HUMOR DE NY MELHORA À TARDE, MAS DÓLAR MIRA OS R$ 5,10 E BOLSA SENTE PRESSÃO DE JURO

Os mercados internacionais tiveram um alívio na tarde desta quinta-feira, puxado mais
uma vez pelo desempenho do setor de tecnologia e por correções de excessos no dólar e
nos juros após dados fortes da economia dos Estados Unidos. O Nasdaq subiu 1,68% e
atingiu novo recorde histórico, o DXY desacelerou a 105,82 pontos (+0,04%) e o
rendimento da T-note de 2 anos caiu a 4,941%. Mas o movimento não encontrou respaldo
integral na praça doméstica. A pressão por posições defensivas no segmento futuro de
câmbio e as dúvidas com relação à política fiscal deixaram o dólar à vista na maior
cotação desde outubro. No encerramento, a divisa americana estava cotada a R$ 5,0906
(+0,24%). O dólar para maio já operou hoje na casa de R$ 5,10. Na Bolsa, a pressão dos
juros aqui e lá fora em nível alto pesou no Ibovespa, que desceu aos 127.396,35 pontos (-
0,51%). Os juros futuros foram o único mercado local que conseguiu absorver um pouco
do arrefecimento externo. Ainda assim, os dados fortes do varejo brasileiro mais cedo
seguiam impulsionando os vencimentos curtos da curva, que projeta Selic terminal em
torno de 10%.
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•CÂMBIO
•BOLSA
•JUROS
MERCADOS INTERNACIONAIS
As bolsas de Nova York se recuperaram da pressão da abertura e ganharam força ao longo
da tarde. Em destaque, as ações de tecnologia empurraram o índice Nasdaq a novo
recorde de fechamento, em contraste com um tombo de 5% do papel do Morgan Stanley,
na esteira de uma investigação contra o banco. Investidores também se preparam para o
início da temporada de balanços do primeiro trimestre, visto que amanhã quatro gigantes
do setor financeiro divulgam resultados. Durante a tarde, o mercado se reposicionou após
os dados mistos do Índice de Preços ao Produtor (PPI) dos EUA, e tanto retornos dos
Treasuries quanto dólar devolveram parte dos ganhos de mais cedo. O dólar resiliente
acabou pesando contra o petróleo, que também acompanhou as notícias de que o Irã
desistiu de um ataque a Israel por preocupações com um conflito regional.
Durante a tarde, o setor de tecnologia do S&P 500 se consolidou como o que mais subia,
com ganhos acima de 2%. Os papéis da Apple avançaram 4,33% e foram os que mais
subiram no índice Dow Jones e a quarta maior alta do Nasdaq 100. O setor financeiro foi o
que mais caiu no S&P 500, pressionado pelo desempenho negativo do Morgan Stanley,
depois de circularem notícias de que reguladores nos Estados Unidos investigam o banco
por possíveis falhas no processo de análise de clientes que potencialmente podem lavar
dinheiro.
Investidores também aguardam o início da temporada de balanços nos EUA, que terá a
divulgação de resultados de importantes empresas do setor financeiro amanhã. Antes da
abertura do mercado, JPMorgan, Wells Fargo, BlackRock e Citigroup publicam balanços.
Segundo o Santander Equity Strategy, espera-se que os setores de serviços básicos,
tecnologia da informação e serviços de comunicação sejam os destaques positivos,
enquanto energia, materiais básicos e saúde deverão ser os pontos baixos. No
fechamento, o índice Dow Jones caiu 0,01%, aos 38.459,08 pontos; o S&P 500 subiu
0,74%, aos 5.199,06 pontos; e o Nasdaq subiu 1,68%, aos 16.442,20 pontos, em nova
máxima histórica.
Os mercados acionários, assim, ensaiaram recuperação após a forte queda da véspera,
quando o índice de preços ao consumidor (CPI) assustaram os mercados. Hoje à tarde, a
presidente do Fed de Boston, Susan Collins, concordou que os dados de inflação do
primeiro trimestre ficaram acima do esperado, mas reforçou que a abordagem da
instituição monetária deve ser paciente, até que o BC tenha mais certeza sobre a
desinflação e possa cortar juros. Pela manhã, o presidente do Fed de Richmond, Thomas
Barkin, afirmou que os dados recentes “não aumentaram a confiança” em relação ao
processo de desinflação nos EUA, e o líder da distrital de Nova York, John Williams, voltou
a afirmar que o trabalho pela estabilidade de preços ainda não acabou.
O cenário levou vários analistas a adotarem expectativa mais conservadora para os
próximos passos da política monetária. o Bank of America (BofA), por exemplo, atualizou
sua projeção de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), agora esperando que o
relaxamento monetário comece em dezembro deste ano.
Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries subiram na ponta longa e, mais uma vez,
alcançaram os maiores níveis desde novembro. Na ponta curta, por outro lado, o retorno
da T-note de 2 anos chegou a tocar em 5%, mas depois caiu após dado de inflação ao
produtor (PPI) aquém do esperado pela manhã. Às 17h (de Brasília), o juro da T-note de 2
anos caía a 4,941%; o da T-note de 10 anos subia a 4,571%; e o do T-bond de 30 anos
subia a 4,661%.
No câmbio, o dólar acompanhou o clima benigno em Wall Street e arrefeceu ganhos ao
longo da tarde. O índice DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais fortes, subiu
0,04%, aos 105,282 pontos. O dólar avançava a 153,19 ienes, mais uma vez na máxima
em 34 anos. O movimento amplia especulações sobre possível intervenção do governo
japonês. Segundo apurou o Broadcast, o Japão pode intervir no câmbio, enquanto a
cotação do dólar se manter entre 152 e 155 ienes.
Na Europa, o euro recuou contra o dólar após a decisão de política monetária do banco
Central Europeu (BCE), que manteve o corte de juros em junho em cima da mesa. O ING
escreve que, embora provável, a redução em junho depende do avanço da inflação,
enquanto a Capital Economics aposta em cortes de 100 pontos-base nos juros do BCE
neste ano, com o primeiro começando em junho. Com isso, as apostas por diferencial de
juros favorecendo a economia americana pesaram sobre o euro.
Na América Latina, o Banco Central da Argentina cortou os juros nesta tarde, caindo de
80% para 70%, com a decisão influenciada pela “pronunciada desaceleração”
inflacionária no país, apesar do forte carrego estatístico das leituras elevadas em meses
anteriores. Perto do fechamento de Nova York, o euro recuava a US$ 1,0729, a libra tinha
alta a US$ 1,2559, e o dólar subia a 865,9850 pesos argentinos.
Enquanto o dólar se movimentava de lado, o petróleo recuou e o Brent voltou a ficar
abaixo dos US$ 90 por barril. Investidores monitoram os conflitos no Oriente Médio. Nesta
tarde, circularam notícias de que o Irã desistiu de uma ofensiva contra Israel por receios
de um conflito regional com o envolvimento dos EUA. Investidores também
acompanharam a decisão da Lufthansa de suspender voos na região, e nesta tarde o
primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu reiterou as ações ofensivas contra o
Hamas em Gaza. O WTI para maio fechou em queda de 1,38% (US$1,19), a US$ 85,02 o
barril, na Nymex, e o Brent para junho caiu 0,82% (US$ 0,74), a US$ 89,74 o barril, na ICE.
CÂMBIO
Apesar da perda de fôlego da moeda americana no exterior à tarde, inclusive em relação a
algumas divisas emergentes pares do real, o dólar não encontrou espaço para recuar no
mercado doméstico de câmbio. Após máxima a R$ 5,0916, a moeda encerrou em alta de
0,24%, cotada a R$ 5,0906 – maior valor de fechamento desde 9 de outubro (R$ 5,13).
Questões técnicas no segmento futuro, com procura por posições cambiais defensivas e
vencimento de NTN-As na próxima semana, e aumento da percepção de risco fiscal
teriam jogado contra o real, segundo operadores.
Pela manhã, o dólar até ensaiou mais uma rodada de ganhos em relação a divisas
emergentes, ainda sob o impacto da alta da inflação ao consumidor nos EUA, divulgada
ontem, e de declarações cautelosas hoje de dirigentes do Federal Reserve. Isso apesar de
a inflação ao produtor nos EUA em março ter vindo abaixo do esperado, sugerindo
menores pressões à frente.
À tarde, a moeda americana perdeu força globalmente, em meio ao alívio na curva de
juros americana, com taxa da T-note de 2 anos em queda firme, na casa de 4,94%, após
máxima a 5,00%. Já o retorno dos Treasuries de 10 anos, que chegou a tocar 4,60% na
máxima, operava ao redor de 4,56%.
Entre os principais pares do real, o dólar recuava, no fim da tarde, em relação ao peso
mexicano (-0,12%) e ao rand sul-africano (-0,20%). Já o peso chileno apresentava perdas
de 0,13%, bem baixo das exibidas pela moeda brasileira. No grupo das divisas de
exportadores de commodities, o dólar caia 0,43% em relação ao dólar australiano e
0,39% ante o dólar neozelandês.
Termômetro do comportamento da moeda americana em relação a seis divisas fortes, o
índice DXY passou a operar ao redor da estabilidade, na casa dos 105,200 pontos, após
máxima aos 105,527 pela manhã. O euro sofreu com os sinais da presidente do Banco
Central Europeu (BCE), Cristine Christine Lagarde, de que não vai esperar o Fed para
começar a reduzir os juros.
O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, observa que o real já
apresentava desempenho inferior a de seus pares latino-americanos nas últimas
semanas. Ele destaca que houve aumento dos ruídos políticos domésticos, como a
novela em torno de eventual troca de comando e da distribuição de dividendos da
Petrobrás.
“Além disso, existe uma piora dos sinais no panorama fiscal, o que deixa os investidores
na defensiva”, diz Galhardo, ressaltando que houve uma safra de notícias sugerindo que a
ala política do governo ganha força na queda de braço com a equipe econômica.
Além das discussões para mudança da meta de primário tanto para este ano quanto para
2025, houve retirada de urgência do projeto de lei de reoneração de 17 setores da
economia. Ontem à noite, o líder do governo no Senado, Jacques Wagner, afirmou que há
entendimento na casa arcabouço fiscal e abre brecha para antecipar R$ 15 bilhões em
despesas.
Para economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, a sinalização da evolução do
quadro fiscal contribui para a depreciação do real, motivada, sobretudo, pelo ambiente
de dólar forte no mundo. Com a perspectiva de postergação de cortes de juros pelo
Federal Reserve, Velloni afirma que o Banco Central vai ter que reduzir o ritmo de baixa da
Selic e mirar para uma taxa terminal na casa de 10%.
“Caso contrário, o real pode sofrer ainda mais com a redução do diferencial de juros. O
dólar já está quase em R$ 5,10 e, se subir mais, vai pressionar a inflação, ainda mais com
o barril do petróleo na casa de 90 dólares”, afirma Velloni.
Do lado técnico, parece seguir em curso o desmonte de posições vendidas em dólar por
parte de fundos locais. Na contrapartida, os estrangeiros mantêm um estoque elevado de
hedge cambial. Ontem, o investidor não residente aumentou sua posição comprada em
dólar em US$ 3,1 bilhões, segundo dados da B3.
Operadores lembram também que o vencimento de NTN-A (papel atrelado à taxa de
câmbio) em 15 de abril é superior a US$ 3,5 bilhões, mas que o Banco Central vendeu
apenas US$ 1 bilhão em swaps cambiais extras neste mês. Haveria, portanto, ainda um
descasamento expressivo entre oferta e demanda por dólar futuro – o que pode pressionar
as cotações no curto prazo.
17:33
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.09010 0.2304 5.09160 5.05870
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5101.500 0.4628 5102.500 5068.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5112.500 0.3632 5112.500 5091.500
BOLSA
Desconectado do sinal que prevaleceu em Nova York para S&P 500 (+0,74%) e Nasdaq
(+1,68%, em nível recorde de fechamento), o Ibovespa cedeu hoje 0,51%, aos 127.396,35
pontos, em dia de variações contidas para as ações e os setores de maior peso na B3.
Entre o piso e o teto da sessão, o índice oscilou dos 127.069,43 aos 128.051,34, na
máxima que correspondeu, assim como ontem, ao nível da abertura. O giro permaneceu
moderado nesta quinta-feira, a R$ 19,5 bilhões. Mesmo com perdas nas duas últimas
sessões, o Ibovespa ainda avança 0,47% na semana, após a boa largada na segunda e
terça-feira, quando tinha subido 1,63% e 0,80%, pela ordem. No mês, acumula leve perda
de 0,55% e, no ano, cede agora 5,06%.
Os rendimentos dos Treasuries de 10 anos – referência considerada livre de risco –
permaneceram hoje acima de 4,5%, com a leitura favorável sobre o índice de inflação ao
produtor (PPI) nos Estados Unidos em março, abaixo do esperado, proporcionando hoje
pouco alívio à decepção de ontem com a inflação ao consumidor (CPI), em nível além do
que se imaginava para o mesmo mês.
Na quarta-feira, o CPI dos EUA veio como água gelada para os investidores, reduzindo as
expectativas de mercado tanto para o número quanto para o momento dos cortes nas
taxas de juros na maior economia do globo, aponta em nota a Janus Henderson. Por outro
lado, os sinais dados nesta quinta-feira pelo Banco Central Europeu (BCE), ao manter as
taxas de juros, veio com o reconhecimento de que a inflação na zona do euro está caindo.
Embora as declarações da presidente do BCE, Christine Lagarde, tenham sido “muito
cautelosas”, os mercados acreditam que as taxas de juros no bloco da moeda única
podem cair durante o verão no hemisfério norte. “Aumenta a chance de o BCE reduzir as
taxas de juros antes do Federal Reserve”, acrescenta a Janus Henderson.
Na B3, contudo, prevaleceu ainda na sessão de hoje a expectativa de juros altos por mais
tempo nos Estados Unidos, com as projeções quanto ao início da redução da taxa do
Federal Reserve passando do intervalo junho-julho para setembro. “E o Fed pode não vir
tão firme nesses cortes”, diz Felipe Moura, analista da Finacap, referindo-se também à
transferência do consenso sobre os cortes a serem promovidos pelo BC americano do
primeiro para o segundo semestre – e que podem vir ainda a ser colocados em xeque pela
persistência de dados de inflação acima do esperado.
“Ainda que seja cedo para falar em revisão de cenário [para os juros americanos], a
persistência da inflação americana, especialmente no intervalo de 12 meses, liga o alerta
para os gestores e alocadores de recursos. A narrativa global tem se imposto ao cenário
local, sem grandes desdobramentos domésticos que possam se contrapor, no quadro
macro, ao que nos chega de fora”, acrescenta o analista.
Assim, sem novos catalisadores para orientar os negócios na sessão, os movimentos nas
ações e nos setores de maior peso e liquidez foram relativamente discretos nesta quintafeira na B3 – exceção para Eletrobras (ON -4,62%, PNB -4,40%), refletindo aumento da
percepção de risco político e regulatório para a ex-estatal.
Os grandes bancos, por sua vez, fecharam o dia sem direção única, com BB ON e Unit do
Santander avançando 0,24% e 0,66%, respectivamente, no fechamento. Petrobras (ON –
0,90%, na mínima do dia no fechamento; PN -0,73%) e Vale (ON +0,42%) também
encerraram a sessão em direções divergentes, tendo mostrado variação relativamente
restrita ao longo do dia. Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para 3R Petroleum
(+2,57%), Alpargatas (+2,07%) e Lojas Renner (+1,95%). No lado oposto, Raízen (-4,57%) e
SLC Agrícola (-4,18%), além das duas ações de Eletrobras.
“Dólar subiu e Bolsa caiu, hoje, dia em que os juros futuros no Brasil mostraram avanço,
com as vendas do varejo em alta quando se esperava recuo. Economia doméstica pujante
pode levar o Copom a uma pausa ou a um ciclo de cortes de juros mais curto,
considerando o horizonte até o fim do ano. Recados do Fed também têm sido no sentido
de que juros cairão apenas em setembro, com apenas um ou dois cortes na taxa dos
Estados Unidos este ano”, diz Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos.
17:29
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 127396.35 -0.5134
Máxima 128051.34 -0.00
Mínima 127069.43 -0.77
Volume (R$ Bilhões) 1.95B
Volume (US$ Bilhões) 3.84B
17:33
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 127440 -0.6742
Máxima 128315 +0.01
Mínima 127160 -0.89
JUROS
Após terem subido mais de 10 pontos-base pela manhã, os juros futuros desaceleraram o
ritmo de alta à tarde, após o mercado digerir falas mais hawkish de dirigentes do Federal
Reserve e as inesperadas alta nas vendas do varejo no Brasil em fevereiro. Os
rendimentos dos Treasuries se afastaram das máximas da sessão, mas seguiram nos
maiores níveis desde novembro, refletindo as preocupações com a política monetária nos
Estados Unidos, que não tiveram alívio com a inflação no atacado dentro do esperado. A
precificação da Selic terminal na curva continuou rondando os 10%.
Às 17h09, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava
em 10,080%, de 10,030% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 subia de 10,15%
para 10,22%. A do DI para janeiro de 2027 avançava a 10,53%, de 10,48%. O DI para
janeiro de 2029 marcava 11,08%, de 11,05%.
A acomodação das taxas à tarde esteve relacionada a uma pausa no noticiário e na
agenda negativos e não exatamente a uma melhora de humor. “O mercado ainda está
tentando se encontrar após o que ocorreu ontem, com o CPI e a abertura dos Treasuries
indicando que o ciclo de corte de juros nos Estados Unidos pode ser adiado mais uma
vez”, afirma Daniel Leal, estrategista de renda fixa da BGC Liquidez.
O dia até teve fatores dovish, mas com impacto moderado sobre os ativos. A presidente
do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, sinalizou que a instituição não vai
esperar o Fed para iniciar seu ciclo de relaxamento. E o índice de preços ao produtor (PPI,
em inglês) de março (+0,2%) praticamente em linha com o consenso (+0,3%) resgatou um
pouco das apostas de queda do juro na reunião do Fed em julho. Porém, o presidente da
distrital de Richmond, Thomas Barkin, disse que os dados recentes não aumentaram a
confiança na desinflação.
O yield da T-Note de dez anos estava em 4,57% no fim da tarde, deixando para trás a
marca de 4,50% e agora mais perto dos 4,60% – em janeiro chegou a rodar em 3,80%. Em
meio à robustez da atividade e do mercado de trabalho norte-americanos, a inflação
resiste em convergir para a meta de 2%. “Os mais pessimistas já dizem que para uma
convergência efetiva não basta só deixar o juro onde está. Nesse cenário, o próximo passo
do Fed seria uma alta em vez de um corte”, diz Daniel Leal, lembrando que o viés fiscal
nos Estados Unidos é expansionista e deve piorar com a eleição presidencial, sendo mais
uma preocupação para o Fed.
O estresse com o juro nos EUA penaliza a curva local pelo temor de que os fluxos para
emergentes sequem e afetem o câmbio e, por consequência, a inflação. A curva a termo
segue projetando Selic terminal a 10%, justificada hoje ainda pelas vendas no varejo
acima do esperado em fevereiro. O varejo restrito teve alta de 1%, ante previsão de
retração de 1,3%, e o varejo ampliado cresceu 1,2%, ante consenso de queda de 0,9%.
Os dados reforçaram o viés de alta das projeções do mercado para o PIB do primeiro
trimestre, o que, juntamente com o cenário externo conturbado, sugere que o Copom
teria espaço para desacelerar o ritmo de queda da Selic para 25 pontos-base na reunião
de junho sem impacto à atividade. Amanhã, sai a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e a
mediana das estimativas é de crescimento de 0,2%, com desaceleração ante o 0,7% em
janeiro.
Diante das condições adversas para os ativos prefixados, o Tesouro trouxe hoje lotes
modestos de LTN e NTN-F para o leilão, de 600 mil e 300 mil respectivamente, com risco
para o mercado (DV01) bem menor em relação aos da semana passada e da anterior.
Ainda assim, não conseguiu vender tudo, colocando 171 mil NTN-F e 552 mil LTN.
De acordo com a Necton Investimentos, a semana foi mais fraca para as emissões, com
total de R$ 18,7 bilhões. O ritmo da rolagem caiu para 138%, ante 143% na semana
passada.