscal continua no radar dos investidores. Durante a tarde, a Instituição Fiscal
Independente (IFI) do Senado afirmou, em relatório, que ainda há dúvidas sobre a
capacidade do governo de expandir as receitas de forma recorrente e garantir a
continuidade do novo arcabouço.
O Tesouro vendeu hoje, em leilão, lote integral de 7 milhões de Letras do Tesouro Nacional
(LTN), com volume financeiro de R$ 5,119 bilhões, e de 2 milhões de Notas do Tesouro
Nacional – Série F (NTN-F), com volume financeiro de R$ 1,942 milhão.
Lá fora, dados dos Estados Unidos foram o foco. Os novos pedidos de auxílio-desemprego
do país caíram menos do que o esperado na semana até o dia 13, a 187 mil. E as
construções de moradias iniciadas caíram 4,3%, menos do que o consenso do mercado,
de 8,1%. Esses números, em conjunto com declarações de diretores do Federal Reserve
(Fed, o banco central americano), tornaram ainda mais incerto o timing do corte dos juros
no país.
CÂMBIO
O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 18, cotado a R$ 4,9311, em ligeira alta
(+0,02%). Foi o quarto pregão seguido de valorização da moeda americana, que já
acumula ganhos de 1,52% na semana. Na primeira hora de negócios, a divisa ensaiou
uma desafogo e desceu até a casa de R$ 4,91 na mínima (R$ 4,9130), em meio a uma
aparente realização de lucros.
Operadores observam que, após a alta de 1,22% na terça-feira, o dólar mostrou fôlego
mais restrito nas duas últimas sessões, sempre respeitando o teto de R$ 4,95 no
fechamento. Na máxima hoje, a divisa atingiu R$ 4,9555. Essas movimentações sugerem
mais um realinhamento ao comportamento da moeda americana lá fora do que um
aumento da percepção de risco doméstico, apesar das dúvidas que rondam o quadro
risco fiscal.
“A moeda teve um comportamento até estável, encerrando praticamente no mesmo
patamar de ontem. Como não tivemos nenhum indicador local relevante para alterar a
trajetória do câmbio, o real segue acompanhando o cenário externo”, afirma a economista
Cristiane Quartaroli, do Banco Ouribank.
No exterior, investidores afinam as apostas em torno do início do início de um ciclo cortes
de juros nos Estados Unidos, enquanto assimilam indicadores da economia americana.
Divulgados pela manhã, pedidos de auxílio-desemprego semanais recuaram 16 mil, para
187 mil, enquanto analistas esperavam 205 mil. Já as construções de moradias iniciadas
nos EUA caíram 4,3% em dezembro, bem além da expectativa (-8,1%).
A safra de indicadores desta semana, com varejo ontem e seguro-desemprego hoje,
reforça a resiliência da economia americana e traz dúvidas sobre a possibilidade de o Fed
reduzir a taxa básica ainda no primeiro trimestre, diz Quartaroli, do Ouribank. As chances
de início de ciclo de cortes em março, que já chegaram a superar 80%, agora estão pouco
acima de 50%, segundo monitoramento de plataforma do CME Group.
O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, ressalta que outros indicadores
divulgados ao longo deste mês, como o relatório de emprego (payroll) e o índice de preços
ao consumidor (CPI) referentes a dezembro, já traziam dúvidas sobre o grau de
desinflação da economia americana. Além disso, há preocupação de que o conflito na
região do Mar Vermelho, no Oriente Médio, possa em algum momento possam provocar
problemas na cadeia de produção global, pressionando a inflação.
“Com esse cenário, o Fed tende a ser mais cauteloso. Se reduzir os juros já em março,
corre o risco de ver a inflação deixar de ceder e ter que voltar a subir, o que pode afetar o
‘soft landing'”, diz Velloni, acrescentando que uma visão mais clara sobre o estado da
economia americana virá a divulgação do CPI e do payroll referentes a janeiro e fevereiro.
À tarde, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse que mudou sua expectativa
para início de ciclo de cortes de juros nos EUA, do quarto trimestre para o terceiro. E
acrescentou que se a inflação vier aquém do esperado pode “ficar confortável em
defender uma normalização mais cedo do que no terceiro trimestre”.
No exterior, o índice DXY mostrou leve alta, na casa dos 103,500 pontos, com ganhos do
dólar em relação ao euro e ao iene. Divisas emergentes e de países exportadores de
commodities mostraram desempenho díspar. Entre pares do real, destaque para o peso
colombiano, com ganhos de mais de 1% frente ao dólar. As taxas dos Treasuries longos
voltaram a subir, com o retorno do papel de 10 anos tocando 4,15% na máxima.
O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, observa que nos últimos dias houve
uma reversão da tendência de fechamento da curva americana observada na virada do
ano, quando a taxa da T-note de 10 anos chegou a se situar abaixo de 3,90%. “Apesar dos
indicadores de PMI, que são mais ‘soft data’, sinalizarem uma desaceleração, os ‘hard
data, como vendas de varejo divulgados ontem, estão mais fortes. Óbvio que isso coloca
mais lenha no juro longo americano. Essa dinâmica explica os eventos nos mercados
globais e emergentes”, afirma Gala, acrescentando que houve também discursos mais
duros de dirigentes do Fed nos últimos dias.
Por aqui, o Banco Central informou que o fluxo cambial foi positivo em US$ 5,637 bilhões
na semana passada (entre 8 e 12 de janeiro), com entradas líquidas de US$ 5,269 bilhões
pelo canal financeiro e de US$ 368 milhões via comércio exterior. Com isso, o fluxo total
acumulado em janeiro (até o dia 12) passou a ser positivo em US$ 3,575 bilhões
18:25
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.93110 0.0203 4.95550 4.91300
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4936.000 -0.20218 4965.000 4922.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4955.000 -0.02903 4955.000 4955.000