DADOS DOS EUA TURBINAM ALTA DO IBOVESPA E FAZEM DÓLAR FECHAR SEMANA ABAIXO DE R$ 4,90

A dúvida do mercado a respeito da trajetória dos juros dos Estados Unidos parece ter se dissipado hoje após dados mostrarem que o país criou menos empregos que o previsto em outubro e que o setor de serviços americano teve um desempenho aquém do esperado no mesmo período. Os investidores interpretaram os números como o provável ponto final à chance de altas de juros nos Estados Unidos e como um indicador de que o Federal Reserve precisará cortar as taxas mais cedo que o projetado. Sob o novo cenário, as ações subiram tanto lá fora quanto aqui, enquanto as taxas de juros e o dólar afundaram, ainda que, no mercado doméstico, persista a preocupação com a possibilidade de afrouxamento da meta de resultado primário de 2024. O Ibovespa teve desempenho particularmente positivo, registrando a alta semanal mais intensa desde abril e o maior avanço porcentual num único pregão desde maio. Na outra ponta, o dólar – que operou em queda ante o real durante toda a sessão – chegou a cair ao menor nível desde setembro e terminou o pregão abaixo de R$ 4,90, pressionado pela queda nos juros dos Treasuries e repercutindo negativamente sobre as taxas dos contratos de DI, que também recuaram. O petróleo foi um dos poucos ativos que escapou da onda de apetite por risco, fechando em baixa diante da ausência de uma escalada dos conflitos no Oriente Médio.

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

BOLSA

A leitura abaixo do previsto na geração de vagas de emprego nos Estados Unidos em outubro, pela manhã, reforçou o apetite por risco desde o exterior nesta sexta-feira, com a percepção de que os dados contribuem para a possibilidade de uma pausa na elevação de juros do Federal Reserve, ou mesmo que já tenham atingido o topo do ciclo. Assim, o Ibovespa, vindo do feriado de Finados, buscou se alinhar a dois dias de fortes ganhos em Nova York. Hoje, o índice da B3 subiu 2,70%, aos 118.159,97 pontos, bem mais próximo à máxima (118.501,80, +3%) do que à mínima (115.062,37), da abertura do dia. O giro subiu a R$ 26,2 bilhões nesta sexta-feira.

Nesta semana de transição entre outubro e novembro, o Ibovespa acumulou ganho de 4,29%, em alta pelo terceiro dia, vindo de leve avanço de 0,13% na semana anterior. Assim, o índice teve a melhor semana desde o intervalo de 10 a 14 de abril, quando havia subido 5,41%. Nas duas primeiras sessões de novembro, avança 4,18%, o que recoloca a alta do ano a 7,68%. O nível de fechamento do Ibovespa nesta sexta-feira foi o maior desde 20 de setembro, então a 118.695,32. Em relação ao fechamento anterior, no dia 1º, o Ibovespa reconquistou perto de 3,4 mil pontos e, em porcentual, foi o maior avanço diário para o índice desde 5 de maio (2,91%).

“Foi um pregão muito positivo o de hoje, repercutindo eventos desde o fim da quarta-feira até a manhã de hoje. Os sinais do Fed na última quarta-feira foram recebidos em viés mais ‘dovish’, com o reconhecimento pela instituição de que as condições de crédito já estão restritivas com o avanço dos juros longos, e que o ciclo de aperto do BC americano está, muito provavelmente, perto do fim”, diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

“Com os juros de 10 anos dos Estados Unidos tendo se aproximado recentemente de 5%, por si só há uma forte restrição das condições monetárias e financeiras, e isso foi reconhecido por Jerome Powell, o presidente do Fed, na entrevista da última quarta-feira”, acrescenta a analista, observando que o viés do comunicado do Copom, na noite daquele mesmo dia, também pareceu em orientação mais suave. “E o payroll de hoje, com criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos bem abaixo do que se esperava para outubro, foi a cereja do bolo para essa nova alta do Ibovespa”, diz.

“O dado de hoje mostra que a economia americana, enfim, parece estar se desacelerando, o que coloca o BC dos Estados Unidos em posição muito mais confortável para fazer uma pausa [na elevação dos juros de referência] e, quem sabe, antecipar o início do ciclo de corte de juros – que estava precificado para julho e começa a oscilar agora para junho na expectativa do mercado, conforme a curva de juros”, acrescenta a analista, destacando a forte correção observada hoje nos Treasuries de 10 anos, com o rendimento agora na casa de 4,5%, após ter mostrado nível de 4,9% três dias atrás, no fim de outubro.

Ela chama atenção para a elevação da taxa de desemprego no mês, nos Estados Unidos. A geração de vagas ficou em 150 mil, ante expectativa a 180 mil, enquanto a taxa de desemprego subiu para 3,9% em outubro, ante expectativa a 3,8%, diz Larissa. Na criação de vagas em outubro, houve forte desaceleração ante setembro (336 mil), o que contribuiu para firmar desde cedo a boa recuperação vista no Ibovespa, após o EWZ, principal ETF de Brasil em Nova York, ter subido ontem quase 3% durante o feriado na B3, aponta em nota a Guide Investimentos.

Reforçando o apetite por ações na B3 nesta sessão espremida entre o feriado e o fim de semana, “a curva de DI futuro veio junto, para baixo e em bloco, nesse movimento visto nos Treasuries”, acrescenta Larissa, da Empiricus, destacando a forte recuperação, também, nas ações de menor liquidez, as chamadas “small caps”. “O efeito favorável do externo hoje sobrepujou as questões domésticas, o ruído sobre o fiscal, no momento em que se rediscute a meta de déficit zero para o ano que vem.”

Este sinal, ruim, foi reforçado mais uma vez pelo presidente Lula em reunião hoje com ministros da área de infraestrutura, de que participou também o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No encontro, o presidente disse preferir dinheiro colocado em obras do que guardado na Fazenda – área que, conforme apontou Lula, considera que “dinheiro bom é dinheiro no Tesouro”. O presidente e a ala política do governo tem mostrado disposição maior por relançar, de fato, iniciativas como o PAC, programa de aceleração de obras, na medida em que se ingressa, em 2024, no segundo ano do terceiro mandato de Lula.

Apesar de contexto ainda marcado por incertezas domésticas e externas, o mercado financeiro está mais otimista sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 50% esperam alta e 50%, estabilidade, para o Ibovespa na próxima semana, sem expectativas indicando baixa. Na pesquisa anterior, 42,86% previam ganhos e outros 42,86%, queda, enquanto variação neutra tinha fatia de 14,29%. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 118159.97 2.7005

Máxima 118501.80 +3.00

Mínima 115062.37 +0.01

Volume (R$ Bilhões) 2.62B

Volume (US$ Bilhões) 5.37B

17:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 119745 2.43809

Máxima 119865 +2.54

Mínima 117685 +0.68

CÂMBIO

O dólar à vista caiu 1,54% em relação ao real hoje, a R$ 4,8963, acompanhando o rali de ativos de risco desencadeado por números que mostraram esfriamento do mercado de trabalho americano e consolidaram a aposta no fim do ciclo de aperto monetário no país. Esse sinal se sobrepôs às preocupações com o cenário fiscal doméstico e levou a moeda americana à menor cotação no fechamento desde 20 de setembro (R$ 4,8802).

A moeda americana perdeu força globalmente, tanto em relação a pares desenvolvidos – com o índice DXY operando em torno de 105,000 pontos, em queda próxima de 1% -, quanto ante emergentes como o peso chileno (-1,44%) e o mexicano (-0,34%). Aqui, operou em queda durante toda a sessão, entre a máxima de R$ 4,9339 (-0,79%) e a mínima de R$ 4,8769 (-1,93%), também o menor nível intradia desde 20 de setembro.

O contrato de dólar futuro para dezembro, termômetro do apetite por negócios, havia movimentado cerca de US$ 11 bilhões até as 17h05, quando estava cotado em R$ 4,9110, em queda de 1,41%. Já o dólar à vista encerrou a semana em queda de 2,33% e perde 2,88% no mês de novembro e 7,27% em 2023.

O payroll americano deu a senha para o rali dos ativos de risco nesta sexta-feira, após o mercado doméstico ter ficado fechado ontem devido ao feriado de Finados. Segundo o Departamento de Trabalho dos EUA, foram criados 150 mil empregos em outubro, bem abaixo dos 183 mil esperados por analistas. O aumento da taxa de desemprego a 3,9% no mês também foi maior do que indicava o consenso, de 3,8%.

Esses números consolidaram a avaliação de que o Federal Reserve (Fed) já deve ter encerrado o ciclo de aperto monetário, após o banco central americano ter decidido manter os juros do país em 5,25%-5,50% pela segunda vez consecutiva na quarta-feira, 1º. A chance de um aumento de 25 pontos-base em dezembro embutida na curva das Treasuries caiu de quase 20% ontem para menos de 5% hoje, segundo o CME Group.

“O dia foi totalmente em função desse payroll”, disse o chefe da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt. “A taxa das Treasuries caiu muito, a aversão ao risco cai e o mercado todo acaba melhorando, e o real ficou em linha com outras moedas.”

Profissionais do mercado relatam que o aumento do apetite por risco global levou a alguma entrada de estrangeiros na Bolsa brasileira hoje, o que contribuiu para a apreciação do real em relação ao dólar. Hoje, o Ibovespa encerrou o dia em alta de 2,69% – o maior ganho porcentual diário desde 5 de maio (+2,90%) – e movimentou R$ 26,2 bilhões em negócios, volume considerado expressivo para uma sexta-feira pós-feriado.

O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, destacou que o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) de novembro também ajudou a amparar os ganhos do real hoje. Como mostrou o Broadcast, analistas consideraram que o risco fiscal e a preocupação do colegiado com o ambiente externo sugerem risco de uma Selic terminal mais alta – o que levaria a uma diminuição menor do diferencial de juros entre Brasil e EUA.

“Um dos pontos que levou o real a se desvalorizar mais do que outras moedas é que a política monetária brasileira, diferente da de outros emergentes, está na direção oposta do Fed. A tendência era de diminuir o diferencial entre as curvas, mas, agora, o sinal de estagnação dos juros americanos e a tendência de corte menor no Brasil podem ajudar a atrair capital e a tirar pressão do dólar”, afirmou Velloni.

Pesquisa feita pelo Projeções Broadcast hoje mostrou aumento da mediana para a Selic no fim do ciclo de cortes, de 9% para 9,5%, com algumas instituições financeiras já adicionando ao cenário básico a possibilidade de desaceleração do ritmo de cortes dos juros domésticos, de 50 pontos-base por reunião agora para 25 pontos-base a partir de março de 2024.

A busca global por risco também tirou do foco as preocupações do mercado em torno da mudança da meta fiscal de 2024, já considerada provável pela maioria dos agentes, segundo pesquisa da Warren Rena divulgada hoje. Nesta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a sinalizar uma divergência com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem defendido a busca por um déficit primário zero no ano que vem.

“Para quem está na Fazenda, dinheiro bom é dinheiro no Tesouro. Mas, para quem está na Presidência, dinheiro bom é dinheiro transformado em obras”, disse Lula, na abertura de uma reunião com os ministros da área de infraestrutura do governo. Na semana passada, o presidente já havia afirmado que o País “dificilmente” conseguiria zerar o déficit em 2024 e que a meta do ano que vem “não precisa ser zero.”

Para Velloni, da Frente, a tendência é que o risco fiscal já volte a fazer preço sobre o mercado de câmbio a partir da próxima semana. “Hoje, o externo deixou em segundo plano a questão fiscal, mas acho que isso só vai durar até segunda-feira. Acho que o fiscal ainda vai gerar bastante instabilidade do dólar”, disse o analista, que manteve a expectativa de alta da moeda americana a R$ 5,0 até o fim deste ano.

Hoje, o Banco Central informou que o fluxo cambial para o Brasil foi positivo em US$ 1,930 bilhão em outubro, até o dia 27, segundo dados preliminares. Em setembro, houve saída de US$ 1,665 bilhão. O fluxo cambial acumulado no ano é positivo em US$ 22,590 bilhão, de acordo com a autoridade monetária. (Cícero Cotrim – [email protected])

17:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.89630 -1.5423 4.93390 4.87690

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4917.000 -1.28488 4951.000 4891.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5012.102 31/10    

JUROS

Os juros futuros encerraram a sessão em queda tanto em relação a quarta-feira quanto no acumulado da semana, refletindo, em ambos os casos, os eventos do cenário externo, que prevaleceram ante a piora do risco fiscal. As taxas cediam no fim do dia mais de 20 pontos-base a partir dos vencimentos intermediários em relação aos últimos ajustes, espelhando o recuo dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano de longo prazo, ontem e hoje. A leitura de desaceleração do mercado de trabalho e de enfraquecimento do setor de serviços nos EUA suavizou apostas de nova alta de juros pelo Federal Reserve e fortaleceu as de queda em meados de 2024.

Mesmo numa sessão cravada entre o feriado de Finados e o fim de semana, o giro foi robusto, mantendo-se acima de 1 milhão no contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025, cuja taxa às 17h01 era de 10,825%, de 10,957% na quarta-feira. A do DI para janeiro de 2026 caía de 10,84% para 10,61% e a do DI para janeiro de 2027, de 11,02% para 10,78%. O DI para janeiro de 2029 tinha taxa de 11,18%, de 11,39%.

Na semana, a curva registrou queda em bloco, com as pontas curta e longa fechando por volta de 20 pontos. Com isso, a inclinação medida pelos contratos para janeiro de 2025 e janeiro de 2029, no horário acima, era de 36 pontos, de 37 pontos na última sexta-feira.

Na esteira do alerta do comunicado do Copom sobre o “ambiente externo adverso”, em função de uma série de fatores incluindo as taxas longas americanas, o alívio nos yields visto desde ontem derrubou os prêmios de risco nas taxas locais. Os níveis da curva americana ganharam relevância para as futuras apostas de Selic terminal, como variável agora ainda mais importante para determinar o tamanho do ciclo.

No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos estava em 4,52%, de 4,76% na quarta-feira e 4,67% ontem. Destaque na agenda do dia, o payroll de outubro mostrou criação de 150 mil vagas, abaixo do consenso de 183 mil. A taxa de desemprego subiu de 3,8% para 3,9%, contrariando a previsão de estabilidade, e os salários por hora avançaram menos do que o esperado. Os pedidos de auxílio-desemprego divulgados ontem, quando o mercado aqui estava fechado, já haviam mostrado aumento além do estimado. A ideia de arrefecimento da economia, que tende a amenizar as pressões inflacionárias e sobre a política monetária, foi ainda reforçada hoje pela queda do PMI medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, em inglês) de Serviços maior do que o consenso.

“Desses dois dias positivos lá fora, fica a sinalização de que o Fed não deve mais subir os juros. Era o que vinha preocupando aqui, que, com isso, a Selic pudesse não mais cair tanto”, resume Felipe Rodrigo de Oliveira, economista da MAG Investimentos, lembrando ainda da ajuda do câmbio, uma vez que o dólar hoje voltou a ficar abaixo de R$ 4,90.

Com o comunicado do Copom indicando nova redução de 0,50 ponto porcentual para a Selic “nas próximas reuniões” e dado o apetite ao risco externo, a curva precificava nesta tarde integralmente queda de 0,50 ponto na taxa para dezembro. Para janeiro de 2024, os DIs indicam probabilidade de 65% para novo corte de 0,50 contra 35% de chance de desaceleração para 0,25 ponto. A projeção de Selic terminal, que antes do feriado vinha rodando nos 10,50%, estava em 10,35%. Na pesquisa do Projeções Broadcast com economistas, a expectativa é de Selic em 9,50% no fim do ciclo.

Internamente, a sexta-feira não trouxe noticiário nem agenda de impacto, com a possibilidade de alteração da meta fiscal ainda em aberto. A discussão tende a ganhar força na próxima semana. O presidente Lula é contra o contingenciamento de recursos para assegurar a meta de déficit zero em 2024 caso o governo não consiga a arrecadação necessária, de R$ 168 bilhões, conforme previsto no arcabouço fiscal. “Para quem está na Fazenda, dinheiro bom é dinheiro no Tesouro. Mas, para quem está na Presidência, dinheiro bom é dinheiro transformado em obras”, disse, em reunião hoje com ministros, incluindo Fernando Haddad. (Denise Abarca – [email protected])

Volta

MERCADOS INTERNACIONAIS

O presidente do Federal Reserve (Fed) de Minneapolis, Neel Kashkari, demonstrou cautela e não quis dar peso em demasia a apenas um dado, mas nos mercados o otimismo com a desaceleração da economia americana deu o tom, com ganho nos mercados acionários em Wall Street. O cenário levou as bolsas de Nova York a contabilizar maiores ganhos semanais desde 2022, enquanto os juros dos Treasuries e o dólar permaneceram pressionados. Ainda, a ausência de uma escalada dos conflitos no Oriente Médio, apesar das preocupações do mercado, levou o petróleo a encerrar a semana com mais de 5% em perdas. No campo geopolítico, Israel resistia à pressão por cessar-fogo e para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza, enquanto o grupo libanês Hezbollah elogiou o ataque do Hamas, porém descartava buscar uma guerra total com os israelenses.

Dirigentes do Fed foram cautelosos ao comemorar a surpresa no relatório de empregos, conhecido como payroll, que apontou criação de 150 mil postos de trabalho em outubro, bem abaixo do esperado pelo mercado. Acompanhado pelo enfraquecimento dos PMIs de serviços nas leituras da S&P Global e do ISM, o dado sinalizou o arrefecimento da economia americana e ampliou expectativas de que o Fed não precisará elevar juros novamente neste ano, além de adiantar para maio de 2024 projeções para o primeiro corte das taxas.

Pela manhã, o dirigente Tom Barkin (Richmond) afirmou que ainda não está considerando cortes de juros, algo que, na sua visão, seria possível somente com a redução sustentada da inflação e este cenário estaria “distante”. À tarde, Kashkari complementou esta perspectiva ao comentar que “não gostaria de reagir demasiadamente a apenas um dado”. Mais otimista, Raphael Bostic (Atlanta) disse que os dirigentes têm tempo para guiar a política monetária com cautela, mas que o BC americano não pode esperar inflação chegar à 2% para cortar juros.

Assim, as bolsas de Nova York fecharam em alta robusta e contabilizaram os maiores ganhos semanais desde 2022, segundo a Dow Jones. No final da tarde, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,66%, em 34.061,32 pontos, o S&P 500 teve ganho de 0,94%, a 4.358,34 pontos, e o Nasdaq subiu 1,38%, a 13.478,28 pontos. Em relação à sexta-feira passada, as altas foram de 5,07%, 5,85% e 6,61%.

Já os juros dos Treasuries voltaram a cair e se distanciaram dos maiores níveis em décadas. Em relatório, o BMO projeta que a próxima semana será crucial para testar a capacidade dos rendimentos de manter níveis elevados, porém, avalia que dificilmente o juro da T-note de 10 anos conseguirá retomar o nível de 5%. Por outro lado, a Oxford Economics aponta que, apesar da redução no ritmo, as emissões de dívidas do Tesouro dos EUA seguem demasiadamente altas e podem não encontrar demanda o suficiente, o que tenderia a impulsionar os juros dos títulos. Na marcação, o juro da T-note de 2 anos caía a 4,865%, o da T-note de 10 anos recuava a 4,522% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 4,700%.

No câmbio, o dólar recuou ante rivais fortes, enfraquecido pelas expectativas de fim do ciclo de aperto monetário do Fed. A moeda americana teve perdas especialmente contra o euro e a libra, esta última apoiada pela possibilidade de novas altas de juros ou de taxas elevadas por mais tempo no Reino Unido. Em evento, o economista-chefe do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Huw Pill, disse que a desaceleração da demanda e da atividade econômica no país não necessariamente está associada ao processo de desinflação. No fim da tarde, o dólar caía a 149,43 ienes, o euro subia a US$ 1,0727 e a libra tinha alta a US$ 1,2375. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 1,04%, a 105,021 pontos, e na comparação semanal recuou 1,44%.

A fraqueza do dólar no exterior não foi o suficiente para apoiar o petróleo neste pregão, intensificando as perdas acumuladas na semana para cerca de 5%. Analista da Oanda, Craig Erlam nota que a desaceleração de economias desenvolvidas significa menor demanda para o óleo, em meio a ausência de uma escalada nos conflitos do Oriente Médio. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para dezembro fechou em queda de 2,36% (US$ 1,95), a US$ 80,51 o barril, e o Brent para janeiro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), caiu 2,25% (US$ 1,96), a US$ 84,89 o barril. Na semana, as quedas foram de 5,88% e de 4,83%, respectivamente.

No Oriente Médio, Israel resiste à pressão dos Estados Unidos para promover um cessar-fogo que permitiria a entrada de ajuda humanitária. Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta sexta-feira que não haverá pausa temporária até que os 240 reféns sejam libertados. Mais cedo, o líder do grupo militante libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse que aumentará a pressão militar sobre Israel nos próximos dias, mas rechaçou a possibilidade de entrar em guerra total com o país. (Laís Adriana – [email protected])