MENOR TENSÃO POLÍTICA GARANTE GANHOS A ATIVOS BRASILEIROS, MAS NY CONTÉM ÍMPETO

A segunda-feira foi de otimismo no mercado brasileiro, à medida que o investidor vê a semana começar com um cenário político bem menos tensionado que sete dias atrás. Ainda que permaneçam sinais de vaivém no discurso de Jair Bolsonaro, oscilando entre ameaças à democracia e respeito às instituições, as manifestações de ontem da centro-direita e de parte da esquerda (com notável ausência de PT e PSOL) tiveram impacto limitado e voltaram a esfriar as conversas acerca do impeachment do presidente. A chance já era muito pequena mesmo após os atos pró-ruptura do 7 de Setembro, mas os entusiastas da terceira via enxergavam a chance de lotar as ruas no domingo para pressionar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) – o que não ocorreu. Importante notar ainda que o vice-presidente Hamilton Mourão segue dando sinais de que não pretende romper com Bolsonaro, apesar do afastamento entre eles. “Não aceito que falem comigo sobre impeachment”, afirmou hoje à tarde, em entrevista. Neste contexto, os ativos brasileiros tiveram uma sessão de alívio. O mercado que mais sentiu essa empolgação foi a Bolsa, que no melhor momento do pregão chegou a superar os 117 mil pontos, vistos na última vez no dia 6. No encerramento, marcou 116.403,72 pontos (+1,85%), com destaque para avanços de papéis de estatais, pelo cenário político, e do setor imobiliário, com medidas para estimular financiamentos do Casa Verde Amarela. Nos juros futuros, os vértices todos recuaram, com destaque para aqueles de longo prazo, causando a desinclinação da curva. Nos vencimentos mais curtos, o cenário inflacionário segue incomodando, em meio a novas revisões para IPCA e Selic. Já o dólar encerrou em R$ 5,2236, mais perto da máxima (R$ 5,2411) do que da mínima (R$ 5,2015). Essa perda de fôlego foi vista no real, mas também na Bolsa e no DI, e decorreu de sinais mistos para o risco em Nova York ao longo da tarde. Se por um lado o petróleo em alta apoiou o segmento de energia e impulsionou Dow Jones e S&P 500, a fraqueza de ações de tecnologia pesou sobre o Nasdaq. Lá fora, o mercado aguarda os números da inflação ao consumidor americano (CPI), a serem divulgados amanhã cedo, que podem dar pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve.

BOLSA

Mesmo com desempenho misto na maior parte da sessão em Nova York, o Ibovespa chega ao fim desta segunda-feira buscando deixar para trás a tumultuada semana anterior, que só terminou de fato ontem, com protestos da oposição (sem PT e PSOL) pedindo a saída do presidente Jair Bolsonaro, relativamente esvaziados quando comparados ao que se viu no 7 de setembro. A divisão do grito contrário, em uma semana na qual o próprio presidente deu passo atrás, em declaração à nação na qual tentou reconstruir ponte com o Supremo Tribunal Federal (STF), via Michel Temer, contribui para reduzir a fervura política que vinha penalizando os ativos brasileiros.

Assim, o Ibovespa fechou hoje em alta de 1,85%, a 116.403,72 pontos, no melhor nível pós-feriado, após ter encerrado o dia 6 em alta de 0,80%, aos 117.868,63 pontos, na véspera da grande manifestação de apoio ao governo, em Brasília e especialmente São Paulo. Na máxima desta segunda-feira, chegou a testar os 117 mil pontos, a 117.046,18, saindo de mínima, na abertura, aos 114.300,47 pontos. O giro financeiro foi de R$ 31,2 bilhões na sessão – em setembro, o Ibovespa ainda acumula perda de 2,00%, cedendo 2,20% no ano.

Apesar de algum esfriamento da política nesses últimos dias, a deterioração da perspectiva econômica – no câmbio, nos juros, na expectativa para inflação e crescimento – continua a se refletir semanalmente nas projeções compiladas pelo BC junto ao mercado.

Hoje, “o Boletim Focus trouxe mais ajustes em relação a alguns pontos muito importantes, como a inflação, com o IPCA, pela 23ª semana consecutiva em elevação, precificado pelo mercado para o fechamento de 2021 a 8% – pela oitava semana, com expectativa elevada também para 2022, agora a 4,03%. E com diminuição da projeção de PIB, pela quinta semana, para 5,04% (em 2021), vindo de 5,15% na semana anterior e de 5,28%, há um mês”, observa Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.

Em Wall Street, após Dow Jones e S&P 500 acumularem perdas nas cinco sessões anteriores, o dia vinha misto, com variações acomodadas nas duas direções, inclusive para o Nasdaq (em baixa de 0,07% no fechamento). Ao final, Dow Jones e S&P 500 conseguiram se firmar em alta, com destaque para o índice blue chip, em alta de 0,76% nesta segunda-feira. “Todos já vinham perguntando em que momento haveria a realização dos mercados nos EUA, dado que estavam numa sequência forte de alta, anteriormente. Será que chegou esse momento? Ainda não podemos afirmar”, diz Pietra Guerra, analista da Clear Corretora.

“Historicamente, setembro costuma ser o mês mais fraco, em termos de performance, para o S&P 500, considerando diversos horizontes de tempo. É um mês desafiador”, diz Scott Hodgson, gestor de renda variável na Galapagos Capital.

Assim, enquanto se espera na próxima semana, ao final das reuniões do Federal Reserve nos dias 21 e 22, novos sinais sobre a calibragem de estímulos monetários na maior economia do mundo, nos mesmos dias o Comitê de Política Monetária do BC estará reunido, em Brasília, para deliberar sobre a Selic, em meio a constantes revisões dos agentes sobre a economia, em 2021 como em 2022. Até lá, na ausência de catalisadores mais fortes, a tendência é de que o mercado mostre certa acomodação nos próximos dias, em semana que reserva algumas boas referências, como o IBC-Br, considerado prévia para o PIB – e nos Estados Unidos, amanhã, a inflação ao consumidor (CPI).

Nesta segunda-feira, à exceção de Vale ON (-0,05%) e CSN ON (-0,41%), prevaleceu a recuperação nas empresas e setores de maior liquidez e peso no índice, considerados porta de entrada (e saída) dos investidores externos e, não por acaso, entre os mais penalizados recentemente pela elevação da temperatura política, que resultou em temores sobre o risco de ruptura institucional reportados também pela imprensa estrangeira. Dessa forma, em dia moderadamente positivo para as cotações do petróleo, Petrobras ON e PN fecharam respectivamente em alta de 3,11% e 3,51%, enquanto as ações de grandes bancos tiveram ganhos entre 0,87% (Santander) e 2,21% (BB ON) na sessão.

Na ponta do Ibovespa, destaque para alta de 12,82% em Meliuz, à frente de Banco Pan (+9,45%) e de CVC (+9,30%). No lado oposto, Petz cedeu 1,74%, Suzano, 1,22%, e Marfrig, 0,88%. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:27

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 116403.72 1.85306

Máxima 117046.18 +2.42

Mínima 114300.47 +0.01

Volume (R$ Bilhões) 3.12B

Volume (US$ Bilhões) 5.98B

17:27

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 117005 2.00959

Máxima 117555 +2.49

Mínima 115510 +0.71

JUROS

A curva de juros começou a semana perdendo inclinação, com os vencimentos curtos perto da estabilidade e os longos em queda. O desenho reflete uma redução da tensão com o cenário político, mas que é considerada também frágil uma vez que o histórico recente mostra mudanças repentinas nas sinalizações vindas de Brasília. O recuo dos longos era mais firme pela manhã, quando chegou a superar 15 pontos-base, tendo arrefecido à tarde com o aumento da cautela em Nova York. Os curtos oscilaram ao redor dos ajustes anteriores, limitados pela permanente preocupação com o cenário inflacionário, hoje reforçada pela pesquisa Focus e novas revisões em alta para IPCA e Selic.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 9,15%, de 9,172% no ajuste anterior e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 10,186% para 10,13%. O DI para janeiro de 2027 passou de 10,584% para 10,49%. O spread entre os DIs para janeiro de 2023 e janeiro de 2027 caiu de 141,2 pontos na sessão anterior para 134 pontos.

Dada a agenda relativamente fraca no Brasil e no exterior e os prêmios elevados na curva, que na semana passada passou por vários momentos de stop loss, houve espaço para devolução de parte da alta recente das taxas. “Por mais que o quadro ainda gere coerente apreensão e posições defensivas dos investidores, há relativa amenização dos temores”, afirmaram, em relatório, profissionais do Departamento Econômico da Renascença DTVM, citando a carta do presidente Jair Bolsonaro indicando trégua nos ataques ao Judiciário e o fato de as manifestações ocorridas ontem pelo Brasil terem aglutinado bem menos pessoas que o esperado.

Os protestos contra Bolsonaro neste domingo foram organizados por partidos de direita que agora se rebelam contra o governo, mas, sem participação da militância da esquerda, acabaram esvaziados. Com a oposição ao governo dividida, a possibilidade de avanço nos processo de impeachment de Bolsonaro na Câmara perde força. “A dúvida é se essa pacificação nas tensões vai dar fôlego para a evolução das pautas econômicas ou servirá só para garantir a sobrevida do governo até as eleições”, disse o analista de Investimentos Renan Sujii.

Em evento da Genial Investimentos, o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, destacou que a manutenção de um cenário político mais calmo é muito importante para endereçar os grandes problemas do País. E o maior deles no curto prazo talvez seja o dos precatórios, que continua sem solução à vista. Bittencourt defendeu que a PEC dos parcelamentos é a “melhor alternativa”, mas disse que a equipe econômica está aberta a modelos que resolvam o impasse. Afirmou ver vantagens, por exemplo, na discussão que está sendo feita no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de criar um teto anual para o pagamento dessas despesas.

Os contratos curtos ficaram mais travados pela agenda escassa e pelo quadro negativo para inflação e Selic. A pesquisa Focus trouxe hoje o resultado das várias revisões pessimistas que o mercado tem feito nos últimos dias, com a mediana de IPCA para 2021 batendo em 8% e a de 2022 rompendo 4% (4,03%). A mediana de Selic também chegou a 8%, de 7,58% na pesquisa passada, no fim de 2021. Mas as revisões para cima continuaram nesta segunda-feira. O JPMorgan apresentou mudanças agressivas nas projeções, com a da taxa básica passando de 7,5% para 9% no fim do ciclo e a de PIB em 2022 caindo de 1,5% para apenas 0,09%.

Desse modo, a atenção a possíveis sinais do Banco Central é total. Hoje, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica, Fábio Kanczuk, passaram o dia em reuniões fechadas com investidores. Amanhã, Campos Neto e também o ministro da Economia, Paulo Guedes, participam de evento aberto organizado pelo BTG Pactual.

Já na abertura desta terça-feira o mercado terá em mãos a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), que deverá mostrar alta de 1,1% no volume em julho na margem, segundo a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast.

Também é dia de leilão de NTN-B e, a depender do humor do mercado, o Tesouro poderá encontrar espaço para colocação de papéis mais longos. “Em alguns leilões nas últimas semanas entramos com volumes muito baixos porque não queríamos adicionar estresse no mercado que já estava muito tensionado. A gente tem obviamente a intenção de ter mais volumes de prefixados, de títulos indexados à inflação, mas também temos que ponderar isso pelo apetite do mercado do papel que vamos oferecer”, afirmou Jeferson Bittencourt. (Denise Abarca – [email protected])

17:26

Operação   Último

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 5.99

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 5.15

Over Selic (%a.a) 5.15

CÂMBIO

Com agenda esvaziada e sem novos sinais de tensão vindos de Brasília, o mercado de câmbio doméstico trabalhou em ritmo lento nesta segunda-feira (13), acompanhando o tom positivo dos demais ativos domésticos.

Em queda desde a abertura dos negócios, o dólar à vista oscilou menos de quatro centavos entre a mínima, de R$ 5,2015, no início da tarde (em sintonia com o auge da valorização do Ibovespa), e a máxima, de R$ 5,2411, registrada logo após a abertura.

No fim do dia, o dólar era negociado a R$ 5,2236, em queda de 0,83% – o que levou a valorização acumulada no mês para apenas 1%. Na B3, o contrato futuro de dólar para outubro – termômetro do apetite por negócios – tinha giro baixo, na casa de US$ 9 bilhões.

O mercado aproveita a trégua na disputa entre os Poderes – na esteira da “carta à Nação” de Jair Bolsonaro na semana passada – e a baixa adesão aos protestos contra o presidente no domingo, para aparar os prêmios de risco. Avalia-se que a possibilidade de impeachment de Bolsonaro, que pareceu crível após as declarações do presidente nas manifestações de 7 de setembro, diminuíram a quase zero. A expectativa é a de que a calmaria no front político-institucional, embora ainda vista com certo ceticismo, abra espaço para algum avanço da pauta econômica no Congresso, como a reforma administrativa e, sobretudo, a solução para o imbróglio dos precatórios.

Eventual substituto de Bolsonaro, o vice-presidente, Hamilton Mourão, rebateu hoje à tarde informações de que tem uma “agenda paralela” e disse que “não aceita” conversas sobre o impeachment. Instigado a falar sobre a relação entre os Poderes, Mourão afirmou que o presidente, com a divulgação da “carta à Nação”, busca uma “reaproximação com o STF” e que o país começa a semana “com pauta positiva e muita coisa a ser tratada no Congresso”.

Em live realizada pela Genial Investimentos no início da tarde, o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, reconheceu que há um desafio em aberto em relação ao Orçamento de 2022, já que a ampliação do programa Bolsa Família, rebatizado de Auxílio Brasil, depende de uma resolução para o pagamento de precatórios. E isso só vai ser conseguido se houver “harmonia entre os Poderes”.

Bittencourt refutou a leitura de que a retirada do pagamento de precatórios do teto de gastos representaria um descontrole de despesas. Embora tenha voltado a defender a PEC dos Precatórios como a melhor alternativa para o pagamento de quase R$ 90 bilhões em dívidas judiciais, o secretário disse que a equipe econômica está aberta a “outros modelos”.

Na avaliação do economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, os ativos domésticos, mais a Bolsa que o câmbio, passaram hoje por um “movimento natural” de correção, em razão da diminuição das tensões políticas. “O mercado já começa a colocar no preço uma costura mais adequada com o STF para a questão dos precatórios, que é favorecida por esse ambiente político mais calmo. Mas o cenário continua ainda bem desafiador”, afirma Miraglia, chamando a atenção para o debate em torno do Orçamento e o potencial impacto negativo de um avanço da reforma do Imposto de Renda no Senado.

Também ajuda a dar sustentação ao real a perspectiva de que o Banco Central acelere o passo e eleve a taxa Selic em 1,25 ponto porcentual, para 6,50% ao ano, no próximo dia 22, e que leve a taxa para mais de 8% no atual ciclo de aperto monetário.

O Banco JP Morgan divulgou hoje que elevou sua projeção para a taxa Selic de 7,5% para 9%, com mais três aumentos de 1 ponto porcentual neste ano e mais um de 0,75 ponto no início de 2022. O Banco reconhece, porém, que há chance de o BC acelerar o ritmo de aperto, apesar dos riscos para a economia.

O especialista em câmbio da Valor Investimentos, Zeller Bernardino, ressalta que houve uma elevação da mediana agregada das projeções para a taxa de câmbio no fim deste ano, de R$ 5,17 para R$ 5,20, no Boletim Focus. “Apesar do alívio de hoje, os investidores seguem de olho nas tensões políticas em Brasília, sobretudo na questão fiscal e na inflação”, afirma.

Entre os indicadores do dia, dados do ministério da Economia mostraram que a balança comercial registrou superávit de US$ 1,399 bilhão na segunda semana de setembro, levando a um saldo positivo de US$ 2,043 bilhões no acumulado do mês (até o dia 12). Em 2021, o superávit comercial soma US$ 2,043 bilhões.

Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes – operou em leve alta, na casa dos 92,600 pontos. A moeda americana tinha um comportamento misto frente às divisas emergentes e de países exportadores de commodities.

A expectativa do mercado é pela divulgação, amanhã, do índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unido em agosto, que servirá de base para a calibragem das expectativas em torno o início da redução de compra mensal de bônus (‘tapering’) pelo Federal Reserve. O BC americano anuncia sua próxima decisão de política monetária no dia 22 (mesmo dia do Copom), quando também trará novas projeções econômicas e estimativas para o começo da elevação da taxa de juros.

Em relatório, a Armor Capital afirma que espera o anúncio do ‘tapering’ no encontro do Fed em novembro, já que “possivelmente até lá o fluxo de dados de emprego tende a melhorar”. (Antonio Perez – [email protected])

17:27

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.22360 -0.8259 5.24110 5.20150

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0

DOLAR COMERCIAL 5234.500 -0.63591 5256.500 5216.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5341.000 09/09

Volta

MERCADOS INTERNACIONAIS

Após certa volatilidade, as bolsas de Nova York ganharam um novo fôlego no fim do pregão. O Nasdaq ainda registrou perdas, mas o Dow Jones e o S&P 500 encerraram em alta pela primeira vez em seis pregões. O impulso veio principalmente de ações de petroleiras, que subiram beneficiadas pelos preços da commodity energética. Como pano de fundo das idas e vindas dos índices acionários, está a incerteza sobre o crescimento econômico global diante dos efeitos da variante delta do coronavírus. Na renda fixa, a cautela levou os juros dos Treasuries a recuar. No câmbio, o dólar oscilou, mas terminou o dia em alta contra os pares, em meio à expectativa pela inflação de agosto nos EUA, que será divulgada amanhã. Os ganhos do petróleo, por sua vez, foram apoiados pela previsão da Opep de que a demanda ultrapasse os níveis pré-pandemia em 2022.

O Dow Jones avançou 0,76%, a 34.869,63 pontos, e o S&P 500 subiu 0,23%, a 4.468,73 pontos, mas o Nasdaq teve baixa de 0,07%, a 15.105,58 pontos. Os principais índices acionários americanos abriram com ganhos, mas logo perderam fôlego. Nos minutos finais da sessão, contudo, investidores voltaram a comprar ações. O subíndice de energia do S&P 500 teve alta de 2,94%. Os papéis da Chevron avançaram 1,98% e os da Occidental Petroleum, 6,69%.

“Desde o decepcionante relatório de empregos dos EUA no início do mês, a confiança na história mais ampla de recuperação começou a diminuir e, portanto, diminuiu a confiança nas perspectivas para os mercados de ações em geral”, afirma o analista-chefe de mercados da CMC, Michael Hewson, ao justificar a volatilidade. Na Europa, o ambiente mais ameno no mercado pela manhã e a alta do petróleo garantiram um pregão de ganhos. Em Londres, o FTSE 100 teve alta de 0,56%, a 7.068,43 pontos. As ações da BP subiram 2,25% e as da Royal Dutch Shell, 2,23%.

A cautela que marcou boa parte da sessão também esteve relacionada à espera pelo índice de preços ao consumidor (CPI) americano de agosto. De acordo com a mediana do Projeções Broadcast, a inflação subiu 0,4% no período, em relação a julho. Ainda que isso represente uma desaceleração, analistas dizem que o nível ainda é elevado. (Leia mais na reportagem publicada às 14h de Brasília).

Essa expectativa de que a inflação continue em patamar historicamente alto nos EUA se refletiu na valorização do dólar hoje ante pares, apesar de certa oscilação durante o dia. O índice DXY, que mede a moeda americana contra seis rivais, subiu 0,10%, a 92,675 pontos. “O dólar norte-americano atingiu altas de várias semanas antes dos principais dados dos EUA nesta semana, que podem cimentar o caso para o Fed reduzir o estímulo no próximo trimestre”, afirma o analista de mercado Joe Manimbo, da Western Union.

Ainda no mercado cambial, o peso argentino se fortaleceu no mercado paralelo após as eleições primárias do país para o Legislativo. Nesta tarde, o dólar blue, que é negociado paralelamente ao oficial, caía mais de 1%, segundo o jornal Cronista. Na visão de analistas, houve uma derrota evidente do governo Alberto Fernández no pleito, o que beneficiou os ativos argentinos. (Leia mais na reportagem publicada às 13h48 de Brasília).

Na renda fixa, a cautela gerou maior demanda por Treasuries, o que levou os juros a recuar. No horário de fechamento do mercado em NY, o retorno da T-note de 2 anos caía a 0,212%, o da T-note de 10 anos cedia a 1,324% o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 1,904%.

O petróleo, por sua vez, acelerou os ganhos após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) prever, em relatório mensal divulgado hoje, que a demanda pela commodity ultrapassará no próximo ano o nível anterior à crise gerada pela covid-19. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para outubro fechou em alta de 1,05%, a US$ 70,45 o barril, enquanto o Brent para novembro subiu 0,81%, a US$ 73,51 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

“Os preços do petróleo estão começando a semana com ganhos como resultado do impacto persistente do furacão Ida na produção dos EUA”, acrescenta o analista Nishant Bhushan, da consultoria norueguesa Rystad Energy. (Iander Porcella – [email protected])