IBOVESPA TEM MARCA HISTÓRICA A 132 MIL PONTOS E DÓLAR CAI COM SINAIS DO BC E EXTERIOR

O Ibovespa renovou marca histórica de fechamento pela segunda vez esta semana, hoje aos 132.182,01 pontos, alta de 1,05%, assegurada pela melhora nos papéis da Petrobras, que zeraram a queda na reta final do pregão. Ao longo do dia, o destaque ficou com o segmento de mineração e siderurgia. O apetite a risco voltou com a aprovação da medida provisória da subvenção de ICMS pelo Senado, o aumento dos preços de minério de ferro na China e o sinal positivo das bolsas de Nova York após dados dos Estados Unidos reforçarem a aposta em corte nos juros do país a partir de março. No câmbio, o reforço do Banco Central na indicação do ritmo de 0,50 ponto porcentual na redução da Selic, sem sinais de aceleração, garantiu baixa do dólar e desempenho do real melhor que o de seus pares. O dólar caiu 0,49%, aos R$ 4,8877. Nos juros futuros, num ambiente de liquidez reduzida, o mercado ensaiou uma realização de lucros recentes, mas o cenário desinflacionário e a expectativa pelas votações do Orçamento de 2024 e do projeto de tributação das apostas esportivas limitaram o ajuste de alta nas taxas. No exterior, a tese de corte nos juros americanos ganhou força com indicadores que sugeriram uma economia mais fraca que o esperado. Em Nova York, ao fim da tarde, o rendimento da T-note de 10 anos marcava 3,89%. Entre os índices acionários, Dow Jones subiu 0,87%, S&P 500 ganhou 1,03% e Nasdaq avançou 1,26%.

•BOLSA

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

BOLSA

Depois de ter sucumbido a um movimento de realização de lucros ontem, o Ibovespa retomou a tendência de ganhos e encerrou a sessão de hoje em alta de 1,05%, aos 132.182,01 pontos, renovando mais uma vez o recorde no fechamento. A aprovação da medida provisória da subvenção de ICMS pelo Senado na noite de ontem, o aumento dos preços de minério de ferro na China e o sinal positivo de Nova York após dados econômicos mais fracos nos Estados Unidos puxaram os ganhos.

O índice manteve-se em terreno positivo durante toda a sessão, desde a mínima de 130.822,35 pontos (+0,01%). Na máxima, chegou a subir aos 132.276,93 pontos (+1,09%), menos de 100 pontos aquém do maior nível intradia, de 132.340,75, registrado na véspera. Mesmo com a tendência de redução da liquidez no fim do ano, o giro financeiro alcançou hoje os R$ 19,7 bilhões.

A recuperação hoje foi disseminada, com ganhos 58 dos 86 papéis do Ibovespa e em todos os índices setoriais da B3. Mas o destaque foi o segmento de materiais básicos, que, no agregado, avançou 2,62%, puxado por Vale ON (+3,33%). Sozinha, a empresa respondeu por 0,49 ponto porcentual da alta do Ibovespa, beneficiada pelo aumento de 3,53% dos preços do minério de ferro em Dalian, devido ao baixo estoque da commodity na China.

No fim do dia, mesmo os papéis da Petrobras recuperaram o fôlego e ficaram próximos da estabilidade, depois de terem passado toda a sessão em queda, acompanhando a baixa em torno de 0,4% dos preços do petróleo. Perto do fechamento, a empresa informou ter assinado contratos com a Enauta Energia, cedendo a totalidade da sua participação nos campos de Uruguá e Tambaú, por um total de US$ 35 milhões. Petrobras PN subiu 0,03% e Petrobras ON teve variação zero.

“Ontem, a Bolsa passou por um natural, aguardado e saudável respiro, com uma realização de lucros em meio à fadiga dos mercados internacionais. Hoje, voltamos a ver o mesmo processo de alta de antes, até porque temos visto uma melhora dos prêmios nessa reta final de aprovação de medidas do governo pelo Legislativo”, afirma o analista da Empiricus Research Matheus Spiess.

Aqui, o mercado permaneceu no aguardo pela finalização da pauta do Congresso, na véspera do início do recesso Legislativo. No momento do fechamento, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) estava reunida debatia o Orçamento de 2024. A expectativa é que a lei seja votado no plenário do Congresso ainda hoje.

O sinal positivo dos mercados de ações em Nova York também contribuiu com o desempenho do Ibovespa, em um dia de altas para Dow Jones (+0,87%), S&P 500 (+1,03%) e Nasdaq (+1,26%), após ajustes na véspera. A divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) americano do terceiro trimestre, menor do que o esperado, deu ao mercado o sinal para aumentar o apetite por risco e precificar ainda mais cortes nos juros do país.

Isso se deve também à revisão tanto da inflação cheia, quanto do núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos Estados Unidos, a medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed). O núcleo do PCE, que exclui componentes mais voláteis de alimentação e energia, revisado de 2,3% para 2% no terceiro trimestre, já em linha com a meta do BC americano.

“Isso ajuda a amparar a virada dovish recente da comunicação do Fed e, se sustentado, abre a porta para cortes de juros mais cedo do que nós esperamos, em setembro”, disse em relatório o economista principal da consultoria Oxford Economics para os EUA, Michael Pearce. No fim da tarde, a curva de juros americana precificava 150 pontos-base de cortes nos juros e início do ciclo já em março, com 71,6% de probabilidade.

Para a Santander Asset, o ciclo de cortes de juros nos países desenvolvidos e aqui deve impulsionar a Bolsa brasileira em 2024. A gestora espera que o Banco Central diminua a taxa Selic a 9,5% no fim do ano que vem, estimulando papéis sensíveis à política monetária. E destaca que, mesmo após a valorização deste ano, os preços dos ativos brasileiros continuam atrativos.

“O ciclo de corte de juros tende a favorecer a Bolsa brasileira, impactando positivamente o lucro de algumas empresas e podendo levar a uma migração de recursos da renda fixa para a renda variável”, diz a casa, em relatório. “Em termos de alocação setorial, iniciamos o ano com preferência por setores que se beneficiam do ciclo de corte de juros.”

As maiores altas do índice ficaram com Braskem PNA (+7,07%), Soma ON (+5,41%), Gol PN (+5,35%) e Usiminas PNA (+3,75%). Na ponta oposta, as maiores perdas foram de Casas Bahia ON (-5,12%), Alpargatas PN (-2,25%), IRB Brasil Re ON (-2,02%) e MRV ON (-1,84%).

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 132182.01 1.05336

Máxima 132276.93 +1.13

Mínima 130822.35 +0.01

Volume (R$ Bilhões) 1.98B

Volume (US$ Bilhões) 4.06B

18:28

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 134160 1.07738

Máxima 134190 +1.10

Mínima 133280 +0.41

CÂMBIO

Indicadores divulgados hoje e que apontaram para uma economia mais fraca que a esperada nos Estados Unidos reforçaram a tese de corte nos juros do país a partir de março e levaram o dólar a fechar em baixa, tanto no comparativo com o real quanto em relação a outras moedas fortes e de países exportadores de commodities.

O real, porém, teve um desempenho mais forte que o de seus pares, em parte por causa de comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repisando que a taxa básica de juros, a Selic, deve cair a um ritmo de 0,50 ponto porcentual nos próximos meses, sem aceleração nos cortes. Isso ajudou a manter o dólar em baixa, mesmo diante de uma leve recuperação nas taxas dos Treasuries na segunda metade do pregão.

Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, aponta que a linguagem do Banco Central em relação à trajetória de juros é um pouco mais cautelosa quando comparada à dos dirigentes do banco central dos Estados Unidos, onde alguns membros do comitê de política monetária admitem que os juros podem cair antes do esperado.

“Isso acaba explicando desempenho mais favorável do real. Real é um dos melhores desempenhos quando olha emergentes”, disse o economista. “Lá fora ainda há bastante incerteza com o passo do BC americano. Há consenso de os juros vão cair, mas há dúvida sobre quão rápido”, acrescentou.

Ele avalia ainda que a recuperação das taxas de Treasuries hoje foi “praticamente insignificante” diante da queda nos juros destes papéis ao longo dos últimos meses, mas pondera que o movimento da curva americana ainda pode ter efeito sobre o câmbio, principalmente se for acompanhada de dados que adiem a previsão de corte nos juros dos Estados Unidos.

“A gente tem PCE amanhã. Se vier acima do previsto, pode ser que haja movimento de ajuste”, afirmou, referindo-se à divulgação da inflação americana medida pelo índice de gastos com consumo referente ao mês de novembro.

Na abertura do pregão, o real também foi favorecido pela aprovação da medida provisória da subvenção do ICMS no Senado. A medida determina que empresas não poderão mais retirar da base de cálculo dos impostos federais (CSLL e IRPJ) os benefícios (subvenções) concedidos pelos Estados e relativos ao ICMS.

Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da casa de análises Quantzed, ressalta que o mercado está monitorando o quadro fiscal como um todo e que a qualquer sinal de falta de compromisso com as contas públicas pode haver venda de ativos de risco e busca por investimentos mais seguros, como o dólar.

A percepção de que o Brasil está “fazendo o dever de casa” no momento joga a favor do real, segundo Rodrigo Simões, economista e professor da Faculdade do Comércio (FAC). Segundo ele, a aprovação da reforma tributária e o contexto de crescimento econômico com desaceleração da inflação e queda de juros contribui para que o mercado veja o País com bons olhos.

O dólar à vista caiu 0,49%, a R$ 4,8877, mais perto da máxima (R$ 4,8997) que da mínima (R$ 4,8645) intradia. O dólar para janeiro recuava 0,67%, a R$ 4,8825, às 18h09, com mínima de R$ 4,8640 e pico de R$ 4,8995 ao longo do pregão. A Guide espera que a taxa de câmbio oscile entre R$ 4,84 e R$ 4,95 nas próximas semanas.

18:28

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.88770 -0.4947 4.89970 4.86450

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4881.000 -0.70186 4899.500 4864.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4901.000 -0.62855 4916.000 4898.000

MERCADOS INTERNACIONAIS

A expectativa de corte mais agressivo de juros pelo Federal Reserve (Fed) seguiu como driver dos mercados acionários no exterior, levando fôlego às bolsas de Nova York, com analistas também ressaltando a possibilidade de um novo rali de fim de ano. Ao mesmo tempo, uma onda vendedora levou para cima os juros longos dos Treasuries, enquanto os retornos dos papéis de curto prazo seguiram pressionados. O dólar cedeu espaço para outras moedas fortes e também algumas emergentes, como o peso argentino, que reagiu positivamente às medidas anunciadas ontem pelo presidente Javier Milei. A saída da Angola da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e um assentamento das tensões no Mar Vermelho permitiram queda nos preços do petróleo.

Após o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) e o Produto Interno Bruto (PIB) menores que o esperado, analistas passaram a reafirmar a possibilidade de os cortes de juros dos Estados Unidos acontecerem antes e de forma mais agressiva que o antes considerado. Os dados chegaram a fazer com que o mercado precificasse corte de 175 pontos-base ao longo de 2024, segundo ferramenta do CME Group, mas ao fim da tarde, a chance majoritária havia voltado a ser de redução de 150 pb (36,9%).

O cenário favoreceu as bolsas de Nova York que, segundo analistas, também se beneficiavam com expectativas de mais um rali de fim de ano. Segundo o City Index, o chamado ‘Santa Claus Rally’ se refere a um padrão sazonal recorrente no mercado de ações, normalmente observado durante o período festivo no final de dezembro e no início de janeiro, que faz com que o preço das ações subam historicamente mais do que em qualquer outra época do ano.

O Navellier acrescenta que os anos de eleições presidenciais nos Estados Unidos são normalmente melhores para o mercado de ações, “uma vez que os candidatos normalmente correm e prometem tudo e mais alguma coisa. Se a história se repetir, o mercado acionário deverá subir até as eleições de novembro e ser ajudado por intermináveis promessas de campanha, bem como por múltiplos cortes do Fed”.

As bolsas de Nova York avançaram, com destaque para a Micron Technology (8,63%), que revisou seu guidance para cima e apresentou resultados melhores que o esperado. Na esteira, a Nvidia (1,83%) e a Marvell (4,71%) também se destacaram no pregão. O índice Dow Jones subiu 0,87%, o S&P 500 avançou 1,03% e o Nasdaq teve alta de 1,26%.

A Oxford Economics avalia que a desaceleração da inflação de hoje ajuda a justificar a mudança para um comportamento mais “dovish” por parte do Fed e, se sustentada, “abre a porta para cortes nos juros mais cedo do que a nossa previsão atual, de início em setembro”. Já o PNC Financial Services Group entende que os dirigentes do Fed provavelmente irão querer ver mais do que apenas um trimestre de núcleo da inflação na meta antes de cortar juros. Olhando para a próxima semana, o BMO destaca que a movimentação dos preços será em grande parte “irrelevante”, à medida que o fim do ano se aproxima e a liquidez será limitada. Neste fim de tarde, os juros dos Treasuries operavam sem direção única, com o da T-note de 2 anos caindo a 4,360% e o da T-note de 10 anos subindo a 3,890%. O juro do T-bond de 30 anos (que subia 4,031%) voltava a operar acima de 4%.

Também entre ativos seguros, o dólar caiu ante moedas fortes e emergentes, “à medida que a narrativa dovish do Fed persiste”, avalia o Brown Brothers Harriman (BBH). O euro, por sua vez, acelerou alta ante a moeda americana após o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, afirmar que ainda é cedo para discutir relaxamento monetário na região. No fim da tarde, o dólar caía a 142,26 ienes, o euro subia a 1,1003 e a libra tinha alta a 1,2687. O índice DXY – que mede o dólar ante seis rivais fortes -, caiu 0,55%, a 101,843 pontos.

Na Argentina, o dólar blue caía 0,50% a 990 pesos argentinos, após Milei anunciar medidas para desregulamentar a economia, envolvendo revogação de leis nos setores imobiliários, de abastecimento e de controle de preços. Na visão do Citi, os decretos voltados ao setor bancário – como remoção de limites sobre taxas e cobranças de inadimplência em operações de crédito – melhoram as possibilidades de receitas para as instituições e poderão ser positivo a médio prazo, “quando a estabilidade econômica estimular a demanda de crédito orgânico”.

No outro lado do Atlântico, a saída da Angola da Opep intensificou as divergências entre o cartel. Em comunicado, o chefe da pasta, Diamantino Azevedo, afirmou que as ideias e contribuições angolanas já não mais “surtiam os efeitos desejados” dentro do grupo.

Na visão do AJ Bell, a fraqueza do petróleo vem sendo interpretada por uns como “um sinal de que a tão esperada recessão está chegando em 2024”, enquanto outros atribuem à produção recorde nos EUA, graças principalmente ao ressurgimento da produção de seus campos de xisto no Texas, Oklahoma, Dakota do Norte, Wyoming, Ohio, West Virginia etc. Na New York Mercantile Exchange, o WTI para fevereiro fechou em baixa de 0,44% (US$ 0,33), a US$ 73,89 o barril. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para o mesmo mês caiu 0,39% (US$ 0,31), a US$ 79,39 por barril

JUROS

Os juros futuros percorreram a sessão alternando momentos de leve alta e baixa, sem se afastar dos ajustes de ontem, num ambiente de liquidez que vem sendo cada vez menor com a proximidade das festas de fim de ano. O mercado tentou realizar lucros a partir do avanço das taxas dos Treasuries e em meio ao leilão grande de títulos prefixados. Porém, a correção foi limitada pela perspectiva de desinflação global reforçada após dados fracos nos Estados Unidos e pelo avanço da agenda econômica no Congresso, com a expectativa pela votação do Orçamento de 2024 e do projeto de tributação das apostas esportivas. O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e as entrevistas dos dirigentes do Banco Central foram acompanhados, mas sem impacto sobre a curva.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,060%, de 10,049% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2026 terminou com taxa de 9,61%, de 9,59%. A taxa do DI para janeiro de 2027 passou de 9,67% para 9,72%, e a do DI para janeiro de 2029, de 10,07% para 10,11%.

Os juros dos Treasuries, que seguem como referência importante para a renda fixa no mundo todo, recuavam pela manhã, influenciados pelo crescimento de 4,9% do PIB dos EUA, levemente abaixo do esperado (5,2%), e pelo núcleo do índice de preços gastos com consumo (PCE) com alta de 2%, em linha com a meta do Federal Reserve para inflação, ambos referentes ao terceiro trimestre. Os indicadores estimularam ainda mais as apostas de queda de juros nos EUA em 2024, com o mercado chegando hoje a precificar um orçamento total de 175 pontos-base.

Nesse contexto global, foi difícil para o mercado aqui engatar uma realização, ainda mais com o dólar em queda firme, chegando nas mínimas à casa de R$ 4,86. No fim da primeira etapa, porém, os yields passaram a subir. A curva local acompanhou, mas com alta moderada até porque, apesar da inversão de sinal, o retorno da T-Note de dez anos, por exemplo, manteve-se abaixo de 3,90%.

Ainda na primeira etapa, a oferta robusta do Tesouro trouxe volatilidade às taxas na B3, especialmente no miolo, onde estavam concentrados os maiores lotes do leilão. O Tesouro ofertou 23 milhões de LTN, sendo 1 milhão para 1/10/2024, 12 milhões no papel para 1/10/2025 e 10 milhões para 1/7/2027, com venda efetiva total de 20,5 milhões. Nas NTN-F, a instituição ofertou 1,5 milhão e colocou 1,350 milhão. O DV01 (risco para o mercado) do leilão foi de US$ 820 mil.

O estrategista-chefe da Monte Bravo, Alexandre Mathias, diz não ver espaço para uma realização consistente na curva na medida em que a dinâmica para a renda fixa segue bastante favorável, dada a perspectiva de continuidade da desinflação e a tendência de menor volatilidade nos Treasuries. “Se o cenário global se confirmar benigno, a inflação continuar caindo e não houver mudança da meta fiscal, a Selic pode chegar a 9,5%”, afirmou. A expectativa da Monte Bravo por ora é de taxa terminal de 10,00%, mas deve ser revisada para baixo.

Na avaliação de Mathias, a ponta curta está com pouco prêmio, mas poderá ter uma nova pernada caso se desenhe a trajetória de Selic em um dígito. “A ponta longa ainda tem prêmio, especialmente nas NTN-B”, afirma, citando que o cenário de inflação pode ficar ainda mais favorável considerando a expectativa de mais valorização do câmbio, com possíveis novas levas de fluxo para a bolsa e renda fixa. “O dólar pode chegar a R$ 4,70 ainda no primeiro semestre.”

Em relatório, os profissionais da Santander Asset consideram que a renda fixa ainda oferece prêmios atrativos, mesmo que o potencial de ganho seja menos substancial após a performance positiva nos últimos meses de 2023. “A curva reflete atualmente um cenário para a Selic não tão distante do esperado pelo consenso dos economistas, de forma que as discussões sobre cenários alternativos (tanto em termos de ritmo de cortes ao longo do ano como de taxa terminal) são bastante relevantes, podendo trazer um potencial de ganho adicional”, avaliam. Ponderam, contudo, que além da visão para a trajetória da Selic, o comportamento das curvas ser afetado pelas perspectivas para os juros americanos e pela evolução das contas públicas no Brasil, entre outros fatores.

Mathias, da Monte Bravo, disse que o Relatório de Inflação não trouxe nada que mudasse a percepção sobre a Selic. Na entrevista, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, enfatizou que o ritmo de corte de 0,50 ponto porcentual é adequado e que “próximas reuniões” significam duas, portanto, com sinalização até março. Reafirmou que o ritmo não está diretamente ligado ao resultado fiscal do governo nem com medidas específicas de arrecadação ou corte de despesas.

Fez questão de ressaltar ainda as “boas notícias na aprovação de reformas no Congresso nesta semana”, com a promulgação da tributária e aprovação da medida provisória que regulamenta a subvenção estadual na base de cálculo de tributos federais. Nesta véspera do recesso parlamentar, o Orçamento de 2024 deve ser votado na Comissão Mista e no plenário e a Câmara deve apreciar o texto das taxação das bets.