MERCADO RECALCULA ROTA SOBRE BCS E JUROS TÊM SEMANA DE ALTA FORTE PELO MUNDO

A semana chega ao fim com elevação firme dos juros mundo afora, à medida que apostas em mudança nas comunicações dos bancos centrais se avolumaram nos últimos dias, já se preparando para a maratona de decisões da semana que vem. Internamente, dados fortes de atividade econômica de janeiro atestaram que o início de ano está mais forte do que o esperado, o que pode levar a alguma mudança nas indicações do Copom na quarta-feira. O mercado debate, por exemplo, alterações no forward guidance, indicando já uma desaceleração nos cortes da Selic. Lá fora, sinais de resistência da inflação podem fazer o Federal Reserve postergar o início do ciclo de afrouxamento monetário – as apostas para o segundo semestre ainda não são majoritárias, mas têm crescido. Postura um pouco mais conservadora é esperada até para o Banco do Japão, que deve abandonar a política ultrafouxa. Assim, a semana terminou com ganho de inclinação na curva doméstica e elevado giro de negociações especialmente hoje. Nos Treasuries, a T-note de 2 anos voltou à casa de 4,7%. Nas bolsas, o efeito foi de baixa. O Ibovespa cedeu aos 126.741,81 pontos (-0,74% no dia e -0,26% na semana), pressionado tanto por ações cíclicas quanto por Vale (-1,14% hoje e -5,42% ante a sexta passada). Investidores de olho ainda em Petrobras, que sofreu com o vaivém dos dividendos e das dúvidas sobre sua governança – ON caiu 0,22% hoje e 0,84% na semana e PN subiu, respectivamente, 0,28% e 0,55%. No câmbio, o dólar à vista flertou mais de uma sessão – inclusive a desta sexta-feira – com os R$ 5. Hoje, fechou a R$ 4,9980 (+0,22%). Esse mercado sente o efeito das políticas monetária e, também, do aumento do temor de intervenção política na economia.

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

JUROS

Os juros deram sequência ao ajuste de alta iniciado ontem, com as taxas curtas e intermediárias respondendo à nova leva de dados fortes de atividade e do mercado de trabalho e as longas, ao exterior adverso. O mercado agora vê um cenário menos propício a cortes da Selic e na curva a termo precificação de Selic terminal hoje voltou a subir e houve ainda aumento das apostas numa mudança do forward guidance do Copom na reunião de quarta-feira. No balanço da semana, todas as taxas avançaram, mas as longas em ritmo mais acentuado, o que resultou em ganho de inclinação.

Às 17h10, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 9,965%, de 9,896% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 subia a 9,89%, de 9,78% ontem. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,13% (de 10,02%) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 10,63% (de 10,51%). O diferencial entre as taxas para janeiro de 2025 e janeiro de 2029 estava em 66,5 pontos-base, de 62,9 pontos ontem e 56,3 pontos na sexta-feira passada.

O volume de contratos negociados hoje foi significativo, o que, somado ao forte avanço das taxas, sugere movimentos de “stop loss” em posições vendidas, que o mercado vinha sustentando até então apoiado na ideia de melhora do cenário inflacionário e fiscal que pudesse levar a Selic talvez até abaixo de 9%. O DI para janeiro de 2025, cujo giro na média diária dos últimos 30 dias era de 546.346, estava em 1,473 milhão no horário acima.

Mal o mercado conseguia digerir os números do varejo ontem e hoje já vieram a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) para completar o combo de indicadores econômicos da semana que colocam em alerta o ritmo do processo de desinflação. Na terça-feira, o IPCA de fevereiro ficou acima da mediana das estimativas, ainda que com leitura positiva dos preços de abertura, e ontem as vendas do varejo superam o teto das projeções nos conceitos restrito e ampliado.

O aumento de 0,7% do volume de serviços em janeiro, na margem, não só veio muito acima da mediana, que apontava queda de 0,5%, como superou por larga margem o teto da pesquisa do Projeções Broadcast, de alta de 0,2%. Na sequência, chegou o Caged do mesmo mês apontando geração líquida de 180.395 vagas, acima da expectativa mais otimista do mercado, de 115.496 postos. O quadro indica um PIB melhor do que o esperado no primeiro trimestre, mas também que a inflação pode demorar um tanto mais para chegar à meta de 3% como almeja o Banco Central.

A precificação da Selic terminal nos DIs, que ontem era de 9,60%, indicando apostas no “meio do caminho” entre 9,50% e 9,75%, nesta tarde subia a 9,70%, mais perto, portanto, da banda superior. Para a reunião da próxima semana, a precificação de -50 pontos seguia intacta, enquanto para o Copom de maio oscilava de -45 para -44 entre ontem e hoje.

“O mercado não vê influência sobre as decisões mais próximas do Copom, mas pode pesar sobre a taxa terminal da Selic, com a autoridade monetária podendo optar pela cautela e encerrar antecipadamente o ciclo de queda dos juros diante dos sinais de que a economia segue resiliente após dados fortes de varejo, serviços e emprego”, afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

A certeza de que a Selic cairá a 10,75% na quarta-feira contrasta com as dúvidas sobre a manutenção do foward guidance do comunicado, de mais dois cortes de 0,5 ponto. O mercado passou a embutir maior probabilidade de mudança, via ajuste no plural de “próximas reuniões” para o singular. Se confirmado, haveria espaço para a curva puxar ainda mais os prêmios para cima no pós-Copom.

Para o Itaú Unibanco, o colegiado manterá a sinalização atual de duas reuniões à frente, mas deve adicionar uma qualificação, incluindo a expressão “neste momento”, para evitar aumento de volatilidade com relação às expectativas para as próximas decisões e em função da distância ainda existente para o fim do ciclo. Além disso, consideram “o fato de que o Copom vem ressaltando, e deve reforçar, que essa comunicação já embute a condicionalidade apropriada em um ambiente incerto, especificando este que este será o curso de ação caso se confirme o cenário esperado”.

O ritmo de correção da ponta longa não ficou muito atrás dos demais trechos, com avanço de mais de 10 pontos no fim da tarde, na esteira dos ajustes das apostas para os juros nos Estados Unidos, que também vão ficando mais cautelosas. Perto das 17h, o yield da T-Note de dez anos voltava a cruzar a linha ds 4,30%, marcando 4,314%.

Assim como para o Copom, há grande expectativa para a reunião do Federal Reserve na quarta-feira, especialmente sobre como virá o gráfico de pontos após recentes indicadores fortes de inflação e atividade nos EUA. “Junto com o Fed, decisões dos bancos centrais do Reino Unido e do Japão também são esperadas na próxima semana. Este último poderia ser o mais impactante no mercado, especialmente com a especulação se intensificando de que o Banco do Japão aumentará as taxas de juros pela primeira vez desde 2007”, afirmam os profissionais da Guide Investimentos

MERCADOS INTERNACIONAIS

As negociações no exterior, nesta tarde, refletiram ajustes de posicionamento para a próxima semana, que contará com decisões de alguns dos principais bancos centrais do mundo – inclusive o Federal Reserve (Fed). Os mercados vão se aclimatizando à ideia de que os juros nos EUA não vão baixar tão rápido quanto esperavam no início do ano, o que colaborou para o viés de alta nos retornos dos Treasuries nesta tarde. Por outro lado, as bolsas de Nova York fecharam em queda, com pressão maior sobre o setor de tech, embora Nvidia resistisse em alta de 1%, com otimismo sobre inteligência artificial. O dólar operava misto, enquanto investidores balizam expectativas de diferenciais de juros antes das decisões de política monetária dos BCs japonês e britânico. O iene, em particular, se enfraquece mesmo com as expectativas de que o Banco do Japão (BoJ) elevará suas taxas pela primeira vez em 17 anos.

A probabilidade de o Fed cortar juros em junho continua caindo, precificada a 55,9% no fim desta tarde, de acordo com o CME Group. Ao mesmo tempo, subia a chance de as taxas caírem apenas 50 pontos-base até dezembro (25,1%), ultrapassando o cenário de redução de 100 pontos-base (23,1%) e se tornando a segunda hipótese mais provável. A aposta em cortes de 75 pontos-base no acumulado do ano ainda lidera, com probabilidade de 34%.

“O Fed tem sido claro na sua mensagem de paciência, desesperado para ver mais provas de uma melhora no ambiente inflacionário antes de tomar o primeiro passo de relaxar sua política”, definiu o Stifel em nota a clientes. O banco avalia que os participantes do mercado parecem contentes com um atraso nos cortes de juros agora, esperando uma eventual redução mais à frente do ano. No entanto, alerta o Stifel, uma falta de melhora ou um revés na tendência desinflacionária poderia forçar o Fed a estancar expectativas de cortes e até mesmo reconsiderar subir juros.

Em meio ao declínio nas expectativas de cortes de juros e sem apoio técnico, os rendimentos dos Treasuries têm subido, escreveu a Oxford Economics em relatório. A consultoria lembra que o impulso de alta nos retornos foi observado constantemente ao longo da semana, com o apoio de dados “bearish”, pressões na oferta e valorização do petróleo. Às 17h (de Brasília), o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,732%; o da T-note de 10 anos tinha alta a 4,313% e o do T-bond de 30 anos recuava a 4,430%. No acumulado da semana, os yields subiram.

Já nos mercados acionários americanos, o efeito das reprecificações foi baixista. “O forte rali nas ações visto desde o fim de outubro finalmente está mostrando alguma exaustão”, comentou o CEO da Navellier, Louis Navellier. “O S&P e o Nasdaq subiram mais de 8% no acumulado do ano, mas os ganhos desaceleraram à medida que as perspectivas de cortes nas taxas do Fed continuam sendo adiadas. Agora o primeiro corte está previsto para junho, e essa aposta caiu para uma probabilidade de 60%.”

O índice Dow Jones fechou com baixa de 0,49%, a 38714,77 pontos; o S&P 500 recuou 0,65%, a 5117,16 pontos; e o Nasdaq caiu 0,96%, a 15973,17 pontos.

O dólar avançou ante outras moedas fortes, como o iene e a libra, e oscilou perto da estabilidade em relação ao euro. Os investidores descobrirão nesta terça-feira, 19, se o BoJ já vai subir suas taxas agora ou se esperará mais um pouco para pôr fim à política de juros negativos. Os analistas estão divididos sobre se esse movimento acontecerá mesmo em março ou só em abril, mas são unânimes na aposta de que isso ocorrerá muito em breve. O jornal Nikkei reportou que aconteceram discussões dentro e fora do BoJ hoje em preparação para a normalização da política monetária. Mesmo assim, o dólar subia a 149,09 ienes no fim da tarde.

O Julius Baer avalia que o abandono dos juros negativos será “dovish”, prevendo um tímido avanço na taxa que deixará a política monetária japonesa ainda em território expansivo. Por isso, a recuperação do iene deverá ser apenas moderada, disse o economista do banco suíço David Alexander Meier. “É verdade que com nossa previsão de alta de juros pelo Japão a 0,2% e o Fed cortando 75 pontos-base em 2024, a divergência da política diminuirá, mas ainda continuará ampla”, ponderou. Meier projeta que o dólar termine o ano a 140 ienes.

O euro avançava a US$ 1,0892 e a libra tinha baixa a US$ 1,2740. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,07%, a 103,432 pontos, e na comparação semanal avançou 0,70%.

Na América do Sul, a S&P Global elevou o rating de longo prazo da Argentina de SD (calote seletivo) para CCC com perspectiva estável. A agência de classificação de crédito disse que a ação reflete o equilíbrio entre os riscos de uma economia e políticas “incertas” contra a mudança favorável de curto prazo no cumprimento de obrigações de dívida. Também no noticiário, o presidente argentino, Javier Milei, criticou o Senado por ter vetado ontem o seu Decreto de Necessidade e Urgência (DNU). Ele lembrou, porém, que o texto segue válido e que só pode ser derrubado se a Câmara dos Deputados local também rechaçá-lo

BOLSA

O Ibovespa caiu hoje, novamente pressionado pelas perdas da Vale, na esteira do minério de ferro e de temores em torno de uma ingerência política do governo na mineradora. Mas o cenário macroeconômico também jogou contra o desempenho da Bolsa hoje, enquanto o mercado passa a ver uma chance maior de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) corte menos os juros este ano.

Esses fatores levaram o índice de referência da B3 a fechar o dia com 126.741,81 pontos – em queda não só na sessão, de 0,74%, como também na semana, de 0,26%. Ele oscilou no vermelho durante quase todo o pregão, exceto por uma alta pontual logo após a abertura, quando foi até a máxima de 127.957,49 (+0,21%). Na mínima, caiu até os 126.501,85 (-0,93%). O giro financeiro foi de R$ 34,7 bilhões, com vencimento de opções sobre ações.

Vale ON cedeu 1,14% e foi novamente a principal influência negativa sobre o Ibovespa. Hoje, pesou contra os papéis da mineradora a queda de 3,46% do minério de ferro na bolsa de Dalian, na China. Foi o sexto recuo consecutivo, que levou a tonelada da commodity a US$ 108,62 – abaixo de US$ 110 pela primeira vez desde agosto do ano passado. Na semana, a baixa é de 11%.

Segundo Raony Rossetti, CEO da Melver, uma empresa de formação de profissionais do mercado financeiro, temores de interferência política do governo também pesaram sobre a ação. “Tivemos a tentativa do governo de emplacar [o ex-ministro da Fazenda Guido] Mantega na presidência, e agora uma dúvida sobre quem vai ocupar o cargo a partir do fim do ano, depois da saída de um conselheiro, que falou em ingerência política”, lembra.

Outro alvo dos temores de ingerência política, a Petrobras, encerrou o dia entre queda de 0,22% (ON) e alta de 0,28% (PN). Na semana, os papéis da empresa, pressionados desde sexta-feira passada pelo imbróglio de não pagamento dos dividendos extraordinários, acumularam queda de 0,84% e alta de 0,55%, respectivamente. Vale ON perdeu 5,42% na comparação semanal.

No cenário macro, às vésperas da “super-quarta” da semana que vem – quando Fed e Banco Central do Brasil terão decisões de política monetária -, o mercado diminuiu a expectativa por um corte inicial dos juros americanos já em junho. A aceleração da inflação ao consumidor nos Estados Unidos e a inflação ao produtor mais alta do que o esperado, divulgadas mais cedo na semana, continuaram repercutindo nas apostas e estabelecendo um clima de aversão ao risco.

A visão de uma queda menos agressiva das taxas americanas repercutiu também aqui, onde os juros futuros avançaram, puxados pelas dúvidas em torno da reação do Comitê de Política Monetária (Copom) ao cenário. A surpresa com o crescimento dos serviços e com a abertura de vagas de emprego formal em janeiro – ambos acima das expectativas do mercado – também sustentou o movimento.

“O movimento de hoje está muito relacionado a esse contexto da queda de juros”, afirma o operador de renda variável da Manchester Investimentos Diego Faust. “No fim do ano passado, havia se criado a expectativa de que a queda dos Fed Funds fosse em março, depois maio, e agora está mais para junho, e pode ser julho. Os dados dessa semana afastaram a expectativa de uma queda no primeiro semestre.”

Faust destaca que o aumento dos juros penaliza empresas da área de consumo e construtoras, por exemplo. Aqui, o índice setorial de consumo da B3, o ICON, fechou o dia em baixa de 1,75%, na mínima. As cinco maiores baixas nominais do Ibovespa foram do setor: Cogna ON (-11,74%), Yduqs ON (-9,76%), Casas Bahia ON (-7,62%), Lojas Renner ON (-6,72%) e Alpargatas ON (-6,56%).

Na outra ponta, as maiores altas ficaram com Azul PN (+6,89%), Petroreconcavo ON (+4,15%), Hypera ON (+4,03%), Braskem PNA (+3,38%) e Cemig PN (+2,97%). Dos 87 papéis da carteira teórica do Ibovespa, 22 caíram.

17:30

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 126741.81 -0.7425

Máxima 127957.49 +0.21

Mínima 126501.85 -0.93

Volume (R$ Bilhões) 3.49B

Volume (US$ Bilhões) 6.99B

17:30

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 127720 -0.9385

Máxima 129065 +0.10

Mínima 127515 -1.10

CÂMBIO

O dólar voltou a subir no mercado doméstico de câmbio e chegou a flertar com fechamento acima do nível psicológico de R$ 5,00 nesta sexta-feira, 15, mais um dia marcado pela valorização da moeda americana no exterior e por avanço das taxas dos Treasuries. Ainda sob impacto dos índices de inflação ao consumidor e ao produtor nos EUA divulgados nesta semana, investidores adotaram uma postura defensiva, à espera da decisão de política monetária do Federal Reserve na próxima quarta-feira, 20.

A leva de indicadores positivos da economia brasileira nos últimos dias poderia dar algum fôlego para o real, mas analistas apontam que o temor de que o governo Lula aumente gastos públicos para recuperar a popularidade e o imbróglio dos dividendos da Petrobras aumentaram a busca por proteção na moeda americana.

Depois dos dados positivos das vendas do varejo em janeiro divulgados ontem, hoje saíram números fortes do setor de serviços e do Caged, também referentes a janeiro. Esse quadro já leva parte dos analistas a trabalhar com a hipótese de que o Banco Central – que também anuncia sua decisão de política monetária no dia 20 – desacelere o ritmo de cortes da taxa Selic até meados deste ano.

Com oscilação de menos de dois centavos de real entre a mínima (R$ 4,9827) e a máxima (R$ 5,0016), o dólar à vista encerrou a sessão em alta de 0,22%, cotado a R$ 4,9980. Na semana, a divisa avançou 0,34%, o que leva a valorização acumulada no mês a 0,50%.

“Apesar do patamar de preço mais alto do dólar, o dia foi de relativa estabilidade. A semana foi marcada pelo clima de cautela, com espera pela posição do Fed sobre o afrouxamento monetário”, afirma o especialistas e câmbio da One Investimentos Matheus Massote.

No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar em relação a seis divisas fortes – passou o dia em leve alta. Dados da indústria dos EUA hoje mostraram sinais contraditórios. Segundo o Banco Central americano, a produção industrial subiu 0,1% em janeiro, enquanto se esperava estabilidade. Já o índice de atividade industrial Empire State, que mede as condições da manufatura em Nova York caiu para -20,9 em março, bem abaixo da previsão de analistas (-8).

“Os números de inflação nos EUA surpreenderam negativamente e o mercado começou a reduzir as chances de corte dos juros pelo Fed em junho, o que fez o dólar trabalhar mais perto de 5,00”, afirma o chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Garcia, ressaltando que o real apresenta em março comportamento “um pouco pior” que de seus pares entre divisas emergentes.

É dado como certo que o Fed vai anunciar no dia 20 manutenção da taxa básica na faixa entre 5,25% e 5,50%. As atenções se voltam ao tom do comunicado e às projeções dos dirigentes da instituição para inflação, atividade e taxa de juros contidas nos chamados gráfico de pontos.

Monitoramento do CME Group mostra que as chances de o BC americano reduzir os juros em junho, que chegaram a superar 80% no início do mês, caíram para menos de 60% hoje. O cenário mais provável ainda é de uma redução dos Fed Funds em 0,75 ponto porcentual neste ano.

Garcia, da C6 Bank, observa que, na última edição dos “dot points”, a maioria dos dirigentes previa três reduções dos juros neste ano. Projeções mais conservadores e uma postura mais dura do Fed podem levar à nova rodada de alta do dólar no mundo, respingando sobre o real.

“É isso que vai definir se a taxa de câmbio vai continuar trabalhando no intervalo entre R$ 4,85 e R$ 5,00 ou se vai mudar de patamar, para um ‘range’ entre R$ 5,00 e R$ 5,10”, diz Garcia, ressaltando que fatores internos, como a retenção dos dividendos extraordinários da Petrobras, também levaram o dólar a operar mais perto de R$ 5,00 nos últimos dias. “O fluxo continua positivo, com a balança comercial forte, mas houve uma piora tanto no cenário externo quanto nas questões locais.

17:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.99800 0.2206 5.00160 4.98270

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5001.000 0.0200 5005.500 4986.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5012.500 0.1899 5015.500 5012.500