IBOVESPA PERDE ÍMPETO SOB PESO DE VALE E DI SEGUE TREASURIES COM POUSO SUAVE NOS EUA

O Ibovespa aparou os ganhos e chegou até a oscilar para o negativo na tarde desta quintafeira, marcada por renovada pressão sobre a Vale. Com o maior peso individual no índice,
o papel da mineradora caiu 2,20% hoje não só com a movimentação do governo para
emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no cargo de presidente da companhia
como também pela condenação da Justiça para que a empresa pague, ao lado da BHP e
da Samarco, indenização de R$ 47,6 bilhões pelo rompimento da barragem em Mariana.
Isolado esse peso da Vale, o restante do Ibovespa até que performou bem, com destaque
para Petrobras (ON +4,64% e PN +3,70%). O índice terminou o dia em 128.168,73 pontos
(+0,28%). Essa alta guarda relação com o cenário externo. Em Nova York, Dow Jones subiu
0,64% e S&P 500 ganhou 0,53%, ambos renovando máxima histórica. Só Nasdaq que
sentiu o baque de balanço ruim da Tesla (-12,13%) e teve alta muito leve, de 0,18%. No
mais, o investidor buscou o risco após dados do PIB dos Estados Unidos confirmarem a
tese de que a economia americana está em “pouso suave”. Os números da atividade
vieram muito fortes, mas o índice deflator (PCE) apontou para uma inflação já controlada.
Um leilão de T-notes de 7 anos com boa demanda aprofundou a queda dos rendimentos
dos Treasuries à tarde, com reflexo na curva de juros doméstica. O dólar à vista, por sua
vez, caiu aos R$ 4,9229 (-0,19%), seguindo movimento da moeda americana em relação a
países exportadores de commodities.
•BOLSA
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•JUROS
•CÂMBIO
BOLSA
A combinação de PIB bem acima do esperado no quarto trimestre nos Estados Unidos –
em alta de 3,3%, ante mediana de projeções a 2% para o período – e de núcleo da inflação
ao consumidor pelo PCE (métrica preferida do Fed) em desaceleração a 2% ao ano no
mesmo intervalo deu suporte a que os investidores voltassem a comprar ações
moderadamente, no Brasil e no exterior, nesta quinta-feira. O cenário de que a economia
americana continua resiliente ao prolongado período de juros altos, e de que a inflação
enfim parece convergir para a meta do BC dos Estados Unidos, dá suporte adicional ao
apetite por risco desde o exterior, no momento em que ações de tecnologia já surfavam o
entusiasmo da IA, em Nova York.
Do meio para o fim da tarde, contudo, como ontem o Ibovespa perdeu fôlego, e mais uma
vez por conta de Vale, a ação de maior peso no índice e entre as que mais recuaram no
fechamento desta quinta-feira. Até o meio da tarde, Vale ON cedia em torno de 1,5%, e
aprofundou a correção com a notícia de que a Justiça Federal condenou a mineradora, a
BHP e a Samarco a pagar multa de R$ 47,6 bilhões como indenização por danos morais
coletivos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). Hoje, faz
cinco anos da ruptura de outra barragem ligada à Vale, a do Córrego do Feijão, em
Brumadinho (MG).
A mineradora brasileira é sócia da BHP na Samarco, que explorava a mina de Mariana –
cabe recurso da decisão. O juiz federal substituto Vinicius Cobucci determinou que os
recursos da multa sejam destinados a um fundo administrado pelo governo federal para
ser aplicado nas áreas impactadas pelo rompimento.
Assim, no cabo de guerra entre os dois carros-chefes da B3, Vale (ON -2,20%) e Petrobras
(ON +4,64%, PN +3,70%), o Ibovespa obteve leve alta de 0,28%, aos 128.168,73 pontos,
colocando os ganhos da semana até aqui em 0,42% que, preservados amanhã, podem
constituir a primeira progressão do ano. No agregado das três semanas inaugurais de
2024, o índice da B3 apenas caiu, colocando as perdas do intervalo, até a última sextafeira, em 4,88%. Agora, cede 4,48%, contido ainda pela fraca perspectiva de demanda
chinesa por commodities e, também, pela postergação das expectativas de corte de juros
nos Estados Unidos, de março para maio.
Nesta quinta-feira de feriado municipal em São Paulo, o Ibovespa andou pouco, e sem
tropeços até que o noticiário sobre a Vale voltasse a assustar os investidores. Quase no
fim da sessão, o índice chegou a mostrar perda de 0,01%, na mínima do dia aos
127.803,05, tendo chegado no melhor momento, mais cedo, aos 128.696,68 pontos – de
toda forma, uma variação estreita, de menos de 900 pontos, entre o piso e o teto do dia.
Mesmo com o feriado dos 470 anos da cidade, o giro foi de R$ 19,9 bilhões, pouco abaixo
ao de ontem.
O desempenho positivo do Ibovespa era assegurado desde a manhã por Petrobras, com
ambas as ações da estatal à frente do petróleo na sessão, após terem perdido contato no
dia anterior: hoje, Brent e WTI fecharam em alta de cerca de 3%. Na ponta da carteira
teórica na sessão, além de Petrobras ON, destaque também para Magazine Luiza
(+7,81%), Azul (+6,03%) e Assai (+4,87%). No lado oposto, Yduqs (-4,41%), Gol (-3,16%) –
após a empresa ter dado início à reestruturação financeira na Justiça dos Estados Unidos
-, Pão de Açúcar (-2,61%) e Vale.
Após ter limitado ganhos ontem – em dia que havia sido muito positivo para o setor
metálico -, Vale ON mais do que devolveu, hoje, a alta de 1,01% que havia computado na
quarta-feira – na contramão do minério de ferro na China, que subiu nesta quinta-feira
1,6% em Dalian, perto de US$ 138 por tonelada. Além das dúvidas sobre o nível de preços
da commodity e da demanda chinesa pela matéria-prima – somadas agora a uma multa
bilionária recomendada pela Justiça -, a gestão da empresa segue sob os holofotes do
mercado, com a expectativa para a definição, na próxima semana, da permanência ou
não de Eduardo Bartolomeo no comando da companhia.
Hoje, em post na rede social X, a presidente do PT, Glesi Hoffmann, entrou na discussão.
Ela argumentou que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega – que estaria sendo
defendido para o comando da Vale pelo presidente Lula por intermédio do ministro de
Minas e Energia, Alexandre Silveira, em contatos com acionistas de referência – é um bom
nome para o conselho de administração. O cenário de Mantega com assento inicial no
conselho da mineradora, e de que Bartolomeo continue por um tempo na presidência
executiva, é o que prevalece até agora, no mercado.
No quadro mais amplo, o desempenho das bolsas mundo afora foi favorecido, hoje, pela
boa leitura do PIB americano, acompanhada por inflação em arrefecimento, no momento
em que os agentes de mercado já tinham colocado na conta de que os juros americanos
vão demorar um pouco mais para cair – provavelmente, não antes de maio. “O Fed tem
mantido a perspectiva de que sua ação sobre juros dependerá do comportamento dos
dados econômicos, mas a leitura de hoje sobre o PIB, com a atividade ainda aquecida nos
Estados Unidos enquanto a inflação mostra arrefecimento gradual, ajudou as bolsas”, diz
Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos.
Com a agenda macro doméstica relativamente esvaziada nesta quinta-feira, os negócios
acabaram sendo direcionados pelos sinais sobre os juros no exterior: na zona do euro, o
Banco Central Europeu (BCE) decidiu, pela manhã, manter a orientação da política
monetária e o nível atual das taxas de referência no bloco.
Em nota, Robert Schramm-Fuchs, gestor de portfólio de ações europeias na Janus
Henderson Investors, avalia que o resultado da reunião deste mês do BCE é positivo para
o mercado de ações – e vê possibilidade de cortes nas taxas de juros pelo Banco Central
Europeu em abril; antes, portanto, do que o mercado tem precificado recentemente para
os juros do Federal Reserve, nos Estados Unidos. Ele menciona a desaceleração da
inflação anualizada na zona do euro, e antecipa que a inflação deve atingir a meta de 2%,
do BCE, no segundo semestre.
18:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 128168.73 0.2762
Máxima 128696.68 +0.69
Mínima 127803.05 -0.01
Volume (R$ Bilhões) 1.98B
Volume (US$ Bilhões) 4.03B
18:27
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 128600 0.23383
Máxima 129310 +0.79
Mínima 128405 +0.08
MERCADOS INTERNACIONAIS
Um leilão de T-notes de 7 anos com demanda acima da média acelerou o movimento de
queda dos juros dos Treasuries, que vinha desde a manhã, quando foi revelado que a
inflação PCE voltou à meta do Federal Reserve (Fed) no quarto trimestre de 2023, apesar
do Produto Interno Bruto (PIB) resiliente. Os dados, porém, mantiveram os mercados
divididos em relação às apostas para o primeiro corte de juros nos EUA, entre março e
maio. A economia americana forte somou-se a falas da presidente do Banco Central
Europeu (BCE), Christine Lagarde, sobre incertezas para o cenário de juros da zona do
euro e fortaleceu o dólar contra rivais desenvolvidos. O PIB americano forte também deu
apoio ao petróleo, que atingiu máximas desde novembro, e transmitiu-se também aos
índices de Nova York, que tiveram resultados prejudicados pelo balanço negativo da Tesla
e pelo rebaixamento da recomendação de compra da Boeing pelo Bank of America
Securities, mas Dow Jones e S&P 500 conseguiram renovar suas máximas de fechamento,
também apoiados pela alta no setor de energia.
Além do PIB crescendo a uma taxa anualizada acima das expectativas no quarto trimestre
de 2023, os dados preliminares de hoje mostraram que o núcleo da inflação do PCE,
utilizada pelo Fed na tomada de decisão, está de volta à taxa de 2% ao ano, o que
“significa que o objetivo de inflação foi atingido”, segundo escreve Louis Navellier, da
gestora Navellier. Com os dados, a probabilidade de corte já em março voltou a aumentar
segundo a ferramenta do CME Group, rondando o 50% nos últimos minutos. Para maio, o
CME indica que o mercado vê possibilidade de corte em 91%. Segundo o ANZ, apesar da
queda na inflação, a atividade acima da expectativa ainda representa “riscos de inflação
ascendente” em um futuro próximo, e parece cedo declarar vitória, apesar de que as
leituras sustentem expectativas por um pouso suave nos EUA.
A leitura de inflação mais baixa derrubou os retornos dos Treasuries hoje, que ainda
aceleraram o movimento de queda na ponta curta depois de um leilão de US$ 41 bilhões
em T-notes de 7 anos com demanda acima do esperado. Amanhã, será informada a
impressão de dezembro da inflação PCE, o que deve ajudar os mercados a balizar as
expectativas. Tudo somado, o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,303% perto de 18h,
enquanto o da T-note de 10 anos recuava a 4,121% e o do T-bond de 30 anos tinha queda
a 4,371%.
A força da economia contribuiu para a moeda americana avançar contra divisas
desenvolvidas, com o DXY avançando 0,33%, aos 103,574 pontos, também devido a uma
fraqueza do euro, alimentada hoje pelas falas da presidente do Banco Central Europeu
(BCE), Christine Lagarde, que confessou durante coletiva de imprensa que houve um
consenso entre os dirigentes de que é prematuro discutir cortes de juros. Lagarde reiterou
sua posição de que uma redução nos juros poderia vir no verão local, que começa por
volta de junho – o que é um pouco depois do que o mercado vinha apostando. No fim da
tarde em Nova York, o dólar subia a 150,73 ienes, o euro caía a US$ 1,0841 e a libra tinha
baixa a US$ 1,2704.
Voltando aos Estados Unidos, Fawad Razaqzada, do City Index, analisa que a resiliência
do mercado vista hoje, com o S&P 500 renovando máxima histórica pelo quinto dia
consecutivo e com o Dow Jones recuperando as perdas de ontem e terminando hoje
também em máxima de fechamento, sugere que os investidores estão “satisfeitos” com a
força nos dados dos EUA, apesar das taxas de juros possivelmente elevadas por mais
tempo, porque alimentam a possibilidade de pouso suave. Porém, ele avalia que o
desempenho ruim da Tesla pode significar que o ímpeto otimista das bolsas está perto do
fim, como o fechamento de ontem já deu a entender, visto que o S&P 500 perdeu força na
reta final e quase não sustentou outro dia de ganhos. O movimento visto hoje não foi
muito diferente, uma vez que os ganhos vistos pela manhã foram reduzidos durante o dia.
Além da previsão de crescimento mais modesto em 2024 pela Tesla, que derrubou as
ações da montadora em robustos 12,13%, a queda dos papéis da Boeing (-5,72%) após o
Bank of America rebaixar sua recomendação de compra também acabou por reduzir os
ganhos dos índices acionários, que foram compensados pelos bons resultados de
American Airlines, de 10,27% – que acabou por impulsionar todo o setor de aéreas dos
Estados Unidos. No fim da tarde em Nova York, o índice Dow Jones fechou com ganho de
0,64%, aos 38.049,13 pontos; o S&P 500 subiu 0,53%, aos 4894,16 pontos; e o Nasdaq,
0,18%, aos 15.510,50 pontos.
No S&P 500, porém, o setor que mais subiu e sustentou o índice no azul foi o de energia
hoje, apoiado pela alta nos preços do petróleo, que trouxe o preço do barril de Brent e WTI
para os níveis mais altos desde novembro. Os ganhos da commodity hoje foram
conduzidos não só pelo PIB forte dos Estados Unidos, mas também pelos ainda tensos
conflitos no Oriente Médio. Hoje, foi reportado que a BHP desvia a rota de quase todos os
seus carregamentos, inclusive os de petróleo, a fim de evitar o Mar Vermelho, após
medidas semelhantes adotadas por Shell BP e Qatar Energy. O WTI para março fechou em
alta de 3,02% (US$ 2,27), a US$ 77,36 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex),
e o Brent para abril avançou 2,93% (US$ 2,33), a US$ 81,96 o barril, na Intercontinental
Exchange (ICE).
JUROS
O cenário externo seguiu ditando a dinâmica do mercado de juros, com queda nas taxas
decorrente do maior apetite ao risco estimulado pelo aumento da percepção positiva
sobre os EUA. Os dados de atividade e inflação que saíram ainda pela manhã apontaram
para um pouso suave da economia americana, atraindo fluxo para ativos emergentes e
favorecendo ainda a colocação de prefixados do Tesouro. A liquidez, porém, foi mais fraca
nesta quinta-feira de feriado na cidade de São Paulo.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em
10,030%, de 10,05% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 9,76% para
9,69%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 9,83% (de 9,92% ontem) e a do DI
para janeiro de 2029, em 10,26%, na mínima, de 10,35%.
Com a agenda e noticiário esvaziados, o mercado voltou-se aos eventos externos, num
dia carregado de indicadores nos EUA e reuniões de política monetária pelo mundo. A
grande expectativa era pelo PIB americano, que subiu 3,3% no quarto trimestre em
termos anualizados, superando não só o consenso de 2% como também o teto das
estimativas (2,8%). Porém, houve significativa desaceleração em relação ao terceiro
trimestre de 2023 (4,9%). Além disso, a inflação do período medida pelo índice de Preços
de Gastos com Consumo (PCE, em inglês) desacelerou quase 1 ponto, com taxa
anualizada passando de 2,6% para de 1,7%.
“O PIB acima do esperado poderia jogar os juros para cima, mas com a desaceleração da
inflação o mercado se acalmou. Teve ainda a reação mais dovish ao BCE”, afirma o
estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, Daniel Leal.
Além do PIB, outros dados de atividade que saíram hoje, abaixo do esperado, endossaram
a percepção de que a economia já pode estar esfriando neste primeiro trimestre. Nesse
contexto, os juros dos Treasuries recuaram, também em função de um leilão de T-Notes
com demanda acima da média. No fim da tarde, o rendimento da T-Note de dez anos
marcava 4,128%.
Nas decisões de política monetária, o Banco Central Europeu (BCE) manteve os juros
inalterados pela terceira vez consecutiva. A presidente da instituição, Christine Lagarde,
reafirmou que estima o início da redução nos juros no verão europeu, mas também
ressaltou que o comando do BCE está bastante “dependente de dados, não de datas”,
sem sequer ter discutido cortes hoje. Analistas consideram provável que a sinalização
Lagarde se concretize em abril ou junho.
O Banco Central da África do Sul também manteve os juros, em 8,25%, em decisão
unânime. Já o Banco Central da Turquia elevou sua principal taxa de juros em 2,5 pontos
porcentuais, para 42,5%, mas também sinalizou o fim do atual ciclo de aperto monetário.
Afora a reação negativa do mercado ao programa da Nova Indústria, que será em boa
medida bancado por recursos do BNDES, o cenário externo tem exercido um papel mais
central no comportamento dos DIs nesta semana, com devolução de parte dos prêmios
acumulados na semana passada pela piora da percepção fiscal, na avaliação de Leal. “O
exterior continua fazendo mais preço, com o Congresso ainda em recesso. Tivemos
alguns ruídos no fiscal, mas sem nada de concreto”, disse.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), convocou reunião para segunda-feira, 29,
para arbitrar os principais temas que geraram atrito entre deputados e o governo, como a
medida provisória da reoneração e o veto às emendas de comissão.
O alívio na curva local também estaria decorrendo da entrada de fluxo externo, o que
ajuda a explicar ainda o sucesso do leilão de prefixados hoje. O Tesouro colocou
integralmente a oferta de 13,5 milhões de LTN e de 2,5 milhões de NTN-F, mesmo com um
DV01 (risco) de US$ 755 mil que pode ser considerado elevado.
Nesta sexta-feira, o mercado estará focado na divulgação de dados de inflação no Brasil e
nos EUA. O IPCA-15 de janeiro, segundo a mediana das estimativas, deve ser de 0,47%,
após 0,40% em dezembro. Nos EUA, será conhecido o índice PCE, medida preferida de
inflação do Federal Reserve, de dezembro.
CÂMBIO
O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 25, em baixa de 0,19%, cotado a R$
4,9229, com mínima a R$ 4,9073 pela manhã. Foi o terceiro pregão seguido de queda da
moeda americana, que agora passa a acumular leve baixa (0,08%) na semana. Com a
agenda doméstica esvaziada e sem novidades relevantes nas tratativas da pauta
econômica entre governo e Congresso, os negócios foram mais uma vez guiados pelo
ambiente externo, marcado por alta das commodities e queda das taxas dos Treasuries.
A safra carregada de indicadores americanos hoje reforçou a leitura de que a economia
dos EUA caminha para o almejado “pouso suave”, com continuidade do processo de
desinflação em meio a um nível de atividade ainda saudável. Tal ambiente ratifica as
apostas de que o Federal Reserve (Fed, o BC americano) pode começar um ciclo de
redução dos juros ainda no primeiro semestre, com mais de 80% de chances de corte em
maio, segundo plataforma da CME Group. Já as apostas para março, que chegaram a
superar 80% no fim do ano passado, agora estão na faixa de 40%.
O PIB americano cresceu a ritmo anualizado de 3,3% no quarto trimestre, acima do teto
(2,8%) e da mediana (2%) de Projeções Broadcast, mas mostrou desaceleração
significativa em relação quarto trimestre, quando houve expansão anualizada de 4,9%. Já
o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), desacelerou de
2,6% no terceiro trimestre para 1,7% no quarto. O núcleo do PCE se manteve em 2% no
período. Amanhã, sai o PCE referente a dezembro, que pode mexer com as expectativas
em torno condução da política monetária pelo Fed.
“Os números de hoje foram bons, com PIB para cima e índice de preços para baixo. Temos
um clima mais otimista do mercado, com bolsa e commodities para cima, o que ajuda o
real”, afirma o diretor de investimentos da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, para quem
havia um otimismo exagerado do mercado no fim do ano passado com a possibilidade de
corte de juros nos EUA em março.
No exterior, o índice DXY – que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta
de seis divisas fortes – operou em alta firme, acima da linha dos 103,600 pontos, com
ganhos de mais de 0,5% da moeda americana em relação ao euro. Como esperado, o
Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxas de juros inalteradas. Em entrevista
coletiva, a presidente da instituição, Christine Lagarde, reafirmou comentário que os juros
podem ser reduzidos no verão europeu (de junho a setembro).
A moeda americana caiu na comparação com a maioria das divisas emergentes e de
países exportadores de commodities, em meio à valorização do minério de ferro e das
cotações internacionais de petróleo, que atingiram os maiores níveis desde fins de
novembro. Além da força da economia americana, contribuiu para avanço nos preços a
cautela com a tenção geopolítica no Oriente Médio. O contrato do tipo Brent para abril
avançou 2,93%, a US$ 81,96 o barril.
O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, chama a atenção para a
alta maior que a esperada dos pedidos semanais de auxílio-desemprego nos EUA, que
contribuem na percepção de que o mercado de trabalho, mesmo que de forma gradual,
começa a ficar menos apertado.
“A economia americana continua forte, como mostrou o PIB, mas o seguro-desemprego
mostra um sinal de menor pressão para inflação”, diz Galhardo, ressaltando que, em
razão do feriado na cidade de São Paulo, que celebra 470 anos, deprimiu os negócios. “O
dólar passou o dia operando perto dos R$ 4,92, de olho no movimento externo, que trouxe
boas notícias
18:27
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.92290 -0.1865 4.94210 4.90730
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4925.000 -0.24306 4947.000 4912.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4938.000 0.08107 4950.000 4924.000