MERCADO HESITA QUANTO A PRÓXIMOS PASSOS DE BANCOS CENTRAIS E BOLSA REALIZA LUCROS

Dúvidas quanto ao futuro das políticas monetárias do Brasil, dos Estados Unidos e da Europa foram a senha para uma realização de lucros no Ibovespa ao longo desta quinta-feira. O mercado assimila o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) menos dovish do que o esperado ao passo que vê um recrudescimento da tendência hawkish no exterior. Os bancos centrais de Reino Unido, Turquia, Noruega e Suíça elevaram juros, enquanto o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, acenou com mais aumentos da taxa básica à frente. Diante dessas pressões, o principal índice da B3 desceu aos 118.934,20 pontos, recuo de 1,23%. Dos 86 papéis que compõem o Ibovespa, 76 caíram, numa demonstração da tendência de realização. No mercado de juros, o fato de o Banco Central brasileiro não ter sido tão explícito quanto à possibilidade de queda em agosto causou um ajuste fino nas apostas, que ao fim do dia seguiam amplamente majoritárias para queda de 25 pontos-base em agosto. Nos EUA, o mercado ampliou a aposta por um Federal Reserve mais agressivo e já precifica 20% de chance de um aumento de 50 pontos-base nos juros até novembro, conforme monitoramento do CME Group. Ontem, essa chance era de 15,9%. Assim, os juros dos Treasuries subiram. A taxa da T-note de 2 anos subiu a 4,786% e a da T-note de 10 anos avançou a 3,796%. Nas bolsas americanas, contudo, prevaleceu o renovado otimismo com empresas ligadas ao setor de inteligência artificial após a Amazon anunciar investimento de US$ 100 milhões em um centro de inovação nessa área. O papel da companhia saltou 4,26% e o índice Nasdaq subiu 0,95%. O S&P 500 ganhou 0,37% e o Dow Jones fechou quase estável (-0,01%). O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,31%, a 102,386 pontos. Aqui no Brasil, o dólar à vista subiu 0,09%, aos R$ 4,7723.

•BOLSA

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

BOLSA

A incerteza em torno dos próximos passos da política monetária no mundo e no Brasil levou o Ibovespa a uma queda de 1,23% nesta quinta-feira, 22, a 118.934,20 pontos. Profissionais do mercado atribuem o movimento a uma realização dos lucros acumulados diante de um cenário de maior cautela, um dia após a referência da B3 ter conseguido sustentar a marca dos 120 mil pontos no fechamento pela primeira vez em 14 meses.

Não à toa, alguns dos papéis que acumulam altas acima de dois dígitos no ano encerraram em baixa firme e puxaram a queda do índice, a exemplo de Bradesco PN (-2,61%), Petrobras ON (-1,65%) e PN (-1,26%) e Banco do Brasil ON (-1,90%). O dia seguinte à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de junho também foi de queda em segmentos sensíveis a juros, como imobiliário (-2,33%) e consumo (-0,62%).

Esse movimento reflete um ajuste das expectativas de investidores para a trajetória da taxa Selic após o comunicado do Copom da véspera ter sido lido como mais duro do que o esperado. Nesta quarta-feira, 21, o comitê manteve a taxa Selic em 13,75% e optou por não sinalizar explicitamente quando deverá começar o afrouxamento monetário, enquanto a maior parte do mercado esperava cortes em agosto.

“Talvez o mercado estivesse um pouco otimista demais com a possibilidade de uma mudança brusca de direção do BC, que obviamente não viria, e por isso hoje estamos vendo empresas ligadas aos juros devolvendo boa parte dos ganhos”, diz o analista da Empiricus Research João Piccioni. “É aquela história: são ações que sobem com o boato e realizam com o fato.”

Assim, as maiores perdas do pregão foram observadas em papéis ligados à construção civil e ao varejo – como Eztec ON (-6,64%), Alpargatas PN (-5,95%), Magazine Luiza ON (-5,05%) e MRV ON (-5,04%), que tiveram as quatro quedas mais intensas do Ibovespa nesta quinta-feira. Completa a lista das maiores perdas do índice Minerva ON (-4,65%), em um dia marcado por queda de 76 dos 86 papéis que compõem o índice.

Para o chefe de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno, a realização dos lucros nesta sessão respondeu mais à cautela global desencadeada pelo aumento acima do esperado dos juros no Reino Unido – de 0,5 ponto porcentual – e a declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, reforçando que podem ser necessários dois novos aumento dos juros no país.

“A meu ver, o comunicado do Copom deu uma certa decepcionada, mas ficou dentro da linha que o BC vinha sinalizando. O dia de hoje acabou sendo de queda por causa do exterior, que jogou um pouco de realização para o nosso mercado, que estava subindo mais de 10% no mês”, afirma Moliterno. “Hoje teve uma realização do mercado para acomodar e tentar entender qual será a magnitude do aperto no exterior e do nosso afrouxamento.”

As declarações de Powell e o aumento dos juros anunciado no Reino Unido, Noruega, Turquia e Suíça pesaram sobre as perspectivas para a demanda global e levaram o petróleo a quedas entre 4,16% (WTI) e 3,61% (Brent) – com impactos na Petrobras. Em meio ao enfraquecimento das commodities, o setor de materiais básicos encerrou o dia em queda de 1,32%, uma das maiores do índice, puxado por Vale ON (-0,54%) e Gerdau PN (-1,91%).

Mesmo nesse cenário, o Copom não levou a uma mudança forte das apostas do mercado. Nas contas do Banco Mizuho, a curva de juros futuros ainda precificava no fim desta quinta-feira um corte de 24 pontos-base da Selic em agosto – equivalente a quase 100% de chance de redução -, enquanto 16 de 36 instituições (44%) ouvidas pelo Projeções Broadcast reforçaram a expectativa de corte em agosto, contra 19 (53%) em setembro.

Para Moliterno, tudo indica que o Ibovespa pode voltar a se recuperar nas próximas sessões, uma vez que os investidores tenham digerido as novas informações. “Assim que o mercado tiver uma leitura mais clara, podemos voltar a ver uma performance positiva do Ibovespa, porque nossas empresas continuam relativamente baratas por múltiplos e expectativas”, afirma.

Hoje, o índice oscilou entre a mínima de 118.018,03 pontos (-1,99%) e a máxima de 120.419,87 pontos (estável), em uma sessão com giro de R$ 23,4 bilhões. As cinco maiores altas do Ibovespa ficaram com Ambev ON (+1,77%), Hapvida ON (+0,95%), Vibra ON (+0,83%), Carrefour Brasil ON (+0,82%) e Natura ON (+0,75%). (Cícero Cotrim – [email protected])

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 118934.20 -1.23406

Máxima 120419.87 -0.00

Mínima 118018.03 -1.99

Volume (R$ Bilhões) 2.33B

Volume (US$ Bilhões) 4.89B

18:03

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 121525 -0.9778

Máxima 122305 -0.34

Mínima 120190 -2.07

JUROS

A falta de sinalização explícita do Banco Central a respeito da possibilidade de corte de juros em agosto forçou um leve ajuste de posições do mercado de DIs, com respectiva alta nas taxas, mas não grande o suficiente para afastar de vez as apostas de que a instituição começará a baixar a Selic em agosto.

Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, perto do encerramento do pregão, o mercado precificava um corte de 24 pontos-base na Selic, a taxa básica de juros, em agosto, pouco menos que os 28 pontos-base observados antes da abertura da sessão. Para setembro, a curva embutia uma redução de 39 pontos-base, de 45 pontos-base anteriormente.

“O mercado continua com uma aposta firme de que o BC vai iniciar o ciclo de afrouxamento monetário em agosto”, disse Rostagno, acrescentando que isso ocorre em função da expectativa de deflação do IPCA em junho, associada à perspectiva de que o Conselho Monetário Nacional (CMN) não fará mudanças drásticas na meta de inflação.

Mesmo com estes fatores favoráveis à redução da Selic, especialistas consideraram que o Copom tomou uma decisão acertada ao manter o tom mais duro que o esperado no comunicado.

Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, destaca que ainda há dúvidas sobre qual será o formato final do projeto de lei do arcabouço fiscal – que foi alterado pelo Senado e precisa passar novamente pela Câmara dos Deputados.

A decisão do CMN a respeito da meta de inflação também é um risco. O Banco Central possui apenas um dos três votos no Conselho. Os outros dois são dos ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Simone Tebet, do Planejamento.

“Esse evento é super relevante para ver se vai ter confirmação da meta de 3% e apenas dissociação em relação ao ano-calendário. Mas acredito que ainda é mais questão envolvendo desfecho do arcabouço”, afirmou.

Leonardo Monoli, diretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management, destaca que a própria reação das taxas de juros hoje sugere que o mercado aprovou a postura de cautela do Banco Central.

“Ontem à noite, depois do Copom, pesquisas das corretoras com opinião dos traders mostravam meio que um consenso de que as taxas curtas abririam de 10 a 15 pontos-base, mas a curva está abrindo menos. A curva intermediária, bem menos”, afirmou.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,085%, de 13,073% no ajuste de ontem, enquanto a do DI para janeiro de 2025 encerrou em 11,160%, de 11,137% na mesma comparação. A do DI para janeiro de 2027 terminou em 10,515%, de 10,503%, e a do DI para janeiro de 2029 em 10,810%, de 10,786%.

O movimento contido das taxas brasileiras ocorreu mesmo diante de um avanço significativo das taxas de juros no mercado americano. Por lá, o juro da T-note de dois anos subiu de 4,713% para 4,786%, enquanto a taxa da T-note de 10 anos aumentou de 3,716% para 3,796%. (Gustavo Nicoletta – [email protected])

Volta

MERCADOS INTERNACIONAIS

Liderando alta do índice Nasdaq, os papéis da Amazon firmaram ganhos fortes após a empresa anunciar investimentos em um centro de inovação de inteligência artificial (IA). O movimento descolou o Nasdaq de pares em Wall Street, com S&P encerrando em leve alta e o Dow Jones no vermelho, pressionado por baixa generalizada do setor bancário e perdas da Boeing. Já o dólar e os rendimentos dos Treasuries avançaram neste pregão, apoiados pela expectativa de mais aperto monetário do Federal Reserve (Fed) até o final deste ano, seguindo falas do presidente da instituição, Jerome Powell, no Senado. Isto também se enquadra em um cenário global de aperto monetário, com altas de juros na Europa. Entre commodities, o petróleo caiu cerca de 4% e apagou ganhos da semana até o momento, pressionado pela força do dólar no exterior e preocupações com a demanda global.

O ambiente global hawkish ditou os negócios nesta quinta-feira, apontam analistas. O dia foi marcado por alta de juros do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) parcialmente acima das expectativas do mercado, acompanhada por aperto monetário na Suécia, Noruega e Turquia. A alta de juros turca deflagrou um movimento de desvalorização da lira, renovando mínimas da moeda ante o dólar.

Na visão do BMO, este cenário continuou a definir o preço no mercado de Treasuries, mesmo que Powell tenha sido “comedido” em seus comentários ao Senado. “O Fed está mudando para um ritmo mais comedido de aumentos de juros e, embora outros grandes bancos centrais ainda possam ter futuros apertos a serem executados, o BC americano está chegando ao fim de sua campanha”, analisa o banco.

Hoje, o presidente do Fed reiterou que “a grande maioria” dos dirigentes espera novos aumentos de juros, talvez duas novas elevações até o fim do ano, e que não prevê cortes em breve. Powell também comentou que há “clara necessidade” de fortalecer a supervisão e regulação dos bancos médios, sinalizando que possibilidade de aumento de exigências de capitalização para bancos com mais de US$ 100 bilhões em ativos.

Em relatório, o ANZ observa que um desafio em comum para bancos centrais no controle da inflação é a resiliência do mercado de trabalho, responsável por manter pressão no setor de serviços graças ao crescimento de salários. “Os bancos centrais precisarão ver o aumento da ociosidade no mercado de trabalho para ter certeza de que o declínio da inflação para a meta será sustentável”, avalia o banco.

Após abrir no vermelho em meio a este cenário, as bolsas de Nova York ganharam fôlego ao longo do dia, com os índices S&P 500 e Nasdaq se beneficiando da alta entre big techs e batendo máximas logo no final do pregão. Este último foi especialmente impulsionado pelos ganhos da Amazon (+4,26%), que subiu após anunciar investimento de US$ 100 milhões para construir um novo centro de inovação de IA generativa – ramo liderado hoje pela OpenIA, criadora do ChatGPT. No final da tarde, o índice Dow Jones fechou em baixa marginal de 0,01%, o S&P 500 avançou 0,37% e o Nasdaq teve alta de 0,95%.

Em relação aos pares, o Dow Jones ficou sob pressão, em meio a queda generalizada do setor bancário após os comentários de Powell, com destaque para o forte recuo do JPMorgan (-1,93%), seguindo notícias de que o banco pagará uma multa civil no valor de US$ 4 milhões por exclusão indevida de comunicações e dados sensíveis. O índice também foi limitado pelo recuo de 3,05% da Boeing, na esteira de uma greve entre funcionários que suspendeu as operações da sua fornecedora Spirit AeroSystems (-9,43%).

Contudo, o aperto monetário global permaneceu oferecendo suporte para avanço dos rendimentos dos Treasuries e do dólar no exterior. Por volta das 17h (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos subia a 4,786%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,796% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,875%.

No câmbio, o dólar subia a 143,22 ienes, renovando mínimas da moeda japonesa desde novembro de 2022. O euro caía a US$ 1,0960 e a libra tinha baixa a US$ 1,2749. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,31%, a 102,386 pontos. Entre emergentes, a moeda americana subia a 24,8719 liras turcas e a a 17,1811 pesos mexicanos, após o Banco do México decidir manter suas taxas de juros inalteradas em 11,25%.

A força do dólar no exterior amplificou a tendência de queda do petróleo, já pressionado por preocupações de demanda. Para o TD Securities, uma recessão iminente nos Estados Unidos, performance econômica fraca da China e aumento nas exportações do Irã afastam investidores da commodity. No fechamento, o petróleo WTI para agosto fechou em baixa de 4,16% (US$ 3,02), em US$ 69,51 o barril, na Nymex, e o Brent para setembro recuou 3,61% (US$ 2,79), a US$ 74,35 o barril, na ICE.

No campo geopolítico, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comentou que o país deve expandir sua cooperação com a Índia na inovação de tecnologias, suprimentos de semicondutores e produção de inteligência artificial (IA), após encontro com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. Respondendo a questões de repórteres, Biden disse não acreditar que seus comentários chamando o presidente da China, Xi Jinping, de ditador possam trazer consequências negativas para a relação bilateral sino-americana.(Laís Adriana – [email protected])

CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 22, em alta de 0,09%, cotado a 4,7723, em dia marcado por fortalecimento da moeda americana em relação a divisas fortes e emergentes. Uma rodada de elevação de juros na Europa, liderada pelo Banco da Inglaterra (BoE), aumentou os temores de desaceleração mais forte da economia global e deprimiu preços de commodities metálicas e do petróleo. O contrato do tipo Brent para setembro caiu 3,61%, para US$ 74,35 o barril.

Apesar do tombo do Ibovespa em meio a movimento de realização de lucros, insuflado em grande parte pela decepção com o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) ontem à noite, o real apresentou perdas modestas, praticamente em linha com seus pares. O dólar até ensaiou uma queda por aqui na primeira hora de negócios, quando registrou mínima a R$ 4,7514 (-0,34%). A máxima, também pela manhã, foi a R$ 4,7877. A moeda ainda acumula baixa de 0,98% na semana e perde 5,93% no mês.

“O mercado de câmbio está realizando um pouco com a sinalização do Copom provocando ruído e queda da bolsa. Vimos muita compra de importadores hoje aproveitando a baixa do dólar nos últimos dias”, afirma o analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, para quem o apetite pela bolsa doméstica deve voltar, contribuindo para sustentar o real.

Segundo analistas, a moeda brasileira ainda é amparada pela perspectiva de manutenção de taxas reais elevadas ao longo do ano, mesmo com o esperado ciclo de corte de juros no segundo semestre, e pela forte entrada de recursos pelo lado comercial, em razão da supersafra agrícola deste ano. Além disso, houve uma redução da percepção de risco com a proposta de novo arcabouço fiscal, que retornará à Câmara dos Deputados após ser aprovada com alterações ontem no Senado.

“O comunicado do Copom não teve efeito no comportamento do real, que está bem em linha com as outras moedas emergentes. O mercado continua precificando queda da Selic na próxima reunião”, afirma head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, para quem o cenário ainda é positivo para a moeda brasileira no curto prazo. “As realizações que aconteceram no mercado de câmbio foram de pequenas altas que nunca superaram a máxima do dia anterior”.

Como esperado, o Copom manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano. O tom do comunicado foi considerado duro e frustrou as expectativas de quem esperava um sinal de redução de juros em agosto. O BC foi criticado por boa parte dos economistas e voltou a ser alvo de ataques do governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o nível da Selic “é irracional”. Em alusão ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, Lula disse que acreditar que “esse cidadão joga contra a economia brasileira”. O ministro Fernando Haddad classificou o comunicado de muito ruim. “Às vezes, ele corrige na ata, mas há um descompasso entre o que está acontecendo no Brasil, com o dólar, com a curva de juros, a atividade econômica”, disse Haddad.

As atenções se voltam agora para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) no próximo dia 29. Ala relevante do mercado acredita que a manutenção da meta de inflação em 3% pode levar a uma reancoragem das expectativas de inflação de longo prazo e abrir a porta para que o Copom anuncie uma redução da Selic ainda em agosto.

“A gente sempre acaba sendo mais cauteloso com a taxa de câmbio, mas acho que esse movimento do real pode se estender um pouco mais e talvez nós vejamos o câmbio em R$ 4,70, R$ 4,65 – um pouco mais baixo do que ele está hoje – até a reunião de agosto”, afirmou o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, em entrevista hoje ao Broadcast ao Vivo.

No exterior, o índice DXY – que mede o comportamento do dólar frente a seis divisas fortes – operou em alta ao longo do dia e voltou a superar a linha dos 102,000 pontos, com máxima na casa dos 102,400 pontos. Em audiência no Senado americano, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, voltou a dizer que os dirigentes do BC americano trabalham com possibilidade de mais aumentos de juros neste ano.

Pela manhã, o BoE anunciou alta de 50 pontos-base de sua taxa básica, para 5,00%, surpreendendo analistas, que esperava elevação de 25 pontos-base. A libra se fortaleceu em um primeiro momento, mas perdeu força em seguida com apostas em desaceleração da economia do Reino Unido. BCs da Suíça e da Noruega também elevaram juros hoje.

Entre emergentes, o Banco Central da Turquia aumentou a taxa básica de 8,5% para 15%. Como analistas esperavam alta maior, para 20%, a lira turca caiu mais de 5% em relação ao dólar. À tarde, o BC do México anunciou manutenção da taxa de juros em 11,25% ao ano, o que amenizou as perdas do peso mexicano, que hoje teve desempenho inferior ao do real. (Antonio Perez – [email protected])

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.77230 0.0944 4.78770 4.75140

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 4780.500 0.24114 4794.500 4758.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4816.500 0.4065 4816.500 4795.000