FUX REAGE E CRISE FAZ BOLSA VOLTAR A MARÇO, DÓLAR IR A R$ 5,32 E DIS DISPARAREM

Blog, Cenário
As reações do mundo político aos discursos antidemocráticos do presidente Jair Bolsonaro em atos do 7 de Setembro pegaram em cheio os ativos domésticos nesta quarta-feira, marcada também por aversão ao risco no exterior. Com o debate sobre o impeachment cada vez mais presente em partidos políticos - e sinais de apoio em siglas de centro-direita -, nem mesmo a indicação do presidente da Câmara, Arthur Lira, de não adesão a essa pauta, segurou o ímpeto das ordens de venda. O duro discurso do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, contra os ataques à Justiça e lembrando que o descumprimento de decisões de membros da Corte - como sugeriu Bolsonaro ontem - é passível de crime de responsabilidade, coincidiu com uma piora sensível da Bolsa e dos juros. O mercado monitora ainda as movimentações do ministro nos bastidores com o Legislativo. A piora do mercado se estendeu na reta final da sessão - em especial no câmbio e nas ações, em meio também a temores de escalada de tensões com caminhoneiros, que se mobilizam em algumas estradas do País. No cômputo final, o Ibovespa desceu aos 113.412,84 pontos, desvalorização de 3,78%, menor nível de fechamento desde 24 de março. As perdas foram generalizadas, sendo que, dos 91 papéis que compõem o índice acionário, somente 5 terminaram no azul. Nos juros, as taxas de dois dígitos voltaram a predominar na curva a partir dos vencimentos de 2025. Todos os principais vencimentos do DI terminaram a sessão regular na máxima. O dólar, por sua vez, superou no mercado à vista os R$ 5,32 e, no futuro, os R$ 5,35. Ao fim, subiu a R$ 5,3261, terminando na máxima do dia. O noticiário externo também deu sua contribuição ao mau humor local, ainda que em medida bem menor. As preocupações com os efeitos econômicos derivados do espalhamento da variante Delta - explicitados, inclusive, no Livro Bege do Federal Reserve - impuseram cautela nos agentes externos. Importante exceção foi o petróleo, em alta ainda por causa dos estragos na cadeia de produção causados pelo furacão Ida.
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BOLSA Em dia negativo também no exterior, os ativos brasileiros reagiram mal ao feriado de 7 de setembro, em que o presidente Jair Bolsonaro parece ter queimado as caravelas ao dobrar a aposta contra as instituições, especialmente o Judiciário, personificado no ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que presidirá o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2022 e, atualmente, é o responsável pela condução de inquérito sobre atividades antidemocráticas. Resultado: juros futuros pressionados, câmbio de volta a R$ 5,32 na máxima e no fechamento (+2,89%, a R$ 5,3261), enquanto o Ibovespa, na mínima intradia desde 25 de março, foi hoje a 113.172,02 pontos, em queda de cerca de 4% no pior momento desta quarta-feira. Saindo de abertura a 117.866,14, correspondente à máxima da sessão, do pico ao piso do dia, a 113.172,02, a variação foi de 4.694,12 pontos nesta volta do feriado. Mesmo com ganhos da ordem de 1,4% no Brent, Petrobras PN e ON acentuaram as perdas ao longo da tarde, para a casa dos 5%, com outros segmentos blue chip permanecendo também entre os mais punidos do dia, pela elevada liquidez dos papéis, como as ações de grandes bancos, em queda de até 6,35% (Bradesco ON) no fechamento, com giro financeiro a R$ 40,1 bilhões na B3 nesta quarta-feira. Ao fim, em seu menor nível de fechamento desde 24 de março (112.064,19) e com sua maior queda diária, em porcentual, desde 8 de março (-3,98%), o índice da B3 mostrava baixa de 3,78%, aos 113.412,84 pontos, com os investidores especialmente atentos a dois discursos feitos nesta tarde: primeiro, o do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e depois, o do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. "Não vejo mais espaço para radicalismos e excessos", disse Lira que, como presidente da Câmara, é responsável por colocar em votação - ou não - a autorização a pedidos de impeachment do presidente, julgados posteriormente pelo Senado. Ele prometeu conversar com todos os Poderes e reafirmou que a Câmara segue trabalhando em cima das "pautas do Brasil". "O principal compromisso está marcado para 3 de outubro de 2022", concluiu Lira, referindo-se à data do primeiro turno da eleição presidencial, no ano que vem. Em discurso duro na abertura da sessão plenária, Fux dirigiu críticas contundentes à postura de Bolsonaro, afirmou que "ninguém fechará" a Corte e que a incitação à propagação de ódio contra o STF e ao descumprimento de decisões judiciais são práticas antidemocráticas, ilícitas e intoleráveis. "Estejamos atentos a esses falsos profetas do patriotismo, que ignoram que democracias verdadeiras não admitem que se coloque o povo contra o povo, ou o povo contra suas instituições", afirmou Fux no primeiro pronunciamento após as manifestações de 7 de setembro. Por sua vez, o presidente Bolsonaro buscou manter energizada sua base eleitoral mais fiel, que lhe assegurou "fotografia", conforme disse ontem, em Brasília e São Paulo, para levar adiante questionamentos às instituições, no que foi interpretado, inclusive pela imprensa estrangeira, como "prelúdio de golpe". O aceno da Paulista parece ter sido o mais próximo da promessa de campanha feita em 2018 pelo candidato Bolsonaro de que, uma vez eleito, iria "quebrar o sistema" - à época, aparentemente falando de corrupção e fisiologismo. Hoje, Bolsonaro afirmou que vai buscar uma solução para o "retrato" apresentado por manifestantes nos atos de ontem. "A gente vai buscar solução para o retrato. Não é fácil você mudar uma coisa que está décadas incrustada no poder. Alguns querem que eu faça assim e resolva", declarou a apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada. A resposta foi dada a uma simpatizante que perguntou se ele havia conseguido "a fotografia que queria das manifestações". "O Brasil está febril e a temperatura terá de ser tirada todo dia. Bolsonaro, mais agressivo, mantém os poderes tensionados - e a reação de Lira, no sentido de manter aberta a porta para diálogo entre os Poderes, é positiva. Brasília parece à beira do precipício, mas tende a vir a percepção de que o jogo atual é de 'perde, perde', com efeitos para a economia. O 7 de setembro não foi o desfecho, mas o início de algo que será concluído na eleição do ano que vem", diz Thomas Giuberti, sócio da Golden Investimentos, acrescentando que "à medida que o ambiente desanuviar, haverá um reequilíbrio", após a retração natural do interesse por ativos brasileiros no momento. "É muito difícil fazer um prognóstico. Se não houver escalada, se a retórica se acomodar, se o calor todo diminuir, é possível uma recuperação dos ativos. A liquidez está alta, tudo dependerá dos desdobramentos, o que já é difícil de se antecipar entre os investidores locais, imagine então pelos estrangeiros", diz Julio Erse, sócio responsável por investimentos e gestão da Constância Investimentos. Ele observa que, até maio, embora com mais volatilidade nos preços e depreciação cambial maior que a vista nos pares, o Brasil conseguia desempenho semelhante ao de outros emergentes, ao se comparar o EWZ a uma cesta de emergentes do MSCI. "Agora, estamos uns 20% atrás no ano e uns 15% em 12 meses", acrescenta. "Hoje, pela performance dos preços (dos ativos), os investidores ficaram mais preocupados, na margem. O acontecimento (de ontem) foi grande, mas não tão diferente de outras coisas que já ocorreram. Com retórica inflamada e crise institucional instalada, a tendência é que os investidores fiquem mais avessos, o que já se refletiu hoje, seja na Bolsa, seja no câmbio e na curva de juros, que ficou mais aberta", diz Erse. "O real foi o destaque negativo do dia entre os emergentes, com o dólar subindo ainda mais à tarde, após o ministro Fux, do STF, rebater as duras críticas feitas ontem pelo presidente Bolsonaro. A sensação de piora da crise institucional deve continuar aumentando a volatilidade e a aversão a risco aqui no Brasil - e, consequentemente, mais pressão sobre nossa moeda", diz Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest. "As paralisações de caminhoneiros em algumas estradas do Sul do País também chamam a atenção - eles reivindicam, aparentemente, questões associadas ao discurso de ontem do presidente. Se isso se confirmar, é preciso ver que impacto esses movimentos terão, caso cresçam. Duas questões surpreenderam ontem: o tamanho das manifestações e o próprio tom de confronto do presidente. O mercado já vinha precificando há algum tempo piora na relação entre Poderes, uma crise institucional, mas foi surpreendido pelo tom do presidente, mais duro do que se esperava", diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group. Na B3, ações blue chip de maior liquidez, consideradas as portas de entrada (e saída) dos estrangeiros, estiveram entre as mais penalizadas ao longo de todo o dia, neste pós-Independência, como Petrobras (PN -5,63%, ON -5,55%), apesar do desempenho positivo do petróleo, e as de bancos (Bradesco ON -6,35%, Bradesco PN -5,76%). Apenas cinco ações do Ibovespa conseguiram sustentar alta, com destaque para Localiza (+8,03%) e Locamerica (Unidas), em alta de 7,23%, após relatório do Cade sobre fusão entre as empresas - Suzano completou o pódio, em alta de 1,81%. No lado oposto, Meliuz (-11,36%), Via Varejo (-9,35%) e Eletrobras ON (-9,29%). (Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:32 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 113412.84 -3.7803 Máxima 117866.14 -0.00 Mínima 113172.02 -3.98 Volume (R$ Bilhões) 4.00B Volume (US$ Bilhões) 7.63B 17:33 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 113965 -3.71325 Máxima 117965 -0.33 Mínima 113570 -4.05 CÂMBIO O aumento das tensões político-institucionais, após ataques do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal ontem, em manifestações durante a celebração do Dia da Independência, aumentaram a percepção de risco e castigaram os ativos domésticos nesta quarta-feira (8). Já fragilizado pelo ambiente avesso ao risco e ainda absorvendo a alta global do dólar ontem (quando o pregão estava fechado por aqui), o real apresentou, de longe, o pior desempenho entre divisas emergentes, em um claro reflexo de aumento dos prêmios de risco por causa das incertezas locais. Em alta desde o início dos negócios, o dólar chegou a tocar em R$ 5,30 já no fim da manhã. Mas o movimento mais agudo de depreciação do real veio ao longo da tarde, quando a moeda americana renovou sucessivas máximas e, já na reta final, rompeu o nível de R$ 5,32. Com oscilação de cerca de 12 centavos entre o ponto mais baixo e o mais alto, o dólar à vista fechou em alta de 2,89%, a R$ 5,3261 (máxima do dia) - o maior valor desde 23 de agosto (R$ 5,3820) e a maior variação porcentual de fechamento desde 30 de julho (R$ 2,57%). A piora adicional da alta do dólar no fim do dia se deu em meio a uma onda de zeragem de posições e demanda por proteção, na esteira do discurso duro do presidente do STF, ministro Luiz Fux, que avivaram a possibilidade de impeachment do presidente da República. Ontem, Bolsonaro disse que Fux teria que "enquadrar" o ministro Alexandre de Moraes, responsável, pelo inquérito das fake news, que atinge aliados do presidente. Bolsonaro também disse que não via mais cumprir decisões proferidas por Moraes. Em pronunciamento no plenário do STF, Fux alertou para "falsos profetas do patriotismo" e afirmou que o "desprezo as decisões judiciais" configura crime de responsabilidade - que cabe ser analisado pelo Congresso Nacional. Mais cedo, o presidente da Câmara, Arthur Lira, rejeitou implicitamente o impeachment contra Bolsonaro ao dizer que "o principal compromisso" do País está marcado para outubro de 2022, quando ocorre o primeiro turno do pleito presidencial. Em clima conciliador, Lira disse que a Câmara se apresenta "como um motor da pacificação" e sinalizou com a continuidade da votação das reformas. Já no Senado, casa mais refratária a Bolsonaro, o presidente Rodrigo Pacheco (DEM-MG) suspendeu as atividades até o fim de semana. Nas mesas de operação, a avaliação é que a postura belicosa do presidente aumenta a deterioração das expectativas econômicas para 2022, já marcadas por piora nas projeções de crescimento e inflação. Isso para não falar sobre as dificuldades na costura de um acordo para o imbróglio dos precatórios, condição essencial para enquadrar o almejado reajuste do Bolsa Família, rebatizado de Auxílio Brasil, no teto de gastos. Protestos de caminhoneiros favoráveis ao Bolsonaro ao longo de hoje, com bloqueios de estradas em diversos Estados, e manifestação em Brasília também contribuíram para agravar o quadro de incertezas. "O cenário econômico é bem desafiador, com o problema de inflação alta e crescimento menor pela frente. O aumento do desentendimento entre os Poderes diminui a governabilidade e tira qualquer perspectiva de avanços que pudesse ajudar o País", afirma Sergio Zanini, sócio e gestor da Galapagos Capital, acrescentando que se não fosse o atual ciclo de aperto monetário o real teria se depreciado bem mais. "O problema é que a única resposta dos 'policy makers', que é o aumento dos juros, tem o seu custo para a atividade econômica", acrescenta Zanini, que vê a taxa Selic entre 7% e 8,5%, a depender dos desdobramentos da crise hídrica. Segundo Zanini, o efeito do fluxo cambial positivo tem sido mais do que "neutralizado" pelas demanda por dólares dos fundos de investimento local nas últimas semanas. Depois de perdas relevantes com a aposta em apreciação da moeda brasileira lá atrás, gestores buscam proteção para suas carteiras no mercado futuro de dólar. Dados do Banco Central divulgados hoje mostram que o fluxo cambial foi positivo em US$ 3,709 bilhões em agosto, com entrada líquida de US$ 2,577 bilhões pelo canal financeiro e US$ 1,132 bilhão via comércio exterior. Entre 30 de agosto e 3 de setembro, o fluxo é positivo em US$ 1,107 bilhão, graças, sobretudo, a entrada líquida de US$ 915 milhões pelo canal comercial. Na B3, o dólar futuro para outubro avançava 2,86%, a R$ 5,3350, com giro forte, na casa de US$ 16 bilhões. (Antonio Perez - [email protected]) 17:33 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.32610 2.886 5.32610 5.19680 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL 5331.500 2.78581 5352.000 5212.500 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5352.000 2.62674 5352.000 5322.000 JUROS Os juros dispararam nesta quarta-feira, com a ponta longa, mais sensível ao risco político abrindo mais de 25 pontos-base, com os desdobramentos do feriado de 7 de Setembro, em especial a partir dos discursos do presidente Jair Bolsonaro que ontem subiu o tom contra o Supremo Tribunal Federal (STF). As taxas fecharam a sessão regular nas máximas, refletindo a escalada da tensão institucional depois que o presidente do STF, Luiz Fux, em réplica a Bolsonaro, hoje lembrou que o desprezo às decisões judiciais por um chefe de Poder configura crime de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso Nacional. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou a sessão regular nos dois dígitos, o que já ocorria com os vencimentos a partir de 2027. Encerrou a 10,06%, de 9,806% no ajuste de segunda-feira. A taxa do DI para janeiro de 2022 encerrou em 6,96%, de 6,897% no último ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 8,646% para 8,785%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,54%, de 10,274%. O estresse em Brasília turbinou o volume de contratos e provocou forte ganho de inclinação na curva. O spread entre os DIs para janeiro de 2023 e janeiro de 2027 fechou em 175 pontos-base, maior nível desde 31/5/2021 (179 pontos), de 163,5 pontos na segunda-feira. "Os investidores, os fundos, estão zerando tudo o que já deu lucro este ano para passarem um pouco mais leves os próximos meses", disse um economista. O dia já começou tenso com a expectativa pela resposta de Fux aos ataques do presidente, que viria às 14h. À sinalização de Bolsonaro de que não mais vai acatar decisões do ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de "canalha", Fux fez questão de citar a possibilidade de crime de responsabilidade. Também não passaram despercebidos no discurso do ministro os elogios à postura das forças de segurança, Forças Armadas, governadores e demais agentes de segurança ontem nas manifestações. Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), evitou o confronto e, em pronunciamento no começo da tarde, defendeu o diálogo entre os Poderes. No raciocínio do mercado, na medida em que os protestos foram pacíficos e nem Lira nem a Procuradoria-Geral da República (PGR) dão sinais de enfrentamento a Bolsonaro, a possibilidade de ruptura institucional ainda está na antessala. A despeito da decisão de vários partidos de avaliar a possibilidade de pedido de impeachment do presidente, esse ainda não é o cenário-base do mercado, que sofre pelo viés da agenda econômica. Na medida em que a crise política mobiliza as atenções, a votação das reformas vai sendo postergada e pode ficar inviabilizada no curto prazo com a proximidade o processo eleitoral. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidiu cancelar todas as reuniões do plenário e de comissões marcadas para esta semana. Num efeito cascata, o adiamento das reformas compromete o ajuste fiscal e o crescimento do País e, com o câmbio agora jogando contra, a política monetária tende a ficar cada vez mais demandada para estancar a escalada inflacionária, que tem a crise hídrica como grande motor. Não por acaso, o mercado voltou hoje a elevar a aposta em aceleração do aperto da Selic para 1,25 ponto porcentual no Copom de setembro, com as chances de a Selic ir a dois dígitos entrando no radar. Desse modo, há expectativa em torno do que tem a dizer o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que participa no fim da tarde de evento do Credit Suisse. "A agenda econômica foi para vinagre e PIB marginal em 2022 pode ser zero ou negativo", disse o ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências, Gustavo Loyola. Segundo ele, o BC pode ter de dar dose maior do "remédio", mas vê a Selic a dois dígitos ainda como pouco provável. "Se o Presidente desafia Supremo, imagina o BC... Esse é o cálculo que os agentes fazem", afirmou. Outro fator que merece a atenção é a movimentação de caminhoneiros, que fazem protestos pontuais em rodovias nesta quarta-feira em apoio à pauta de Bolsonaro contra o Judiciário. O receio do mercado só não é maior porque não há consenso dentro da categoria e as mobilizações partem mais dos profissionais autônomos, sem apoio de entidades. Amanhã, o dia já começa com o IPCA de agosto, que deve desacelerar a 0,70% segundo a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de 0,96% em julho. O alívio deve vir especialmente de preços administrados e de serviços. O leilão de prefixados é outro evento com potencial de mexer com os preços. Resta aguardar sobre o quanto a crise política, que já tem dificultado as emissões recentes, pode afetar o apetite dos investidores. (Denise Abarca - [email protected]) 17:33 Operação   Último CDB Prefixado dias (%a.a) 5.73 Capital de Giro (%a.a) 6.76 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 5.15 Over Selic (%a.a) 5.15 MERCADOS INTERNACIONAIS O Livro Bege do Federal Reserve (Fed) apontou nesta tarde que a variante delta do coronavírus e a falta de suprimentos e mão de obra estão desacelerando a recuperação da atividade econômica nos Estados Unidos e, ainda que o mercado de trabalho tenha apresentado progressos, o presidente da distrital de Nova York do Fed, John Williams, destacou em seu discurso hoje que há um "longo caminho" até o máximo emprego. Com os mercados no exterior demonstrando cautela, as bolsas tanto em Nova York quanto na Europa fecharam no vermelho, os juros longos dos Treasuries recuaram e o dólar subiu. Ainda operando sob os efeitos do furacão Ida, o petróleo subiu, mas projeções do Departamento de Energia dos EUA apontam para redução de preços nos próximos meses. Em relatório após o Livro Bege, a Oxford Economics apontou que empresas continuam relatando uma forte demanda por trabalhadores, mas com dificuldade de contratação, levando a oferecerem salários "significativamente mais altos". Além disso, os preços dos insumos aumentaram rapidamente em toda a linha, avalia. "Isso, junto com fortes ganhos salariais, pode levar a uma inflação 'mais rígida' do que o Fed antecipa", conclui a consultoria. Sobre as preocupações com mão de obra, a Capital Economics considera que há "pouca evidência" de que o retorno às aulas presenciais ou o fim de benefícios pagos nos EUA diante da pandemia devem fazer muito para aliviar carências de pessoal. Em relatório, a consultoria diz que a contínua alta nas aberturas de vagas e o número elevado de pedidos de demissão em julho sugerem que a carência se intensifica, o que deve pressionar mais os salários. Para ela, a variante delta também parece ter um papel importante para explicar a falta de pessoal. Para a BMO Capital Markets, caso o Fed permaneça comprometido com a narrativa de pleno emprego, a pressão salarial observada em agosto deve se traduzir em uma curva de juros mais íngreme, pois representa um impulso reflacionário que a autoridade deixará passar sem solução. O discurso de Williams hoje, avalia a BMO, é um lembrete de que um anuncio de "tapering" em setembro não está na agenda do Fed. Neste quadro, os juros longos recuaram e o leilão de US$ 38 bilhões em T-notes de 10 anos durante a tarde com retorno abaixo da média teve impacto limitado. No fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos subia a 0,220%, o da T-note de 10 anos recuava a 1,343% e o do T-bond de 30 anos tinha queda a 1,954%. As ações de bancos como Bank of America (-1,31%) e Goldman Sachs (-1,30%) tiveram recuos importantes em Nova York. Ao lado de big techs como Facebook (-1,21%) e Apple (-1,01%), os papéis pressionaram os índices em Nova York, com Dow Jones caindo 0,20%, S&P 500 recuando 0,13% e o Nasdaq fechando em baixa de 0,57%. Na Europa, o mercado acionário também foi penalizado com a aversão ao risco, e o DAX caiu 1,47% em Frankfurt, enquanto o FTSE 100 recuou 0,75%, em Londres. Com a cautela, o dólar avançou ante a maioria dos rivais, e o índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante seis pares, subiu 0,15%, enquanto no fim da tarde o euro tinha queda a US$ 1,1821 e a libra, a US$ 1,3738. No caso do euro, a moeda comum aguarda com expectativa a decisão amanhã do Banco Central Europeu (BCE). Segundo analistas consultados pelo Broadcast (ver reportagem publicada às 08h55), o BCE pode dar os passos iniciais em direção à redução do volume do Programa de Compras Emergenciais da Pandemia (PEPP, na sigla em inglês). Com o Japão avaliando renovar o estado de emergência em Tóquio em virtude da covid-19, o dólar ficou perto da estabilidade, e recuava a 110,26 ienes. Apesar da pressão do câmbio, os preços do petróleo continuam a encontrar apoio nos problemas de produção no Golfo do México, observa o Commerzbank. Quase 80% da produção de hidrocarbonetos na região segue paralisada, quase dez dias após o furacão Ida ter atingido a Louisiana. Por sua vez, hoje, o DoE projetou que o barril ficará abaixo de US$ 70 ao menos até o fim de 2022. A expectativa é de que o WTI fique em média a US$ 65,29 e o de Brent, a US$ 68,61, em 2021. Nesta sessão, o WTI para outubro fechou em alta de 1,39% (US$ 0,95), a US$ 69,30, e o Brent para novembro subiu 1,27% (US$ 0,91), a US$ 72,60 o barril. (Matheus Andrade - [email protected])
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