MERCADOS EXTERNOS TÊM LEITURAS DISTINTAS DA ATA DO FED,ENQUANTO PETROBRAS AJUDA BOLSA

Bolsas e dólar de um lado, Treasuries de outro. Foi este o saldo dos mercados americanos nesta tarde após a divulgação da ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve, principal agenda do dia. Ao citar elevado grau de incerteza quanto à trajetória dos juros, o documento do Fed trouxe subsídios para quem avalia que a aposta do mercado em corte já no primeiro trimestre é exagerada. Mas, ao reforçar a desaceleração da atividade e as projeções dos dirigentes de relaxamento ao longo do ano, o texto alimenta a visão dos que acreditam que a redução já começa em março. Assim, com mensagens para todos os gostos, cada mercado agarrou-se à interpretação que mais lhe convinha. Para as ações, a ata foi gatilho para mais uma realização de lucros recentes e terceira queda seguida do S&P 500 (-0,80%). Para o dólar ante divisas fortes, deu motivo para mais pressão ante moedas europeias e manutenção do DXY na casa dos 102 pontos. Nos Treasuries, estabeleceu viés de baixa para as taxas, com T-note de 10 anos projetando 3,906% no fim da tarde. No Brasil, a ata do Fed acabou fazendo pouco preço. As atenções domésticas estavam voltadas para a arrancada das ações da Petrobras (ON +3,40% e PN +3,12%), que praticamente sozinhas garantiram a alta do Ibovespa aos 132.833,95 pontos (+0,10%). Os papéis reagiram à disparada do petróleo no exterior, com a piora da cena geopolítica no Oriente Médio. Os juros futuros terminaram bem perto da estabilidade, com leve viés de alta, enquanto o dólar terminou com levíssimo recuo, aos R$ 4,9151 (-0,01%).

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•JUROS

•CÂMBIO

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os rendimentos da ponta longa dos Treasuries firmaram queda no fim da tarde, após reação volátil à ata da última decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed). O documento expôs a preocupação de dirigentes com o relaxamento recente das condições financeiras e a trajetória da inflação de serviços, mas também indicou as expectativas por juros “perto ou no pico”. Assim, as bolsas de Nova York reagiram com volatilidade, mas fecharam no vermelho. O dólar também perdeu força ante boa parte dos rivais, depois de chegar a subir ao maior nível em duas semanas ante o iene, diante dos efeitos de um terremoto no Japão. Sem reagir à ata, o petróleo subiu, com dúvidas sobre o abastecimento da commodity após crises na Líbia e no Mar Vermelho.

O BMO Capital Markets viu a ata do Fed como “hawkish”, chamando atenção para a ênfase às incertezas sobre a trajetória dos juros americanos. Já Stephen Stanley, do Santander, destaca que a ata confirma que o presidente do Fed, Jerome Powell, cometeu uma “grande gafe” de comunicação na sua coletiva. “O documento da reunião pode ajudar a limpar um pouco a bagunça”, destaca, mas alerta que será um pouco mais difícil para o BC americano entrar em equilíbrio novamente com suas comunicações.

Na contramão, a Capital Economics considerou a ata mais dovish que o esperado. Segundo a consultoria britânica, a mensagem veio em linha com a transmitida por Powell na última coletiva de imprensa após a decisão de juros de dezembro.

Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries caíram no dia, com o mercado ainda precificando a chance majoritária de que o primeiro corte de juros do Fed seja em março, segundo plataforma do CME Group. O BMO, por sua vez, chama atenção para os leilões de títulos americanos na próxima semana, que poderão mexer com os rendimentos. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos operava estável em 4,332%, o da T-note de 10 anos tinha baixa a 3,906% e o do T-bond de 30 anos caía a 4,058%.

Enquanto investidores digeriam a ata, os mercados acionários de Nova York chegaram a acelerar a queda, reagindo com volatilidade e o Nasdaq a fechar em queda de mais de 1%. Os índices foram pressionados por dados do mercado de trabalha americano, que indicaram maior abertura de vagas que o esperado, e pelo avanço do índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial dos Estados Unidos, segundo o Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês). Assim, o índice Dopw Jones caiu 0,76%, o S&P 500 cedeu 0,80% e o Nasdaq teve queda de 1,18%.

O dólar, por sua vez, reduziu a alta ante rivais, mas ainda sim subiu no pregão. A Convera destaca a pouca volatilidade nas negociações, ainda devido às festividades da passagem de 2023 para 2024. Mais cedo, o iene chegou a cair nos piores níveis ante o dólar em duas semanas, ainda em repercussão ao terremoto do Japão. Segundo o Commerzbank, é improvável que a moeda tenha uma recuperação sustentada, principalmente devido às expectativas de que o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) manterá uma postura relaxada. o sinal positivo do índice DXY (que mede sua força ante seis rivais) se impôs ao final do pregão, e o indicador fechou em alta de 0,29%, a 102,494. No fim da tarde, o dólar se valorizava a 142,22 ienes, o euro caia a US$ 1,0924 e a libra tinha alta a US$ 1,2666.

Mesmo com força do dólar, o petróleo avançou mais de 2%, acompanhando uma série de eventos que colocam dúvidas sobre o abastecimento da commodity em 2024, após notícias que as operações no campo de petróleo El Shahara, um dos maiores e mais importantes campos petrolíferos da Líbia, foram interrompidas. A notícia se juntou a notícias de mais ataques no Mar Vermelho e ao comunicado da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) sobre o compromisso para manutenção da estabilidade do mercado. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para fevereiro de 2024 o fechou em alta de 3,30% (US$ 2,32), a US$ 72,70 o barril, enquanto o Brent para março, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), subiu 3,11% (US$ 2,36), a US$ 78,25 o barril.

BOLSA

Em dia de alta para o petróleo, e amparado no forte desempenho de Petrobras (ON +3,40%, PN +3,12%), o Ibovespa obteve leve ganho de 0,10%, aos 132.833,95 pontos, revertendo fração da perda de 1,11% observada na primeira sessão do ano, ontem. Na máxima desta quarta-feira, no meio da tarde, o índice da B3 mostrou alta de 0,66%, aos 133.575,58, saindo de mínima a 132.250,07 e de abertura aos 132.696,78 pontos. Na semana, o Ibovespa ainda cede 1,01%, no agregado de duas sessões. O giro financeiro subiu hoje para R$ 21,6 bilhões.

No exterior, a cautela deu o tom aos negócios desde cedo, em meio a realinhamento de expectativas quanto ao ritmo de corte dos juros de referência nos Estados Unidos este ano, movimento que limitou o viés de alta do Ibovespa na sessão, após uma abertura de ano em realização de lucros. Com o foco posto nos juros americanos neste início de 2024, o marco definidor da sessão tenderia a ser a ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve, conhecida às 16h. Mas o teor do documento, afinal, não alterou o sinal de Nova York e de São Paulo. Em NY, as perdas no fechamento de hoje iam de 0,76% (Dow Jones) a 1,18% (Nasdaq).

A chance de o Federal Reserve (Fed) iniciar o ciclo de relaxamento monetário já este mês diminuiu nesta quarta-feira, conforme a plataforma do CME Group que monitora o comportamento da curva futura. Para o fim do ano, a ferramenta ainda apontava cenário mais provável de corte acumulado de 150 pontos-base nos juros, mas a probabilidade de a taxa básica seguir entre 5,25% e 5,50% na reunião de janeiro era de 91,2% no início da tarde de hoje, comparada a 87,6% ontem. Como consequência, a hipótese de haver uma redução recuava de 12,4% para 8,8%.

“A sessão foi bem volátil hoje, com os Estados Unidos ainda mandando no jogo, e foco nos próximos passos do Fed, que é o que tem ditado o comportamento dos mercados. E os mercados vinham colocando muito preço na expectativa de que o corte de juros pelo BC americano virá já em março”, diz Erik Sala, especialista em investimentos da DVInvest.

Na ata desta tarde, os dirigentes do Fed apontaram que a taxa de juros está provavelmente no “pico ou perto dele”, e que todos os integrantes do colegiado observaram claro progresso, em 2023, em relação à meta de inflação. O documento do BC dos EUA aponta também que a inflação permanece alta no país, apesar da desaceleração vista no último ano.

Para a BMO Capital Markets, o tom da ata foi “hawkish” [duro], com sinais de que o Fed pode adiar o início do ciclo de corte de juros. Segundo essa análise, o BC americano reforçou o elevado grau de incerteza quanto à trajetória dos juros, o que ampara a tese de que a expectativa por afrouxamento monetário em março é prematura.

Assim, a chance de o Federal Reserve cortar os juros a partir de março recuou levemente após a divulgação da ata, segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group. Antes da divulgação do documento, que reforçou que dirigentes desejam manter os juros restritivos por um tempo, a precificação era de 74,5%. Após a ata, a probabilidade caiu para 70,8%. Já a chance de que a taxa permaneça na faixa atual ainda em março aumentou de 25,5% para 29,2%.

“A ata reafirma a ideia de manter o patamar de juros, sem precificar ainda um corte de forma prematura. Os juros devem ser mantidos por mais tempo, e o dólar reagiu a princípio positivamente, nos contratos futuros, mas poucos minutos depois já retornava ao patamar ‘pré-notícia'”, sem tanto reflexo também para as ações, aqui e fora, observa Alan Soares, analista da Toro Investimentos. No fechamento desta quarta-feira, o dólar à vista mostrava estabilidade (-0,01%), a R$ 4,9151.

Além da aguardada ata do Fed, principal ponto da agenda econômica nesta quarta-feira, o mercado tomou nota também do aguçamento da tensão geopolítica no Oriente Médio, com efeito direto para a precificação de ativos como as commodities, especialmente o petróleo, que subiu hoje na casa de 3% em Londres e Nova York.

Mais de 100 pessoas morreram e 170 ficaram feridas no Irã, nesta quarta-feira, em uma dupla explosão durante homenagem ao general Qassim Suleimani, informou a televisão estatal iraniana. As explosões ocorreram perto do túmulo do general em uma mesquita na cidade de Kerman, no sul do país, disse a emissora. A TV estatal afirma que o caso é tratado como um “ataque terrorista”.

O Estados Unidos não estão envolvidos nas explosões no Irã e não têm motivos para acreditar que Israel esteve, disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, reporta a agência Reuters.

Milicianos apoiados pelo Irã, os Houthis, do Iêmen, confirmaram hoje que realizaram uma operação contra navio da CMA CGM Tage que, segundo o grupo, “dirigia-se aos portos da Palestina ocupada”. Em comunicado, o porta-voz Yahya Saree afirmou que o ataque ocorreu depois de a tripulação do navio ter se recusado a responder a chamados das forças navais do Iêmen, incluindo mensagens de alerta.

Em outro desdobramento sobre a situação no Oriente Médio, o chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, disse que Israel enfrentará “resposta e punição”, um dia após a morte do vice-líder do Hamas, Saleh al-Arouri. Um suposto ataque feito por drone de Israel teria atingido al-Arouri no subúrbio de Beirute, capital do Líbano. Nasrallah afirmou também que “se o inimigo pensar em travar uma guerra contra o Líbano, irá arrepender-se”. O governo libanês, por sua vez, tenta fazer com que o Hezbollah mostre moderação.

Além disso, relatos de que manifestantes da cidade de Ubari, no sudoeste da Líbia, fecharam o campo petrolífero de Sharara, um dos maiores e mais importantes do país, contribuíram para a pressão sobre os preços da commodity observada ao longo do dia.

Na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, além das duas ações de Petrobras, destaque também para Pão de Açúcar (+10,50%), Soma (+5,31%), Cielo (+3,74%) e Prio (+3,37%). No lado oposto, BRF (-4,91%), Azul (-3,33%), Braskem (-2,84%) e JBS (-2,78%). As ações de grandes bancos tiveram desempenho misto no fechamento da sessão, entre baixa de 1,10% (Itaú PN, na mínima do dia no encerramento) e leve ganho de 0,12% (Bradesco PN). O dia também foi de ajuste moderado, em viés negativo, para a ação de maior peso no Ibovespa, Vale ON (-0,52%).

18:21

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 132833.95 0.10348

Máxima 133575.58 +0.66

Mínima 132250.07 -0.34

Volume (R$ Bilhões) 2.15B

Volume (US$ Bilhões) 4.38B

18:23

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 134485 0.18997

Máxima 135150 +0.69

Mínima 133620 -0.45

JUROS

Os juros futuros encerraram o dia próximos dos ajustes de ontem, depois de oscilarem entre quedas e altas moderadas ao longo da sessão. Refletiram, principalmente, ajustes nos rendimentos dos Treasuries, enquanto o mercado tenta calibrar as apostas nos próximos passos da política monetária americana.

A ata da reunião de dezembro do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) foi a principal responsável por movimentar os juros. Logo após a divulgação, foi lida como hawkish e fez os Treasuries – e, por tabela, os juros domésticos – subirem. Mas o mercado realinhou a interpretação do texto, o que aliviou as taxas aqui e lá fora.

No fim da sessão, a taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 era de 10,030%, 1 ponto-base menor do que a do ajuste anterior, de 10,040%. O DI para janeiro de 2027 tinha 9,760%, ante 9,749% no ajuste, enquanto o DI para janeiro de 2029 mostrava 10,135%, de 10,121% no ajuste.

Os Treasuries também chegaram ao fim da tarde com viés de baixa. O rendimento da T-Note de dois anos ficou em 4,3332%, estável em relação a ontem. E o juro da T-Note de dez anos caiu de 3,937% para 3,911%, depois de ter superado a linha de 4% mais cedo, na máxima intradia.

Na ata de dezembro, os dirigentes do Fed disseram que os juros estão “no pico, ou perto dele.” Eles reconheceram uma queda da inflação americana, mas destacaram que ela permanece elevada e que são necessárias mais evidências para convencê-los de um retorno sustentável à meta, de 2%.

Apesar dessa mensagem, a Capital Economics afirma, em relatório, que o tom da ata foi mais dovish do que se esperava. “Mais em linha com a mensagem do presidente do Fed, Jerome Powell, na coletiva de imprensa [de dezembro] do que com comentários pós-reunião mais hawkish de outros dirigentes do Fed”, diz a consultoria.

Na mesma linha, o gestor de multimercados e renda fixa da Mag Investimentos, Ricardo Jorge, afirma que a ata pareceu, no contexto geral, mais dovish do que o esperado. Isso, ele diz, contribuiu para levar os rendimentos dos Treasuries ao terreno negativo e permitiu a estabilização dos DIs em torno dos ajustes da véspera.

Mais cedo, observa Jorge, alguns dados americanos mais fortes que o esperado haviam contribuído para firmar Treasuries e DIs em alta. O relatório Jolts mostrou criação de 8,79 milhões de empregos em novembro, ante expectativa de 8,77 milhões. E o PMI industrial do país subiu a 47,4 em dezembro, segundo o ISM, enquanto o mercado esperava 47,1.

“Esses dados contribuíram para uma abertura da curva de juros mais cedo, mas boa parte desse movimento está relacionada a um exagero dos mercados em novembro e dezembro, e uma certa volta é natural. No prazo mais longo, a tendência é de queda dos juros aqui, com a curva já precificando uma Selic perto de 9% no fim do ciclo”, diz o profissional.

Para o gerente de renda fixa e distribuição de fundos da Nova Futura Investimentos, André Alírio, as dúvidas sobre a condução da política monetária nos Estados Unidos deram o tom da sessão hoje. Mas parte da volatilidade dos juros também pode ser atribuída a dois outros fatores: a realocação de portfólios no início do ano e alguma incerteza fiscal.

“No fim do ano passado, foi embutido muito otimismo com relação à política monetária no Brasil e lá fora, e é natural que, no início do ano, a realocação dos portfólios tenha um pouco mais de cautela”, diz Alírio.

Por aqui, o dia foi de noticiário fraco, mas os agentes do mercado continuam monitorando o andamento da questão fiscal. Como mostrou a Coluna do Estadão, o governo confia na aliança com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com o Supremo Tribunal Federal (STF) para manter o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao calendário de execução de emendas parlamentares, aprovado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

CÂMBIO

Em sessão instável e marcada por trocas de sinal, o dólar à vista encerrou cotado a R$ 4,9151, praticamente estável (-0,01%). As oscilações ao longo do pregão ocorreram entre margens estreitas, com variação de pouco mais de quatro centavos entre mínima (R$ 4,9005) e máxima (R$ 4,9410). Lá fora, o dólar avançou em comparação à maioria das divisas fortes e emergentes, em meio ao aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio e à divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA).

Segundo operadores, após o avanço de 1,29% do dólar no mercado doméstico ontem, investidores adotaram uma postura mais cautelosa, evitando apostas mais contundentes. Ruídos políticos que causaram apreensão ontem, após veto do presidente Lula ao cronograma de pagamento de emendas parlamentares, ficaram hoje em segundo plano.

O tom positivo do Ibovespa, que voltou a superar os 133 mil pontos, na contramão das bolsas de Nova York, e a valorização das commodities, em especial do petróleo, contribuíram para que o real não fosse muito contaminado pela maré externa. O contrato do petróleo tipo Brent para março fechou em alta de 3,11%, cotado US$ 78,25 o barril.

Principal evento do dia, a divulgação da ata do Fed provocou certa volatilidade. Em um primeiro momento, houve reação negativa, com aprofundamento das perdas das bolsas em Nova York, máxima do dólar em relação ao euro e virada nas taxas dos Treasuries para campo positivo. Logo em seguida, contudo, os efeitos negativos se dissiparam, com mercados acionários e a moeda americana voltando aos níveis vistos antes da divulgação do documento, e os retornos dos Treasuries passando a recuar.

A ata revelou que os dirigentes do BC americano veem a taxa básica de juros “no pico ou perto dele”, com riscos mais equilibrados entre inflação e emprego. A expectativa é de arrefecimento da atividade econômica neste ano e um mercado de trabalho, ainda muito apertado, rumo a um nível mais equilibrado. Apesar do grau elevado de incerteza, vislumbra-se uma política monetária menos restritiva, com possibilidade de cortes de juros em 2024.

Na plataforma da CME, as chances de uma redução dos Fed Funds em março permanecem amplamente majoritárias, acima de 70%, embora tenham apresentado leve queda após a divulgação da ata. Foi justamente a aposta de redução dos juros ainda no primeiro trimestre deste ano que embalou um rali de ativos de risco nos últimos meses de 2023. A curva de juros americano ainda embute uma redução de 150 pontos-base da taxa básica neste ano.

Na visão do analista econômico da Genial Investimentos, Lucas Farina, a ata trouxe um “viés mais ‘hawkish’, justamente para frear o otimismo exacerbado do mercado, que havia contribuído para afrouxar as condições financeiras à revelia da vontade do Fed”. Para Farina, o BC americano, com uma “comunicação mais conservadora”, tenta recuperar “o controle das expectativas de mercado”.

Nos indicadores locais, o BC divulgou pela manhã que a conta corrente apresentou déficit de US$ 1,553 bilhão em novembro, bem acima da mediana de projeções Broadcast (-US$ 500 milhões). Mesmo assim, foi o menor saldo negativo para os meses de novembro desde 2016. No ano, até novembro, a conta corrente apresenta déficit de US$ 22,2 bilhões. Já o resultado do Investimento Estrangeiro no País (IDP) foi de US$ 7,780 bilhões em novembro, o melhor para o mês desde 2019 e acima do teto das estimativas de Projeções Broadcast (US$ 7,50 bilhões).

Segundo o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, os números divulgados hoje confirmam, de maneira geral, um cenário de robustez das contas externas que deve continuar a beneficiar o real na comparação com outras moedas emergentes. “Vemos o dólar fechar o ano em torno de R$ 4,75, após se aproximar de R$ 4,50 em meados do ano”, afirma Oliveira. (Antonio Perez – [email protected])

18:23

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.91510 -0.0142 4.94100 4.90050

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4938.500 -0.06071 4958.500 4917.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4950.000 0.02708 4950.000 4950.000