CURVA DO DI INCLINA COM SINAIS EXTERNOS E CÂMBIO, IMPONDO PRESSÃO À BOLSA

Os ativos brasileiros mantiveram nesta tarde a toada de perdas, ecoando um renovado
mal-estar no exterior com a dinâmica dos juros americanos. Sinais de resiliência da
economia dos Estados Unidos voltam a ser usados pelo investidor para questionar a
disposição do Federal Reserve em reduzir os juros em breve. Na reação local, a curva de
juros ganhou inclinação e o dólar à vista subiu a R$ 5,1482 (+0,35%). O Ibovespa caiu aos
124.740,69 pontos (-0,33%), sob peso de bancos e Petrobras (ON -0,44% e PN -0,46%).
Vale (+1,24%) subiu forte, na expectativa pelo balanço e em dia de alta firme do minério
de ferro na Ásia. Serviu de contraponto na cena local o destravamento da pauta
econômica no Congresso, com a aprovação de limites ao Perse ontem e a entrega mais
tarde da regulamentação da reforma tributária, embora sem força suficiente para reverter
a tendência negativa do mercado.
•JUROS
•CÂMBIO
•BOLSA
•MERCADOS INTERNACIONAIS
JUROS
Os sinais enviados pelo exterior conduziram o mercado de juros ao longo de toda a
sessão. A puxada dos Treasuries, com dados da economia americana acima do esperado
e leilões de papéis de 5 anos, levou para cima as taxas locais, especialmente as de longo
prazo, trazendo ganho de inclinação à curva. À tarde, a pressão diminuiu um pouco com a
ausência de novidades no cenário internacional e andamento da pauta econômica no
Congresso. Internamente, o mercado acompanhou a participação de Gabriel Galípolo,
diretor de Política Monetária do Banco Central, em evento pela manhã, na qual pregou
“serenidade” da autarquia frente à reprecificação dos ativos globais.
Às 17h05, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava
em 10,345%, de 10,296% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 10,63%
(máxima de 10,67%), de 10,50% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2027 subia de
10,81% para 10,95%, com máxima de 10,99%. O DI para janeiro de 2029, que na máxima
da manhã tocou 10,44%, projetava taxa de 11,40%, de 11,27% ontem.
Nas últimas sessões, o mercado vinha testando uma correção dos excessos na semana
passada, mas hoje com o movimento forte dos juros americanos esse processo acabou
sendo deixado de lado. O estrategista-chefe da Monte Bravo, Alexandre Mathias, afirma
que os ativos locais têm tido a dinâmica comandada pelo exterior e, nesta semana,
especialmente, “o juiz de tudo será o PCE na sexta-feira”, ao se referir ao índice de preços
de gastos com consumo nos Estados Unidos. “Se vier de 2,80% para 2,70% tende a
melhorar muito”, diz.
A taxa da T-Note de 10 anos estava em 4,64% no fim da tarde, após chegar perto de 4,67%
nas máximas, pela manhã. A alta de 2,6% nas encomendas de bens duráveis nos Estados
Unidos em março superou o consenso (2%) e desencadeou um estresse nas curvas de
juros globais. O mercado voltou a reforçar a cautela com relação ao ciclo de corte pelo
Federal Reserve, embutindo maior probabilidade a apenas uma redução neste ano.
Em evento em São Paulo, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel
Galípolo, lembrou que a permanência do juro americano em níveis alto aumenta a
dificuldade na disputa por capital, já que há algum enxugamento da liquidez. Porém,
disse acreditar que “mesmo com a reprecificação dos ativos no mundo, o Brasil pode se
mostrar como um polo de atração de investimentos”.
Analistas do Bradesco dizem que esse é um ambiente mais adverso para países
emergentes para os quais o fluxo deve continuar mais restrito. “Com juro mais alto
permanecendo por mais tempo e, também no médio prazo, alguns países têm visto
desvalorização de suas moedas contra o dólar, o que pode diminuir o espaço para
flexibilização monetária”, afirmam, em relatório. Entretanto, acrescentam que para os
países de América Latina ainda há espaço para cortes.
Mathias, da Monte Bravo, relata que, após a expressiva zeragem de posições vendidas nas
últimas semanas, o mercado ficou muito machucado e os fundos agora estão pouco
dispostos a adicionar riscos à sua carteira, especialmente antes do PCE na sexta-feira,
que deve se sobrepor ao IPCA-15, que sai no mesmo dia, em termos de impacto sobre os
ativos. “A expectativa para IPCA-15 é favorável, de desaceleração, mas a repercussão
tende a ser subjugada pela âncora global”, avalia. Na pesquisa do Projeções Broadcast, a
mediana para o indicador de abril é de 0,29%, ante 0,36% em março.
Para Galípolo, o BC tem de manter a posição de “parcimônia e serenidade” e evitar reagir
rapidamente a variações de ativos, ainda que isso possa atrasar um pouco o seu processo
de função de reação. “Acho importante a gente ter calma, entender como isso vai se
desenrolar, ainda que o risco que você esteja correndo seja de estar um pouco mais
atrasado nesse processo de função de reação”, disse. Disse ainda que viabilidade de
cumprir a meta de inflação do Brasil, de 3%, é um “não-tema” para o Copom. “A meta não
é para se discutir, é para se perseguir.”
O noticiário da reformas e da área fiscal foi agitado, com destaque para o projeto de lei
que vai regulamentar a reforma tributária. Após atritos entre Executivo e Legislativo nos
últimos dias, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a afirmar ter sido
autorizado pelo presidente Lula a entregar “em mãos” o texto aos presidentes da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A Fazenda depois corrigiu a
informação, esclarecendo que a entrega seria feita apenas ao Congresso Nacional.
Outro assunto no radar é a possível judicialização da desoneração da folha de
pagamentos. A Advocacia-Geral da União (AGU) ajuizou ação no Supremo Tribunal
Federal (STF) para questionar a lei e também quer que o Supremo declare
inconstitucional a decisão de Pacheco de não prorrogar o trecho da Medida Provisória
que estabeleceu a reoneração dos municípios. Para a equipe da Warren Rena, a ação tem
forte embasamento técnico a favor do governo.
Por fim, a perspectiva de desarmamento da “pauta-bomba” de R$ 70 bilhões melhora
caso
a Câmara não endosse a chamada PEC do Quinquênio, cujo impacto fiscal é estimado
em R$ 40 bilhões. Arthur Lira disse que a proposta dificilmente prosperará na Casa.
CÂMBIO
Após três pregões seguidos de queda, em que acumulou desvalorização de 2,28%, o
dólar à vista avançou hoje e voltou a se aproximar do nível de R$ 5,15 no fechamento.
Investidores aproveitaram nova onda global de fortalecimento da moeda americana e de
alta das taxas dos Treasuries para realizar lucros e ajustar posições no mercado
doméstico.
Apesar das preocupações com o quadro fiscal doméstico, em meio aos esforços do
governo para barrar a chamada pauta-bomba no Congresso, o ambiente externo teve
papel preponderante na formação da taxa de câmbio. Dados de encomendas de bens
duráveis nos EUA em março acima do esperado anularam o efeito da leitura mais amena
ontem dos PMIs da S&P Global em abril – e deram força à expectativa de apenas uma
redução da taxa de juros pelo Federal Reserve neste ano.
Com máxima a R$ 5,1718, pela manhã, o dólar à vista encerrou a sessão desta quartafeira, 24, em alta de 0,35%, cotado a R$ 5,1482. Na semana, a moeda agora apresenta
baixa de 0,98%. Em abril, contudo, ainda acumula valorização de 2,65%. Como ontem, a
liquidez no segmento futuro foi moderada. Principal termômetro do apetite por negócios,
o contrato de dólar futuro para maio girou cerca de US$ 12 bilhões, o que sugere ausência
de mudanças relevantes por parte de investidores.
Na semana passada, auge do estresse no mercado cambial, houve movimentações
diárias acima de US$ 20 bilhões, com investidores estrangeiros elevando a posição
comprada em derivativos cambiais (dólar futuro, mini contratos, cupom cambial e swap)
para o pico histórico de US$ 70 bilhões. De sexta-feira para cá, essas posições foram
reduzidas em cerca de US$ 3 bilhões, segundo dados da B3.
Referência do comportamento do dólar em relação a seis divisas fortes, o índice DXY
operou em leve alta, ainda abaixo da linha dos 106,000 pontos. O real, que vinha
apresentando desempenho inferior a de seus pares, hoje sofreu menos que os pesos
mexicano e colombiano, além do rand sul-africano. Destaque para nova rodada de alta do
peso chileno, que se recupera em abril das perdas pesadas ao longo do primeiro trimestre
graças à alta firme dos preços do cobre.
“Temos hoje um dia de mais estresse nos juros americanos, com as taxas dos Treasuries
para cima, o que acaba fazendo o dólar subir. O ambiente é de volatilidade com a
expectativa pelo PCE nos EUA, que sai na sexta-feira”, afirma o especialista Wagner
Varejão, da Valor Investimentos, em referência ao índice preços de gastos com consumo
(PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida pelo Fed. Amanhã, sai a primeira
leitura do PIB americano no primeiro trimestre.
Em evento hoje, o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo,
voltou a defender a postura da autarquia de não intervir no mercado de câmbio na
semana passada, quando o dólar à vista se aproximou de R$ 5,29. Ecoando o presidente
do BC, Roberto Campos Neto, Galípolo disse que o BC deixou que a taxa de câmbio
absorvesse a reprecificação global de ativos, com fortalecimento global do dólar diante
da perspectiva de taxa de juros elevada por mais tempo nos EUA.
Galípolo defende que o BC adote “parcimônia e serenidade” e evite reagir rapidamente à
variação de preços de ativos e seu impacto sobre a inflação. “A gente não tem meta de
diferencial de juros e não tem meta de taxa de câmbio, a gente tem meta de inflação, que
vem se comportando bem”, disse o diretor do BC.
Em Brasília, as atenções se voltam à pauta econômica, com envio dos projetos de lei da
reforma tributária ao Congresso e a tramitação de propostas que podem implicar
aumento de gastos. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deu uma boa notícia ao
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao dizer que a chamada PEC do Quinquênio,
com impacto estimado pelo governo em R$ 42 bilhões, não tem chance de prosperar na
Casa. A PEC é patrocinada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e
representa um dos principais projetos da pauta-bomba.
“Após uma semana tensa em torno da revisão da meta fiscal, o cenário político local se
mostra um pouco mais calmo com a aproximação entre governo e Congresso. Lula
aprovou o texto da regulamentação da reforma tributária e ressaltou a importância da boa
relação entre os poderes”, afirma o head de câmbio para o norte e nordeste da B&T
Câmbio, Diego Costa, que vê o dólar rodando entre R$ 5,10 e R$ 5,20 até a divulgação do
PCE, nos EUA, na sexta-feira
17:28
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.14820 0.3470 5.17180 5.12520
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5153.000 0.2919 5174.000 5126.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5163.000 0.3401 5182.500 5154.000
BOLSA
O Ibovespa seguiu em baixa, sem conseguir acompanhar a virada pontual dos índices de
ações em Nova York ao positivo no meio da tarde, em dia de retomada da pressão sobre
os rendimentos dos Treasuries após nova leitura, acima do esperado, sobre dados
americanos, desta vez referentes a encomendas de bens duráveis. Assim, o índice da B3
caiu 0,33%, aos 124.740,69 pontos, com giro a R$ 20,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa
recua 0,31% e, no mês, cede 2,63% – no ano, perde 7,04%.
Em leve baixa pelo segundo dia, o índice oscilou de 124.555,92 (-0,47%) a 125.472,55,
saindo de abertura a 125.149,18 na sessão. O dia foi moderadamente negativo para as
ações de maior peso no Ibovespa, à exceção de Vale (ON +1,24%), que divulgará o
balanço do primeiro trimestre após o fechamento da B3, nesta noite. As ações de grandes
bancos mostraram sinal misto no encerramento, entre -0,44% (Itaú PN) e +0,11%
(Santander Unit). O dia foi levemente negativo para Petrobras (ON -0,44%, PN -0,46%),
com o petróleo ainda se ajustando à relativa distensão geopolítica no Oriente Médio.
Na ponta ganhadora, destaque para PetroReconcavo (+4,74%), Iguatemi (+2,10%) e Pão
de Açúcar (+1,81%). No lado oposto, Petz (-9,51%), Casas Bahia (-4,86%) e Vamos (-
4,11%). No fechamento, os índices de Nova York não conseguiram manter o fôlego de
recuperação: Dow Jones -0,11%, S&P 500 +0,02% e Nasdaq +0,10%.
A sessão foi marcada por retomada na trajetória de alta dos rendimentos dos Treasuries e,
por consequência, na curva de juros no Brasil, com os investidores à espera, ainda nesta
semana, de novos dados de peso sobre a economia americana, como a leitura preliminar
sobre o PIB do primeiro trimestre e o PCE, métrica de inflação ao consumidor
acompanhada de perto pelo Federal Reserve, o BC americano. Na agenda desta quartafeira, as encomendas de bens duráveis nos Estados Unidos mostraram alta de 2,6% em
março, na margem, acima da expectativa de consenso, que indicava avanço de 2% no
mês.
“O dia foi de ganho global para o dólar, o que favoreceu nova correção, leve, para o
Ibovespa, com os bancos, em parte da sessão, alinhando-se entre as maiores quedas
[considerando as ações de maior liquidez] após as falas do diretor de Política Monetária
do Banco Central, Gabriel Galípolo”, diz Alex Carvalho, analista da CM Capital.
Na avaliação da Fitch Ratings, os bancos brasileiros enfrentarão contínuos ventos
contrários nas receitas devido a novos cortes nas taxas de juros em 2024, reporta a
jornalista Marcia Furlan, do Broadcast. O ritmo e a magnitude desses cortes ainda são
incertos, mas o aumento das margens líquidas no curto prazo será equilibrado com
empréstimos de menor rendimento e crescimento modesto do crédito real, acrescenta a
agência de classificação de risco de crédito.
Para Carvalho, da CM Capital, os comentários de Galípolo, nesta quarta-feira,
contribuíram para reforçar dúvidas sobre os juros, no sentido de que, ante as incertezas
globais e domésticas, o Copom pode optar por ritmo menor, em ciclo possivelmente mais
curto, de ajuste na Selic até o fim do ano – especialmente se forem consideradas as mais
recentes falas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, lidas como ‘hawkish’, duras,
pelo mercado.
Em evento em São Paulo nesta manhã, Galípolo defendeu que o BC mantenha
“parcimônia e serenidade” e evite reagir muito rapidamente a variações nos preços dos
ativos, ainda que atrase um pouco a sua “função de reação”. “Acho importante a gente ter
calma, entender como isso vai se desenrolar [o processo de reprecificação de ativos,
tendo em vista os juros nos EUA], ainda que o risco que você esteja correndo seja o de
estar um pouco mais atrasado nesse processo de função de reação”, apontou Galípolo,
em comentários considerados suaves, ‘dovish’.
“A gente não tem meta de diferencial de juros e não tem meta de taxa de câmbio, a gente
tem meta de inflação, que vem se comportando bem”, observou o diretor do BC, citando a
surpresa positiva no IPCA de março. Mesmo com juro alto e atividade resiliente, há um
processo de desinflação global ainda em curso, acrescentou.
“A probabilidade de manutenção dos juros nos Estados Unidos nos patamares atuais por
mais tempo e a tendência de alta do índice DXY [que contrapõe o dólar a referências
como euro, iene e libra] tornam o cenário mais desafiador”, diz Inácio Alves, analista da
Melver, destacando também fala de Mario Felisberto, executivo-chefe de investimentos
(CIO) da Santander Asset, de que possível postergação dos cortes de juros pelo Federal
Reserve deixa o mercado mais cauteloso, à espera de “redução das incertezas para tomar
decisões com menos riscos”.
“Os investidores têm demonstrado cautela a partir da alta na expectativa de inflação no
Brasil para 2025 e para o PIB em 2024 no Boletim Focus desta semana, de olho agora no
IPCA-15 e no PCE de março nos EUA, a serem divulgados na sexta-feira”, diz Jaqueline
Kist, sócia da Matriz Capital
17:28
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 124740.69 -0.3255
Máxima 125472.55 +0.26
Mínima 124555.92 -0.47
Volume (R$ Bilhões) 2.00B
Volume (US$ Bilhões) 3.89B
17:28
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 126160 -0.3318
Máxima 127200 +0.49
Mínima 126010 -0.45
MERCADOS INTERNACIONAIS
À espera da primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB)no primeiro trimestre dos EUA,
que sai amanhã, o mercado acionário operou de lado em Nova York, alternando ganhos e
perdas, enquanto se posicionava para os resultados trimestrais de Meta, Ford e IBM,
divulgados logo depois do fechamento. O dólar apresentava pequenos ganhos contra
rivais desenvolvidos, também próximo da estabilidade, e os retornos dos Treasuries
subiam, impulsionados por sinalizações de resiliência da economia americana e de olho
no PIB de amanhã. Entre commodities, o petróleo voltou a cair diante do esfriamento das
tensões no Oriente Médio.
A mediana de 25 analistas consultados pelo Broadcast indica que o PIB americano vai
desacelerar a 2,4% no primeiro trimestre, ante 3,4% entre outubro e dezembro de 2023. A
Oxford Economics avalia que o crescimento foi apoiado principalmente pelo forte
consumo americano e por uma ajuda “robusta” dos gastos do governo. Já o Wells Fargo
destaca que o transporte marítimo tende a conter os avanços, dado os números fracos do
setor.
Neste clima de espera, as bolsas de Nova York se movimentaram de lado durante a maior
parte do dia, enquanto investidores se posicionavam para mais uma bateria de balanços
relevantes – Meta, Ford, IBM e Whirlpool publicam resultados após o fechamento. As
ações da Boeing caíram 2,86% hoje, após a Moody’s rebaixar o rating da dívida não
segurada da empresa para Baa3; e os papéis da Nvidia recuaram 3,33%, em meio a
preocupações com uma possível redução nos investimentos em inteligência artificial. O
setor de companhias aéreas também caiu, acompanhando as notícias de que o governo
dos EUA adotou uma regra que obriga aéreas a reembolsarem passageiros de voos
cancelados.
Do outro lado, a Tesla fechou em alta de 12,06% depois de deixar os acionistas animados
com uma previsão de lançamento de veículo elétrico de baixo custo. Os ganhos da
montadora chegaram a impulsionar o Nasdaq pela manhã, destoando dos pares de NY,
mas o ímpeto não se manteve.
Louis Navellier, da gestora Navellier, disse que as falas de Elon Musk na conferência da
Tesla ontem indicam que a direção autônoma funcionará em um futuro muito próximo. No
cenário geral, ele avalia que a temporada de balanços ainda não tem um veredicto
positivo ou negativo, mas que uma imagem muito mais clara sobre o mercado acionário
será possível na semana que vem, e que os dados da inflação do PCE na sexta-feira darão
um panorama mais concreto da economia. No fechamento, o índice Dow Jones caiu
0,11%, aos 38.460,92 pontos; o S&P 500 subiu 0,02%, aos 5.071,67 pontos; e o Nasdaq
subiu 0,10%, aos 15.712,75 pontos.
Em meio às preocupações com o PIB e o PCE nesta semana, hoje o indicador de
encomendas de bens duráveis em março saltou 2,6% ao mês, acima da expectativa,
sinalizando que a economia americana segue aquecida. Neste ambiente, a curva futura
segue dividida quanto ao futuro da política monetária americana. Perto das 17h (de
Brasília), o monitoramento do CME Group indicava chances muito próximas para um e
dois cortes pelo Federal Reserve (Fed) até o fim deste ano.
Neste cenário, após o fechamento dos mercados, os retornos dos Treasuries subiam,
embora tenham desacelerado levemente após um leilão de US$ 70 bilhões em T-notes de
5 anos com demanda acima da média. De acordo com o analista do BMO Capital Markets
Ian Lyngen, o dia no mercado do Tesouro foi apático, com baixo volume de negociações e
pouca convicção sobre os rumos da economia. Perto das 17h (de Brasília), o juro da Tnote de 2 anos subia a 4,926%; o da T-note de 10 anos tinha alta a 4,642%; e o do T-bond
de 30 anos tinha ganhos a 4,663%.
No mercado de câmbio, o panorama não é muito diferente: Fawad Razaqzada, do City
Index, escreve que investidores operam no aguardo de dados do PIB e do PCE nos EUA.
Porém, ele vê espaço para uma breve recuperação do euro contra o dólar, com a moeda
comum da zona do euro voltando a ficar acima de US$ 1,07. O analista afirma que o
Índice de Gerentes de Compras (PMI) de serviços da zona do euro e dos EUA apresentam
tendências diferentes: força para aqueles e fraqueza para estes. Pela manhã, o dado de
sentimento das empresas alemãs indica que a Alemanha retornará ao crescimento em
2024, segundo análise do Commerzbank. Tudo somado, o dólar subia a 155,28 ienes, o
euro recuava a US$ 1,0703 e a libra tinha alta a US$ 1,2465. O índice DXY, que mede o
dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,17%, a 105,857 pontos.
A força do dólar pesou contra o petróleo, que recuou apesar de um alívio nos estoques da
commodity nos EUA muito acima do esperado. Conforme os conflitos entre Israel e Irã
vão ficando de lado, israelenses preparam uma ofensiva gradual em Rafah, de acordo
com as demandas americanas, e a Capital Economics aponta que as tensões vêm sendo
ignoradas pelo mercado de petróleo. O WTI para junho fechou em queda de 0,66% (US$
0,55), a US$ 82,81 o barril, na Nymex, e o Brent para julho caiu 0,40% (US$ 0,35), a US$
87,04 o barril, na ICE.