MERCADO ZERA APOSTA EM CORTE DE 0,50PP EM MAIO APÓS FALA DURA CAMPOS NETO

Declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta tarde em
Washington sacudiram o mercado nesta tarde. Ao dizer que o BC fará o que for necessário
para ancorar as expectativas de inflação, admitir que num cenário de incertezas elevadas
o ritmo de queda da Selic pode ser alterado e ressaltar o risco de perda de credibilidade
na âncora fiscal, Campos Neto abriu espaço para que o mercado zerasse a aposta na
curva de redução de 0,50 ponto porcentual em maio e migrasse para um corte de 0,25
ponto. A Selic terminal agora está em 10,60% e os juros de curto prazo acumularam mais
prêmio. A ponta longa, por sua vez, conseguiu absorver a queda dos juros dos Treasuries,
movimento esse impulsionado por um leilão do Tesouro dos EUA com forte demanda e
pela queda do petróleo, na esteira da ausência de retaliações de Israel ao Irã. De volta ao
mercado local, o real surfou na valorização do minério de ferro e na correção cambial
externa. Assim, o dólar à vista desceu a R$ 5,2439 (-0,47%), a primeira queda após cinco
sessões de alta. Na Bolsa, apesar do bom desempenho de Vale (+1,09%) e Petrobras
(+0,15% ON e +0,73% PN), o Ibovespa caiu aos 124.171,15 pontos (-0,17%) com peso de
bancos e também sob influência das falas de Campos Neto.
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•MERCADOS INTERNACIONAIS
•CÂMBIO
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JUROS
O mercado de juros deu uma guinada hawkish no meio do dia, com as taxas curtas e
intermediárias invertendo o sinal de baixa para alta após declarações do presidente do
Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em Washington, que limparam as apostas de
corte de 0,50 ponto da Selic no Copom de maio.
Campos Neto admitiu que num cenário de manutenção de incertezas elevadas o ritmo de
queda da Selic pode ser alterado. Ainda, foi categórico em afirmar que o BC fará o que for
necessário para ancorar a inflação e discorreu ainda sobre as turbulências fiscais. Os
demais vértices mantiveram o recuo visto pela manhã, acompanhando a queda dos juros
dos Treasuries e do dólar.
Às 17h22, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava
em 10,425%, de 10,28% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 subia de 10,65%
para 10,75%. O DI para janeiro de 2027 projetava 11,01%, de 11,06% ontem no ajuste. A
taxa do DI para janeiro de 2029 caía para 11,43%, de 11,60%.
Pela manhã, o mercado chegou a arriscar uma correção das fortes altas registradas ao
longo do mês, amparada no ajuste em baixa do dólar e no alívio da curva dos Treasuries.
O ajuste, porém, era aquém do expressivo volume de prêmios acumulados, com sinais de
que não se sustentaria até o fim da sessão, até porque o mercado aguardava a
participação de Campos Neto em eventos em Washington.
No início da tarde, a fala de Campos Neto, em evento promovido pela XP, deu a senha
para que os DIs de curto e médio prazos passassem a subir. “Podemos ter um sistema em
que a incerteza continua alta, sem mudar, o que pode significar redução do ritmo”,
afirmou. Disse ainda que num cenário em que a incerteza começar a afetar “variáveis
mais importantes” e que seja necessário “conversar sobre mudar o balanço de riscos”
pode haver alteração no cenário básico do BC. “Para o cenário base virar um corte de 0,25
ponto, basta ficar igual a como está”, diz Marco Caruso, economista-chefe do PicPay.
Tal percepção sobre uma possível mudança no ritmo de redução da taxa básica foi
endossada pela ênfase de Campos Neto ao afirmar que a autoridade monetária “não tem
medo de fazer o que é necessário” para ancorar a inflação e alertar ainda para os riscos da
perda da âncora fiscal. “Se você perde credibilidade na âncora fiscal, fica mais caro para
âncora monetária”, afirmou.
No forward guidance do encontro de março, o Copom indicava uma redução de mesma
magnitude, de 0,5 ponto, na Selic na próxima reunião “em se confirmando o cenário
esperado”.
Na curva, a sinalização de Campos Neto abalou a aposta de corte da Selic em 0,5 ponto
no Copom de maio, que há semanas aparecia como majoritária. Os DIs passaram a
precificar integralmente uma redução de 0,25 ponto. O rearranjo das apostas também
pode ser visto nas opções digitais de Copom na B3, com aumento das vendas nas opções
de 0,50 ponto.
Mais do que isso, a reunião de junho tem apenas -7 pontos precificados no DI, indicando
apostas marginais de queda da taxa. Para o segundo semestre, já há precificação de alta
para a Selic, segundo o economista-chefe do banco Bmg, Flávio Serrano.
Vale destacar que, diante da forte zeragem de posições vendidas e da disparada na
aversão a risco nos últimos dias, a precificação da curva já vinha se tornando mais
conservadora no que diz respeito ao plano de voo do BC. Com o reforço de hoje, a curva
passou a projetar Selic terminal de 10,60%.
Num momento em que o governo enfrenta baixa popularidade, com a fala de Campos
Neto o mercado passou a computar também a possibilidade de um nome de linha mais
dovish na indicação para a presidência do BC após o fim do mandato atual, no
encerramento deste ano. O ex-diretor do Banco Central Luis Eduardo Assis acredita que
as considerações de Campos Neto devem repercutir negativamente dentro do governo.
“O mercado deve passar a precificar presidente do BC alinhado com ideias de Lula”,
disse.
Na seara fiscal, não bastasse o desconforto com a mudança das metas para 2025 e 2026,
hoje a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, por 18 votos a 7, a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Quinquênio que concede um “bônus” de 5%
a cada cinco anos, limitados a 35%, a magistrados, procuradores e promotores. A medida
pode ter um impacto fiscal de cerca de R$ 42 bilhões ao ano, de acordo com informações
do Ministério da Fazenda. Apesar da derrota preocupante na CCJ, o governo acredita que
há espaço no plenário para garantir que a pauta seja barrada. Seriam necessários 49
senadores para aprovar a PEC no plenário.
De todo modo, os eventos recentes sugerem, na avaliação dos players, que o ministro da
Fazenda, Fernando Haddad, está enfraquecido diante das pressões políticas por mais
gastos dentro do governo. “A maré tem virado para a Fazenda, que deve perder espaço
paulatinamente para pastas como a Casa Civil e o Ministério de Relações Institucionais à
medida que as eleições municipais se aproximam”, afirmam os profissionais da Levante.
MERCADOS INTERNACIONAIS
O petróleo estendeu perdas à tarde e recuou 3%, ante a ausência de retaliações de Israel
ao Irã, ao menos por enquanto, e perspectivas de política monetária apertada por mais
tempo nos Estados Unidos. Entre os Treasuries, os retornos também ampliaram perdas
nas últimas horas da sessão, diante de um leilão com demanda acima do esperado. O
Livro Bege, do Federal Reserve (Fed), apontou nesta tarde para expansão ligeira no
crescimento nos EUA, desde o final de fevereiro, com aumentos também modestos nos
preços, em ritmo similar ao do relatório anterior. No câmbio, o euro ganhou algum fôlego,
com máximas em meio a declarações de Christine Lagarde, presidente do Banco Central
Europeu (BCE), e o dólar recuou ante outras moedas principais. Nas bolsas de Nova York,
o sinal negativo prevaleceu, com piora à tarde e papéis ligados a semicondutores
pressionando mais o Nasdaq.
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, alertava que a “menor invasão” de Israel levaria a
uma resposta “massiva” por Teerã, enquanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula
von der Leyen, notou hoje que os ataques do fim de semana “marcariam uma mudança
em direção ao confronto aberto” entre os países. Ainda havia cautela com os riscos
geopolíticos na região, com o Catar admitindo dificuldades para negociar, mas a ausência
de fatos novos permitiu espaço para ajuste para baixo no petróleo. Além disso, influía a
perspectiva de demanda ainda contida pela política monetária mais dura, que tende a
perpetuar por mais tempo nos EUA, diante de sinais ainda robustos da atividade e de
dúvidas na inflação. O contrato do WTI para maio fechou em queda de 3,12%, a US$ 82,69
o barril, na Nymex, e o Brent para junho recuou 3,03%, a US$ 87,29 o barril, na ICE.
Na política monetária, o Citi via o presidente do Fed, Jerome Powell, “ansioso para
começar a ajustar os juros para baixo”, pois a política mais dura eleva o risco de recessão,
mas o banco acrescenta que o índice de preços de gastos com consumo (PCE) “precisa
cooperar”. A próxima leitura do PCE sai na próxima semana e, para o Citi, deve “ser uma
surpresa agradável”, com desaceleração do núcleo.
Hoje, entre os Treasuries, os retornos já recuavam cedo, aprofundando perdas após leilão
com demanda mais forte do que a média recente de T-bonds de 20 anos, segundo o BMO
Capital. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos caía a 4,930%, o da Tnote de 10 anos recuava a 4,584% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 4,697%. Na
política monetária, o Livro Bege do Fed, sumário que embasa as decisões de juros nos
EUA, apontou que a economia se expandia levemente desde o final de fevereiro, sem alta
em geral nos gastos dos consumidores, enquanto o emprego aumentava em ritmo ligeiro
e os aumentos de preços foram modestos, em ritmo bastante similar ao relatório anterior.
No câmbio, o dólar perdeu fôlego, com a libra impulsionada por inflação acima do
esperado no Reino Unido. O euro ainda atingiu máximas em meio a declarações de
Lagarde, embora a presidente do BCE não tenha mudado o tom recente, sem se
comprometer com momento exato para corte nos juros. Ela reafirmou que o banco
central não tem meta para o câmbio, mas acrescentou que “obviamente levamos em
conta o impacto das variações cambiais em nossa inflação”, e descreveu o crescimento
na zona do euro como “modesto”. No horário citado, o dólar caía a 154,34 ienes, com
ajuste neste caso após a moeda do Japão bater mínimas em 34 anos e seu governo dizer
que monitora o caso, sem descartar intervenção. O euro avançava a US$ 1,0673 e a libra
tinha alta a US$ 1,2452. O índice DXY do dólar, por sua vez, registrou baixa de 0,29%, a
105,591 pontos.
Nas bolsas de Nova York, ações ligadas a semicondutores estiveram em foco, após
balanço da holandesa ASML decepcionar na Europa. Em Nova York, o papel da Arm
fechou em baixa de 11,99%, Micron caiu 4,47% e Qualcomm, 2,53%, com Intel recuando
1,60%. Entre outros papéis de peso, Nvidia perdeu 3,87% e Apple caiu 0,81%, esta na
mínima do dia, Boeing cedeu 0,20% e Tesla, 1,06%. Entre setores do S&P 500, tecnologia
recuou cerca de 1,5%, mas alguns exibiram ganhos, como concessionárias e financeiro.
O Dow Jones fechou em baixa de 0,12%, em 37.753,31 pontos, o S&P 500 recuou 0,58%, a
5.022,21 pontos, e o Nasdaq caiu 1,15%, a 15.683,37 pontos. S&P 500 e Nasdaq
acumulam a mais longa sequência diária de perdas desde janeiro, de acordo com o
Market Watch
CÂMBIO
Após cinco pregões consecutivos de alta, período em que acumulou valorização de
5,21%, o dólar à vista recuou na sessão desta quarta-feira, 17. O enfraquecimento global
da moeda americana e a queda dos Treasuries, em dia de agenda esvaziada no exterior,
abriu espaço para um movimento na realização de lucros no mercado local. Houve
também relatos de internalização de recursos por parte de exportadores para aproveitar
as cotações mais elevadas.
Tirando altas pontuais e bem limitadas na abertura dos negócios e no início da tarde, o
dólar à vista operou em baixa no restante do pregão. Com mínima a R$ 5,2198 por volta
das 15h45, a divisa encerrou o pregão em queda de 0,47%, cotada a R$ 5,2439 – ainda nos
maiores níveis desde março de 2023. Apesar do refresco hoje, o dólar acumula
valorização de 4,56% em abril.
Uma vez mais, houve giro forte no mercado de dólar futuro, com o contrato para maio
movimentando mais de US$ 18 bilhões. Ontem, os investidores estrangeiros ampliaram
ainda mais as posições compradas em derivativos cambiais (dólar futuro, mini contrato,
cupom cambial e swap), que atingiram o pico histórico US$ 70,3 bilhões, segundo dados
da B3. Já os fundos locais mantêm posições vendidas de US$ 8,5 bilhões.
“Hoje é um dia de ressaca, sem agenda relevante. A moeda brasileira se valoriza, em uma
correção que era amplamente esperada após a alta muito forte do dólar na segunda e na
terça-feira”, afirma o economista André Galhardo, consultor econômico da Remessa
Online, para quem os fatores que levaram ao estresse no mercado de câmbio nos últimos
dias ainda não se dissiparam.
Galhardo lembra a fala de ontem do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell,
chancelando a expectativa de cortes de juros apenas no segundo semestre e de forma
parcimoniosa, após dados fortes de varejo nos EUA. As tensões geopolíticas seguem no
radar, embora Israel não tenha até o momento retaliado o Irã pelos ataques a solo
israelense no fim de semana.
“Os elementos principais que levaram à depreciação do real foram externos. O dólar
subiu também contra moedas fortes. O real já é geralmente uma moeda mais sensível,
mas acabou ficando mais volátil com a divulgação da mudança da meta fiscal de 2025″,
diz Galhardo, em referência ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias (PLDO),
apresentado pelo governo na última segunda-feira.
No exterior, o índice DXY – que mede o comportamento do dólar em relação a seis divisas
fortes – voltou a ficar abaixo da linha dos 106,000 pontos, com mínima aos 105,881
pontos à tarde. O real, que apanhou mais que seus pares nos últimos dias, hoje
apresentou os maiores ganhos entre as principais divisas emergentes e de países
exportadores de commodities.
As atenções se voltaram ao longo da tarde à participação do presidente do Banco Central,
Roberto Campos Neto, em evento da XP Investimentos, em Washington. Em meio a
especulações de que o BC poderia intervir novamente no câmbio para amenizar o
movimento de depreciação do real nos últimos dois dias, Campos Neto afirmou que a
autarquia não reage a movimentos de reprecificação do prêmio de risco brasileiro com
intervenções no mercado cambial.
Campos Neto também passou um recado mais duro em relação à política monetária,
abrindo espaço para que a curva de juros passasse a espelhar desaceleração do ritmo de
corte da Selic de 0,50 ponto para 0,25 ponto em maio. Ele disse que o BC “não tem medo
de fazer o necessário” para fazer a inflação à meta e que já tentou “mostrar isso ao
mercado”.
No que foi interpretado como uma sinalização de que o BC pode não seguir o forward
guidance de corte da taxa Selic em 0,50 ponto na “próxima reunião”, Campos Neto
afirmou que, dentro de vários cenários, pode haver um quadro de aumento de incerteza e
estresse global que levaria o BC a alterar seu cenário-base.
Para Galhardo, da Remessa Online, a perspectiva de que o BC mire em uma taxa Selic
terminal mais perto de 10% pode mitigar pressões mais fortes sobre a moeda brasileira.
“Essa é a percepção que fica com a fala do Campos Neto. Isso garante um juro real ainda
expressivo e impede altas mais fortes do dólar”, dia Galhardo, que, por ora, projeta Selic
termina em 9,50%, mas com viés para 9,75%. “Vejo o câmbio numa faixa entre R$ 5,00 R$
5,15, trabalhando mais perto do limite superior da banda em abril e com queda gradual
em maio e junho. Vamos encerrar o primeiro semestre com dólar orbitando R$ 5,00″.
(Antonio Perez – [email protected])
17:38
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.24290 -0.4916 5.28440 5.21980
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5247.000 -0.9065 5290.500 5225.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5260.000 -1.2021 5282.000 5248.000
BOLSA
O Ibovespa não conseguiu sustentar recuperação nesta quarta-feira, estendendo a série
negativa pela sexta sessão – a maior desde a longa correção entre 1º e 17 de agosto. Hoje,
fechou em baixa de 0,17%, a 124.171,15 pontos, como ontem no menor nível de
encerramento desde 14 de novembro (123,1 mil). Entre a mínima e a máxima, oscilou de
123.641,94 a 125.300,97 pontos, saindo de abertura a 124.388,62 pontos. O giro foi
reforçado pelo vencimento de opções sobre o índice, a R$ 47,6 bilhões. Na semana, o
Ibovespa cai 1,41% e, no mês, cede 3,07%. No ano, recua 7,46%.
No exterior, o dia foi marcado por ajuste nos preços do petróleo, com o Brent em retração
de 3%, abaixo de US$ 88 por barril, em Londres. Os estoques de petróleo dos Estados
Unidos tiveram crescimento de 2,735 milhões de barris, a 459,993 milhões, na semana
passada, informou o Departamento de Energia. Analistas ouvidos por The Wall Street
Journal previam alta de 600 mil barris.
Ainda que o Ibovespa tenha contado com o apoio de Petrobras (ON +0,15%, PN +0,73%) e
especialmente do setor metálico (Vale ON +1,09%, Gerdau PN +0,40%, CSN ON +1,06%),
o índice operou no negativo ao longo da tarde, renovando mínimas da sessão abaixo dos
124 mil a partir das 13h16. No pior momento, foi a 123,6 mil, abaixo da mínima intradia de
ontem, que havia sido a menor desde 16 de novembro.
Nesta quarta-feira, o índice foi contido em especial pelas ações de grandes bancos, mas
o desempenho do setor melhorou um pouco do meio para o fim da tarde, com Banco do
Brasil (ON +0,21%) e Itaú (PN +0,06%) tendo oscilado para o positivo, reduzindo a pressão
sobre o Ibovespa. Na ponta ganhadora da carteira, destaque para CSN Mineração
(+5,48%), Locaweb (+3,71%) e Vamos (+2,54%). No lado oposto, Marfrig (-6,45%), CVC (-
5,05%) e Eztec (-4,43%).
O sentido negativo do Ibovespa se manteve na sessão apesar da moderada retração do
dólar, em baixa de 0,47%, a R$ 5,2439. “No médio prazo, com a dissipação de alguns
choques – como redução do impasse no Oriente Médio, maior clareza para a economia
dos EUA, e se entendermos melhor evolução das contas públicas -, a tendência é que o
dólar fique em patamar um pouco mais baixo”, observa em nota Gustavo Sung,
economista-chefe da Suno Research. “No curtíssimo prazo, vemos mercado estressado,
com curvas de juros subindo, queda da bolsa e dólar além da barreira de R$ 5,20.”
“A aversão a risco global – que fez o ouro, um indicador do medo, subir 13% no mês até
ontem, e o dólar avançar 5% frente ao real, no mesmo intervalo, tendo flertado com o
patamar de R$ 5,30 – deu uma trégua hoje: a ausência de notícias negativas permitiu uma
relativa acomodação. Foi um dia, de certa forma, de reversão à média”, diz Larissa
Quaresma, analista da Empiricus Research, destacando em especial o deslocamento dos
rendimentos das Treasuries de 10 anos, hoje um pouco abaixo de 4,6% após terem
tocado ontem, no fechamento, o nível de 4,7%.
“A boa prévia operacional de Vale [o relatório de produção divulgado na noite de ontem
pela empresa], acima das estimativas dos analistas – que revisaram favoravelmente
projeções para a mineradora no primeiro trimestre e no ano -, além do avanço do minério
de ferro [na China], assegurou alta para as ações do setor metálico, limitando assim as
perdas do Ibovespa na sessão”, acrescenta a analista, destacando também notícia
positiva para a Gerdau, que tem operação nos EUA, após o governo americano sinalizar
intenção de sobretaxar o aço importado da China.
Mas a pitada de sal que se impôs ao sentimento dos investidores veio da agenda macro,
com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que fez alerta, hoje, sobre os
riscos para a política monetária relacionados a uma possível desancoragem do fiscal. Na
mesma semana em que o governo decidiu mudar as metas de referência para as contas
públicas em 2025 e 2026, as declarações de Campos Neto foram recebidas como duras
pelo mercado, abrindo um flanco para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária
(Copom), em maio, na qual já se poderia optar por um corte menor na Selic, de 0,25 ponto
porcentual, mesmo tendo telegrafado, no comunicado e na ata de março, a manutenção
do ritmo de meio ponto para o mês.
“Se você perde credibilidade na âncora fiscal, fica mais caro para a âncora monetária”,
afirmou nesta quarta-feira o presidente do BC, durante evento da XP Investimentos em
Washington, onde Campos Neto se encontra para as reuniões de primavera do Banco
Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ele destacou também que a
autoridade monetária fará “o que for necessário para ancorar a inflação”. “É importante
repetir”, frisou o presidente do BC, que voltou a ser criticado, recentemente, pela
presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
17:34
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 124171.15 -0.1748
Máxima 125300.97 +0.73
Mínima 123641.94 -0.60
Volume (R$ Bilhões) 4.76B
Volume (US$ Bilhões) 9.07B
17:38
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. % INDICE BOVESPA Var. %
Último 124145 0.0685 128455 -0.0195
Máxima 125420 +1.10 128605 +0.10
Mínima 123620 -0.35 128330 -0.12