IBOVESPA VIRA PARA O VERMELHO À TARDE COM PERDA DE FORÇA DE VALE E PESO DE TREASURIES


Os mercados domésticos foram abalados ao longo da tarde desta quinta-feira pelo
noticiário corporativo e pela piora do humor externo, o que levou à queda do Ibovespa e à
redução do ritmo de baixa do dólar e dos juros futuros. O índice acionário virou para o
vermelho diante da perda de força do papel da Vale ON (+1,01%), que mais cedo saltou
com o anúncio da redução do compulsório bancário na China. O movimento da
mineradora ocorreu sob nova onda de rumores de que o governo estaria pressionando
acionistas da companhia a apoiar a indicação do ex-ministro Guido Mantega para o cargo
de CEO. O Broadcast apurou que a permanência de Eduardo Bartolomeo na presidência
da Vale deve ser decidida até a terça-feira que vem, dia 30. Como o papel da mineradora é
o de maior peso individual no índice, o arrefecimento de sua alta significou a perda de
suporte do Ibovespa, que ao fim marcou 127.815,70 pontos (-0,35%). E tudo isso ocorreu
simultaneamente à piora do quadro externo. Um leilão de T-notes de 5 anos registrou
baixa demanda, elevando as taxas dos Treasuries, em especial o vértice de 10 anos
(4,182%). As bolsas de Nova York sentiram o baque e o Dow Jones inclusive fechou em
queda (-0,26%). Aqui, o sinal de baixa nos juros e no câmbio foi preservado com o apoio
das medidas da China, apesar do desconforto político. O DI para janeiro de 2025 caiu a
10,060% e o dólar à vista recuou aos R$ 4,9321 (-0,47%).
•BOLSA
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•JUROS
•CÂMBIO
BOLSA
O Ibovespa parecia que manteria a linha dos 128 mil pelo segundo dia, obtendo assim a
primeira sequência ganhadora desta segunda quinzena de janeiro, mês até aqui marcado
por correção de quase 5% em relação aos recordes do fim do ano passado. Hoje, o índice
da B3 oscilou até os 129.445,69 pontos no melhor momento, pela manhã, saindo de
abertura aos 128.275,09. Do meio para o fim da tarde, contudo, mostrou o mesmo sinal
que tem prevalecido neste começo de 2024: negativo. Com a perda de 0,35% na sessão,
aos 127.815,70 pontos, ainda avança 0,14% na semana – em janeiro, cai 4,75%. O giro
ficou em R$ 20,2 bilhões nesta quarta-feira.
Mais cedo, a progressão do Ibovespa, como ontem, decorria do impulso proporcionado
por Vale ON (ao fim, limitado a 1,01%), a ação de maior peso no índice. A mineradora
abriu o ano muito pressionada pela perspectiva nebulosa para a demanda chinesa, que
tem resultado em volatilidade para o preço do minério de ferro. Assim, até a última sextafeira, 19, a ação da Vale, que corresponde a cerca de 14,1% do Ibovespa, acumulava
perda de quase 12% no ano – com a recuperação parcial vista nas últimas sessões, ainda
cede 9,46% em 2024.
Os ganhos na principal ação do Ibovespa mostraram moderação a partir do meio da tarde,
buscando mínimas da sessão abaixo da linha psicológica de R$ 70, chegando a R$ 69,75
no pior momento e fechando a R$ 69,90, após fontes ouvidas pelo Broadcast apontarem
que a permanência do presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, deve ser decidida até
terça-feira, 30.
Além da questão da demanda chinesa, que afeta diretamente os preços de commodities
e a receita da empresa, a mineradora tem suscitado atenção pela retomada de
movimentos do governo para tentar encaixar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no
conselho de administração – notícias publicadas na imprensa dão conta de que a
ambição de Mantega seria maior: presidi-la.
Segundo fonte familiarizada com o processo, a permanência de Bartolomeo na
presidência deve ser decidida até a próxima terça-feira, com a convocação de uma
reunião extraordinária do conselho de administração. No encontro, será analisado – a
partir de amplo estudo – o desempenho do executivo frente à mineradora, reportam as
jornalistas Juliana Garçon e Cristiane Barbieri, do Broadcast.
Afora as questões domésticas, hoje, o contrato mais negociado do minério de ferro em
Dalian, para maio de 2024, fechou em alta de 1,77%, a 979 yuans por tonelada, o
correspondente a US$ 136,45, contribuindo para novo avanço das ações do setor
metálico – entre as quais, Vale ON -, com destaque para CSN (ON +2,30%) e Gerdau (PN
+2,31%). Assim, o índice de materiais básicos fechou o dia com ganho de 1,06%, o que
contribuiu para neutralizar o efeito negativo, sobre o Ibovespa, do recuo das ações de
grandes bancos – à exceção de BB ON, que chegou a oscilar para o negativo à tarde, mas
fechou em alta de 0,19% -, além de Petrobras (ON -0,93%, PN -0,76%).
Na ponta da carteira teórica, destaque para o setor metálico, com Usiminas (+3,82%),
CSN Mineração (+2,44%) e Gerdau, além de Marfrig (+2,99%) e Alpargatas (+2,52%). No
lado oposto, Natura (-5,38%), Casas Bahia (-4,50%), Yduqs (-3,72%) e RaiaDrogasil (-
3,53%). Na contramão dos materiais básicos, o índice de consumo, correlacionado à
economia doméstica, cedeu hoje 1,27%.
Petrobras, que ontem tinha operado em reverso aos preços do petróleo, contribuindo
então para a alta do Ibovespa, desta vez trouxe o movimento oposto: do positivo ao
negativo, fechando em baixa, apesar do Brent e WTI em recuperação moderada na
sessão. Como no caso de Vale e até mesmo de Banco do Brasil, as ações de Petrobras –
especialmente a ordinária, que corresponde a cerca de 4,4% do Ibovespa, a quarta mais
‘pesada’ do índice – refletiram, em certo momento da sessão, as preocupações em torno
de ingerência do governo em empresas nas quais tem influência.
O fator Mantega levou o Ibovespa a renovar sucessivas mínimas, que o colocaram a
127.679,99 pontos no pior momento, em baixa de 0,45% perto do fechamento. “Há muito
ruído político sobre a ida de Mantega para a presidência da Vale – mas eu não acredito
nisso. No máximo, uma cadeira no conselho [de administração]”, diz Fernando Ferrer,
analista da Empiricus Research, observando que a empresa tem “controles bem
estabelecidos e tentaria ao máximo evitar isso”.
No quadro mais amplo, além da retomada no minério de ferro, os contratos do cobre e
zinco subiram mais de 2% nesta quarta-feira, após o governo da China mostrar esforço
para impulsionar a economia, ampliando a liquidez no sistema financeiro local. Além do
corte no compulsório bancário, anunciado na virada da madrugada, os investidores
tomaram nota da melhora nos índices de atividade (PMIs) nos Estados Unidos, também
divulgada nesta quarta-feira.
“Por aqui, o mercado tinha começado animado, com o reforço ao setor imobiliário na
China, proporcionado pelo alargamento do uso de empréstimos comerciais para conter o
abrandamento de atividade. Há fluxo intenso para Nova York, em novas máximas
históricas no S&P 500, em razão do interesse pelas empresas de tecnologia, com a Netflix
em alta de mais de 10% durante a sessão e a Microsoft em valor de mercado recorde [de
US$ 3 trilhões], o que se soma ao bom desempenho das ações de chips nos Estados
Unidos”, diz Ferrer, da Empiricus Research.
“O recente noticiário da China tem produzido efeitos importantes, especialmente no setor
metálico. A redução dos compulsórios, por lá, ajudou aqui, na Bolsa. Há uma injeção de
recursos significativa, na veia do sistema financeiro. O que reforça a expectativa por corte
de juros ainda neste trimestre”, na economia que é o motor global das commodities,
observa Erik Sala, analista da DVInvest/Blue3 Investimentos
18:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 127815.70 -0.34836
Máxima 129445.69 +0.92
Mínima 127679.99 -0.45
Volume (R$ Bilhões) 2.02B
Volume (US$ Bilhões) 4.10B
18:27
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 128280 -0.58511
Máxima 130215 +0.91
Mínima 128255 -0.60
MERCADOS INTERNACIONAIS
Os retornos dos Treasuries terminaram a tarde em alta, impulsionados por um leilão com
demanda abaixo da média e grande participação de dealers. O movimento colaborou para
pressionar as bolsas de Nova York, que fecharam xxxxx. Mesmo assim, o índice S&P 500
conseguiu renovar máxima histórica pela quarta sessão consecutiva. Já o dólar caiu
contra rivais, após os índices de gerentes de compras (PMIs) europeus alimentarem
expectativas de cortes de juros na região apenas mais para frente, apoiando o euro e a
libra. A fraqueza na moeda americana colaborou para a valorização do petróleo e do
cobre, na esteira também do otimismo com a China.
O Tesouro americano leiloou US$ 61 bilhões em T-notes de 5 anos, em um certame com
rendimento máximo de 4,055% – abaixo da média recente de 4,392%, de acordo com o
BMO. A taxa bid-to-cover, um indicativo de demanda, também veio abaixo da média
recente. Além disso, os dealers arremataram 20,4% do montante ofertado, bem mais do
que a média de 14,8%. Foi a maior participação de dealers desde 22 de setembro, ainda
de acordo com o BMO.
A divulgação do resultado do leilão, nesta tarde, impulsionou os retornos dos Treasuries.
Por volta das 18h (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos subia a 4,377%, o da T-note de 10
anos avançava a 4,182% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 4,410%.
O movimento ecoou nas bolsas de Nova York, que reduziram ganhos em relação a mais
cedo. Entre os destaques, Netflix ganhou 10,70% depois de divulgar balanço, que
mostrou forte aumento na base de assinantes. Boeing subiu 1,24%, após a Bloomberg
noticiar que a fabricante de aviões vai fazer sua primeira entrega de aeronaves 737 Max
para a China desde 2019. A repercussão da reportagem se sobrepôs aos recentes
episódios de problemas técnicos em aviões Boeing, inclusive a queda da roda de um
modelo 757 nesse fim de semana, que foi revelada hoje.
O índice Dow Jones caiu 0,26%, aos 37.806,52 pontos, pressionado pela queda na Verizon
(-2,25%) e na 3M (-2,98%), que divulgaram resultados ontem. Por sua vez, o S&P 500
avançou 0,08%, aos 4.868,55 pontos; e o Nasdaq subiu 0,36%, aos 15.481,92 pontos.
Com isso, o S&P 500 bate mais um recorde no fechamento.
“Após o forte rali do quarto trimestre e essa reviravolta em janeiro, após um início de ano
fraco, o medo de ficar de fora é altíssimo nos mercados”, falou o analista Louis Navellier,
da Navellier. “Mesmo com a quantidade crescente de guidances cautelosos, é provável
que vejamos novos fluxo de dinheiro entrando para apoiar essas novas máximas.”
No câmbio, o euro e a libra subiram ante o dólar, apoiados pelos PMIs locais – que, na
visão do ING, dão motivos para o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) e Banco
Central Europeu (BCE) adiarem perspectivas de cortes de juros. No fim da tarde em Nova
York, o euro avançava a US$ 1,0886 e a libra tinha alta a US$ 1,2723. O dólar canadense,
por sua vez, recuava contra o dólar, em dia de manutenção de juros pelo Banco do
Canadá. O dólar subia a US$ 1,3528 e caía a 147,61 ienes. O índice DXY fechou com baixa
de 0,37%, a 103,236 pontos.
O dólar enfraquecido apoiou commodities. O cobre subiu mais de 2%, ainda na toada das
novas medidas de estímulo à economia chinesa. O BC local anunciou corte nos
compulsórios bancários e em taxas de reempréstimo e de redesconto hoje, em mais uma
tentativa de impulsionar o crescimento.
O petróleo também fechou em alta, com, além disso, uma queda nos estoques
americanos. Os inventários de petróleo nos EU despencaram mais de 9 milhões na
semana passada, quando analistas ouvidos pela FactSet esperavam por recuo bem
menor, de 1,4 milhão. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para março
fechou em alta de 0,96% (ou US$ 0,72), a US$ 75,09 por barril. Já o Brent para abril
negociado na Intercontinental Exchange (ICE) avançou 0,66% (ou US$ 0,52), a US$ 79,63
por barril.
Apesar da valorização de hoje, a Fitch reiterou em relatório que vê pouco espaço para
uma alta adicional em relação a sua projeção para o preço do Brent, que é de US$ 80 por
barril para 2024. Contudo, a elevação do risco geopolítico, incluindo as recentes tensões
no transporte marítimo no Mar Vermelho, manterá um prêmio geopolítico aos preços do
petróleo, na visão da agência.
Os investidores se preparam para as leituras amanhã do Produto Interno Bruto (PIB) e da
inflação pelo PCE dos Estados Unidos, que poderão ajudá-los a firmar apostas sobre
quando o Federal Reserve (Fed) deverá iniciar o ciclo de relaxamento monetário. Neste
fim de tarde, o monitoramento do CME Group apontava probabilidade de 58,4% de os
juros serem mantidos inalterados na reunião de março. O primeiro mês em que o cenário
de cortes aparece como aposta majoritária é em maio, com 84,4% de chance.
Outro destaque da agenda será a decisão de política monetária do BCE. É amplamente
esperado que os dirigentes europeus deixem suas taxas estáveis e não alterem quase
nada do comunicado de anúncio de juros, indicando para a manutenção da postura
monetária atual. Leia mais na matéria especial publicada às 10h.
JUROS
O aumento da pressão no mercado de Treasuries ao longo da tarde deteriorou as
condições do mercado doméstico, levando os juros a reduzir significativamente o ritmo
de queda visto em boa parte do dia. Os yields passaram a subir após leilão de T-Notes do
Tesouro dos EUA, considerado fraco – e as taxas locais só não viraram também para cima
porque o dólar conseguiu se manter em queda ante o real, embora mais comedida. A
quarta-feira foi favorável a moedas emergentes após a decisão do Banco Central da China
de reduzir a taxa de depósitos compulsórios, com reflexos positivos sobre a curva de
juros, que tem espaço para correção diante da alta nos prêmios de risco desde a semana
passada, decorrente do crescimento da tensão fiscal.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em
10,060%, de 10,073% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2026 caiu de 9,77% para
9,75% e a do DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 9,92% (9,94% ontem). A taxa do
DI para janeiro de 2029 terminou em 10,35%, de 10,38%.
As mínimas foram registradas ainda pela manhã, em meio à repercussão da medida
chinesa sobre os ativos e ao alívio na curva americana. No Brasil, as declarações do vicepresidente Geraldo Alckmin de que o governo não fará nenhum tipo de aporte no BNDES
para financiar o programa Nova Indústria também agradaram.
À tarde, o ambiente global ficou mais cauteloso e o recuo dos DIs perdeu fôlego. Antes de
virarem para cima, os retornos dos títulos americanos reduziram a queda com os PMIs
dos EUA mais fortes do que o esperado, que endossarem a percepção de que o Federal
Reserve deve postergar o início do ciclo de corte de juros para maio. Depois, veio o leilão
de US$ 61 bilhões em T-notes de 5 anos do Tesouro dos EUA com demanda abaixo da
média para azedar o humor dos investidores.
Os DIs conseguiram resistir em baixa por algum tempo, mas sucumbiram depois das 16h
durante a formação dos preços de ajuste, coincidindo com as máximas da taxa da T-Note
de dez anos até 4,19%. “Lá fora piorou e aí as moedas sentiram”, constatou o economistachefe da Western Asset, Adauto Lima. De todo modo, o dólar à vista conseguiu fechar em
baixa, aos R$ 4,9321 (-0,47%), embora distante da mínima, na casa de R$ 4,90, atingida
ainda na primeira etapa.
Lima lembra que a curva local acumulou alguma gordura na semana passada, havendo
assim espaço para ajustes, e que a percepção de alguns agentes para a inflação é de
melhora no médio prazo. De acordo com o economista, parte do mercado já considera
que os efeitos do El Niño sobre preços de alimentos podem ficar restritos ao primeiro
trimestre, com arrefecimento nos meses subsequentes. “Não será nada disruptivo”, disse.
O evento climático deve aparecer no IPCA-15 de janeiro via preços de itens in natura. O
índice será divulgado na sexta-feira (26) e a mediana das estimativas coletadas pelo
Projeções Broadcast é de 0,47%, de 0,40% em dezembro.
Outro foco de atenção, afirmou, é o julgamento da questão das tarifas de uso dos
sistemas de Distribuição e Transmissão (TUSD e TUST) de energia, que poderá aliviar a
inflação este ano em cerca de 0,4 ponto porcentual se o Superior Tribunal de Justiça (STJ)
decidir que não devem compor a base de cálculo do ICMS. O julgamento deve ocorrer em
22 de fevereiro.
Na Warren Investimentos, a percepção é de continuidade da incidência do ICMS sobre
essas tarifas. “Contudo, se o STJ decidir pela não incidência, o impacto no IPCA seria de
até -37 bps. Cabe ressaltar que poderá haver algum tipo de modulação, a depender da
decisão tomada, mas não é a praxe do STJ”, afirmam Felipe Salto e Andréa Angelo,
economista-chefe e economista da inflação da instituição. Há pressão dos Estados pela
manutenção da incidência pelo receio de perda de arrecadação, em um contexto de
fragilidade fiscal.
Ainda internamente, a informação de que o ministro das Minas e Energia, Alexandre
Silveira, teria telefonado a acionistas da Vale para, em nome do presidente Lula, pedir que
Guido Mantega assuma a presidência da empresa, divulgada pelo colunista Lauro Jardim,
do jornal O Globo, foi mal recebida, mas o impacto maior foi na Bolsa, via ações da Vale.
CÂMBIO
O dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, 24, em queda de 0,47%, cotado a R$
4,9321, em dia marcado por enfraquecimento da moeda americana no exterior e alta dos
preços de commodities, na esteira da decisão do Banco do Povo da China (PBoC) de
reduzir depósitos compulsórios para injetar liquidez no sistema financeiro. Foi o segundo
pregão seguido de baixa do dólar no mercado doméstico, reduzido a alta na semana para
apenas 0,11%. Em janeiro, a divisa avança 1,62%.
Pela manhã, o dólar à vista desceu até a casa de R$ 4,90 ao registrar mínima a R$ 4,9090.
Mas no início da tarde já reduzia o ritmo de baixa com moderação da queda das taxas dos
Treasuries, após leituras acima do esperado de índices de gerentes de compras (PMI, na
sigla em inglês) de serviços e indústria nos EUA em janeiro.
Na última hora de pregão, com avanço das Treasuries na esteira de leilão fraco de títulos
de 5 anos nos EUA e a virada do Ibovespa para o campo negativo, o dólar à vista alcançou
o nível de R$ 4,93 e renovou máxima a R$ 4,9374, ainda em baixa. Embora o quadro
externo tenha guiado os negócios, a informação do vice-presidente Geraldo Alckmin de
que não haverá aportes no BNDES e que a nova política industrial não trará despesas
acima do já previsto no orçamento contribuiu marginalmente para o desempenho do real.
O sócio e diretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management, Leonardo Monoli,
observa que os ruídos no quadro político neste início de ano, em meio ao recesso
parlamentar, e, sobretudo, dados mostrando que a economia americana ainda “está
quente” levaram o dólar a operar acima do nível de R$ 4,90 nos últimos dias.
“Ainda não temos solução à vista para a MP (da reoneração) e apareceu um pacote
industrial que retoma uma coisa amarga do governo de Dilma (Rousseff). Isso provocou
muito ruído e ajudou na alta do dólar”, afirma Monoli, para quem ainda é preciso esperar
como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), vai conduzir a agenda econômica e os
primeiros resultados fiscais deste ano para que haja uma ideia mais clara sobre o cenário
doméstico.
Lá fora, os últimos números da economia americana vieram acima do esperado e
esfriaram as chances em corte de juros pelo Federal Reserve em março, com a maioria
das apostas recaindo agora sobre maio. Essa combinação de ruído doméstico com
realinhamento da curva de juros americana pegou os fundos locais, que carregam
posição vendida expressiva em dólar, no contrapé. Uma zeragem de parte pequena de
apostas a favor do real contribuiu para que a taxa de câmbio superasse os R$ 4,90 e
chegasse a tocar R$ 5,00 em máxima intradia anteontem. De uma semana para cá, esses
investidores compraram cerca de US$ 1,2 bilhão em dólar futuro. Mesmo assim, eles
ainda carregam posição vendida expressiva, na casa de US$ 15 bilhões.
“O cenário para o Brasil e o real não mudou. A economia vai rodar no positivo, o
diferencial de juros é favorável e o saldo comercial será forte. Em meados de fevereiro e
março, devem entrar recursos da safra, com o fluxo servindo de barreira para proteger o
real”, afirma Monoli. “Se as próximas rodadas de inflação nos EUA mostrarem
arrefecimento e se confirmar corte de juros no primeiro semestre, ainda que seja de
apenas 0,25 ponto, o dólar pode voltar a cair e buscar nos próximos meses mínimas
vistas no ano passado”, acrescenta Monoli, para quem o mercado já descartou a
possibilidade de déficit primário zero neste ano e tende a relevar um rombo entre 0,5% e
1% do PIB.
A agenda americana é carregada nos próximos dias e pode mexer com as apostas em
torno da política monetária. Amanhã, 25, além dos pedidos semanais de auxíliodesemprego, será divulgada a primeira leitura do PIB americano no quatro trimestre. Na
sexta-feira, 26, sai o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) –
medida de inflação preferida pelo Banco Central americano – referente a dezembro.
Para o CEO do Transferbank, Luiz Felipe Bazzo, apesar da queda nos últimos dois dias, o
dólar ainda está em meio a uma correção para cima, após a forte baixa no último
bimestre do ano passado, em meio à euforia com a possibilidade de redução de juros nos
EUA ainda no primeiro trimestre deste ano. “Dados mais fortes que o esperado e uma
resistência de autoridades de bancos centrais fizeram com mercado controlasse suas
expectativas de cortes rápidos pelo Fed”, afirma Bazzo.
18:29
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.93210 -0.4662 4.93740 4.90900
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4937.500 -0.44359 4941.500 4912.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4934.000 -0.76428 4936.000 4927.000