INCERTEZAS PARAFISCAL E FISCAL PESAM EM MERCADO DOMÉSTICO, QUE DESTOA DO EXTERIOR

O dólar à vista se aproximou da marca de R$ 5, o Ibovespa perdeu o suporte dos 127 mil
pontos e a curva de juros inclinou-se nesta segunda-feira, marcada por dúvidas nos
campos parafiscal e fiscal domésticos. O lançamento da nova política industrial, com
mobilização esperada de recursos de R$ 300 bilhões até 2026, reacendeu o alerta de
práticas fora do orçamento oficial dos governos anteriores petistas. Surgiu ainda novo
impasse em torno das medidas que compensam a extensão da desoneração da folha,
agora com relação ao Perse, cujo fim parecia melhor encaminhado na semana passada.
O temor é que o debate sobre a desoneração deságue numa antecipação na decisão de
rever a meta de déficit zero este ano. Diante das incertezas, o dólar à vista terminou o dia
na maior cotação desde 31 de outubro (R$ 4,9873, alta de 1,23%), o Ibovespa caiu aos
126.601,55 pontos (-0,81%) e o DI para janeiro de 2027 subiu a 9,965%. Lá fora, o dia foi
de relativo bom humor. Dow Jones e S&P 500 estenderam o rali da sexta-feira. Eles
renovaram mais uma vez as máximas históricas com ajuda de tecnologia e, hoje, com
apoio do salto do petróleo ante o acirramento das tensões no Oriente Médio. O Brent
voltou aos US$ 80, mas pouco pressionou os juros longos dos Treasuries. Esses tiveram
uma pausa na tendência de alta, enquanto o investidor aguarda novos dados da
economia dos EUA. O dólar subiu levemente ante pares fortes, antes de decisões de juros
no Japão e do BCE.
•CÂMBIO
•BOLSA
•JUROS
•MERCADOS INTERNACIONAIS
CÂMBIO
O risco fiscal voltou a dar as cartas no mercado de câmbio doméstico neste início de
semana e levou o dólar a se aproximar novamente do nível de R$ 5,00. Plano do governo
Lula de incentivo à indústria da ordem de R$ 300 bilhões, dos quais R$ 250 bilhões via
BNDES, avivou temores da volta dos chamados incentivos parafiscais e de piora das
contas públicas.
Analistas ouvidos pelo Broadcast chamam a atenção para o fato de o lançamento da nova
política industrial ocorrer justamente no momento em que o ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, encontra obstáculos na agenda de recomposição de receitas – o que
faz o cumprimento da meta fiscal de déficit primário zero neste ano parecer cada vez
menos factível.
O desconforto com o quadro doméstico era patente já pela manhã. O dólar abriu em alta
e superou o nível de R$ 4,95 ainda na primeira etapa de negócios, mesmo com sinal
predominante de baixa da moeda americana no exterior. Ao longo da tarde, quando o
dólar passou a subir na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de
commodities, a divisa renovou sucessivas máximas, alcançando no pico R$ 4,9925.
No fim do dia, o dólar à vista subia 1,23%, cotado a R$ 4,9873 – maior valor de
fechamento desde o dia 31 de outubro de 2023 (R$ 5,0414). Com a arrancada de hoje, a
moeda passa a acumular valorização de 2,76% em janeiro. A liquidez foi forte para uma
segunda-feira, com o contrato de dólar futuro para fevereiro – principal termômetro do
apetite por negócios – movimentando mais de US$ 13 bilhões.
O head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, observa que o real perdeu bem
mais que moedas pares e de exportadores de commodities, como peso mexicano e os
dólares australiano e canadense. “Esse pacote de incentivos à indústria da ordem de R$
300 bi com uso do BNDES traz preocupação com o parafiscal”, afirma Weigt, ressaltando
que a notícia pegou o mercado em uma posição técnica mais frágil, com muitos fundos
locais vendidos em dólar, o que deve ter provocado uma onda de ordens para zeragem de
posições e limitação de perdas (stop loss).
De fato, o real amargou a segunda maior desvalorização frente ao dólar entre emergentes,
atrás apenas do florim húngaro. Principal par da moeda brasileira, o peso mexicano
apresentava no fim do dia perdas na casa de 0,60%. Referência do comportamento do
dólar em relação a seis divisas fortes, o índice DXY era negociado em ligeira alta, na casa
dos 103,300 pontos, com ganhos em relação ao euro.
“O real apanhou bastante na sessão. O principal catalisador foi o programa de
neoindustralização com incentivo do BNDES. Mas parece que há mais fumaça que fogo.
Esse tipo de programa costuma ser uma junção de vários projetos e incentivos já em
andamento. É bem difícil que haja muito dinheiro novo”, afirma o economista Paulo
Henrique Duarte, da Valor Investimentos.
Chamada de “Nova Indústria Brasil”, o programa de apoio à política industrial terá R$ 300
bilhões até 2026, dos quais R$ 250 bilhões via BNDES. Cerca R$ 100 bilhões já haviam
sido anunciados em julho do ano passado, na primeira reunião do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Industrial (CNDI).
Na avaliação da Warren Investimentos, eventual uso de emissões do Tesouro em favor do
BNDES pode ter consequências “muito ruins” para a sustentabilidade fiscal. “O BNDES
teria de atuar, na política industrial, no enorme espaço já disponível para não contratar
novos riscos fiscais”, afirmam o economista-chefe da Warren, Felipe Salto, e os
economistas Josué Pellegrini e Gabriel Garrote, em relatório.
Do lado das receitas, a equipe econômica enfrenta contratempos. Fontes afirmaram ao
Broadcast Político que Haddad deixou reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira
(PP-AL), na semana passada sem apoio à proposta de reoneração da folha de
pagamentos. Lira também teria se oposto ao fim do no Programa Emergencial de
Retomada do Setor de Eventos (Perse), que isenta o setor de uma série de tributos.
Entre indicadores, a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que a balança comercial brasileira
registrou superávit comercial de US$ 1,013 bilhão na 3ª semana de janeiro (dias 15 a 21).
No mês, o superávit acumulado é de US$ 4,471 bilhões.
Sem impacto no câmbio no curto prazo, o Tesouro brasileiro teria fechado hoje captação
de US$ 4,5 bilhões com emissão de bonds de 10 e 30 anos, em meio a uma demanda que
já superava US$ 13 bilhões, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast.
18:28
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.98730 1.228 4.99250 4.92650
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4995.000 1.14407 4999.000 4930.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5000.000 0.90817 5000.000 5000.000
BOLSA
Ainda descolado do sinal positivo em Nova York, e hoje conectado à retomada de
incertezas sobre a trajetória fiscal doméstica – com o lançamento de “nova política
industrial” do governo baseada no BNDES, o que reaviva lembrança de iniciativas do
passado recente -, o Ibovespa começou a semana de ré, em queda de 0,81%, aos
126.601,55 pontos, ainda no menor nível de encerramento desde 12 de dezembro. Em NY,
onde os três principais índices vêm de ganhos na semana passada, a alta ficou entre
0,22% (S&P 500) e 0,36% (Dow Jones) nesta segunda-feira.
Na B3, o giro de hoje se limitou a R$ 18,6 bilhões, em sessão na qual o Ibovespa oscilou
dos 125.875,65 aos 127.842,59 pontos, saindo de abertura aos 127.636,32 – com o
pêndulo tendo variado mais para baixo do que para cima ao longo do dia, estendendo a
correção do ano. Nas últimas cinco sessões, o Ibovespa caiu em quatro e subiu apenas
na da sexta-feira, 19. Assim, em janeiro, cede agora 5,65%.
A perda do Ibovespa na sessão não foi maior porque Petrobras conseguiu avançar 0,23%
(ON) e 0,45% (PN), acompanhando ao longe o ganho em torno de 2% para o petróleo na
sessão, que recolocou o Brent a US$ 80 por barril.
Vale ON caiu hoje 0,44% e a queda entre os grandes bancos chegou a 1,64% (Itaú PN) no
fechamento – exceção para Santander (Unit +0,13%) no fim do dia. Na ponta ganhadora,
destaque para BRF (+4,92%), Cielo (+3,12%) e Embraer (+1,97%). No lado oposto,
Hapvida (-5,72%), Lojas Renner (-5,44%, refletindo rebaixamento da recomendação do
Citi, de ‘compra’ para ‘neutra’) e Assaí (-4,83%).
Além de Renner e Assaí, outras ações do setor de varejo e consumo fecharam o dia em
baixa, em reação a ajuste na curva de juros futuros derivado da retomada de temores
sobre a situação fiscal: o índice de consumo, exposto ao ciclo doméstico, cedeu hoje
1,60%, em variação bem superior à registrada no de materiais básicos (-0,84%), que
reúne as ações de commodities, correlacionadas à demanda e preços externos.
“A nova política industrial, com foco em incentivos fiscais para setores específicos, gerou
preocupações entre investidores: deixa o mercado inseguro e colabora para a Bolsa
caminhar na contramão do exterior”, diz Lucas Almeida, sócio da AVG Capital,
observando que as taxas de DI de longo prazo atingiram máximas da sessão após as
preocupações com o fiscal terem se intensificado.
“A Bolsa deu prosseguimento hoje à tendência de queda, trabalhando perto de uma
região de suporte importante, a dos 125 mil pontos, sem até o momento perdê-la. A B3
tem se descolado do mercado americano [neste começo de ano], no que até então vinha
se mostrando uma correlação importante [para o avanço da Bolsa brasileira no fim de
2023]”, aponta Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester
Investimentos. Ele chama atenção também para a pressão observada no câmbio nesta
sessão de abertura da semana, com o dólar em alta de mais de 1% frente ao real,
convergindo para o “ímã’ de R$ 5 – no fechamento, a moeda americana mostrava avanço
de 1,23%, a R$ 4,9873.
A piora na percepção fiscal também resultou em uma “acelerada” na curva de juros
doméstica nesta segunda-feira. “A questão fiscal afeta no curto prazo, mas a dinâmica
das commodities tende a exercer papel maior na precificação do Ibovespa – seja no
sentido de recuperação ou de correção adicional do índice, por realinhamento de preços
das matérias-primas”, diz o operador da Manchester.
No front fiscal, pela manhã, o governo anunciou que o BNDES vai mobilizar cerca de R$
250 bilhões para projetos de ”neoindustrialização” até 2026. Esses recursos integram o
total de R$ 300 bilhões previsto para o plano Mais Produção, gerido pelo BNDES, pela
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa e
Inovação Industrial (Embrapii).
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
Aloizio Mercadante, afirmou hoje, durante o lançamento da iniciativa em Brasília, que não
há como reerguer a indústria brasileira sem uma nova relação entre Estado e mercado.
Mercadante defendeu ainda que o Brasil precisa de transição digital acelerada, e que a
transição para a economia verde depende da participação do Estado, na medida em que é
caro desenvolver novas tecnologias.
“Nós não temos como reerguer a indústria brasileira sem uma nova relação entre Estado
e mercado. Não é substituir o mercado, não é não acreditar na importância do mercado,
que é uma instituição indispensável ao desenvolvimento econômico. Mas o Brasil precisa
[disso] diante dos desafios históricos, da transição digital acelerada e do imenso desafio
que é essa crise ambiental”, disse Mercadante durante lançamento da nova política
industrial, chamada “Nova Indústria Brasil”, no Palácio do Planalto.
18:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 126601.55 -0.8102
Máxima 127842.59 +0.16
Mínima 125875.65 -1.38
Volume (R$ Bilhões) 1.86B
Volume (US$ Bilhões) 3.76B
18:28
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 127140 -0.90413
Máxima 128640 +0.27
Mínima 126575 -1.34
JUROS
Os juros futuros começaram a semana em alta, com exceção das taxas curtas que
terminaram o dia com viés de baixa. A piora na percepção sobre o cenário fiscal, que se
instalou ainda pela manhã, conduziu as taxas de médio e longo prazos até o fechamento
da sessão, fazendo com que a curva local se descolasse do ambiente de otimismo
moderado no exterior. Repercutiram negativamente as notícias sobre a falta de acordo
entre a equipe econômica e o Legislativo na questão da reoneração da folha de
pagamentos e o anúncio da nova política industrial do governo, que prevê R$ 300 bilhões
até 2026 para estimular o setor, que, na visão dos agentes, aumentam as chances de
alteração na meta zero de resultado primário em 2024.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em
10,070%, de 10,114% no ajuste da sexta-feira, e a do DI para janeiro 2026, em 9,78%, de
9,76% na sexta-feira. O DI para janeiro de 2027 terminou ou com taxa de 9,96% (9,89% no
ajuste anterior) e a do DI para janeiro de 2029 subiu de 10,32% para 10,39%.
O recuo nos yields dos Treasuries e a bem-sucedida captação externa do Tesouro em tese
dariam espaço para um fechamento das taxas, mas o mercado se voltou para o noticiário
fiscal negativo nesta segunda-feira. Após oscilarem perto da estabilidade em boa parte da
manhã, os juros passaram a subir ao final do período após o governo anunciar os R$ 300
bilhões para a reindustrialização do País. A maior parte dos recursos, R$ 250 bilhões, virá
do BNDES.
O presidente do banco, Aloizio Mercadante, argumentou que não há como “reerguer a
indústria brasileira sem uma nova relação entre o Estado e o mercado” e que a transição
para economia verde depende da participação do Estado.
O gerente de renda fixa e distribuição de fundos da Nova Futura Investimentos, André
Alírio, explicou que, teoricamente, o BNDES tem várias opções de instrumentos para
viabilizar a política industrial sem necessariamente sobrecarregar o Tesouro, “mas num
ambiente pesado como o de hoje este tipo de notícia ajuda a pressionar a formação de
preços”. O economista-chefe, Felipe Salto, e os economistas da Warren Investimentos
Josué Pellegrini e Gabriel Garrote lembram que o BNDES possui “enorme espaço”
disponível de recursos que pode ser usado em iniciativas como os projetos voltados à
neoindustrialização para não contratar novos riscos fiscais.
A intervenção estatal na economia para alavancar o crescimento sempre foi malvista pelo
mercado, dado que historicamente afeta a dívida pública, o que, por sua vez, acaba
resultando em juros mais altos. A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória,
escreveu na rede social X (antigo Twitter) que o problema do custo do crédito para a
indústria é o mesmo para todos os setores. “Não há subsídio que resolva, o governo
precisa focar em reduzir o custo da dívida pública, que é a referência para o crédito,
principalmente de longo prazo. Dar mais subsídios de crédito para um setor significa juros
mais altos para os demais”, disse.
Em outra frente, segue o impasse em relação à folha de pagamentos. Conforme apurou o
Broadcast Político, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deixou a reunião com o
presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na semana passada sem apoio na proposta
que põe fim à política de desoneração e ainda com um “abacaxi” no Programa
Emergencial de Retomada do Setor de Eventos p(Perse), criado para ajudar o setor de
eventos em razão da pandemia da covid-19 e que foi prorrogado no ano passado. Lira
deixou claro não concordar com o fim do benefício ao setor de eventos e não garantiu
apoio à proposta de reoneração.
“A manutenção da desoneração torna bem mais difícil esticar a manutenção da meta
fiscal. Pode ser que exija uma mudança antes”, alertou o economista-chefe do Itaú
Unibanco e ex-diretor do Banco Central, Mário Mesquita, em entrevista à enviada especial
a Davos, Aline Bronzati. Na avaliação do economista, uma nova meta com déficit acima
de 1% acenderia uma luz amarela nos mercados.
Agora o mercado aguarda o que tem a dizer sobre a situação fiscal o ministro Haddad,
que às 22h será o entrevistado do programa Roda Viva, da TV Cultura.
O contexto fiscal conturbado acabou ofuscando o potencial impacto positivo da emissão
externa do Tesouro sobre os ativos. A captação foi de US$ 4,5 bilhões com títulos em dois
vencimentos, de 10 anos e 30 anos, e que chegou a ter demanda total de US$ 14 bilhões.
É a maior oferta externa feita pelo Tesouro em um só dia de forma “pura”, sem trocas de
papéis
MERCADOS INTERNACIONAIS
Em meio ao período de silêncio do Federal Reserve (Fed) que antecede a decisão da
semana que vem, a semana começou com um agenda econômica esvaziada no exterior e
com o mercado olhando para o futuro, esperando pelos indicadores do Produto Interno
Bruto (PIB) e da inflação do PCE dos EUA, que serão divulgados na quinta e na sexta-feira.
Sem grandes drivers, investidores balizaram suas apostas, com o dólar movimentando-se
de lado e com os retornos da ponta longa dos Treasuries caindo. O alívio nos juros
contribuiu para o avanço do setor de tecnologia em Nova York, que ajudou Dow Jones e
S&P 500 a baterem máximas históricas pelo segundo pregão consecutivo, embora os
ganhos tenham sido mais moderados do que na última sexta-feira. Também em destaque,
as ações de energia chegaram a surfar na escalada de 2% do petróleo, à medida que
novas tensões na Rússia e no Oriente Médio ameaçam a oferta global.
A agenda esvaziada dos dois lados do atlântico fez tanto mercados europeus quanto
americanos aguardarem as decisões de política monetária e os dados da economia dos
EUA que serão divulgados nesta semana. Amanhã, o Banco do Japão (BoJ) publica sua
decisão, seguido pelo Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira. Enquanto isso, Wall
Street diminuiu a euforia com os cortes de juros pelo Fed, e a ferramenta do CME Group
indicou avanço na chance de manutenção nos juros durante a reunião de março, com
58,4% de probabilidade perto das 18h. Na quinta e na sexta-feira, serão divulgados o PIB
dos EUA no quarto trimestre e a inflação do PCE de dezembro, na última rodada de dados
importantes antes da decisão de política monetária de janeiro.
Segundo o BMO Markets, o comportamento dos retornos dos Treasuries hoje teve “todas
as características de uma consolidação clássica, com o apoio de baixos volumes de
negociação”, em meio à queda do retorno da ponta longa dos títulos do Tesouro
americano. No fim do dia, o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,406%, o da T-note de 10
anos caía a 4,105%, e o do T-bond de 30 anos tinha queda a 4,324%.
Paralelo a isto, o dólar teve movimento lateralizado, acumulando pequenos ganhos contra
o euro e perdas marginais frente ao iene, às vésperas da decisão do BoJ. Segundo o
Société Générale, as últimas declarações de dirigentes do BCE contrariaram as
expectativas de cortes agressivos nos juros, em quadro de inflação ainda elevada, e para
o BBH, o mesmo movimento pode ser visto nos Estados Unidos. Tudo somado, no fim da
tarde em Nova York, o dólar recuava a 148,09 ienes, o euro caía a US$ 1,0884 e a libra
aparecia estabilizada em US 1,2704. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de
moedas fortes, registrou alta de 0,04%, a 103,331 pontos.
A ausência de drivers permitiu às bolsas de Nova York que continuassem o movimento de
alta visto na sexta-feira, conduzido pelos setores de tecnologia. Diante disso, Dow Jones e
S&P 500 renovaram máximas históricas pelo segundo dia consecutivo, apoiados também
pela temporada de balanços, que nesta semana conta com mais de 70 empresas do S&P
500 divulgando resultados trimestrais. Para a Capital Economics, a expectativa é para que
o S&P 500 continue buscando recordes durante os próximos meses, e deve terminar 2024
perto dos 5,5 mil pontos.
Segundo Louis Navellier, da gestora Navellier, a expectativa para os balanços é de que
sejam apresentadas “previsões sólidas” para 2024, visto que os bons resultados recentes
das ações das companhias devem ter “impulsionado o desempenho”. Na esteira da
espera por balanços, os papéis da Netflix subiram 0,57% hoje, e os da Intel, subiram
0,15%, as empresas divulgam resultados na terça e na quinta-feira, respectivamente. No
fechamento, o Dow Jones subiu 0,36%, aos 38.002,00 pontos; p S&P 500 teve alta de
0,22%, aos 4.850,45 pontos; e o Nasdaq, subiu 0,32%, aos 15.360,29 pontos.
As ações de energia também fecharam o dia no azul, impulsionadas pela recuperação do
preço dos contratos futuros do petróleo. Hoje, o barril do Brent voltou a ser negociado
acima dos US$ 80, acompanhando os riscos de perturbação na oferta global diante de
ataques ucranianos a um terminal de gás natural na Rússia. Também hoje,, o chefe das
operações militares dos EUA no Oriente Médio, o vice-almirante Brad Cooper, afirmou que
o Irã tinha envolvimento direto nos ataques a navios que os Houthis têm realizado no Mar
Vermelho. O WTI para março subiu 2,06% (US$ 1,51), a US$ 74,76 o barril, na New York
Mercantile Exchange (Nymex). O Brent para o mesmo mês subiu 1,90% (US$ 1,50), a US$
80,06 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).