INVESTIDOR VENDE AÇÕES E COMPRA TREASURIES ANTE CAUTELA COM DESENROLAR DA GUERRA

O mercado internacional deixou de lado hoje a pressão da política monetária dos Estados Unidos e caminhou para os ainda seguros títulos do Tesouro americano, diante do temor de que a guerra entre Israel e o Hamas escale nos próximos dias. O conflito já atinge a marca de 15 dias e, ressabiado com o que pode ocorrer no fim de semana, o investidor optou por movimentos mais conservadores hoje. O alto nível dos juros dos Treasuries também ajuda na entrada nos papéis. Foi dessa forma que os yields cederam nesta sexta-feira, com destaque à queda do rendimento da T-note de 10 anos a 4,92% (ou seja, aumento do preço do papel), um dia depois de flertar com os 5%. Os recursos, ao que parece, vêm das ações, que tiveram sessão e semana de perdas consideráveis. O índice Dow Jones caiu 0,86% no cômputo intradiário e 1,61% no semanal; o S&P 500, 1,26% e 2,39%; e o Nasdaq, 1,53% e 3,16%. O petróleo teve leve baixa, mas acumulou alta ante a sexta-feira passada. No Brasil, a semana termina com a percepção de desaceleração ainda mais forte da atividade doméstica no segundo semestre. O Ibovespa encerrou o dia aos 113.155,28 pontos (-0,74% na sessão e -2,25% na semana). Os juros futuros exibem queda diária, mas acumularam prêmios ao longo dos últimos dias. O real, por sua vez, beneficia-se ainda do atrativo diferencial de juros e da alta das commodities. Assim, o dólar à vista chegou à sexta-feira aos R$ 5,0313, queda diária de 0,43% e semanal de 1,12%.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•JUROS

•CÂMBIO

MERCADOS INTERNACIONAIS

Dúvidas sobre como o conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas pode afetar a política monetária internacional aumentaram a cautela nos mercados hoje, em meio também a novos reforços por dirigentes do Federal Reserve (Fed) de que os juros americanos ficariam mais altos por mais tempo. Assim, os mercados acionários de Nova York fecharam em queda, com destaque para baixa da Tesla (-3,69%), enquanto os rendimentos dos Treasuries caíam, ante o aumento na demanda. No câmbio, o dólar caiu levemente ante rivais fortes, sem sinal único frente a divisas emergentes. Mesmo ausente a pressão cambial, o petróleo fechou em queda, mas encerrou a semana em alta, com volatilidade devido ao quadro no Oriente Médio.

Segundo avalia a Stifel, “tão incerto quanto a própria guerra é o impacto do conflito internacional na política monetária”. A análise destaca, entretanto, que ainda é cedo para dizer como o conflito poderá afetar a trajetória dos juros americanos, mas adianta que a possibilidade da crise generalizada, junto a uma erosão do crescimento internacional, “poderá atrasar ou impedir totalmente a Fed de tomar novas medidas”. Porém, um ressurgimento da inflação, como resultado do aumento dos preços do petróleo – ou de outras perturbações nas matérias-primas – poderia ter o efeito oposto, provocando medidas adicionais da Fed”.

Hoje, os dirigentes Raphael Bostic (Atlanta) e Patrick Harker (Filadélfia) voltaram a defender que os juros americanos deverão continuar altos por mais tempo. Bostic chegou inclusive a adiantar que não acredita em corte da taxa antes de meados de 2024.

Neste cenário, as bolsas de Nova York encerraram em queda, com todos os 11 subíndices do S&P 500 em baixa. Na visão da CMC Markets, a pressão foi resultado de “relatos de ataques de drones em bases dos EUA em outras partes do Oriente Médio, bem como de um navio de guerra dos EUA interceptando foguetes disparados do Iêmen por rebeldes iranianos”.

Assim, o índice Dow Jones cedeu 0,86%, o S&P 500 caiu 1,26% e o Nasdaq teve queda de 1,53%. Entre as empresas em destaque, a Tesla operou em baixa de 3,69%, ainda na esteira de seu balanço trimestral, publicado na quarta-feira, que decepcionou investidores.

A busca por segurança pressionou os rendimentos dos Treasuries, apesar dos retornos seguirem em níveis avançados, com o yield do T-bond de 30 anos ainda acima de 5% e com o da T-note de 10 anos perto da mesma marca. Na visão da Oxford Economics, a pressão ascendente sobre os rendimentos “foi reforçada por uma diminuição dos fluxos de refúgios seguros relacionados à guerra entre Israel e o Hamas no meio de esforços diplomáticos”, além da aceleração também ser apoiada por comentários de ontem pelo presidente do Fed, Jerome Powell. O juro da T-note de 2 anos caía a 5,079%, o da T-note de 10 anos recuava a 4,920% e o do T-bond de 30 anos, a 5,087%.

Já o dólar operou em queda ante moedas rivais e, segundo a Capital Economics, a moeda parecia destinada “a terminar a semana praticamente inalterada”. “Na nossa opinião, a principal razão pela qual o dólar não conseguiu se recuperar devido ao que em muitos aspectos parece ser um ambiente positivo para o dólar é que os prêmios de prazo são agora o principal motor do avanço dos retornos dos bônus globais”, argumenta ela. No horário citado, o dólar subia levemente a 149,85 ienes, o euro subia a US$ 1,0592 e a libra tinha alta a US$ 1,2165. O índice DXY, por sua vez, caiu 0,08%, a 106,163 pontos.

O petróleo, por sua vez, fechou em queda, volátil devido a dúvidas sobre o conflito do Oriente Médio. A commodity, entretanto, terminou a semana em alta. Para a Oanda, a possibilidade de a guerra entre se tornar mais generalizada está deixando os que negociam os contratos “nervosos”, de forma que há um prêmio de risco significativo nos preços da commodity. Assim, o WTI para dezembro fechou em queda de 0,32% (US$ 0,29), a US$ 88,08 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês recuou 0,23% (US$ 0,22), a US$ 92,16 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Em relação à sexta-feira passada, o WTI e o Brent subiram 0,44% e 1,39%, respectivamente. (Natália Coelho – [email protected])

Volta

BOLSA

Mesmo com o desempenho negativo de carros-chefes da B3, como Vale e Petrobras, o Ibovespa moderou perdas ao longo da tarde e conseguiu reter a linha dos 113 mil pontos no fechamento desta última sessão da semana, em intervalo no qual encadeou hoje a quarta retração diária, que resultou em queda de 2,25% no acumulado desde a segunda-feira – na semana anterior, tinha avançado 1,39%.

Nesta sexta-feira, o índice da B3 oscilou de 112.533,33 a 114.089,58 pontos, encerrando em baixa de 0,74%, a 113.155,28 pontos, no menor nível de fechamento desde 5 de junho, então perto dos 112,7 mil pontos. O giro financeiro foi a R$ 24,1 bilhões, reforçado pelo vencimento de opções sobre ações nesta véspera de fim de semana. No mês, o Ibovespa cede 2,93%, limitando o ganho do ano a 3,12%.

Em Nova York, os principais índices de ações mostraram perdas maiores do que as vistas aqui na sessão, com o Dow Jones em baixa de 0,86%, o S&P 500, de 1,26%, e o Nasdaq, de 1,53%, no fechamento do dia – na semana, caíram 1,61% (Dow Jones), 2,39% (S&P 500) e 3,16% (Nasdaq)

Na B3, a cautela externa mais uma vez deu o tom aos negócios nesta sexta-feira, de forma a favorecer, entre os ativos de risco, apenas o petróleo em parte do dia, com o Brent negociado acima de US$ 93 por barril nas máximas da sessão – ao fim, a commodity também perdeu força e encerrou em baixa, após anúncio do governo americano de que realizará novas compras para repor estoques estratégicos.

Por aqui, Petrobras não acompanhou hoje o movimento nas cotações da commodity mesmo quando essas subiam, aparando os ganhos acumulados pelas ações da empresa na semana a 3,79% (ON) e 4,33% (PN). Ontem à noite, depois do fechamento da Bolsa, a estatal anunciou reajuste nos preços domésticos do diesel (aumento) e da gasolina (redução) nas refinarias, em vigor a partir deste sábado, 21.

No encerramento desta sexta-feira, Petrobras ON caía 1,09% e a PN, 1,28%, em dia também ruim para Vale ON, em queda de 2,70%, com o tombo de 3,17% nos contratos futuros do minério de ferro em Dalian, China, em meio à retomada de temores sobre o setor imobiliário no país asiático. Os grandes bancos também foram mal na sessão, tendo à frente Bradesco (ON -1,27%, PN -1,87%, ambas nas mínimas do dia no fechamento). Na ponta perdedora do Ibovespa, Magazine Luiza (-4,35%), Azul (-3,51%) e CSN (-3,29%). No lado oposto, Grupo Casas Bahia (+4,00%), BRF (+3,85%) e Natura (+2,96%).

“A Bolsa voltou a ser puxada hoje para baixo em função do cenário global de aversão a risco, com a percepção de que é provável que ocorra, neste fim de semana, a invasão terrestre de Israel à Faixa de Gaza – o que reforça o movimento de busca por ativos considerados mais seguros”, diz André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos, destacando na semana o rompimento do limiar de 5% nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, ante as dúvidas do mercado sobre o nível final dos juros de referência do BC dos EUA no atual ciclo de alta.

Fora dos Estados Unidos, “a preocupação com o mercado imobiliário continua na China, mostrando que os sinais de incentivo do governo, no curto prazo, não têm causado muito efeito, pressionando assim o minério de ferro e as empresas do setor listadas na nossa Bolsa”, acrescenta o operador.

Nesse cenário externo difícil, “a queda do Ibovespa foi muito condicionada hoje por Vale e pelas ações do setor metálico, em reação ao que se espera da demanda chinesa”, observa Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, destacando também o ajuste em Petrobras, com as ações da empresa “realizando em cima dos lucros acumulados na semana”.

Além disso, o desempenho sinalizado hoje pelo IBC-Br para a atividade econômica, na mais recente leitura do índice – considerado dado antecedente do PIB -, contribuiu para cautela adicional em relação a segmento da Bolsa já amassado, o de varejo, assim como observações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o desempenho da economia neste terceiro trimestre, em desaceleração, acrescenta o analista.

“Nesta semana, os dados divulgados sobre os setores de varejo e serviços no Brasil mostraram desaceleração em agosto. O consumo de bens e serviços pelas famílias vem arrefecendo ao longo dos últimos meses”, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. “E o IBC-Br de agosto, divulgado hoje de manhã, pior do que o esperado, trouxe queda de 0,77% ante julho, o que reforça a percepção sobre desaceleração da economia brasileira. Os dados de agosto, em conjunto, sugerem menor demanda dos agentes econômicos e possível acomodação da atividade neste terceiro trimestre.”

Nessa conjuntura doméstica e externa menos favorável ao apetite por risco, cresceu fortemente o pessimismo do mercado sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes da pesquisa, 42,86% acreditam que próxima semana será de perdas para o Ibovespa e para outros 42,86%, a percepção é de alta. Os que esperam estabilidade são 14,29%. No levantamento da semana passada, as expectativas para o índice se dividiam entre alta (60,00%) e variação neutra (40,00%), sem nenhuma resposta prevendo queda.

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 113155.28 -0.74473

Máxima 114089.58 +0.07

Mínima 112533.33 -1.29

Volume (R$ Bilhões) 2.40B

Volume (US$ Bilhões) 4.76B

17:36

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 114610 -0.8907

Máxima 115820 +0.16

Mínima 114195 -1.25

JUROS

A escalada dos juros futuros, vista nas últimas três sessões, hoje teve uma trégua, determinada pelo cenário externo e também por fatores domésticos. As taxas cederam junto com o alívio na curva dos Treasuries e com a queda do dólar e do petróleo. Também ajudaram no movimento o anúncio de redução nos preços da gasolina e o recuo do IBC-Br de agosto maior do que o consenso das estimativas. A devolução de prêmios, porém, foi moderada diante das expressivas altas registradas na semana, tanto que, em relação à sexta-feira passada, as taxas subiram, com ganho de inclinação para a curva.

Às 17h22, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 11,070%, de 11,175% no ajuste de ontem, e a do DI para janeiro de 2026 caía de 11,15% para 11,00%. O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 11,16% (11,33% ontem) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 11,58% (11,71% ontem). No balanço da semana, os vencimentos de curto prazo avançavam em torno de 6 pontos e os intermediários e longos, cerca de 15 pontos. O spread entre os DIs para janeiro de 2025 e janeiro de 2029 estava em 51 pontos, de 53,5 pontos ontem e 46 na última sexta-feira.

Os investidores já vinham tentando abocanhar um pouco dos prêmios embutidos na curva nos últimos dias, mas sem sucesso, atropelados pela disparada dos juros dos Treasuries. Hoje, essa busca foi viabilizada pela pausa na trajetória altista dos yields. A taxa da T-Note de dez anos, que ontem flertou com a marca de 5%, voltava a 4,92% no fim da tarde, nível ainda muito elevado, mas que não deixa de ser um respiro para as taxas locais. “É muito mais ajuste técnico do que fundamento nesta ponta longa, com lá fora ajudando”, afirma o economista da MAG Investimentos Felipe Rodrigo de Oliveira.

Também nos Treasuries houve um movimento de correção misturado com um pouco de aversão ao risco, via fuga para a qualidade, em meio ao crescimento dos temores geopolíticos com a guerra Israel-Hamas e os possíveis efeitos sobre a economia dos EUA do modo “higher for longer” na política monetária do Federal Reserve. Os preços do petróleo também cederam, apoiados em ajustes técnicos depois das altas da semana e no anúncio do governo dos EUA de que vai recompor seus estoques estratégicos.

O noticiário doméstico hoje teve vez no comportamento das taxas locais. Tanto o anúncio de redução de 4% nos preços da gasolina a partir de amanhã (28) quanto o desempenho fraco do IBC-Br endossam a avaliação de que o Copom tem condições de seguir cortando a Selic em 0,5 ponto porcentual nas próximas reuniões, num momento em que as apostas de desaceleração no ritmo vinham crescendo.

A decisão da Petrobras, balizada na defasagem para cima nos preços domésticos, surpreendeu o mercado pelo timing. “Não se esperava um corte agora dada a alta do dólar e do petróleo. Resta saber se será sustentável, dado que a commodity, a depender dos desdobramentos da crise no Oriente Médio, pode rapidamente voltar a US$ 100, o que teria impacto tanto na inflação dos EUA quanto na política do Fed. É um risco a ser monitorado”, afirma o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

De todo modo, o reajuste em baixa amplia a expectativa de IPCA na meta neste ano. Pesquisa do Projeções Broadcast mostra que a mediana para o índice caiu pela primeira vez abaixo de 4,75% – o limite superior da meta de inflação. A estimativa intermediária agora indica alta de 4,65%, com projeções entre 4,50% e 5,20%. Rostagno explica que ainda que o Copom esteja olhando para 2024 e 2025, a melhora da inflação este ano pode produzir um movimento inercial favorável para os anos seguintes.

Já o IBC-Br de agosto caiu 0,77%, mais do que apontava a mediana das previsões, de -0,60%, coletadas pelo Projeções Broadcast, reforçando o cenário de fraqueza da economia no terceiro trimestre, já pavimentado pelos dados de varejo e serviços que saíram esta semana. Os indicadores indicam que a atividade já vem sentindo os impactos do aperto monetário.

CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 20, em queda de 0,43%, cotado a R$ 5,0313, no mercado doméstico de câmbio, em dia de sinal predominante de baixa da moeda americana e recuo das taxas dos Treasuries longos. Pela manhã, a moeda até ensaiou uma alta firme e se aproximou do teto de R$ 5,10, quando registrou máxima a R$ 5,0986 em movimento atribuído por operadores ao recuo de mais de 3% do minério de ferro. Apesar da crise no setor imobiliário, o Banco do Povo da China, (PBoC, o BC chinês) optou por manter suas principais taxas de juros inalteradas.

Passado o momento de estresse, houve uma onda de realização de lucros intraday, com o mercado local se alinhando à queda da moeda americana no exterior, em especial em relação ao principais pares do real, os pesos mexicano e colombiano. Na mínima, o dólar à vista tocou a casa de R$ 5,02 (R$ 5,0259). Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para novembro teve movimento moderado, pouco acima de US$ 12 bilhões, o que sugere ausência de grandes apostas por parte dos investidores.

Com investidores correndo para o abrigo dos Treasuries na véspera do fim de semana, dada a incerteza sobre os desdobramentos da guerra no Oriente Médio, com eventual invasão da Faixa de Gaza por tropas israelense, as taxas dos papéis caíram. O retorno da T-note de 10 anos, que ontem se aproximou de 5%, operava no fim da tarde ao redor de 4,91%.

“O mercado local operou bem em linha com o exterior. Divisas emergentes se apreciando um pouco e a curva americano fechando. Obviamente, o dólar como principal moeda é procurado como refúgio. Mas o déficit fiscal muito alto é uma notícia ruim para a moeda americana. Então temos essa dicotomia. E hoje o dólar está caindo lá fora”, afirma o chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Garcia.

Na semana, contudo, o yield da T-note de 10 anos – referência para os negócios de renda fixa no mundo – subiu mais de 6%, diante de preocupações com o déficit americano, que pode aumentar em razão da ajuda prometida pelo governo Joe Biden a Israel e à Ucrânia, e desequilíbrios técnicos entre oferta e demanda. A secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, reforçou hoje o pedido de Biden para que o Congresso aprove orçamento suplementar.

Após discurso ontem o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, investidores ratificaram a aposta em pausa na alta dos juros em novembro e chances de elevação adicional em dezembro, com manutenção das taxas em níveis altos por período prolongado. À tarde, a presente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, disse que o BC americano ainda pode “estar a um aumento de atingir o pico” dos juros.

Mesmo com a alta das taxas dos Treasuries, que costuma castigar divisas emergentes, o dólar termina a semana com queda de 1,12% no mercado doméstico. O real ostenta nesse período o melhor desempenho entre as principais divisas latino-americanas. Com a valorização nos últimos cinco pregões, a moeda agora apresenta apenas ligeira alta em outubro (+0,09%). A valorização do real na semana é atribuída em parte ao avanço das cotações do petróleo e dados recentes positivos da economia chinesa.

“Apesar da escalada dos juros americanos, com a taxa de 10 anos flertando com os 5% ao ano, o real tem conseguido manter o seu valor”, afirma a analista Lais Costa, da Empiricus Research, destacando que a moeda brasileira mantém um ótimo desempenho em 2023, oferecendo ganhos de quase 16% “considerando o carrego”, ou seja, a remuneração oferecida pelas taxas de juros. O real tem, no ano, desempenho relativo inferior apenas em relação aos pesos colombiano e mexicano, outros dois países com taxas de juros elevadas.

Costa observa que, com ajuste técnico no mercado local de juros futuros, as taxas passam a embutir perspectiva de Selic já perto de 11% no fim do atual processo de redução da taxa básica. “Esse é um cenário possível. Se, de fato, o BC indicar que pararemos o ciclo de corte de juros muito acima do juro neutro, o real deve continuar entregando uma boa performance”.

17:36

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.03130 -0.4255 5.09860 5.02590

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5048.500 -0.55156 5107.000 5033.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5061.500 -0.29548 5109.000 5053.000