IBOVESPA RENOVA RECORDE COM APETITE DO ESTRANGEIRO APÓS APROVAÇÃO DA AGENDA ECONÔMICA

Com o fim da tramitação das medidas para aumentar a arrecadação e melhorar o cenário fiscal em 2024, seguido da aprovação do primeiro Orçamento do governo Lula 3, os investidores estrangeiros voltaram a comprar Brasil. A entrada de recursos externos garantiu nova arrancada do Ibovespa no meio da tarde, cruzando a marca inédita dos 133 mil pontos intradia. O índice perdeu fôlego com os sinais de cansaço de Nova York, mesmo com a consolidação das apostas em redução dos juros nos Estados Unidos a partir de março. Números de inflação, consumo, renda e confiança do consumidor nos EUA tinham reanimado o mercado no começo do dia. E após a euforia e ganhos vistos desde a mudança da dinâmica de jogo pelo Federal Reserve na semana passada, ao sinalizar juros menores, o mercado reduziu o volume de negócios, o que gera instabilidade. Mesmo assim, o Ibovespa garantiu o segundo dia consecutivo de ganhos e novo recorde nominal no fechamento, com alta de 0,43%, aos 132.752,93 pontos. Na semana, o índice ganhou 1,96%. O dólar encerrou o dia cotado a R$ 4,8616, em baixa de 0,53%. A moeda perdeu 1,53% na semana. Já as taxas negociadas no mercado futuro terminaram o dia estáveis, com o DI para janeiro de 2027 a 9,71%, sem alterações no cenários para a Selic e juros americanos. Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em leve queda de 0,05%, o S&P 500, alta de 0,17% e o Nasdaq, ganho de 0,19%. O petróleo fechou em baixa, mas subiu na semana, puxado por tensões geopolíticas no Oriente Médio.

•BOLSA

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

BOLSA

O Ibovespa emendou o segundo dia consecutivo de ganhos e renovou hoje o recorde no fechamento, com alta de 0,43%, aos 132.752,93 pontos. Na máxima do dia, chegou a superar a marca de 133 mil pontos pela primeira vez na história. Operadores atribuem a valorização à entrada de investidores estrangeiros na Bolsa brasileira neste fim de ano, com a aprovação da pauta de aumento da arrecadação no Congresso.

Na semana, o Ibovespa acumulou alta de 1,96%, amparado pela expectativa de redução dos juros nos Estados Unidos, pelo avanço da agenda no Congresso e pelo aumento do rating do Brasil pela agência S&P, de BB- para BB. O índice de referência da B3 sobe 4,26% em dezembro e 20,98% desde o início do ano.

“Em junho, defendemos um mercado altista cíclico para as ações brasileiras. Desde então, o Ibovespa subiu 15%, mas ainda vemos espaço para uma recuperação mais forte, com o Ibovespa atingindo 160 mil pontos até 24 de dezembro de 2024”, diz em relatório a estrategista de equities do Santander Brasil Aline de Souza Cardoso.

Hoje, a entrada de recursos se traduziu em ganhos durante a maior parte da sessão, com o Ibovespa flertando com o terreno negativo apenas brevemente, quando chegou até a mínima de 132.093,76 pontos (-0,07%). Na máxima, avançou até os 133.035,32 pontos (+0,65%), o maior nível nominal da história. Mas, a partir do fim da tarde, moderou a alta, acompanhando os índices em Nova York para o campo negativo.

Segundo o operador de renda variável da Manchester Investimentos Thiago Lourenço, a entrada de recursos estrangeiros na Bolsa explica o desempenho do Ibovespa hoje. Ele cita os ganhos de Petrobras (+0,96% PN, +1,34% ON), mesmo com a queda em torno de 0,4% dos preços do petróleo, e de grande bancos como Itaú Unibanco PN (+1,59%) e Bradesco (+0,90% PN, +0,80% ON) como evidências do movimento.

“Os grandes papéis que têm maior liquidez e suportam um volume maior de compras são Petrobras, Vale, grandes bancos e algumas elétricas. Quando eles sobem, é rastro de investidor estrangeiro entrando”, diz Lourenço, citando também a queda de 0,53% do dólar nesta sexta-feira, a R$ 4,8616, como um ponto que sustenta a avaliação. “O gringo está comprando Bolsa como se não houvesse amanhã.”

A continuidade desse rali se explica por uma combinação de fatores domésticos e externos. Aqui, o destaque foi a aprovação pela Câmara, na madrugada de hoje, do projeto de lei que estabelece a tributação de apostas esportivas e de jogos e apostas online, que pode render até R$ 15 bilhões para o governo. Era uma das apostas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para turbinar as receitas e cumprir a meta de zerar o déficit primário em 2024.

Com essa aprovação, todas as medidas de aumento da arrecadação receberam o aval do Congresso. Na tarde de hoje, Câmara e Senado também aprovaram o Orçamento de 2024, com um corte próximo de R$ 7 bilhões no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). E, durante um café da manhã com jornalistas, Haddad reiterou o compromisso da equipe econômica de continuar perseguindo a meta de déficit zero no ano que vem.

Lá fora, dados de inflação mais fracos do que o esperado nos Estados Unidos também reforçaram as apostas do mercado em cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central do país) e ajudaram o apetite por risco. O índice de preços de gastos com consumo (PCE) subiu 2,6% em novembro, na comparação anual, abaixo da taxa de outubro, de 3%, e dos 2,8% esperados pelo mercado.

O núcleo do índice, que remove preços mais voláteis de alimentação e energia, também reduziu o ritmo de alta, de 3,5% para 3,2%, enquanto o mercado esperava uma taxa de 3,4%. E a expectativa de inflação dos consumidores americanos para os próximos 12 meses também caiu, de 4,5% em novembro para 3,1% em dezembro, conforme dados da Universidade de Michigan.

Aqui, a queda de 0,75% de Vale ON foi a principal responsável por limitar os ganhos do Ibovespa, mesmo com aumento de 3% nos preços do minério de ferro em Dalian, na China. Mas, segundo Lourenço, da Manchester, essa baixa refletiu apenas uma rotação dos recursos estrangeiros, que ingressam na Bolsa através dos papéis de maior liquidez.

“A Vale chegou a subir até R$ 78, depois caiu até R$ 76, mas a Bolsa não caiu, porque esse é um dinheiro que é rodado para outros papéis”, diz. Dos 86 papéis que compõem o Ibovespa, 64 fecharam no azul.

Mesmo com a tendência de redução de liquidez no fim do ano, o Ibovespa movimentou hoje R$ 21,0 bilhões. Na ponta vencedora, apareceram Casas Bahia ON (+5,20%), Raízen PN (+4,22%), Alpargatas PN (+4,05%) e Pão de Açúcar ON (+2,81%). Na outra ponta, as maiores quedas foram de IRB Brasil Re ON (-6,18%), Yduqs ON (-2,79%), Totvs ON (-1,50%) e Carrefour ON (-1,44%).

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 132752.93 0.43192

Máxima 133035.32 +0.65

Mínima 132093.76 -0.07

Volume (R$ Bilhões) 2.09B

Volume (US$ Bilhões) 4.31B

18:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 134640 0.35404

Máxima 134925 +0.57

Mínima 133915 -0.19

CÂMBIO

Os dados apontando desaceleração da inflação nos Estados Unidos engrossaram o caldo de indicadores que sugerem um corte de juros no país no primeiro trimestre de 2024 e, junto com perspectivas positivas para a economia brasileira no ano que vem, serviram de argumento para a quarta queda do dólar esta semana na comparação com o real. Desde a última sexta-feira a moeda recuou 1,7% no mercado à vista. No mês, o dólar cai 1,3%, e no ano, cerca de 8%.

Hoje, a moeda cedeu 0,53% em relação ao real, a R$ 4,8616, tendo operado entre a mínima de R$ 4,8492 e a máxima de R$ 4,8803. Às 18h, o contrato de dólar futuro para janeiro de 2024 cedia 0,50%, cotado em R$ 4,8595.

O Departamento do Comércio dos Estados Unidos divulgou que em novembro o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu 2,6% em termos de comparação anual. A leitura foi menor que a registrada em outubro (3,0%) e veio abaixo do estimado pelo mercado (2,8%).

O núcleo do índice, que remove da conta produtos e serviços cuja variação dos preços é mais volátil, também reduziu o ritmo de alta, de 3,5% para 3,2%, também apontando para uma desaceleração maior que a esperada pelos especialistas, que previam taxa de 3,4%.

Além disso, houve uma brusca desaceleração nas expectativas de inflação aferidas pela Universidade de Michigan – a previsão para a inflação em 12 meses caiu de 4,5% em novembro a 3,1% em dezembro. Já para o intervalo de cinco anos, as expectativas de inflação passaram de 3,2% a 2,9%.

A desvalorização do dólar não acontece somente na comparação com o real. A moeda americana também cai em relação a moedas fortes, como o euro e a libra, e boa parte disso deve-se à confiança quase inabalável do mercado na possibilidade de cortes nos juros americanos a partir de março.

Esta linha de pensamento veio crescendo desde o final de novembro em função de indicadores mais fracos que o esperado sobre a atividade econômica e a inflação nos Estados Unidos, mas ganhou tração de verdade há pouco mais de uma semana, quando o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, deixou escapar durante uma entrevista coletiva que os membros do comitê de política monetária do banco central americano estavam “meio que começando a discussão” sobre os cortes de juros nos Estados Unidos.

E não adiantaram os desmentidos de outros membros do Fed, nem os avisos de que talvez o mercado esteja se antecipando demais à possibilidade de juros menores. A tese colou, os juros dos Treasuries caíram – o da T-note de 2 anos voltou aos níveis de junho deste ano – e o dólar sofreu as consequências.

O argumento central para a fraqueza do dólar é que, se os juros americanos começarem a cair, isso beneficiará as moedas de outras economias onde as taxas estão maiores e podem levar mais tempo para diminuir. No caso do Brasil, onde os juros estão mais de 6 pontos porcentuais acima da taxa dos Fed Funds, mas com previsão de cair, isso teve um efeito particularmente positivo.

Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos, ressalta que o cenário é favorável para países emergentes, principalmente os exportadores de commodities, dado o aumento nos preços de matérias-primas – um efeito colateral da queda do dólar. “Não é um fluxo só para Brasil, mas tem um fluxo de capital estrangeiro. Obviamente que agora diminui com a proximidade do Natal. É um ralizinho de fim de ano.”

A aprovação de reformas que melhoram a perspectiva de ajuste nas contas públicas também favorece o real, mesmo que ainda seja necessário avaliar qual será o efeito delas na prática, segundo Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Brei.

“O mercado não deve cobrar o fiscal em 2024, deve cobrar mais para o final do ano que vem ou em 2025 se a situação fiscal estiver muito ruim. Isso porque o ambiente no mundo deve ser favorável ao Brasil”, que será beneficiado pela tensão geopolítica, o nível das taxas de juros e o valuation muito baixo de ativos, principalmente na Bolsa e em fundos imobiliários.

Ele estima, no entanto, que o câmbio deve sentir menos esse efeito benéfico. Primeiro porque, com a redução no diferencial de juros entre o Brasil e outras economias, cai também a atratividade de operações de arbitragem com base nestas taxas. “Além disso, a balança comercial vai bem com o dólar mais próximo de R$ 5. O câmbio é uma variável de equilíbrio que não deve sofrer um tombo muito grande”, disse Miraglia, acrescentando que a taxa pode cair para perto de R$ 4,75 por dólar, mas deve permanecer próxima dos níveis atuais.

(Gustavo Nicoletta – [email protected])

18:30

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.86160 -0.534 4.88030 4.84920

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4857.000 -0.55283 4879.500 4846.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4881.000 -0.40808 4890.000 4871.500

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York perderam, no decorrer da tarde, o fôlego que ganharam mais cedo com os dados de inflação, consumo, renda e confiança do consumidor nos EUA, que solidificaram as expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) em 2024. O dólar foi para baixo e permitiu que o euro se fortalecesse ao maior nível em cinco meses, enquanto o franco suíço renovou máximas em oito anos. A baixa liquidez, diante da proximidade do Natal, contribuiu para que o mercado acionário ficasse de lado na Europa, mesmo após novos alertas de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) de que não é hora de baixar a guarda contra a inflação. Mesmo com aumento de expectativas do ‘pouso suave’ dos Estados Unidos, o petróleo fechou perto da estabilidade, com dúvidas sobre a extensão do conflito entre o grupo houthis e o Ocidente.

Com liquidez limitada devido à proximidade das festas de fim de ano, as bolsas de Nova York fecharam perto da estabilidade, após passarem grande parte do dia em alta. O índice Dow Jones caiu 0,05%, o S&P 500 subiu 0,17% e o Nasdaq teve alta de 0,19%.

Movimento semelhante foi visto nas praças europeias. A Bolsa de Londres subiu 0,04%, Paris caiu 0,03% e Frankfurt avançou 0,11%. Hoje, a presidente do BCE, Christine Lagarde, reforçou compromisso “absoluto” em reduzir a inflação, enquanto a dirigente do BC Isabel Schnabel alertou sobre a possibilidade de uma recuperação da pressão dos preços. Ainda entre acontecimentos do outro lado do Atlântico, o Reino Unido informou que as vendas no varejo do país subiram 1,3% em novembro ante outubro, mas seu Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,1% no terceiro trimestre, aumentando temores de recessão técnica, situação prevista pela Capital Economics. Entretanto, a consultoria britânica indica que a contração econômica deverá ser leve.

O dólar registrou queda ante maioria das moedas fortes, com exceção ao iene, que caía após ata do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) não trazer novidades significativas sobre os próximos passos da política monetária do país. Entretanto, a Capital Economics acentua que tanto os EUA quanto o Reino Unido registraram inflação mais fraca do que o esperado, o que deve seguir levando fraqueza à moeda americana e à libra esterlina. “Pensamos que o iene continuará a se recuperar em 2024, enquanto a libra continuará atrasada, à medida que a economia do Reino Unido se enfraquece ainda mais”. O dólar subia a 142,49 ienes, o euro avançava a US$ 1,1014 e a libra tinha alta a US$ 1,2704, enquanto o dólar caía a 0,8559 francos suíços. O índice DXY – que mede o dólar ante seis rivais fortes – cedeu 0,14%, a 101,698 pontos.

Também entre ativos seguros, os rendimentos dos Treasuries operaram mistos, mas sem nenhum ímpeto nem para cima nem para baixo. Segundo o BMO, a sessão foi instável para os retornos, mas destaca que à medida que os rendimentos do Tesouro continuam a oscilar após a decisão monetária da semana passa do Fed, investidores deverão acompanhar de perto dados da economia dos EUA na busca de contexto mais claro sobre o progresso para a estabilidade de preços. No fim da tarde, o rendimento da T-note de 2 anos caía a 4,331%, o da T-note de 10 anos tinha alta a 3,895% e o do T-bond de 30 anos avançava a 4,501%.

Entre commodities, o petróleo chegou a operar em alta durante grande parte do pregão, com o Brent voltando ao nível acima de US$ 80 o barril, mas o ímpeto foi perdido ao longo do dia, enquanto investidores acompanham desdobramentos em conflitos no Oriente Médio. Entretanto, o Navellier destaca que as perturbações contínuas no setor, incluindo navios desviados da rota do Mar Vermelho devido a ataques dos houthi e a luta pelo Essequibo entre a Guiana e a Venezuela, poderão levar os preços do petróleo para mais de US$ 100 o barril. Ainda, a Capital Economics destaca que a saída da Angola da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) deverá ter apenas impacto limitado nos preços globais do petróleo. Na New York Mercantile Exchange, o WTI para fevereiro fechou em baixa de 0,45% (US$ 0,33), a US$ 73,56 o barril. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para o mesmo mês caiu 0,40% (US$ 0,32), a US$ 79,07 por barril. Na semana, houve alta de 2,53% e 2,75%, respectivamente.

JUROS

Os juros futuros, que já tinham movimento moderado pela manhã, oscilaram ainda menos no período da tarde, mesmo após a aprovação do Orçamento de 2024 pelo Congresso. O mercado operou praticamente num esquema de plantão de Natal, que comprometeu um pouco mais a liquidez. As taxas terminaram o dia estáveis, após exibirem queda discreta na primeira etapa, na esteira de indicadores nos Estados Unidos que consolidaram as apostas de corte de juros pelo Federal Reserve a partir de março.

A lateralidade do dia contrasta com a trajetória da semana, de alívio de prêmios, assegurado não só pelo otimismo sobre a política monetária americana, como também pela elevação do rating do Brasil pela S&P e avanço da agenda econômica do Congresso. Em relação à última sexta-feira, a ponta curta cedeu cerca de 5 pontos-base e a longa, em torno de 15 pontos base.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou a 10,055%, de 10,057% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passou de 9,60% para 9,62%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 9,71% (9,70% ontem). A do DI para janeiro de 2029 passou de 10,09% para 10,08%.

Nas mesas de renda fixa, os profissionais relativizaram o impacto que a agenda do dia poderia ter sobre a curva, dado que os prêmios já vinham fechando bastante, em movimento de precificação das boas notícias internas e externas. “Ontem tivemos o último leilão do ano e mercado de juros já andou muito. Ninguém quer mais se arriscar. A Bolsa é que está fazendo um catch up”, afirma Daniel Leal, estrategista de renda fixa da BGC Liquidez.

Pela manhã, ainda havia algum fôlego de queda guardado para o índice de preços de gastos com consumo (PCE, em inglês) de novembro, que veio abaixo do consenso. Na comparação anual, a alta de 2,6% foi menor que a de 3,0% no mês anterior e que o consenso de mercado de 2,8%. O núcleo recuou a 3,2% no mesmo período, contra 3,5% no mês passado e abaixo da projeção de 3,4%. O PCE é a medida de inflação preferida do Fed. As apostas para o orçamento de cortes de juros em 2024 se dividem entre 150 e 175 pontos. Por outro lado, as encomendas à indústria saltaram 5,4%, bem acima das previsões (+1,8%), alimentando a ideia de pouso suave da economia americana.

No Brasil, a aprovação do projeto das apostas esportivas ontem na Câmara zerou o conjunto das matérias de arrecadação pendentes no Congresso, almejado pela equipe econômica para viabilizar a meta de primário zero em 2024. Nesta tarde, o Congresso aprovou o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para o próximo ano, mas ainda assim a curva não esboçou reação.

“As preocupações fiscais não foram sanadas, tendo sido apenas transferidas para o ano que vem, o que serve como limitante ao otimismo. De todo modo, o contexto de curto prazo, incluindo a melhora externa, favorece a preservação dos ganhos recentes”, diz Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.

Com o encerramento ontem do cronograma dos leilões do Tesouro em 2023, o mercado fica agora no aguardo do calendário que vai vigorar no primeiro semestre do ano que vem, esperado para hoje após o fechamento dos negócios. A expectativa é de lançamento de papéis como a NTN-F 2035 e a LFT 1/3/2030, entre outros, que podem já constar na nova lista.

Con a sanção ontem da lei que torna feriado nacional o Dia da Consciência Negra em 20 de novembro, haverá efeito nas taxas dos títulos negociados no mercado secundário em função da redução dos dias úteis. Segundo a Warren Investimentos, os maiores impactos serão nos papéis com vencimento em janeiro de 2025, com as LTN e as NTN-F, cujo impacto é calculado em -4 pontos-base. (Denise Abarca – [email protected])