MERCADO RECALIBRA JURO NOS EUA, CURVAS INCLINAM, NY TOMBA E DÓLAR SOBE EM SETEMBRO

Recalculando a rota. Assim pode ser resumido o sentimento do mercado global ao longo de setembro. Os negócios já vinham sendo pressionados desde a virada de agosto por causa da maior necessidade de financiamento do Tesouro dos Estados Unidos e da subida forte do petróleo. Mas o que coroou a cautela – palavra tão presente no noticiário econômico-financeiro este mês – foi a percepção de que os principais bancos centrais, em especial o Federal Reserve, deixarão os juros altos por mais tempo para controlar as ameaças inflacionárias. Nesta última semana, um novo impasse orçamentário nos EUA, que pode paralisar o governo já neste fim de semana, também entrou na conta. E foi a partir daí que o investidor, diariamente, embolsou o que pôde de lucros, pediu mais prêmios, ficou mais conservador. O resultado foi uma inclinação forte das curvas de juros globais. Alguns vértices-chave, como a T-note de 10 anos dos Estados Unidos, chegam a esta última sessão do mês projetando as mais altas taxas em período superior a uma década. As bolsas de Nova York cederam forte no período (Dow Jones -3,50%, S&P 500 -4,87% e Nasdaq -5,81%, esses dois últimos no pior mês de 2023). E o índice para o dólar DXY voltou à marca de 106 pontos, que havia abandonado em novembro passado. Os ativos brasileiros não ficaram imóveis aos ventos contrários externos. E ainda tiveram de lidar com a crescente desconfiança dos agentes quanto ao cumprimento das regras fiscais no curto prazo, o que pesou nas expectativas de inflação também. Além disso, a resiliência da economia travou apostas de aceleração do ritmo de corte da Selic, fazendo o mercado local também ter de se recalibrar à nova conjuntura. A curva do DI abriu e o dólar retomou os R$ 5. A moeda americana teve valorização de 1,53% no mês, fechando setembro em R$ 5,0268 – a despeito de uma queda suave diária, de 0,26%. Exceção local foi a Bolsa, que conseguiu ganho leve no mês (+0,71%) na esteira da valorização de papéis ligados a commodities. O índice chega ao fim de setembro aos 116.565,17 pontos (+0,72% no dia).

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•CÂMBIO

•BOLSA

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os rendimentos longos dos Treasuries se recuperaram à tarde e chegaram a flertar com o positivo na ponta longa, após a Câmara dos Representantes dos EUA rejeitar a proposta republicana de resolução orçamentária e, assim, ampliar a chance de uma paralisação do governo a partir do domingo. Ainda, analistas questionam se a desaceleração da inflação americana será suficiente para convencer o Federal Reserve (Fed) de que os juros não precisam mais subir neste ciclo, cenário que se juntou à fala do presidente do Fed de Nova York, John Williams, sobre a possibilidade da taxa dos Fed Funds taxa ficar alta por mais tempo. Essa combinação de incertezas retirou o fôlego verificado na abertura das bolsas de Nova York, que terminaram sem direção única e com S&P 500 e Nasdaq registrando as maiores quedas mensais deste ano. Já o dólar operou com viés negativo no exterior. Já o petróleo estendeu as perdas da véspera, mas o WTI ainda acumulou salto de 30% no terceiro trimestre.

Hoje, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos rejeitou proposta da liderança que poderia resolver, pelo menos de forma temporária, a possível paralisação do governo americano. Na visão do City Index, uma paralisação parcial do governo parece “iminente”, visto que não há como todos os 12 projetos de leis que estão sendo trabalhados na Câmara serem aprovados nas duas casas legislativas.

Dessa forma, o fechamento resultaria no aumento de volatilidade do mercado acionário, mas, eventualmente, um acordo seria alcançado, “esperançosamente, antes que uma agência de classificação de crédito use a disfunção para rebaixar a dívida soberana dos EUA”. Já Igor Lucena, membro da Associação Portuguesa de Ciência Política, avalia que as três principais agências de classificação de crédito americanas, Fitch, S&P Global Rating e Moody’s, não devem rebaixar o rating soberano dos Estados Unidos, se o governo federal local realmente sofrer uma paralisação.

Já a Oxford Economics afirma que um shutdown teria um impacto pequeno na economia, “embora aumente se a paralisação for prolongada”. “No curto prazo, uma paralisação irá perturbar o fluxo de estatísticas governamentais, tornando mais difícil o trabalho de uma Fed dependente de dados. Uma seca prolongada de dados daria ainda mais apoio ao nosso apelo para que não haja aumentos adicionais das taxas”.

O cenário também ajudou a reverter parcialmente as perdas dos retornos dos Treasuries, enquanto o rendimento da T-note de 2 anos permaneceu em queda mais firme. Segundo esclarece o BMO, uma possível paralisação do governo não interromperá o pagamento dos títulos. Entretanto, o banco chama atenção para a possibilidade de um “bull flattening” (quando taxas de longo prazo diminuem mais rapidamente do que as de curto prazo) caso a paralisação se concretize. No fim da tarde, o rendimento da T-note de 2 anos caía a 5,037%, o da de 10 anos ficou estava estável em 4,570% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 4,700%.

Analistas também questionavam se a desaceleração do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) de agosto é suficiente para que o Federal Reserve (Fed) flexibilize um pouco sua política monetária. Segundo o ING, apesar da medida de inflação preferida do BC americano ter ficado aquém das expectativas, “revisões em alta nas poupanças das famílias sugerem que o consumidor pode permanecer mais resiliente do que pensávamos ser provável e apoia o argumento de que Fed manterá a política monetária mais restritiva por mais tempo”.

Essa ideia também foi mencionada hoje por Williams, que destacou que os juros “estão em seu pico, ou perto dele”, mas que a postura “terá de ser mantida por algum tempo para restaurar de todo o equilíbrio entre demanda e oferta e levar a inflação de volta à meta de 2% no mais longo prazo”.

Sob essas incertezas, as bolsas de Nova York fecharam mistas, com pressão principalmente no setor de energia. Enquanto a ConocoPhillips cedeu 2,38%, a Baker Hughes teve queda de 3,47%. Entre os 11 subíndices do S&P 500, o de energia liderou as baixas (-1,97%). Na contramão, a Nike subiu 6,68%, após divulgar balanço trimestral. O índice Dow Jones caiu 0,47%, o S&P 500 cedeu 0,27% e o Nasdaq teve alta de 0,14%. No trimestre, os indies caíram 2,61%, 3,64% e 4,12%, respectivamente.

O dólar, por sua vez, caía ante grande parte de moedas fortes, em “correção trimestral”, conforme avalia o Brown Brothers Harriman (BBH). “Olhando para além deste movimento, nada mudou fundamentalmente e não vemos razão para acreditar que a tendência ascendente do dólar tenha terminado”, destaca o banco americano. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 149,43 ienes, o euro avançava a US$ 1,0573 e a libra tinha alta a US$ 1,2207, esta perto da estabilidade. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrava baixa de 0,04%, a 106,185 pontos. No mês, houve ganho de 2,48%, enquanto no trimestre o DXY avançou 3,17%.

Já no câmbio paralelo da Argentina, o dólar blue chegou a operar a 805 pesos argentinos e, no fim da tarde, subia 1,27%%, a 800 pesos argentinos, segundo o jornal Ámbito Financiero, que destacou o movimento como uma consequência da escassez da moeda americana no país.

Já investidores do petróleo seguiram com o movimento de realização de lucros. Conforme avalia a Oanda, os traders de energia perceberam que este não é o momento para o preço do barril subir acima de US$ 100. “Também apoiando a pequena queda estava o relatório da EIA de que a produção dos EUA na Bacia do Permiano atingiu um máximo histórico”, indica. Nesta sexta-feira, o contrato do WTI para novembro fechou em queda de 1,00% (-US$ 0,92), a US$ 90,79 o barril. O Brent para dezembro recuou 0,97%, (-US$ 0,92), a US$ 92,20 o barril, na Intercontinental Exchange

JUROS

O mercado de juros aproveitou a melhora do ambiente externo nesta sexta-feira, 29, para corrigir excessos de prêmios acumulados nos últimos dias, com taxas em queda durante toda a sessão. O movimento foi respaldado pelo recuo nos rendimentos dos Treasuries, na queda do dólar e das commodities. À tarde, houve um pouco mais de cautela no exterior, em meio a negociações em para evitar o shutdown nos EUA, mas que acabou não interferindo na trajetória das taxas locais. Ainda assim, na semana, as taxas subiram em bloco, sem alterações relevantes nos níveis de inclinação. Porém, a curva fecha setembro com ganho de inclinação em relação ao fim de agosto, atribuído essencialmente à piora do cenário internacional.

Às 17h10, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,850%, de 10,967% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 caía de 10,75% para 10,61%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,82% (10,98% ontem) e o DI para janeiro de 2029, de 11,32%, ante 11,46% no ajuste anterior.

Na semana, as taxas, em geral, avançavam cerca de 30 pontos-base ante os níveis da sexta-feira passada, com a curva subindo “em nível”. No balanço do mês, porém, o spread entre os vencimentos de janeiro de 2025 e janeiro de 2029 abria pouco mais de 15 pontos, ao passar de 29,7 no fim de agosto para 47 pontos na marcação de horário acima.

Nesta sexta, o clima mais ameno no exterior encorajou um ajuste em baixa, após a escaladas dos prêmios nos últimos dias. Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, o mercado já começou o dia “bem postado” para a queda das taxas, por causa do ambiente global favorecido pelo recuo das taxas americanas. “Os dados nos EUA caminharam nesta direção, com o índice do PCE pouco abaixo do esperado e os do sentimento do consumidor”, disse.

O índice de preços dos gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu ligeiramente menos que o esperado, tanto no índice cheio (0,4%) quanto no núcleo (0,1%), para os quais os consensos eram de 0,5% e 0,2%. Já a pesquisa da Universidade de Michigan mostrou que as expectativas para a inflação em 12 meses caíram 3,5% em agosto a 3,2% em setembro, o menor nível desde março de 2021, segundo a instituição.

Com isso, as taxas das Treasuries operaram em baixa e também o dólar ante as demais moedas. Petróleo e grãos também recuaram. “Num primeiro momento, os indicadores sugerem que o Federal Reserve poderá não ser tão duro na política monetária”, afirma Borsoi. À tarde, no entanto, os rendimentos dos títulos do Tesouro zeraram a queda e o recuo do dólar também perdeu força, depois que a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos rejeitou a proposta republicana por uma resolução orçamentária que, de maneira temporária, poderia evitar a paralisação do governo a partir do próximo domingo.

Borsoi também relaciona a postura mais defensiva ao fato de que na próxima semana a China terá sua “semana dourada”, em que se comemora a fundação da República Popular da China. “Esse feriado pode estar trazendo um pouco de receios quanto à liquidez no fim do dia”, afirma.

Internamente, a agenda trouxe dois destaques. A Pnad Contínua mostrou que a taxa de desemprego no trimestre encerrado em agosto ficou em 7,8%, em linha com a mediana das estimativas. É o nível mais baixo desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2025 (7,5%). A massa salarial subiu para o nível recorde de R$ 288,946 bilhões. “Isso indica mais uma vez que o PIB deste ano deve avançar de maneira mais significativa. Mantemos por ora nossa projeção de PIB em 3% para 2023, mas podemos revisar facilmente para 3,5% caso outros indicadores corroborem para o bom momento”, afirma o economista André Perfeito.

Outro destaque foi o resultado do setor público consolidado, com déficit primário de R$ 22,830 bilhões em agosto, no melhor desempenho para o mês desde 2021 (superávit de R$ 16,729 bilhões). O resultado ficou menos negativo do que a mediana deficitária de R$ 26,500 bilhões apurada pela pesquisa do Projeções Broadcast.

A exemplo de ontem, membros do Banco Central deram várias declarações em eventos nesta sexta-feira, mas aparentemente sem impacto sobre os preços. O presidente Roberto Campos Neto voltou a dizer que o objetivo é conduzir a inflação de volta ao centro da meta com o menor custo possível e que os banqueiros centrais estão atualmente preocupados porque a inflação ou parou de cair ou subiu um pouco mais recentemente.

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, apontou que os modelos de expectativas de inflação da autoridade monetária ainda não mostram que o Brasil retornará à meta até 2025. “Ter expectativas de inflação desancoradas em prazos mais longos também é uma questão de preocupação e, se há desancoragem de expectativas, é necessário uma política monetária restritiva para colocar a inflação de volta à meta”, frisou, em participação em evento organizado pelo Banco HSBC.

CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 29, em queda de 0,26%, cotado a R$ 5,0268, acompanhando o sinal predominante de baixa da moeda americana no exterior, em meio à leitura mais benigna de inflação dos EUA e ao refresco das cotações internacionais do petróleo. Pela manhã, a moeda trabalhou por alguns momentos abaixo do piso de R$ 5,00, com mínima a R$ 4,9884, na esteira do recuo dos juros longos americanos.

Na máxima, à tarde, correu até R$ 5,0355, quando as taxas dos Treasuries de 10 e 30 esboçaram alta pontual, após a Câmara dos Representantes rejeitar uma proposta orçamentária que poderia evitar a paralisação parcial (shutdown) do governo americano. Além disso, o mercado absorveu declaração do presidente do Federal Reserve de Nova York, John Willians, reforçando a visão de que os juros terão que ficar elevados por tempo mais prolongado, o chamado “higher for longer”.

Operadores observam que disputa pela formação da última taxa Ptax de setembro (e do terceiro trimestre) e o movimento típico de rolagem de posições futuras no fim do mês tiveram papel secundário na formação da taxa de câmbio, apesar do giro expressivo. Contrato mais líquido a partir desta sexta-feira, o dólar futuro para novembro movimentou mais de US$ 17 bilhões.

Apesar do refresco hoje, o dólar à vista encerra a semana em alta de 1,91%. Graças à arrancada dos últimos dias, a moeda termina setembro com valorização de 1,53%. Apesar de desconforto com o quadro fiscal doméstico, dado o ceticismo com o cumprimento da meta fiscal de déficit zero em relação ao PIB no próximo ano, analistas atribuem o tombo do real ao quadro externo negativo.

Com a escalada das taxas dos Treasuries e fortalecimento global da moeda americana, divisas emergentes e de países exportadores de commodities amargam perdas na semana e no mês. Entre as divisas de países latino-americanos de juros altos, que ainda ostentam os maiores ganhos no ano entre as principais moedas globais, o peso colombiano liderou o pelotão, com queda semanal na casa de 2%, ao passo que peso mexicano recuou cerca 1,20%. À tarde, o Banco Central da Colômbia anunciou manutenção da taxa básica de juros do país em 13,25% em decisão dividida, com dois dirigentes a favor de corte de 0,25 ponto porcentual.

O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, afirma que as questões domésticas estão hoje em segundo plano para o mercado de câmbio, cuja dinâmica está totalmente atrelada ao ambiente externo. “A pressão sobre os Treasuries tem ditado o comportamento dos ativos em todo mundo. Os Estados Unidos têm pressionado os juros globais, o que provoca mudanças na taxa de câmbio. Voltou a ser uma história de dólar forte no mundo”, afirma Lima. “Essa queda do dólar hoje é porque saíram dados de atividade e inflação menos fortes nos EUA, o que tirou um pouco da pressão sobre as taxas dos Treasuries”.

Após o resultado final do PIB dos EUA no segundo trimestre, divulgado ontem, mostrar crescimento levemente abaixo do esperado, saiu hoje uma leitura menos pressionada de inflação. O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida do Fed, registrou alta de 0,4% em agosto na comparação com julho, levemente abaixo do esperado (0,5%). Já o núcleo do PCE, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, subiu 0,1% em agosto ante o mês anterior, quando analistas esperavam avanço de 0,2%.

Para Lima, da Western, um eventual retorno da taxa de câmbio para baixo de R$ 5,00 depende de uma redução das incertezas em torno do comportamento das taxas de juros dos EUA. Os yields dos Treasuries já vêm em trajetória de alta desde agosto e aceleraram nas últimas semanas, em meio a sinais do Fed de que a taxa básica americana deve permanecer em nível restritivo por mais tempo e ao aumento de volume de emissões de papéis pelo Tesouro dos EUA. “Para o dólar voltar a níveis mais baixos é preciso um cenário externo de menor volatilidade e que atenue a tendência de dólar forte no mundo. Precisamos sinais de que a inflação e a economia americana estão desacelerando para os juros longos nos EUA pararem de subir”, afirma. (Antonio Perez – [email protected])

17:37

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.02680 -0.2579 5.03550 4.98840

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5008.000 -0.56587 5017.500 4991.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5050.500 -0.16802 5057.000 5010.000

BOLSA

Com o reforço da aversão a risco ao longo de setembro, sobretudo após o dia 20, quando o Federal Reserve manteve a orientação ‘hawkish’ para a política monetária dos Estados Unidos, o Ibovespa precisou esperar a última sessão do intervalo para definir o sinal do mês, positivo. Nesta sexta-feira, o índice da B3 subiu 0,72%, aos 116.565,17 pontos, na contramão de dia majoritariamente negativo, entre perda de 0,47% (Dow Jones) e leve ganho de 0,14% (Nasdaq), em Nova York. Dessa forma, o Ibovespa obteve ganho no mês, de 0,71%, quase idêntico ao da sessão, que encerrou semana de variação também contida (+0,48%). No ano, o Ibovespa avança 6,22%, vindo de perda de 5,09% em agosto. O giro de hoje foi de R$ 20,1 bilhões.

O índice da B3 havia iniciado o terceiro trimestre, no fechamento do dia 3 de julho, aos 119.672,78 pontos, tendo encerrado junho aos 118.087,00 pontos. Entre abril e julho, o Ibovespa encadeou apenas ganhos, até a correção de agosto e ao que pode ser visto como uma pausa, agora, em setembro. Após ter cedido 7,16% no primeiro trimestre, com perdas acumuladas em fevereiro (-7,49%) e março (-2,91%), no que foi seu pior trimestre de abertura de ano desde 2020, o Ibovespa teve boa recuperação no intervalo abril-junho, quando avançou 15,9%, puxado em especial pelo salto de 9% em junho, que colocou o primeiro semestre no positivo (+7,61%).

Agora, encerrada a primeira metade do segundo semestre, o Ibovespa volta a mostrar perda trimestral, de 1,28%, após ter começado bem o intervalo, com ganho de 3,27% em julho.

Na moeda americana, o Ibovespa fechou setembro a 23.188,74, um pouco mais ‘barato’ do que no encerramento de agosto, quando mostrava 23.376,98 pontos, mês em que, além da retração de 5,09% para o índice de ações nominal, houve avanço de 4,69% para o dólar frente ao real – em setembro, tais variações ficaram, respectivamente, em +0,71% e +1,53%, com o dólar, de volta a R$ 5, em alta mais forte do que a do índice de ações no mês.

Nesta sexta-feira, o sinal positivo do Ibovespa foi assegurado, em especial por Vale, a ação de maior peso individual no índice, com alta de 1,32% para a ON no fechamento – no mês, a mineradora subiu 3,84%, em ganho aparado por perda de 0,62% na semana. Eletrobras ON e PNB também foram bem na sessão, em alta, respectivamente, de 1,65% e 1,51%. Na ponta do Ibovespa, destaque para Grupo Casas Bahia (+6,78%), papel muito pressionado em sessões anteriores, resultando em perdas, no mês, na casa de 50% e, no ano, de quase 74%. No lado oposto do índice nesta sexta-feira, CVC (-3,02%), Natura (-2,22%) e CPFL (-1,61%).

Com o petróleo, assim como ontem, aparando os ganhos da commodity na semana e no mês, Petrobras ON e PN ensaiavam dia misto, mas ganharam fôlego em direção ao fechamento, conferindo ímpeto extra ao Ibovespa, com a ON em alta de 1,01%, na máxima da sessão no encerramento, e a PN, de 0,55%. Tanto a semana (ON +2,02%, PN +1,79%) como o mês (ON +9,70%, PN +8,45%) foram positivos para as ações da empresa, com o petróleo tendo operado no intervalo nos maiores níveis de preço em mais de um ano.

Em Nova York, os principais índices de ações fecharam a sexta-feira sem sinal único, acumulando perdas na semana à exceção do Nasdaq (+0,06% no intervalo). Com os rendimentos dos Treasuries em nível elevado, o mês foi bem negativo para as três referências de ações, em especial para o índice de tecnologia, que acumulou queda de 5,81%. Dow Jones cedeu 3,50% e S&P 500 caiu 4,87% em setembro.

“Os juros de mercado nos Estados Unidos estão em patamares não vistos desde a crise global de 2007, uma alta que pressiona o câmbio por aqui, com o dólar acima de R$ 5 contribuindo para um certo grau de risco na nossa Bolsa, que fechou a semana praticamente no zero a zero”, diz Marco Prado, CIO da BullSide Capital.

O destaque da agenda nesta última sessão da semana foi a leitura sobre a inflação ao consumidor nos EUA, pelo PCE, considerada a métrica preferida do Federal Reserve para monitorar a evolução dos preços na maior economia do mundo. O PCE teve alta de 0,4% em agosto ante julho, abaixo do consenso para o mês, de alta de 0,5% conforme levantamento da FactSet.

“O cenário ainda exige cautela. As projeções do Fed apontam para juros mais elevados ao longo de 2024, o que ainda pode pesar sobre o mercado. Outros fatores, como a continuidade das greves nas montadoras nos EUA e os preços elevados do petróleo, contribuem para que os receios em relação ao futuro da inflação ainda permaneçam”, aponta a Toro Investimentos, em relatório.

Apesar das incertezas globais, o mercado financeiro continua otimista quanto ao desempenho das ações no curtíssimo prazo, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 50% esperam alta para o Ibovespa e 37,50%, estabilidade, enquanto 12,50% preveem baixa. Assim, a expectativa por queda voltou a aparecer, após ausência nas três pesquisas anteriores. No último Termômetro, havia divisão entre ganho (50,00%) e variação neutra (50,00%).

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 116565.17 0.72099

Máxima 116899.02 +1.01

Mínima 115742.27 +0.01

Volume (R$ Bilhões) 2.00B

Volume (US$ Bilhões) 4.01B

17:37

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 117275 0.60047

Máxima 117735 +1.00

Mínima 116410 -0.14