As reações do mundo político aos discursos antidemocráticos do presidente Jair Bolsonaro em atos do 7 de Setembro pegaram em cheio os ativos domésticos nesta quarta-feira, marcada também por aversão ao risco no exterior. Com o debate sobre o impeachment cada vez mais presente em partidos políticos - e sinais de apoio em siglas de centro-direita -, nem mesmo a indicação do presidente da Câmara, Arthur Lira, de não adesão a essa pauta, segurou o ímpeto das ordens de venda. O duro discurso do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, contra os ataques à Justiça e lembrando que o descumprimento de decisões de membros da Corte - como sugeriu Bolsonaro ontem - é passível de crime de responsabilidade, coincidiu com uma piora sensível da Bolsa e dos juros. O mercado monitora ainda as movimentações do ministro nos bastidores com o Legislativo. A piora do mercado se estendeu na reta final da sessão - em especial no câmbio e nas ações, em meio também a temores de escalada de tensões com caminhoneiros, que se mobilizam em algumas estradas do País. No cômputo final, o Ibovespa desceu aos 113.412,84 pontos, desvalorização de 3,78%, menor nível de fechamento desde 24 de março. As perdas foram generalizadas, sendo que, dos 91 papéis que compõem o índice acionário, somente 5 terminaram no azul. Nos juros, as taxas de dois dígitos voltaram a predominar na curva a partir dos vencimentos de 2025. Todos os principais vencimentos do DI terminaram a sessão regular na máxima. O dólar, por sua vez, superou no mercado à vista os R$ 5,32 e, no futuro, os R$ 5,35. Ao fim, subiu a R$ 5,3261, terminando na máxima do dia. O noticiário externo também deu sua contribuição ao mau humor local, ainda que em medida bem menor. As preocupações com os efeitos econômicos derivados do espalhamento da variante Delta - explicitados, inclusive, no Livro Bege do Federal Reserve - impuseram cautela nos agentes externos. Importante exceção foi o petróleo, em alta ainda por causa dos estragos na cadeia de produção causados pelo furacão Ida.
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