EXTERIOR IMPÕE BAIXA NA SEMANA PARA DÓLAR ENQUANTO BOLSA RESISTE A GANHOS DE NY

A forte queda do dólar desde a segunda-feira no exterior reverberou na cotação da moeda americana ante o real, único ativo doméstico a acompanhar a tendência semanal dos pares internacionais. A visão que predominou lá fora é a de que a desinflação em curso nos Estados Unidos mostra surpresas e pode chancelar um ponto final no ciclo de aperto monetário do Federal Reserve no fim do mês. Ao mesmo tempo, a resiliência da economia e da inflação na Europa fortaleceu as moedas do continente, notadamente o euro e a libra. O resultado foi uma queda de 2,31% no DXY na semana e o índice perdendo a importante marca psicológica dos 100 pontos. Aqui no Brasil, ante a subida das commodities na semana, o dólar à vista desceu 1,46% ante a sexta-feira passada, movimento que perdeu um pouco a tração com a discreta alta de hoje (de 0,10%, aos R$ 4,7950). No olhar interno, a deflação de junho menor que a estimada trouxe alguma dúvida sobre a intensidade do corte de agosto da Selic, o que gerou um reequilíbrio nas apostas nos juros futuros e na Bolsa. Ao mesmo tempo, o investidor segue com dificuldade de medir o pulso da economia real, com dados contrastantes em serviços e varejo. De todo modo, os agentes relataram ao longo das últimas sessões ausência de fatos novos domésticos que ensejam um novo rali de taxas e ações, predominando portanto a realização de lucros. O Ibovespa caiu aos 117.710,54 pontos hoje, baixa diária de 1,30% e semanal de 1,00%. Em Nova York, ante resultados a perspectiva de condições financeiras menos apertadas à frente e na expectativa por resultados corporativos, o Dow Jones subiu 2,29% na semana, o S&P 500 ganhou 2,42% e o Nasdaq teve elevação de 3,32%. O DI para janeiro de 2025 chega ao fim da tarde acima dos 10,9% ao passo que a T-note de 2 anos projeta 4,729%.

•CÃMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•JUROS

CÃMBIO

O dólar à vista avançou 0,10% em relação ao real nesta sexta-feira, 14, a R$ 4,7950, interrompendo a sequência de três dias em queda até a última quinta-feira, 13, mas sem reverter as perdas na semana (-1,46%). Segundo operadores, o ingresso de fluxo estrangeiro manteve a alta da moeda contida, apesar de ganhos mais fortes do índice DXY (+0,22%) e de quedas próximas de 2% nos preços do petróleo.

Esses vetores opostos levaram a divisa americana a oscilar menos de quatro centavos ante a brasileira entre a mínima de R$ 4,7770 (-0,28%), registrada por volta das 10 horas, e a máxima de R$ 4,8148 (+0,51%) observada no início da tarde. No horário de fechamento do mercado à vista, o contrato de dólar futuro para agosto era cotado em R$ 4,8105, em queda de 0,01%, com giro financeiro próximo de US$ 13 bilhões.

“O dólar basicamente circulou entre leves altas e baixas, ora tentando acompanhar a valorização lá fora – onde teve ganhos em relação aos pares e a algumas divisas emergentes e ligadas a commodities -, e ora respondendo a um dia de média procura por risco no mercado internacional”, diz o diretor da Correparti Jefferson Rugik. “Existe também um fluxo, porque ele chegou a até R$ 4,81 e, nesses níveis, o exportador entra vendendo.”

A moeda americana sustentou alta em relação aos seus pares e a divisas emergentes e de exportadores de commodities – entre elas, o real – durante a maior parte da manhã e o início da tarde, amparada por dados preliminares de sentimento do consumidor dos Estados Unidos maiores do que o esperado em julho e pelo aumento das expectativas de inflação de um e cinco anos do país.

Combinados a declarações mais duras de dirigentes do Federal Reserve (Fed), esses fatores serviram para moderar a queda das expectativas para a trajetória dos juros americanos. Após dados mais fracos de inflação nos EUA, o mercado passou a considerar que o ciclo de aperto do Fed deve acabar após uma última alta de 25 pontos-base no próximo dia 26, o que levou a uma forte desvalorização global do dólar – o DXY caiu abaixo de 100 pontos pela primeira vez em 15 meses – e ao fortalecimento do real nos últimos dois dias.

Mas, por volta de 15 horas, um fluxo de venda de US$ 765 milhões – equivalente a pouco menos de 6% do giro total da sessão – empurrou o contrato futuro para agosto ao terreno negativo, em um movimento seguido minutos depois pelo dólar à vista. Esse movimento limitou as variações da moeda spot a uma banda estreita (-0,11% a +0,12%) pelo restante do pregão.

Para o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, a leve alta do dólar em relação ao real nesta sexta-feira reflete um movimento de realização dos lucros acumulados na semana e o ajuste das expectativas para os próximos passos da política monetária nos EUA. Isso, combinado à queda das commodities, criou um ambiente negativo para o real durante a sessão, afirma.

“Temos um fluxo mais de realizações, com as commodities voláteis e negativas no mercado externo, que também influencia o Brasil, e com declarações do Fed ajudando a quebrar um pouco a euforia do mercado”, diz o especialista, para quem a tendência é que o mercado se posicione na próxima semana em modo de espera pela decisão do Fed, o que pode adicionar volatilidade às moedas.

Em um dia de agenda esvaziada, Velloni afirma que o mercado agora se volta à incerteza em torno do futuro da reforma tributária, que pode sofrer modificações no Senado. Para Rugik, da Correparti, a pauta doméstica parou de fazer preço no mercado após o andamento da tributária e do arcabouço fiscal, mas a atenção dos investidores pode se voltar a esses temas após o recesso parlamentar. (Cícero Cotrim – [email protected])

17:41

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.79500 0.0981 4.81480 4.77700

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4809.000 -0.04157 4829.500 4790.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4834.000 -0.07276 4840.000 4834.000

MERCADOS INTERNACIONAIS

O impulso oferecido pelos balanços corporativos ao mercado acionário no exterior foi se dissipando no decorrer da tarde, diante do aumento nas expectativas de inflação nos EUA e das incertezas em torno dos efeitos do aperto monetário nas economias desenvolvidas. As bolsas de Nova York fecharam mistas, enquanto os juros dos Treasuries e o dólar voltaram a subir, após sucessivos pregões em queda. O movimento pressionou as commodities e levou o Brent a perder o suporte dos US$ 80 por barril.

Dados preliminares da Universidade Michigan em julho apontou para avanço das expectativas de inflação, o que, segundo o Jefferies, “sugere que as expectativas de inflação começam a se consolidar em níveis substancialmente superiores à meta declarada pelo Fed”. As ações de bancos, que vinham em alta na esteira de resultados trimestrais melhores que o esperado, apagaram os ganhos de mais cedo e tiraram fôlego das bolsas americanas.

O Citigroup diz que não “compartilha o otimismo do mercado de que a inflação retornará de forma sustentável à meta de 2% sem uma desaceleração mais ampla”, apesar de indicar que dados dos próximos meses poderão dar uma nova visão a essa perspectiva. “Ainda esperamos que a inflação do núcleo do PCE no final do ano seja igual ou superior à última previsão do Fed e, portanto, as taxas de juros ainda subam para a faixa entre 5,5% e 5,75%, mas agora vemos um segundo aumento da taxa como mais provável em novembro do que em setembro”.

Na próxima semana, banqueiros centrais e ministros das Finanças do G20 se reúnem na Índia. Alertando sobre desafios e riscos para a economia global, relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou para um período desafiador em meio a indicadores mistos sobre o crescimento econômico, enquanto sua diretora-gerente, Kristalina Georgieva, defendeu o curso de uma política monetária restritiva para o controle da inflação.

Também se direcionando ao G20, o Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) alertou sobre a os riscos a partir das mudanças do sistema financeiro. Já o Hub de Inovação do Banco de Compensações Internacionais (BISIH) entregou aos participantes estudos sobre moedas digitais, riscos e oportunidades para o sistema financeiro.

O pregão acabou negativo para Wells Fargo (-0,34%) e Citigroup (-4,05%), com JPMorgan Chase indo na contramão e fechando em alta de 0,60%. A fraqueza do setor, junto a preocupações sobre os próximos níveis de aperto, levaram a um fechamento misto das bolsas de Nova York, com o índice Dow Jones subindo 0,33%, o S&P 500 cedendo 0,10% e o Nasdaq em queda de 0,18%.

Os juros dos Treasuries e o dólar, por sua vez, se recuperavam dos últimos pregões em queda. Na visão da Convera, entretanto, as queda recente do dólar indicam “evidências concretas” de que o Fed está fazendo “progressos substanciais” na redução da inflação para sua meta de 2%. O DXY, que mede o dólar ante uma cesta de seis rivais fortes, fechou em queda de 0,14%, a 99,914 pontos, encerrando a semana abaixo dos 100 pontos e queda na variação semanal de 2,30% – o pior desempenho no período desde novembro do ano passado. No horário do fechamento de Nova York, a libra cedia a US$ 1,3099, o euro subia a US$ 1,1229 e o dólar subia a 138,88 ienes.

Os juros dos Treasuries, por sua vez, refletiam o avanço das perspectivas de mais aperto do Fed. Entretanto, plataforma do CME Group apontava que os juros do Fed devem finalizar o ano na faixa entre 5,25% e 5,50%, o que significaria apenas mais uma alta de 25 pontos-base acima do nível atual. Segundo a Oxford Economics, “se estivermos certos de que a inflação e o crescimento econômico mais fracos limitam o Fed a apenas mais um aumento, acreditamos que os rendimentos do Tesouro cairão”. Perto do fechamento das bolsas de Nova York, o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,729%, o da t-note de 10 anos avançava a 3,817% e o do T-bond de 30 anos aumentava a 3,923%.

O cenário de recuperação do dólar e preocupações pela orientação dos juros americanos pesou no petróleo, após três pregões positivos seguidos. Entretanto, perspectivas de analistas da Oanda e do TD Securities aponta para mais chances de ganhos nas próximas semanas, de olho nas interrupções de produção em campo da Líbia, no aumento das importações de petróleo da China e nos cortes de produção da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para agosto fechou em queda de 1,91% (US$ 1,47), a US$ 75,42 o barril, enquanto o Brent para setembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em baixa de 1,83% (US$ 1,49), a US$ 79,87 o barril. Na semana, entretanto, os contratos tiveram ganhos de 2,11% e 1,78%, respectivamente. (Natália Coelho – [email protected])

BOLSA

Com piora em Petrobras (ON -2,11%, PN -1,96%) e Vale (ON 0,00%), o Ibovespa acentuou a correção desta sexta-feira, do meio para o fim da tarde, colhendo perda de 1,00% na semana. Dessa forma, mais do que reverteu o leve avanço de 0,69% que havia acumulado no intervalo anterior. Em consolidação nas últimas três semanas, de ontem para hoje o Ibovespa basicamente devolveu o que havia visto um dia antes, dos 119 mil aos 117 mil, retornando ao nível do meio da semana, uns 200 pontos abaixo do patamar em que havia encerrado a segunda-feira, então aos 117,9 mil.

Passado o efeito da aprovação da reforma tributária na Câmara, o Ibovespa não conseguiu acompanhar, nesta semana, o sinal positivo de Nova York, após leituras benignas sobre a inflação ao consumidor e ao produtor em junho terem contribuído para reanimar a percepção de que o ciclo de elevação de juros nos Estados Unidos esteja perto de nova pausa, após a reunião do fim de julho. Assim, os ganhos em Nova York, na semana, ficaram entre 2,29% (Dow Jones) e 3,32% (Nasdaq), com o índice amplo (S&P 500) também no positivo, em alta de 2,42% no intervalo.

Hoje, os índices de NY perderam o sinal único na sessão perto do fim da tarde, com os investidores ponderando alertas de banqueiros de Wall Street quanto a sinais econômicos que sugerem a possibilidade de recessão mais à frente. Dessa forma, Dow Jones encerrou o dia em alta de 0,33%, mas S&P 500 e Nasdaq cederam, respectivamente, 0,10% e 0,18%.

“Ambas as economias [EUA e Brasil] dão sinais de uma desaceleração gradual da atividade, ao mesmo tempo em que o mercado de trabalho se mostra resiliente e oferece riscos para o processo de convergência da inflação, sobretudo para o componente de serviços”, aponta em nota a BlueLine Asset Management.

Aqui, o Ibovespa oscilou entre 117.525,54 e 119.328,65 nesta sexta-feira, em que fechou em baixa de 1,30%, aos 117.710,54 pontos. Como ontem, o giro financeiro se manteve moderado nesta última sessão da semana, a R$ 21,5 bilhões. No mês, o Ibovespa segue em baixa de 0,32% e, no ano, avança 7,27%.

“Entre as ‘large caps’ [ações de maior capitalização de mercado], Vale e Bradespar [+0,04% no fechamento] chegaram a segurar um pouco o Ibovespa [mas perderam força em direção ao fim do dia]. As ações ligadas ao ciclo doméstico foram muito afetadas hoje pelos dados do IBGE sobre as vendas do varejo em maio, que trouxeram um pouco de mau humor para o mercado”, diz João Piccioni, analista da Empiricus Research, acrescentando que tal ajuste tende a se mostrar pontual, possivelmente restrito ao pregão de hoje.

O índice de consumo (ICON), correlacionado à demanda interna, fechou o dia em baixa de 2,02%, enquanto o de materiais básicos (IMAT), exposto ao exterior, teve desempenho mais discreto na sessão, em baixa de 0,40% no fechamento.

Entre os maiores perdedores do dia na carteira Ibovespa, nomes do setor de construção, como Eztec (-4,59%), e do varejo, como Petz (-5,58%), atrás de BRF (-6,71%), Azul (-6,29%) e Gol (-5,88%). Destaque negativo também para Hapvida (-3,95%), Locaweb (-3,83%) e Vibra (-3,74%).

No lado oposto, poucas exceções positivas nesta sexta-feira, em que apenas quatro ações do Ibovespa conseguiram encerrar o dia em terreno positivo. Destaque absoluto para Méliuz (+13,26%), após relatório do BTG Pactual indicar potencial de 153% de valorização para o papel, considerando o nível de fechamento de ontem. Muito à distância, completaram a lista de altas da sessão: Suzano (+0,41%), Copel (+0,12%) e Bradespar (+0,04%).

“Com a agenda local mais esvaziada, os investidores reagiram ao recuo de 1% nas vendas do varejo em maio ante abril”, observa em nota Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank. “No cenário político, os investidores devem ficar atentos ao início das discussões sobre a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que deverá atingir um ponto de equilíbrio inferior a 25% no longo prazo.”

Apesar do tom menor visto nesta sexta-feira, o otimismo do mercado financeiro sobre o comportamento das ações no curtíssimo prazo deu um salto no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. A expectativa, entre os participantes, de que a próxima semana será de alta para o Ibovespa atingiu 66,67%, enquanto a de estabilidade tem fatia de 33,33%. Nenhuma das respostas indicou queda. Na última pesquisa, 50,00% diziam que o índice fecharia a atual semana com ganho; 16,67%, com perda; e 50,00% com variação neutra. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 117710.54 -1.30245

Máxima 119328.65 +0.05

Mínima 117525.54 -1.46

Volume (R$ Bilhões) 2.15B

Volume (US$ Bilhões) 4.48B

17:41

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 118995 -1.22437

Máxima 120965 +0.41

Mínima 118775 -1.41

JUROS

O mercado de juros deu sequência ao movimento dos últimos dias e fechou novamente com taxas em alta, pela terceira sessão seguida no caso dos vencimentos de longo prazo. O ajuste ainda é atribuído à continuidade da realização de lucros, num dia de pressão também para a curva dos Treasuries. A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) reforçando a fraqueza do varejo e o efeito da política monetária contracionista sobre a atividade não chegou a fazer preço. Na semana, todas as taxas subiram, com mais força a partir dos vértices intermediários, e a curva ganhou inclinação.

Às 17h16, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 estava em 12,855%, de 12,825% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025, em 10,91%, de 10,83%. O DI para janeiro de 2027 operava com taxa de 10,33%, de 10,19% ontem no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2029 avançava a 10,61%, de 10,50%.

Assim como ontem, esta sexta-feira foi marcada pela ausência de um condutor forte para os negócios, o que acabou por manter a disposição para uma correção, que vem se mostrando mais firme desde a recepção negativa do IPCA de junho na terça-feira. “A leitura de operadores é de que os prêmios na curva de juros parecem ter se esgotado, encontrando um piso no ponto dos 10%”, assinala a equipe da Levante Investimentos.

Em Wall Street, a melhora do sentimento do consumidor e o aumento da expectativa de inflação nos Estados Unidos na preliminar de julho, apurados pela Universidade de Michigan, pressionaram para cima os rendimentos dos títulos norte-americanos, fortalecendo a aposta de alta de juro na reunião do Federal Reserve de julho, mas, na opinião do gestor da Integral Investimentos Marcos Iório, o ajuste técnico foi o principal catalisador para os DIs hoje. “A curva vem fechando muito desde fevereiro, com as reformas andando e a melhora do cenário para a inflação, e agora o mercado realiza”, disse.

Ainda que não tenham tido papel decisivo a dinâmica do mercado, o noticiário em torno das reformas e da área fiscal é acompanhando de perto e também pode estar inspirando alguma cautela. Na reforma tributária, a pressão pelas exceções a determinados setores vem crescendo e tendem a enfraquecer a proposta de fomentar o crescimento e promover justiça tributária, se levadas adiante. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, lembrou que quanto mais exceções maior será a alíquota do imposto único.

“O ministro Fernando Haddad e o secretário extraordinário de reforma tributária, Bernard

Appy, estão sob intensa pressão dos senadores”, afirmam os economistas da Levante, explicando que os parlamentares querem saber qual é a alíquota global do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) estimada, antes e depois das exceções. “Sem essa informação, ameaçam formar um impasse na sua tramitação”, completam.

Por outro lado, a ideia do governo de promover desoneração tributária para linha branca por enquanto ainda não parece ser algo firme. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não discutiu o tema na reunião que teve com o presidente Lula nesta manhã. “Não houve encomenda nenhuma para nós, nem sei se haverá. Até pensei que ele fosse tocar no assunto, mas não houve nenhuma demanda”, disse.

Com o recesso do Congresso na próxima semana e a agenda de indicadores mais esvaziada, o mercado tem argumento para esticar um pouco mais a correção ou vai operar em banho-maria, ao menos até a divulgação do IPCA-15 de julho, no dia 25. “É o principal dado antes do Copom”, lembrou Iório.

Pelo lado da atividade, as vendas do varejo restrito caíram 1% em maio ante abril, ante piso das estimativas de queda de 0,8%, e as do ampliado recuaram 1,1%, mais do que indicava a mediana negativa de 0,7%, embora dentro do intervalo previsto de -2,2% a +0,3%. O descolamento ante o consenso das estimativas não foi suficiente para interferir no desempenho das taxas nem no quadro de apostas para a Selic.

Até porque, como destacam os economistas da MCM, as vendas do comércio ampliado caíram 2,4% em abril e 1,1% em maio, mas, mesmo assim, permaneceram acima do nível registrado no final de 2022. “Os maiores setores da atividade econômica, conjuntamente, parecem caminhar meio de lado. E isso ocorre, porque aqui no Brasil também, os efeitos do aperto monetário sobre a economia estão sendo, ao menos parcialmente, compensados por uma relativa resiliência do mercado de trabalho e pela contínua expansão da renda total das famílias.” (Denise Abarca – [email protected])