FALAS DE LULA SOBRE FISCAL E PIORA EXTERNA LEVAM A PERDAS FORTES EM ATIVOS LOCAIS

O mercado local já vinha ruim como reflexo da piora do sentimento no exterior no começo da tarde, mas o humor azedou de vez com a divulgação das falas da conversa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve com jornalistas no fim da manhã. Na leitura do mercado, o chefe do Executivo mostrou pouca disposição para cumprir a meta de zerar o déficit primário em 2024, definida no texto do arcabouço fiscal e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Eu sei da disposição do Haddad, sei das vontades do Haddad, sei da minha disposição, e quero dizer para vocês que nós dificilmente chegaremos à meta zero, até porque eu não quero fazer cortes em investimentos e obras. Se o Brasil tiver o déficit de 0,5% o que é? 0,25% o que é? Nada”, afirmou o presidente. Com o investidor vendo Haddad e o arcabouço fragilizados, a saída foi a venda de ativos domésticos. Isso refletiu-se na forte alta dos juros futuros. No câmbio, o dólar trabalha em queda desde cedo e andou até o nível de R$ 5 novamente. Ao fim, a moeda americana à vista estava cotada a R$ 5,0131 (+0,46%). O Ibovespa chegou a perder pontualmente o nível dos 113 mil pontos, mas a alta de 3,48% da Vale ajudou a manter a marca. Ao fim, o índice tinha 113.301,35 pontos (-1,29%). No exterior, a cautela se impôs após o Exército de Israel afirmar que suas forças terrestres expandem atuação na Faixa de Gaza, aumentando temores sobre a incursão por terra e suas consequências. O petróleo saltou quase 3% e, a despeito da pressão inflacionária à frente, o juro da T-note de 10 anos baixou a 4,829%, num reflexo de demanda por papéis seguros. Nas bolsas, o Dow Jones caiu 1,12% e o S&P 500, 0,48%. O Nasdaq desacelerou fortemente, para fechar com ganho de 0,38%.

•JUROS

•CÂMBIO

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

JUROS

O mercado de juros vinha bem pela manhã, com taxas oscilando entre a estabilidade e leve queda, mas no meio da tarde declarações do presidente Lula e uma piora na percepção de risco sobre a guerra Israel e Hamas colocaram as taxas em alta. O chefe do Executivo mostrou pouca disposição para cumprir a meta de zerar o déficit primário em 2024, definida no texto do arcabouço fiscal, relativizando ainda o impacto negativo de um déficit entre 0,50% e 0,25% do PIB. Lá fora, o temor de uma escalada no conflito em Gaza, com ameaças do Irã, pressionou os preços do petróleo e enfraqueceu as bolsas, numa aparente busca por segurança nos Treasuries. Mesmo com a alta de hoje, as taxas ainda conseguiram acumular queda na semana, com desinclinação para a curva.

Às 17h23, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,99%, de 10,791% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 subia de 10,57% para 10,81%. A do DI para janeiro de 2027, que nas máximas voltou a rodar na casa de 11%, era de 10,97% (10,72% ontem) e a do DI para janeiro de 2029 avançava a 11,38%, de 11,17%.

Na semana, as taxas curtas subiam perto de 10 pontos, as intermediárias e as longas, cerca de 25 pontos. O spread entre os contratos para janeiro de 2025 e janeiro de 2029, que na última sexta-feira era de 54 pontos, estava em 39 pontos.

O estresse à tarde não conseguiu reverter a queda das taxas na semana, mas o diferencial entre os DIs janeiro 2025 e janeiro 2029 pela manhã era bem menor, de 29 pontos, antes da piora provocada pela divulgação da fala de Lula. Em café com jornalistas pela manhã, ele disse que dificilmente o Brasil atingirá o déficit zero em 2024 e que um rombo de 0,5% ou 0,25% não é “nada”. “Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo um corte de bilhões nas obras que são prioritárias nesse País”, disse.

Afirmou ainda que o mercado é “ganancioso demais” ao cobrar a meta que “eles acreditam” que vai ser cumprida. “Quero dizer para vocês que nós dificilmente chegaremos à meta zero, até porque eu não quero fazer cortes em investimentos e obras”, afirmou.

A fala caiu como uma bomba nos mercados. Ainda que as projeções dos analistas, inclusive no Boletim Focus, não apontem para o cumprimento da meta, a avaliação dos agentes é de que uma vez isso dito pelo presidente tem um peso muito maior e negativo para a imagem e credibilidade do País. “Lula não falou nada de novo, mas quando se abandona o objetivo muito cedo, os agentes ficam desconfiados, numa semana que vinha sendo muito positiva para as aspirações da Fazenda”, afirmou Daniel Leal, estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, referindo-se sobretudo à aprovação do projeto de lei da taxação dos fundos de alta renda na Câmara.

Para Leal, desde que as declarações não sejam oficializadas ou endossadas por mais gente dentro do governo, a tendência é de que os mercados “voltem um pouco” após a reação inicial fortemente negativa. “Lula tem disso. Faz um ‘bate e assopra’, eventualmente reconsidera e vai testando. Acredito que tanto um sell-off ou um rali nos próximos dias devem partir mesmo de eventos no exterior”, disse, alertando para o fato de que na segunda-feira o Tesouro dos Estados Unidos vai divulgar seu relatório trimestral sobre emissões de títulos para o próximo trimestre.

Até o momento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não se manifestou sobre as palavras de Lula. O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, Danilo Forte (União Brasil-CE), afirmou que as declarações são “brochantes” para a pauta econômica e causam constrangimento ao ministro.

O estrategista-chefe da RB Investimentos Gustavo Cruz, lembra ainda que pela manhã o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, havia sinalizado possibilidade de cumprimento da meta. “Horas depois, vem o presidente e fala o contrário”, observou.

Ceron disse que o cenário era desafiador para 2024 e, questionado sobre se o alerta significaria que o governo já cogita alterar a meta, negou qualquer sinalização nesse sentido. “Continuaremos buscamos o déficit zero em 2024, mas podemos ter fatores extraordinários. A análise mais macro de 2024 está em curso, mas nada muda na busca por déficit zero”, disse.

Ceron fez os comentários em entrevista sobre o números do Governo Central em setembro, que surpreenderam positivamente, o que ajudava a aliviar a ponta longa pela manhã. Após quatro meses no vermelho, as contas voltaram a registrar superávit primário, de R$ 11,548 bilhões. O resultado ficou acima da mediana das expectativas, de saldo positivo de R$ 10,505 bilhões, de acordo com levantamento do Projeções Broadcast.

Outro efeito da fala de Lula foi a piora na precificação da curva a termo para o ciclo da Selic, que vinha tendo algum alívio com o avanço da pauta econômica no Congresso e a leitura positiva do IPCA-15. Segundo Daniel Leal, a projeção de taxa terminal voltou a rodar entre 10,50% e 10,75% e para o fim de 2023 retornou aos 11,75%. Para o Copom da próxima semana, está consolidada a aposta de corte de 50 pontos-base, mas para a reunião de dezembro a curva embute alguma probabilidade de desaceleração do ritmo para 25 pontos.

CÂMBIO

O risco fiscal voltou a dar as cartas no mercado de câmbio doméstico na tarde desta sexta-feira, 27, e levou o dólar à vista a ultrapassar novamente a marca de R$ 5,00. Falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitindo a possibilidade de déficit primário em 2024, na contramão do previsto pelo arcabouço fiscal e defendido reiteradamente pela equipe econômica, levaram a uma deterioração dos ativos domésticos.

Em queda firme pela manhã e no início da tarde, em sintonia com as perdas da moeda americana na comparação a divisas emergentes, o dólar ganhou força rapidamente e não apenas trocou se sinal como correu até a máxima a R$ 5,0191 na segunda etapa de negócios. Pela manhã, a divisa havia registrado mínima a R$ 4,9317 e, por volta das 14h, rondava os R$ 4,97.

É verdade que houve uma deterioração do apetite ao risco no exterior à tarde, com piora das Bolsas em Nova York e avanço do petróleo, mas o dólar seguiu com sinal predominante de queda no exterior, em especial em relação aos pares latino-americanos do real e o rand sul-africano. Apesar do agravamento das tensões no Oriente Médio, o mercado de moedas ainda ecoava a perspectiva de que o Fed mantenha a taxa de juros inalterada na semana que vem, após dados mistos de inflação e renda pessoal nos EUA divulgados pela manhã.

Por aqui, o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,46%, cotado a R$ 5,0131. Na semana, a moeda ainda acumula baixa de 0,36%. Levando em conta que a divisa chegou a superar R$ 5,05 na semana passada, o valor de fechamento de hoje significa uma mudança relevante do nível da taxa de câmbio. Operadores observam, contudo, que a arrancada da moeda à tarde foi súbita e expressiva.

“Vi um grade volume de importadores à tarde aproveitando a baixa da moeda mais cedo. Mas foram as declarações de Lula que acabaram tirando o ânimo do mercado, que tinha comemorado pela manhã a divulgação do superávit das contas públicas em setembro. Lula desautorizou Haddad”, afirma o analista Elson Gusmão, da corretora Ourominas, em referência ao superávit primário de R$ 11,548 bilhões do Governo Central no mês passado.

Em encontro com jornalistas, Lula disse que, embora saiba “das vontades de Haddad”, dificilmente o governo chegará “à meta de zero”. Lula indagou: “Se o Brasil tiver o déficit de 0,5% ou 0,25%, o que é?”. E respondeu: “Nada”. O presidente ainda disse que “muitas vezes o mercado é ganancioso demais” ao cobrar cumprimento de metas. “Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo um corte de bilhões nas obras que são prioritárias nesse País”, disse.

Analistas já viam o objetivo de zerar o déficit primário em relação ao PIB em 2024 com cerca descrença, mas ressaltavam que os esforços do ministro da Fazenda para tapar o rombo, apesar do chamado “fogo amigo” da ala política do governo, davam credibilidade ao arcabouço fiscal. Diversos economistas ouvidos por repórteres do Broadcast ao longo da tarde viram a fala de Lula com um sinal de enfraquecimento de Haddad e disposição para ampliar os gastos.

Para sócio-fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, as declarações do presidente equivalem a “dizer que a regra fiscal não vale nada” e revelam “um tremendo desprestígio ao trabalho” do ministro da Fazenda, que busca, ao lado do Congresso, ampliar as receitas e defende “a meta zero como um mecanismo de convergência entre as políticas monetária e fiscal”. Pela manhã, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, havia negado que o governo cogitasse mudar a meta fiscal. “A análise mais macro de 2024 está em curso, mas nada muda na busca por déficit zero”, disse.

O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, Danilo Forte (União Brasil-CE), engrossou o coro dos economistas e disse que as falas de Lula sobre a meta fiscal causam constrangimento ao ministro da Fazenda.

O CEO da corretora de câmbio Transferbank, Luiz Felipe Bazzo, ressalta que pela manhã o real ganhava terreno em relação ao dólar, impulsionado tanto pelo superávit primário Governo Central como pela leitura em linha com o esperado do núcleo do índice de preços ao consumidor (PCE, na sigla em inglês) nos EUA, que reforçou a aposta de manutenção da taxa básica americana em novembro. “Já no período da tarde passou a subir após publicação de comentários do presidente Lula de que a meta fiscal para 2024 não precisa ser cumprida”, afirma Bazzo.(Antonio Perez – [email protected])

17:39

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.01310 0.4589 5.01910 4.93170

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5017.500 0.52089 5021.000 4932.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5035.500 0.53908 5038.500 4953.000

BOLSA

A fala desconfiada do presidente Lula sobre a meta de déficit zero para as contas públicas em 2024 sobressaltou o mercado à tarde, invertendo o sinal do dólar e dos DIs futuros na sessão, carregando consigo o Ibovespa que, até então, operava entre leves avanços e recuos nesta sexta-feira. Ao fim, o índice da B3 mostrava queda de 1,29%, aos 113.301,35 pontos, renovando mínimas do meio para o fim da tarde, o que limitou a alta da semana a 0,13%, após perda de 2,25% acumulada na anterior.

No piso da sessão, o Ibovespa cedia hoje 1,59%, aos 112.953,38 pontos. No mês, o índice da B3 cai 2,80%, limitando o avanço do ano a 3,25%. O giro financeiro desta sexta-feira foi a R$ 23,0 bilhões. A queda do Ibovespa sucedeu alta de 1,73% na sessão anterior, que o havia devolvido aos 114,7 mil pontos.

Em encontro nesta sexta-feira com a imprensa em Brasília, Lula, que completou hoje 78 anos, afirmou que o mercado é “ganancioso” por cobrar meta de resultado primário do governo, a qual, segundo ele, não será cumprida por não fazer “sentido”. A declaração – no mesmo dia em que o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, havia reiterado, de manhã, compromisso da equipe econômica com o cumprimento da meta – agitou a última sessão da semana, até então modorrenta.

Aos jornalistas, Lula disse que eventual déficit primário de 0,25% ou 0,5% do PIB seria algo como “nada”, e que o saldo do próximo ano “não precisa ser zero”. Ele também indicou que não gostaria de iniciar o próximo ano cortando bilhões em obras “prioritárias” para o Brasil. O sinal de Lula vem na semana em que precisou trocar o comando da Caixa Econômica Federal para abrir mais espaço ao Centrão na base de apoio ao governo – em paralelo, a agenda econômica deu passos à frente na semana, na Câmara como no Senado.

As palavras de Lula nesta sexta-feira foram vistas pelo mercado, majoritariamente, como um sinal contrário aos esforços empreendidos pela equipe comandada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “É um tremendo desprestígio ao trabalho que o ministro está fazendo, buscando junto ao Congresso trabalhar o lado da receita e defendendo a meta zero como mecanismo de convergência entre as políticas fiscal e monetária”, avalia o ex-secretário do Tesouro e sócio-fundador da Oriz Partners, Carlos Kawall, conforme relato do jornalista Cícero Cotrim, do Broadcast.

“A fala de hoje não é novidade para ninguém, apenas reforça o discurso de preservação dos investimentos públicos, em linha com as diretrizes do atual governo”, contrapõe o economista-chefe da Warren Rena e ex-secretário da Fazenda de São Paulo, Felipe Salto, em nota.

“As palavras do presidente deveriam ser na mesma direção, em apoio ao que o ministro Haddad tem buscado fazer. Haddad tem ajudado inclusive na interlocução com o Congresso. Nesta semana, houve avanços na pauta econômica, na Câmara e no Senado. E o que transparece, na fala do presidente, é a linha conhecida do PT, que se sabe de que forma trabalha [com relação a gastos públicos]”, diz Cesar Mikail, gestor de renda variável da Western Asset.

Ele observa que o ruído doméstico emerge em momento de forte volatilidade nos juros longos dos Estados Unidos, especialmente no vencimento de 10 anos, prazo no qual, nesta semana, as taxas tocaram a marca de 5% – o que espelha não apenas as dúvidas quanto ao espaço adicional para ajuste restritivo da política monetária nos EUA, como também algum incômodo do mercado com relação ao viés, ainda expansionista, da política fiscal por lá.

“Além do que reflete a incerteza sobre até onde irá a alta de juros nos Estados Unidos, parte das empresas americanas, como visto nesta semana em números da Alphabet, do Morgan Stanley e do Goldman Sachs, apresentaram resultados trimestrais mais fracos, o que contribuiu também para que o S&P 500 perdesse o nível de 4,2 mil pontos. Há percepção de que uma demanda mais fraca dos consumidores, nesse ambiente de juros altos, esteja começando a bater nas empresas”, acrescenta o gestor, observando também que os juros das hipotecas estão em níveis não vistos desde 2000.

Outro fator de dúvida que tem se imposto desde o ataque do Hamas a Israel no último dia 7 é o efeito que o conflito, ainda sem desfecho previsível, trará aos preços do petróleo, uma das correntes de transmissão mais potentes quando se trata de inflação global.

A principal incerteza ainda diz respeito a eventual envolvimento mais próximo do Irã junto aos seus aliados Hamas, em Gaza, e Hezbollah, no sul do Líbano, não apenas pelo papel do país persa na produção e exportação da commodity, como também pelo controle estratégico do Estreito de Ormuz, por onde passam cerca de 20% a 30% da oferta global de petróleo. A parte mais estreita da passagem marítima fica inteiramente em águas territoriais do Irã ou de Omã – o correspondente a 12 milhas náuticas em relação ao litoral de um país ou de outro, pelo direito internacional.

Nesse contexto, em que o escrutínio dos resultados corporativos se combina ao acompanhamento de cenário macro volátil, especialmente no exterior, as ações de Petrobras (ON -0,72%, PN -0,73%) voltaram a se descolar hoje do sinal do petróleo, em alta na casa de 2% para o Brent e o WTI na sessão, em semana na qual o mercado ponderou mudanças propostas ao Estatuto da empresa, consideradas com desconfiança pelo efeito que podem trazer à governança da estatal. Assim, na semana, Petrobras ON e PN cederam, respectivamente, 5,71% e 6,37% – acima de perdas na casa de 2% a 3% para o petróleo no mesmo intervalo.

Mirando a perspectiva para a mineradora no quarto trimestre, em meio a alguns sinais mais favoráveis sobre a demanda asiática, a ação da Vale fechou hoje em alta de 3,48%, no dia seguinte ao balanço do terceiro trimestre. O papel da mineradora foi um dos sete da carteira de 86 ações do Ibovespa que conseguiram fechar o dia em alta, ao lado de Usiminas (+4,18%) e Bradespar (+2,24%). Na ponta perdedora do índice de referência da B3, destaque nesta sexta-feira para Hypera (-8,25%), Soma (-6,89%) e Gol (-5,59%). Entre os grandes bancos, as perdas na sessão ficaram entre 1,03% (Bradesco PN) e 2,54% (Banco do Brasil ON).

Com tudo em conta, o mercado financeiro está mais otimista sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 57,14% acreditam que a semana será de ganhos para o Ibovespa; 28,57% esperam estabilidade; e 14,29%, queda. Na pesquisa anterior, estes porcentuais eram, respectivamente, de 42,86%, 14,29% e 42,86%. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 113301.35 -1.28555

Máxima 115341.65 +0.49

Mínima 112953.38 -1.59

Volume (R$ Bilhões) 2.30B

Volume (US$ Bilhões) 4.65B

17:39

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 114805 -1.63646

Máxima 116855 +0.12

Mínima 114340 -2.03

MERCADOS INTERNACIONAIS

O petróleo ganhou fôlego e fechou em alta de quase 3%, após o Exército de Israel afirmar que suas forças terrestres expandem atuação na Faixa de Gaza, aumentando temores sobre a incursão por terra e suas consequências. A notícia colaborou para pressionar as bolsas em Nova York, que fecharam mistas, com o Nasdaq apoiado pela ação da Amazon. Por outro lado, a expectativa de manutenção dos juros pelo Federal Reserve na próxima semana, que seguiu consolidada após o índice de preços de gastos com consumo (PCE) de setembro dos EUA, pressionou o dólar ante divisas rivais, enquanto os rendimentos dos Treasuries ficaram sem direção única.

Após Israel anunciar que está avançando com suas tropas por Gaza, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, afirmou que grupos aliados ao país estão preparados para atacar se a guerra de Israel contra o Hamas continuar, o que aumentou as tensões sobre a probabilidade de uma expansão do conflito. Mais cedo, foi noticiado que autoridades da União Europeia estão planejando a diversificação das fontes de petróleo e a criação de uma reserva de óleo diesel.

Segundo a Capital Economics, o conflito segue impulsionando preços de commodities e deverá ser o “principal impulsionador dos preços das matérias-primas na próxima semana”. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para dezembro fechou em alta de 2,80% (US$ 2,33), a US$ 85,54 o barril; enquanto o Brent para janeiro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 2,47% (US$ 2,15), a US$ 89,20 o barril. Em relação à sexta-feira passada, o contrato mais líquido do WTI caiu 2,88% e o do Brent perdeu 3,21%.

Apesar da força do petróleo hoje, a Chevron caiu 6,72%, pressionada por balanço que decepcionou investidores, enquanto a Intel e a Amazon tinham o resultado inverso, avançando 9,29% e 6,83%, após resultados corporativos agradarem acionistas. “As receitas surpreendentemente otimistas da Amazon no terceiro trimestre destacam a força contínua do consumidor norte-americano. O impulso desta manhã reverteu o curso depois que o Nasdaq, de alta tecnologia, caiu mais de 4% nas duas sessões anteriores”, avalia o City Index, chamando atenção para o balanço da Apple, que será divulgado na semana que vem. Assim, o Dow Jones cedeu 1,12%, o S&P caiu 0,48% e o Nasdaq teve alta de 0,38%.

A perspectiva da manutenção de juros pelo Federal Reserve (Fed) na próxima semana, portanto, ficou em segundo plano para as bolsas de Nova York. Segundo a ferramenta do CME Group, as chances de que o Fed mantenha as taxas no nível entre 5,25% e 5,50% era de 97,6%, mesmo após o país anunciar que a inflação medida pelo PCE, a preferida entre os dirigente da autoridade monetária americana, aumentou mais que o esperado no mês passado.

Segundo avalia a Oxford Economics, ainda, os dados de gastos com consumo e renda pessoal confirmam a força do consumo dos EUA. “Isso claramente não é sustentável, e esperamos que o crescimento dos gastos desacelere fortemente nos próximos trimestres”. A Capital Economics também destaca que os ganhos mais fortes no consumo real e no núcleo do índice de preços PCE em setembro são uma “preocupação potencial” para os dirigente do Fed, “mas não serão suficientes para os convencer a retomar o aumento das taxas de juro na próxima semana, especialmente quando ainda existem boas razões para esperar que a inflação e o crescimento econômico real enfraquecerá nos próximos meses”.

Matheus Pizzani, economista da CM Capital, por sua vez, destaca que o fato de o mercado não ter interpretado uma nova possibilidade de aperto nos juros foi evidente pelo comportamento do índice DXY, “que recuou significativamente após a divulgação do indicador”. O índice DXY caiu 0,04%, aos 106,559 pontos. Ao fim da tarde, o dólar caia a 149,56 ienes, o euro avançava a US$ 1,0570 e a libra tinha baixa a US$ 1,2115.

Também entre ativos seguros, os rendimentos dos Treasuries ficaram sem direção única no fim da tarde. Na visão da BlueLine, o movimento de estabilização na semana talvez antecipe uma desaceleração no final do ano e mais uma pausa no ciclo de aperto monetário do Fed. A Oxford Economics, por sua vez, observa que os rendimentos terminaram a semana ligeiramente mais baixos, depois de encontrarem algum suporte técnico antes da reunião do Fed. “Os rendimentos caíram no início da semana em meio a uma pequena pressão depois que o juro da T-note de 10 anos encontrou suporte na área de 5%, o que não teve continuidade no meio da semana”, após pressões de dados mais fortes dos EUA. No fim da tarde de Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos caía a 5,016%, o da T-note cedia a 4,829% e o do T-bond de 30 anos subia a 5,015%.