GOVERNO CANCELA ANÚNCIO DE AUXÍLIO FORA DO TETO, MAS NÃO IMPEDE MERCADOS DE DESABAREM

Há tempos o mercado vinha trabalhando com alguma cautela em relação à solução fiscal que seria dada para o auxílio emergencial e o Auxílio Brasil. Mas entre os cenários, talvez um dos piores pode acabar se confirmando: o governo não apenas deve aumentar o valor pago aos beneficiários do Bolsa Família, como também manter um complemento a título de auxílio emergencial, este último fora do teto, no total de R$ 400 por pessoa. Ou seja, não bastou tentar espaço no orçamento com a reforma do Imposto de Renda e a PEC que adia o pagamento de precatórios, pois a pressão política foi além. As consequências são várias: uma delas, que também estressa os mercados, é a possibilidade de saída de técnicos da equipe econômica, como Bruno Funchal, atual secretário especial do Tesouro e Orçamento. Outra é o impacto que esse golpe no teto de gastos, estimado em R$ 30 bilhões, terá sobre os indicadores macroeconômicos. É justamente isso que os investidores precificam nos ativos brasileiros hoje, com a leitura de que esse quadro piora a perspectiva para o câmbio, pressiona a inflação, eleva o risco fiscal e, portanto, pode demandar uma Selic ainda mais alta no fim do ciclo de aperto monetário. A reação foi tão negativa que o governo, que chegou a convocar uma coletiva para falar sobre as novidades, às 17h, cancelou o anúncio. Até houve algum alívio, mas grande parte do estrago já estava feito, com juros futuros disparando, dólar em forte alta e Bolsa derretendo, mesmo num dia positivo em Wall Street. As taxas dos DIs de curto prazo já indicam chances amplamente majoritárias de o ritmo de alta da Selic aumentar no próximo encontro do Banco Central, para 1,25 ponto porcentual, enquanto os vencimentos do miolo da curva chegaram a subir quase 70 pontos-base. O dólar, num dia em que o BC fez leilão de moeda à vista, chegou a superar R$ 5,60 e só desacelerou após o cancelamento do governo, mas ainda assim na contramão externa, com alta firme de 1,33%, a R$ 5,5938 – maior valor desde 15 de abril. Já o Ibovespa cedia abaixo dos 110 mil pontos quando veio o cancelamento do anúncio e terminou com perda de “apenas” 3,28%, aos 110.672,76 pontos. Em Nova York, a realidade era outra. Os resultados corporativos continuaram impulsionando as bolsas, ainda que declarações de dirigentes do Fed sobre a inflação tenham colocado os yields dos Treasuries nas máximas.

JUROS

O estresse na curva de juros ganhou força ao longo da tarde, quando as taxas bateram máximas com altas de quase 70 pontos-base nos vértices intermediários, na medida em que o noticiário ia trazendo detalhes da proposta para o Auxílio Brasil, especialistas criticavam a engenharia do governo e o mercado passou a precificar a saída de nomes no Ministério da Economia. Até mais do que a ponta longa, normalmente de maior sensibilidade ao risco fiscal, o miolo foi o trecho que mais sofreu diante da avaliação de que os estragos vão bater na inflação e sobrará para a política monetária a tarefa de conter danos, sacrificando ainda mais a atividade. O quadro de apostas para a Selic no Copom próxima semana teve uma guinada, com a curva agora precificando 90% de probabilidade de alta de 1,25 ponto porcentual.

Mesmo com as taxas vindo de três sessões de altas, o que indicava um mercado mais leve em termos de risco, o volume expressivo de contratos negociados sugere movimentos pesados de zeragem de vendidos. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) mais líquido, para janeiro de 2023, girou 1,3 milhão, ante média diária de 639 mil nos últimos 30 dias, com taxa já perto também dos dois dígitos. Fechou em 9,84%, de 9,366% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 10,89%, de 10,275% ontem. Os DIs a partir de meados de 2025 já romperam 11%. A taxa do DI para janeiro de 2027 encerrou em 11,19%, de 10,664%.

O arranjo que o governo montou para os programas sociais, com o Auxílio Brasil e mais duas parcelas complementares, pagas uma dentro e outra fora do teto de gastos, chocou o mercado, que agora trabalha com um cenário de “descalabro fiscal” para o País. O valor total seria de R$ 400 em 2022 e a equipe econômica trabalha para limitar o extrateto a R$ 30 bilhões, mas a pressão política para ser maior é grande. Segundo apurou o Broadcast, a despesa que ficará fora da regra deve ter o valor fixado na PEC que dará a autorização à medida. Deixar mais gastos fora do teto seria uma maneira de abrir espaço no Orçamento para outras despesas, como emendas parlamentares, por exemplo.

O governo havia preparado o anúncio do novo programa para as 17h, mas pouco antes cancelou a divulgação, sem explicar o motivo nem dar nova data. De todo modo, ajudou a desacelerar um pouco o ritmo de avanço das taxas no fim do dia. Na leitura do mercado, a repercussão fortemente negativa da proposta pode estar por trás do cancelamento, incluindo o risco de baixas na equipe econômica. O primeiro pode ser o secretário Especial de Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, que várias vezes deixou claro que não assinaria nenhuma medida que envolvesse a edição de créditos extraordinários, que ficam fora do teto. Não se descarta até que a permanência do próprio Paulo Guedes esteja em risco.

Se o governo levar a cabo a proposta, a inflação deve ser pressionada não somente pelo expansionismo fiscal em si, mas também via câmbio, principalmente em função dos preços dos combustíveis, com a defasagem ante preços internacionais estimada em 25%, segundo Sanchez. O mercado esteve hoje muito focado na questão fiscal, mas o dia teve ainda outras notícias ruins que ajudam a impor cautela, como a do reajuste do piso mínimo do frete até o fim da semana.

Diante das evidências de populismo fiscal com viés eleitoreiro, Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, destaca o fato de o Banco Central agora ser autônomo. “Se não, já começaríamos a questionar se a política monetária cumpriria seu papel de colocar a inflação na meta, elevando os juros”. Nesse embate entre a política fiscal e a monetária, “a última sempre ganha, mas matando a atividade”. “Espero que com o recado que o mercado está passando o governo repense o que está sendo planejado. É um projeto frutífero do ponto de vista político, mas não da nação”, disse, destacando que a longo prazo não haverá sustentabilidade fiscal.

Nesse contexto, a precificação de aumento de 1,25 ponto da Selic no Copom da semana que vem, que já era levemente majoritária pela manhã, consolidou-se à tarde, com 90% de probabilidade, ante 10% de chance de elevação de 1 ponto, segundo a Greenbay Investimentos. Para o fim do ano, a curva projeta taxa básica entre 8,50% e 8,75%.

Em evento do JPMorgan, o diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk, reconheceu que a questão fiscal era o assunto do dia, mas reforçou que o BC não se move na velocidade do mercado e tem seu ritmo. “O fiscal é sempre um componente exógeno. Não devemos seguir tudo que o mercado e diz e precisamos ter a nossa própria opinião”, afirmou. Ao mesmo tempo, lembrou que o aumento da probabilidade de mudança do regime fiscal tem impacto nas projeções de inflação e, consequentemente, na política monetária.

Diante da piora da percepção de risco político e fiscal nos últimos dias, o Citi zerou sua posição doada no DI para janeiro de 2024. Segundo os estrategistas de renda fixa da instituição, desde que a posição foi montada, em 6 de outubro, “os ruídos políticos se elevaram significativamente”, ainda que dos dados de inflação tenham vindo abaixo do esperado. A instituição zerou a posição com perda acumulada de 45 pontos-base, considerando a taxa de 10,235% do DI janeiro de 2024 hoje às 10h32 (de Brasília). (Denise Abarca – [email protected])

17:41

Operação   Último

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 6.94

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 6.15

Over Selic (%a.a) 6.15

CÂMBIO

A informação de que o presidente Jair Bolsonaro pretende driblar a regra do teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil no valor de R$ 400 até dezembro de 2022 provocou uma forte deterioração dos ativos domésticos nesta terça-feira (19) e levou o dólar à vista a fechar o dia perto do limiar dos R$ 5,60.

Descolada do comportamento externo, a moeda americana operou em alta firme por aqui desde o início dos negócios, a despeito de o Banco Central ter vendido US$ 500 milhões à vista ainda pela manhã. O mercado digeria mal a informação apurada pelo Broadcast de que, do valor de R$ 400 do programa social, R$ 100 seriam bancados por uma despesa extrateto da ordem de R$ 30 bilhões.

Também ecoavam nas mesas de operação as declarações de ontem do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que não se pode “pensar só em teto de gastos e responsabilidade fiscal” em detrimento da população – lidas como uma senha para abandono da regra fiscal pela classe política. Para piorar, a reforma do Imposto de Renda, tida como uma das fontes de financiamento do Auxílio Brasil, sofreu um duro golpe após o relator da proposta no Senado, Angelo Coronel ( PSD-BA), afirmar que não tem data para apresentar seu parecer. Além disso, a reunião da comissão especial da PEC dos Precatórios prevista para hoje às 14h, foi adiada para amanhã. A aprovação da PEC abriria, em tese, espaço para compatibilizar um Auxílio Brasil maior com o respeito à âncora fiscal.

O caldo entornou de vez ao longo da tarde diante da informação, apurada pelo Broadcast, de que a despesa com o programa social que ficará fora do teto pode ter seu valor fixado em uma PEC. A equipe econômica trabalharia na contenção de danos, na tentativa de limitar a despesa extrateto a R$ 30 bilhões, enquanto o Palácio do Planalto considerava esse valor ainda “em aberto”.

Em uma escalada contínua, o dólar chegou a tocar na casa de R$ 5,61, ao registrar máxima de R$ 5,6123 (+1,66%) logo após à 16h. Operadores notavam onda de zeragem de posições à medida que se aproximava o horário do anúncio formal do Auxílio Brasil, às 17h. A febre compradora amainou após o Ministério da Cidadania cancelar o evento de lançamento do auxílio Brasil, com a moeda americana perdendo o fôlego e chegando a ser negociada momentaneamente abaixo da linha de R$ 5,58. Com nova aceleração dos ganhos na reta final dos negócios, o dólar à vista encerrou a sessão em alta de 1,33%, a R$ 5,5938 – maior valor desde de fechamento desde 15 de abril (R$ 5,6281).

Seja qual for o desfecho da proposta, analistas e operadores ouvidos pelo Broadcast são unânimes em afirmar que o governo vai abandonar, mesmo que informalmente, o teto de gastos. As consequências são uma piora das condições financeiras, cuja consequência é a formação de uma espiral negativa para a economia: alta do dólar, deterioração das expectativas de inflação, maior aperto monetário e redução do crescimento.

O sócio e gestor da Galapagos Capital, Sergio Zanini, afirma que a “sinalização do governo é muito negativa” e ressalta que o mercado em nenhum momento trabalhava com a hipótese de um Auxílio Brasil no valor de R$ 400. “O furo parcial do teto é uma preocupação grande. Não é só o que está sendo falado hoje. Existe os risco de execução quando isso for debatido no Congresso”, afirma Zanini, chamando a atenção para o fato de que pela primeira vez se viu o presidente da Câmara “falar explicitamente” contra o teto dos gastos.

Para Zanini, tendo em vista o que está sendo proposto com o Auxílio Brasil e os sinais da classe política, já não fará diferença para a precificação dos ativos domésticos se houver novas baixas na equipe econômica e até mesmo a eventual saída de Paulo Guedes do governo, como chegou a ser ventilado em certo momento do dia. “Pode colocar quem você quiser como ministro da Economia que o resultado não vai ser diferente. Entramos em um processo política e eleitoral”, diz o gestor da Galapagos.

Diante da deterioração do ambiente fiscal, Zanini diz que o BC tem pouco a fazer, já que um choque de juros poder agravar ainda mais a percepção sobre a dinâmica das contas públicas. “Ele está tentando neutralizar parte relevante dos fluxos de saída com as intervenções. Mas a realidade é que o fundamento econômica está piorando e isso tem impacto no câmbio”, diz.

Em evento do Banco JPMorgan, o diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk, disse que as intervenções da autoridade monetário no mercado de câmbio não vão mudar “de maneira nenhuma” e que “o nível do câmbio não importa e nem o impacto nas projeções de inflação”. Kanczuk reconheceu que o BC tem dificuldades em entender os motivos por trás da depreciação do real.

Para economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, é difícil neste momento ver um teto para a taxa de câmbio, mesmo com mais altas da taxa Selic e possível aumento das intervenções do Banco Central. Ele nota que a deterioração da política fiscal já está em curso faz algumas meses e que, mesmo com eventual alívio diante de recuos do governo e promessas anteriores de cumprimento do teto, os preços dos ativos domésticos mudavam de patamar.

“Essa questão da despesa que vai ficar fora do teto cria um precedente perigoso. A mensagem é que na dificuldade se muda a regra fiscal. No limite, não há mais regra”, diz Lima, lembrando que dinâmica parecida correu ao longo do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, com o abandono informal da geração de superávits primários. “Essa perspectiva de piora fiscal mais afeta o câmbio de forma mais permanente. É difícil dizer que há um teto para a taxa, mesmo com o BC tentando amenizar os fluxos”. (Antonio Perez – [email protected])

17:41

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.59380 1.3278 5.61230 5.53470

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5588.000 1.13112 5622.500 5544.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5640.000 1.3386 5640.000 5565.500

BOLSA

O Ibovespa teve uma terça-feira que se assemelhou ao 8 de setembro, em que cedeu 3,78% no que foi a pior perda do índice desde 8 de março (-3,98%), quando o mercado começava a colocar no preço a volta do ex-presidente Lula à política, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Da ameaça de ruptura institucional nos discursos de 7 de setembro à solução para se tornar viável eleitoralmente em 2022 contra Lula, o caminho antevisto pelo presidente Jair Bolsonaro e pela ala política do governo parece ser a flexibilização do limite de gastos, com solução “extra-teto” para acomodar parte do volume de recursos destinados ao Auxílio Brasil.

Contudo, o anúncio oficial do novo programa social, que havia sido programado para as 17h desta terça-feira, acabou sendo cancelado de última hora sem maiores explicações, retirando parte da pressão sobre os ativos brasileiros vista desde cedo.

Com dólar a R$ 5,61 na máxima do dia e pressão na curva de juros, o Ibovespa nem teve como mirar nesta terça-feira o céu azul do exterior, com o S&P 500 se reaproximando aos poucos de máxima histórica, embalado pela temporada positiva de resultados trimestrais nos Estados Unidos.

Aqui, pressionado pela aguda percepção de risco fiscal, que pode colocar em questão a lealdade de parte da equipe econômica à agenda de reeleição, com rumores sobre possíveis baixas no quadro técnico, a referência da B3 chegou a mostrar perda de 3,92% no pior momento da tarde, aos 109.947,21 pontos, mas rapidamente recuperou o nível de 110 mil e mesmo o de 111 mil pontos ao se confirmar o cancelamento do anúncio.

Ao final, o Ibovespa colheu perda de 3,28%, aos 110.672,76 pontos, saindo de máxima, na abertura, a 114.422,23 pontos, com variação de 4.475,82 pontos entre o pico e o piso do dia. Na semana, o índice tem perda de 3,47%, anulando os ganhos que haviam se acumulado ao longo de outubro, agora transformados em perda de 0,28% no mês, estendendo a série negativa iniciada ainda em julho. Desde o intervalo entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014, o Ibovespa não acumula quatro perdas mensais consecutivas. No ano, as perdas voltam agora para 7,01%, com o Ibovespa no encerramento de hoje no menor nível desde 7 de outubro (110.585,43 pontos). O giro desta terça-feira foi de R$ 36,8 bilhões.

“Brasília parece ter encontrado a chave do cofre. O mercado está preocupado com a falta de disciplina para manter o teto ou, se realmente passar disso, que as despesas ‘extra-teto’ com o auxílio não fiquem muito além dos R$ 30 bilhões indicados [o correspondente a R$ 100 de cada R$ 400 a serem concedidos aos beneficiários em 2022]”, diz Scott Hodgson, gestor de renda variável na Galapagos Capital, acrescentando que o valor de R$ 400 ressurgiu sem aviso prévio, como uma “fênix renascida das cinzas”.

“A conjuntura é desafiadora, com inflação em alta, real fraco, juros subindo, e um ano de 2022 que será complicado, com eleição”, diz o gestor, observando que o interesse estrangeiro por Brasil mostrava alguma recuperação nas últimas semanas, e agora deve voltar a indicar cautela.

“A cena política pesou forte no mercado brasileiro: juros futuros disparando, com a parte mais curta (da curva) projetando Selic próxima da faixa de 10% no ano que vem – sem falar do dólar retornando para R$ 5,60”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. “Crescente risco fiscal, fraco crescimento e juros altos” são uma combinação “nada atraente”, que “justifica a forte queda do mercado”, acrescenta o analista.

Entre as ações de maior liquidez, mesmo com o desempenho positivo dos preços da commodity na sessão, Petrobras puxou a fila de perdas, com a PN em queda de 4,89% e a ON, de 4,37% no fechamento, enquanto Vale ON mostrava perda de 1,15%, as siderúrgicas, de até 3,05% (Usiminas PNA), e as de grandes bancos chegavam a 4,91% (BB ON), refletindo a aversão ao risco fiscal que se impôs desde cedo na sessão. Apenas uma ação da carteira teórica conseguiu se desgarrar do mal-estar geral: Getnet (+17,88%), que havia estreado ontem tanto na B3 como no Ibovespa. Na ponta negativa do índice, Azul (-10,36%), Cielo (-9,20%) e Méliuz (-8,47%). (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:32

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 110672.76 -3.2819

Máxima 114422.23 -0.01

Mínima 109947.21 -3.92

Volume (R$ Bilhões) 3.66B

Volume (US$ Bilhões) 6.60B

17:41

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 112135 -2.73236

Máxima 114705 -0.50

Mínima 110895 -3.81

MERCADOS INTERNACIONAIS

Dirigentes do Federal Reserve mostravam-se atentos à inflação, com o diretor Christopher Waller não descartando uma eventual “resposta mais agressiva” da política monetária em 2022, a depender da trajetória dos preços. Os juros dos Treasuries atingiram máximas no dia em meio às declarações da autoridade, mas seguiram sem sinal único. No câmbio, o índice DXY do dólar reduziu perdas, mas ainda mantendo queda. A fraqueza da divisa americana ajudou o petróleo a exibir ganhos, após sessão volátil. Nas bolsas de Nova York, balanços seguiram em foco, em uma nova jornada positiva dos índices.

Dois diretores do Fed com direito a voto nas decisões de política monetária deixaram claro nesta tarde o foco do banco central americano na trajetória dos preços. A diretora Michelle Bowman afirmou que a escalada recente da inflação nos EUA deve se estender por mais tempo do que o previsto anteriormente. Waller, por sua vez, ressaltou a importância de as expectativas de inflação seguirem ancoradas, dizendo-se “muito preocupado” com o risco de que ela não seja transitória. O diretor disse que a inflação alta pode exigir uma resposta “mais agressiva” da política monetária do que apenas a gradual redução nas compras de bônus (“tapering”). Já Tom Barkin (Richmond), que também vota neste ano, declarou que a escassez de trabalhadores pode durar além da pandemia, com o envelhecimento da população e a queda nas taxas de natalidade.

No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 0,387%, o da T-note de 10 anos subia a 1,636% e o do T-bond de 30 anos avançava a 2,089%. O BMO Capital destaca um novo movimento de curva de juros mais empinada, após achatamento recente.

No câmbio, o índice DXY do dólar chegou a reduzir perdas em meio aos sinais do Fed, mas se manteve em baixa. O DXY fechou em queda de 0,23%, em 93,734 pontos. No horário citado, o dólar subia a 114,32 ienes, praticamente estável, o euro avançava a US$ 1,1640 e a libra tinha alta a US$ 1,3797.

O movimento do dólar colaborou para os ganhos do petróleo, após os contratos terem oscilado entre ganhos e perdas. O Commerzbank destacou ainda em relatório o fato de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) não consegue cumprir sua meta atual de oferta, por problemas em Angola e na Nigéria. Para o banco alemão, as dificuldades da Opep+ devem perdurar. O contrato do WTI para dezembro fechou em alta de 0,92%, em US$ 82,44 o barril, na Nymex, e o Brent para o mesmo mês avançou 0,89%, a US$ 85,08 o barril, na ICE. Ainda no setor de energia, a Bloomberg reportou que a Rússia sinalizou que pode fornecer mais gás à Europa, para conter a crise de energia local.

O movimento do óleo ajudou ações do setor de energia a exibir ganhos em Nova York. Sobretudo, balanços corporativos seguiram em foco. Após resultados, Johnson & Johnson avançou 2,40%, mas Procter & Gamble caiu 1,13%. Os setores de tecnologia e serviços de comunicação se saíram bem. O Dow Jones fechou em alta de 0,56%, a 35.457,31 pontos, o S&P 500 teve alta de 0,74%, para 4.519,63 pontos, e o Nasdaq avançou 0,71%, a 15.129,09 pontos. Já ao olhar para os próximos dois anos, a Capital Economics acredita que o crescimento americano deve ser mais fraco que o antecipado, com inflação mais elevada, o que para a consultoria resultará em ganhos “limitados” para as bolsas americanas nesse período, enquanto os juros dos Treasuries subiriam mais.

Ainda no noticiário, a Casa Branca afirmou que o funcionamento 24 horas por dia dos dois principais portos do país já mostram resultados, para conter gargalos nas cadeias produtivas. (Gabriel Bueno da Costa – [email protected])