IBOVESPA SUCUMBE A BLUE CHIPS E TEM MAIOR SEQUÊNCIA DE QUEDAS EM 25 ANOS

Cenário

Agosto de 1998. Há exatos 25 anos, o Ibovespa não registrava tantas baixas em série como agora, nove ao todo. Neste agosto de 2023, houve até dias, como ontem e hoje, em que a Bolsa parecia interromper a sequência de quedas no fechamento do dia. Mas à medida que o noticiário do dia ia se revelando, o indicador acionário apontava para recuos. Nesta sexta-feira, a abertura do índice foi positiva, na esteira do comportamento benigno da inflação subjacente e da difusão do IPCA de julho, fatos que reacenderam as apostas de corte de 75 pontos-base da Selic já em setembro (aposta de 40% na curva de juros, contra 60% de 50 pontos, prometidos pelo Banco Central). Mas a pressão de ações do setor de commodities pesou à tarde. Ao fim da sessão, o Ibovespa marcava 118.065,14 pontos, desvalorização diária de 0,24%, semanal de 1,21% e mensal - que coincide com as nove perdas seguidas - de 3,18%. Se há 25 anos o temor no front externo vinha da crise da Rússia, agora a cautela se impõe com a desaceleração do crescimento da China e dúvidas sobre quanto tempo os juros nos Estados Unidos ficarão em nível alto. Sobre esse último ponto, hoje a inflação ao produtor americano (PPI) trouxe uma surpresa negativa, o que causou subida dos juros dos Treasuries e, por consequência, pressionou a curva longa dos juros futuros domésticos. No mercado de câmbio, o dólar subiu globalmente. Contra o real, a valorização no mercado à vista foi de 0,45%, aos R$ 4,9041. Na semana, a alta é de 0,59% e no mês, de 3,69%.

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•CÂMBIO

BOLSA

Com foco na Petrobras (ON +0,06%, PN -0,23%) - que contribuía mais cedo para leve alta do Ibovespa e perdeu sustentação com falas de autoridades, no lançamento do novo PAC, pouco tranquilizadoras para a política de preços dos combustíveis -, o índice da B3 chegou hoje ao nono fechamento diário negativo. Trata-se de uma sequência não vista, conforme o AE Dados, desde o intervalo entre 31 de julho e 12 de agosto de 1998 quando se ingressava na crise financeira da Rússia - uma turbulência global que levaria o BC brasileiro no mês seguinte, setembro, a colocar a taxa de referência bem perto de 50% ao ano, em forte choque de juros anunciado tarde da noite, depois das 22h, para tentar sustar a saída de dólares do País.

Há 25 anos, o Ibovespa saía dos 10.939 pontos, no fechamento anterior (30 de julho) à série negativa, para os 8.417 pontos no fim da sequência, em 12 de agosto de 1998, com perda diária na faixa de 0,31%, no dia 5, a 5,31%, em 4 de agosto.

Mesmo igualada a série em extensão, o ajuste do Ibovespa é bem mais discreto agora, com Selic a 13,25% e mundo menos convulsionado, apesar das preocupações quanto ao ritmo de esfriamento da atividade chinesa e o nível da política monetária nas maiores economias. Assim, o índice da B3 teve queda de 3,18% nessas primeiras nove sessões de agosto, e de 1,21% na semana - a terceira retração semanal consecutiva -, restringindo o avanço do ano a 7,59%.

Nesta sexta-feira, o Ibovespa oscilou entre 117.415,21 e 119.053,92 pontos, após abertura aos 118.349,60, e encerrou o dia em baixa de 0,24%, aos 118.065,14 pontos, no menor nível desde 19 de julho, então aos 117.552,07 pontos. O giro financeiro subiu a R$ 25,9 bilhões nesta última sessão da semana.

Em dia que se mostrava fraco, e assim se manteve, para as ações de maior peso no Ibovespa, a perda de fôlego em Petrobras, à tarde, foi decisiva para que o índice da B3 se aproximasse hoje da metade de agosto apenas com recuos no mês. Entre as principais ações, bancos como BB (+1,09%), Santander (Unit +0,52%) e Itaú (PN +0,18%) conseguiram escapar do tom negativo no fechamento desta sexta-feira, ruim para Vale (ON -0,83%) e outros nomes do setor metálico, como Gerdau (PN -0,85%), que têm sido acossados por dúvidas em torno do nível de demanda na China, país que, nesta semana, confirmou sua primeira deflação desde 2021.

A grande exposição da B3 a commodities tem resultado em saída de recursos estrangeiros da Bolsa, apontam analistas. “O gringo continua na ponta de venda, já tiraram R$ 6,2 bilhões neste mês. E o setor de commodities segue sofrendo, com China - o estrangeiro acaba fazendo essa ligação direta”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

As dúvidas em relação aos preços domésticos dos combustíveis são outro fator que não tem contribuído. “A elevação da recomendação do UBS para Petrobras até poderia ter ajudado a ação hoje, mas isso não aconteceu porque o mercado continua muito atento, preocupado, com a política de preços dos combustíveis - e falas do Jean Paul Prates (presidente da Petrobras) e do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) no lançamento do novo PAC, no Rio, não agradaram ao mercado”, acrescenta Monteiro, destacando que os investidores seguem atentos a sinais de “intervencionismo” na estatal.

Em discurso com forte tom político, Prates afirmou hoje que a Petrobras tem obrigação, como estatal, de contribuir com o novo PAC, e prometeu que a empresa voltará a “lotar” os estaleiros nacionais, com encomendas de embarcações, para expandir os negócios de petróleo e gás nos próximos anos.

Silveira, por sua vez, mencionou “abrasileiramento” dos preços dos combustíveis, um movimento que, afirmou o ministro, é benéfico ao consumidor - embora ele tenha sustentado que a estatal possui “autonomia” para elevar os preços, e que reajustes ocorrerão nas refinarias caso o preço do Brent continue a subir. Hoje, a referência global foi negociada acima de US$ 86 por barril, mas as ações da Petrobras fecharam o dia sem acompanhar o movimento de alta.

Na ponta do Ibovespa no fechamento, destaque para Yduqs (+8,16%), Sabesp (+5,64%) e Copel (+3,42%), com Locaweb (-8,08%), Soma (-7,31%) e Azul (-6,42%) no lado oposto.

Esta última sessão da semana havia começado em tom positivo, com abertura da composição do IPCA de julho - mesmo com o índice (+0,12%) acima do teto das projeções para o mês - trazendo bons sinais para os preços, em especial no segmento de serviços, com desempenho favorável também em grupos como os de Alimentos e Habitação. O grupo de Transporte, por outro lado, foi o decisivo para que o ritmo de inflação se acentuasse um pouco em julho, chegando a 3,99% no acumulado em 12 meses.

“A dúvida está na dinâmica do preço dos combustíveis diante a recente valorização do petróleo. Na quarta-feira (9), o barril encerrou o pregão cotado a US$ 87,55. A defasagem da gasolina atingiu a máxima do ano, 35% em relação aos preços internacionais (R$ 1,21/litro)”, observa Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

"À parte a discussão sobre os combustíveis, a leitura que o mercado vem fazendo é a de que o Banco Central poderá acelerar o corte de juros para o ritmo de 75 bps (em alguma das próximas três reuniões do ano), caso a inflação de serviços (aspecto que deixa o Copom parcimonioso) confirme tendência de desaceleração, em conjunto com melhora adicional nas expectativas de inflação", acrescenta a economista, em nota.

Nesse contexto, bem longe de consenso quanto à inflação, ao ritmo de cortes de juros e a fatores microeconômicos - como a política de combustíveis vis-à-vis rentabilidade da Petrobras -, o mercado ajustou expectativas para o comportamento das ações no curtíssimo prazo, no Termômetro Broadcast Bolsa, com o quadro agora dividido entre alta e estabilidade.

A expectativa de ganhos, que na pesquisa anterior era majoritária - em 63,64% dos participantes -, agora tem fatia de 40,00%, contra 60,00 que esperam variação neutra, que eram 27,27% no último Termômetro. A previsão de queda, que na semana passada era de 9,09%, não foi citada no levantamento de hoje. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 118065.14 -0.24036

Máxima 119053.92 +0.60

Mínima 117415.21 -0.79

Volume (R$ Bilhões) 2.59B

Volume (US$ Bilhões) 5.29B

17:40

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 118255 0.13124

Máxima 119255 +0.98

Mínima 117545 -0.47

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os juros dos Treasuries performaram em alta durante o dia, favorecidos pela possibilidade de mais aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed) após dados mais fortes de inflação ao produto dos Estados Unidos. Assim, o dólar subiu ante moedas rivais e emergentes. Apesar da força do câmbio, o petróleo fechou em alta, de olho em previsões de maior demanda e mais aperto no mercado da commodity. O cenário pressionou as bolsas de Nova York, que fecharam mistas, assim como as europeias, que caíram, também tendo de que lidar com perspectivas de mais aperto do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês).

Os retornos dos Treasuries subiram pelo segundo pregão consecutivo, acompanhando o aumento do risco de que o Fed volte a apertar sua política monetária após o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) de julho vir acima do esperado. Segundo o Credit Suisse, o dado conseguiu elevar os retornos da T-note de 10 anos em 4 pontos-base (pb), "continuando a alta que começou com o fraco leilão de ontem, apesar das expectativas de inflação ao consumidor da Universidade de Michigan abaixo do esperado". No fim da tarde em Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos subia a 4,901%, o da T-note de 10 anos avançava a 4,165% e o do T-bond de 30 anos marcava alta a 4,271%.

Após o dado, a ferramenta FedWatch, do CME Group, apontou para uma leve alta nas chances de mais aumento de juros em setembro e novembro. No fim da tarde, para a decisão de política monetária do mês que vem, o levantamento indicava 88,5% de chance de manutenção e 11,5% de possibilidade de alta de 25 pontos-base (pb). Já para novembro, as chances considerando a faixa atual eram de 63,8% e 33%, respectivamente. Ainda havia 3,2% de possibilidade dos juros chegarem a entre 5,75% e 6,0%.

O cenário também ajudou na força do dólar ante moedas fortes e emergentes, apesar do dado da Universidade de Michigan ter reduzido parte de seus ganhos pela manhã. Para a Convera, a aversão ao risco favoreceu a moeda americana pela busca por "refúgio" de investidores, também "após o ressurgimento de preocupações geopolíticas depois que Washington proibiu certos investimentos em tecnologia dos EUA na China".

Sobre as relações bilaterais entre os países, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou a afirmar que a economia chinesa é uma "bomba-relógio" com problemas como alto desemprego e uma força de trabalho envelhecendo. Por volta das 17h (de Brasília), o euro recuava a US$ 1,0952, a libra avançou a US$ 1,2698, e o dólar subia a 144,92 ienes. O índice DXY, que mede a moeda americana ante uma cesta de seis rivais fortes, tinha alta de 0,31%, a 102,842 pontos, com avanço de 0,81% na variação semanal.

Na semana, a China apresentou uma bateria de dados mais fracos, incluindo deflação de seu índice de preços ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) na comparação anula de julho e queda nas importações além do esperado pelo mercado. Hoje, bancos da China apontaram que emitiram um montante abaixo do esperado de novos empréstimos em julho, salientando uma fraqueza na demanda local por empréstimos.

Mas mesmo com pressão do câmbio, o petróleo foi favorecido na sessão, após a Agência Internacional de Energia (AIE) reforçar expectativas de alta na demanda global e indicar que os estoques globais de petróleo monitorados tiveram recuo de 17,3 milhões de bpd em junho, com dados sugerindo mais ruços em julho e agosto. Para a Oanda, esperanças de que o mercado de energia siga apertado ajudou na alta de hoje, com a commodity tendo a sétima semana consecutiva de ganhos.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para setembro fechou em alta de 0,44% (US$ 0,31), a US$ 83,19 o barril. O petróleo Brent para outubro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 0,47% (US$ 0,41), a US$ 86,81 o barril. No mercado de energia, o gás natural Dutch TTF para setembro caiu 3,1%, a 35,900 euros por megawatt-hora, na ICE.

Nesta busca por segurança, os mercados acionários de Nova York fecharam sem direção única, enquanto Wall Street se preocupava com uma possível "reaceleração" da inflação, segundo avalia a Oanda. Nasdaq recebia pressão particular da Nvida, que fechou em queda de 3,62%, que reagia à possibilidade de que dois dos fundos da Cathie Wood's Ark cortem suas posições na empresa, de acordo com o jornal Benzinga. Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 0,30%, o S&P 500 cedeu 0,11% e o Nasdaq teve queda de 0,68%.

A fraqueza também foi vista nos pares europeu. Segundo análise da CMC Markets, a leitura do Produto Interno Bruto (PIB) da região no segundo trimestre, mais forte que o esperado, parece ter causado uma fraqueza do mercado acionário, "devido à preocupação de que a força dos dados de hoje possa levar o BoE a exagerar quando se trata de apertar ainda mais a política monetária nos próximos meses". Assim, Londres cedeu 1,24% e Paris caiu 1,26%.

Apesar disso, o ministro das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, afirmou hoje que as medidas para combater a inflação estão funcionando. Já o economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Phillip Lane, destacou que os efeitos das altas de juros deverão fazer mais efeito nos próximos meses e que, após o término do ciclo de alta, o BC europeu deverá levar os juros a 2%. (Natália Coelho - [email protected]).

JUROS

Os juros futuros chegaram ao fim da tarde desta sexta-feira em leve baixa até os vencimentos intermediários, enquanto os longos mostravam estabilidade. Pela manhã, o alívio nos prêmios de risco era mais contundente, mas à tarde o ambiente internacional de maior cautela reduziu o ritmo das taxas. A ponta curta até o miolo ainda preservava na segunda etapa o sinal de queda, pela leitura positiva dos preços de abertura do IPCA de julho. Mas os longos sentiram em alguma medida o peso da escalada dos Treasuries, ainda assim considerados bem comportados. No balanço da semana, a curva ganhou inclinação, com as taxas curtas e intermediárias computando baixa e as longas, estabilidade.

Às 17h32, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 estava em 12,435%, de 12,432% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 projetava 10,34%, de 10,38% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2027 passava de 10,01% para 10,00%. O DI para janeiro de 2029 tinha taxa de 10,54%, de 10,53% ontem no ajuste.

Na semana da ata do Copom e do IPCA de julho, a curva acumulou queda de até 15 pontos nos vencimentos de curto e médio prazos em relação aos níveis da sexta-feira passada, enquanto as taxas longas ficaram no mesmo nível. O desenho da curva reflete basicamente o aumento das apostas na aceleração do ritmo de cortes da Selic, ainda que tanto a ata quanto as manifestações de membros do Banco Central nesta semana tenham indicado ser "pouco provável" a mudança na dose de 0,50 ponto porcentual.

Na precificação da curva, a probabilidade de queda de 0,75 ponto para a Selic para o Copom de setembro, que girava em torno de 30% na segunda-feira, fechou a semana em 40%, enquanto a de corte de 0,50 caiu de cerca de 70% para 60%. Para o fim do ano, os DIs indicam Selic pouco abaixo de 11,50% e no fim de 2024, entre 8,75% e 9%.

O mercado relevou o fato de que o IPCA de julho, de 0,12%, ficou no teto das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, ante queda de 0,08% em junho, e focou as atenções nos preços de abertura, que agradaram, principalmente a desaceleração de preços de serviços e serviços subjacentes aos quais o Banco Central vêm dando muita ênfase. Além disso, os núcleos arrefeceram e o índice de difusão caiu de 49% para 46%.

"Há uma inequívoca melhora nas leituras recentes do IPCA no tocante às métricas de serviços e núcleos, o que possivelmente aumentará as apostas para corte de 0,75 pp na próxima reunião do Copom, apesar de considerarmos que o número de hoje ainda é consistente com um corte de 0,50 pp", avalia Alexandre Maluf, economista da XP.

À tarde, as taxas ficaram mais acomodadas, tanto pelo exterior mais negativo - a taxa das T-Notes de dez anos tocou 4,17% - quanto pelo aumento da percepção de que um reajuste de preços pela Petrobras é questão de tempo, dada a defasagem ante as corações internacionais.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, informou que a empresa já comunicou ao governo que, se o petróleo Brent continuar subindo, terá de reajustar seus preços nas refinarias.

O barril do Brent para outubro fechou hoje a US$ 86,81, completando sete semanas de alta. Analistas calculam um diferencial de 20% nos preços da gasolina, mas avaliam que o reajuste não deve superar 10%. (Denise Abarca - [email protected])

CÂMBIO

Após uma manhã marcada por troca de sinais, o dólar à vista se firmou em alta ao longo da tarde, em sintonia com o exterior, e terminou a sessão desta sexta-feira na casa de R$ 4,90. Entre mínima a R$ 4,8638 e máxima a R$ 4,9079, ambas na primeira etapa de negócios, a moeda encerrou o pregão cotada em R$ 4,9041, avanço de 0,45%, acumulando ganhos de 0,59% na semana e de 3,69% em agosto.

Lá fora, a taxa do Treasury de 10 anos ganhou força ao longo da tarde e o índice DXY renovou máximas, com ganhos firmes na comparação com o euro. A moeda americana subiu em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Entre as raras exceções, figurou o peso mexicano, impulsionado pela decisão ontem do Banco Central do México (Banxico) de manter a taxa básica do país em 11,25%.

Depois de alívio ontem com a leitura do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA em linha com as expectativas, houve certo desconforto hoje com o índice de preços ao produtor (PPI) de julho acima do esperado. Monitoramento da CME mostrou leve redução das chances de manutenção da taxa básica americana em setembro, que voltaram a ficar abaixo de 90%. Há apostas de que, após nova pausa em setembro, o Federal Reserve volte a elevar os juros em novembro.

"Houve uma reação natural de alta do DXY e do dólar em relação a moedas emergentes após a inflação ao produtor vir acima do esperado. Tivemos nesta semana discursos divergentes de dirigentes do Fed e existe a possibilidade de nova alta dos juros", afirma o sócio e head de câmbio da Nexgen Capital, Felipe Izac.

Por aqui, o IPCA de julho referendou a continuidade do processo de redução da taxa Selic pelo Banco Central, com parte do mercado de juros futuros reforçando apostas em aceleração do ritmo de queda, para 0,75 ponto porcentual. Após deflação de 0,08% em junho, o IPCA subiu 0,12% em julho, no teto do intervalo de estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, de -,008% a 0,12%, com mediana de 0,06%. Houve, contudo, arrefecimento da média dos núcleos e dos setor de serviços, além diminuição do índice de difusão. Como esperado, a inflação acumulada em 12 meses acelerou de 3,16% para 3,99%.

Apesar da perspectiva de diminuição do diferencial de juros ser apontada como um dos motivos para alta recente do dólar no mercado doméstico, o real hoje teve desempenho superior a seus principais pares, à exceção do peso mexicano.

A equipe de pesquisas do Goldman Sachs tem uma visão positiva para o real e peso colombiano. No caso da moeda brasileira, o banco americano acredita que o BC será cauteloso no ciclo de redução da taxa de juros, uma vez que a atividade mostra resiliência e a inflação acumulada em 12 meses aponta leve aceleração.

"Nossa perspectiva para a economia dos EUA permanece consistente com o cenário de pouso suave, o que deve beneficiar moedas emergentes pró-cíclicas que têm relativamente menos exposição à zona do euro e à China, como o real e o peso colombiano", afirma o Goldman Sachs, para quem o tropeço das moedas emergentes neste início de mês pode ter sido motivado pela combinação de "preocupação com erosão maior do que a esperada do carry trade e riscos de piora da economia global em razão da China".

Para Izac, da Nexgen Capital, a possibilidade de redução do diferencial de juros - fruto de queda da taxa Selic e manutenção e até possível alta dos Fed Funds - aumentou a volatilidade da taxa de câmbio e ajudou a levar o dólar para o nível de R$ 4,90. Izac ressalta que, mesmo que o Banco Central promova mais três cortes de 0,50 ponto da Selic neste ano, a taxa real de juros seguirá bem atraente, dado que as expectativas de inflação também recuaram.

"O mercado está tentando digerir os acontecimentos recentes, como a decisão do Copom, o que mantém o dólar ao redor de R$ 4,90. Mas a perspectiva não é de depreciação do real, já que os juros vão seguir bem atraentes", afirma Izac, acrescentando que eventual desconfiança com o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal pode abalar o real mais para a frente. "O governo anunciou a retomada do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que historicamente significa um aumento dos gastos públicos. Se a percepção de risco se deteriorar, podemos ver uma depreciação maior da moeda". (Antonio Perez - [email protected])

17:40

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.90410 0.4506 4.90790 4.86380

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4924.500 0.20348 4928.000 4880.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4926.000 10/08    

Gostou do post? Compartilhe:
Receba nossos conteúdos por e-mail
Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Copyright © 2023 Broker Brasil. Todos os direitos reservados

Abrir bate-papo
Olá!
Podemos ajudá-lo?