CRESCIMENTO EM XEQUE E EURO FORTE DERRUBAM DÓLAR, QUE VOLTA A CAIR ANTE O REAL NO MÊS

O mercado global de câmbio viu, nesta quinta-feira, uma sessão de desvalorização firme do dólar, movimento que espraiou-se até as curvas de juros mundo afora. Ainda que em nível elevado, a moeda americana sentiu hoje o baque de dois fatores. O primeiro deles foi o acentuado temor de que o processo de aperto monetário nos Estados Unidos golpeie a atividade econômica não só do país como do planeta, uma vez que o cenário incerto posto pelo Federal Reserve dificulta na calibragem da dose adequada de juros. Ao longo dos últimos dias, cresceu o número de casas alertando ao risco até de que haja uma recessão. O segundo vetor, por sua vez, tem a ver também com o ajuste das condições monetárias, mas na Europa. Reverberaram, o dia todo, os recados de teor ‘hawkish’ do Banco Central Europeu (BCE) que, em sua ata, deixou espaço à interpretação de que os juros por lá podem ser elevados em qualquer momento a partir do fim das compras de ativos. Assim, em meio a essas duas pressões, o DXY teve um dia de queda, ainda que amenizada no meio da tarde, caminhando ao menor nível em duas semanas ao ficar na casa de 102,8 pontos. O euro chegou ao fim da tarde cotado a US$ 1,0590, ante US$ 1,0468 ontem. Aqui no Brasil a narrativa do câmbio foi semelhante. A moeda americana terminou o dia em R$ 4,9168, baixa de 1,32%, mas em seu mais baixo nível da sessão (R$ 4,8809) tocou a mínima desde 29 de abril. No mês, o dólar voltou a computar queda (-0,52%). O dólar mais fraco acabou ajudando também as commodities, com o petróleo saltando mais de 2,5%. Na renda fixa brasileira, o efeito da alta das commodities é contrabalançado na curva pelo recuo dos juros dos Treasuries e do dólar, que agora oscila ao redor de R$ 4,90. Assim, o DI para janeiro de 2027 voltou a fechar abaixo de 12%, a 11,985%. Por fim, no mercado de ações doméstico, o Ibovespa contrariou o sinal negativo externo e conseguiu romper o nível dos 107 mil pontos – encerrando exatamente em 107.005,22 pontos, alta de 0,71%. Ações de empresas ligadas ao setor minerometalúrgico foram destaque de ganhos – as ON de Vale subiram 2,66% e as da CSN anotaram avanço de 7,20%. No dia seguinte à aprovação de sua privatização pelo TCU, Eletrobras teve ganho de 3,03% (ON) e 2,54% (PNB).

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

•JUROS

•BOLSA

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York fecharam em baixa, em um cenário global que segue preocupando, na medida em que as pressões inflacionárias reforçam a necessidade de aperto monetário, conjuntura que pode levar a recessões. Além dos preços de energia, o choque da alta dos alimentos também vem sendo apontado como uma preocupações de formuladores de políticas públicas pelo mundo. O petróleo segue operando acima de US$ 100 por barril, tendo registrado hoje mais uma alta, impulsionada por um forte recuo do dólar ante rivais. O DXY caiu mais de 1%, movimento que analistas atribuem ao temor de recessão nos EUA. Neste quadro, os rendimentos dos Treasuries operaram em queda, diante dos riscos para a economia.

Para Edward Moya, analista da Oanda, as ações caíram à medida que Wall Street se tornou mais focada em uma perspectiva de deterioração do crescimento que poderia observar as pressões de preços teimosamente altas levando o Federal Reserve (Fed) a um ciclo de aperto muito mais agressivo. “Condições financeiras mais apertadas prejudicarão as partes da economia que estão indo bem e novas vendas de ações podem continuar se o S&P 500 entrar em bear market”, aponta o analista. Hoje, o Dow Jones fechou em baixa de 0,75%, a 31.253,13 pontos, o S&P 500 caiu 0,58%, a 3.900,79 pontos e o Nasdaq recuou 0,26%, a 11.388,50 pontos. Na Europa, o cenário foi semelhante, e os principais índices recuaram, incluindo o FTSE 100, que caiu 1,82% em Londres. Já na renda fixa, com busca por segurança, ao fim da tarde o juro da T-note de 2 anos caía a 2,619%, o da de 10 anos baixava a 2,844% e o T-bond de 30 anos recuava a 3,055%.

A Organização das Nações Unidas (ONU) revisou para baixo a projeção para o crescimento global em 2022, de 4,0% para 3,1%. A instituição afirma que a guerra da Rússia na Ucrânia derrubou a frágil recuperação econômica da pandemia, além de ter provocado uma crise humanitária “devastadora” na Europa e elevado os preços de alimentos e commodities ao redor do globo. Enquanto isso, o aperto monetário prossegue, e hoje o Banco Central da África do Sul decidiu elevar a sua taxa básica de juros em 50 pontos-base, a 4,75% ao ano. A entidade citou que os riscos inflacionários que afetam o país estão apontados para cima, por conta do aumento dos preços na cadeia produtiva, de alimentos e energia.

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, defendeu hoje postura “gradual e cautelosa” na normalização monetária. O ING avalia que a ata da reunião de política monetária de abril do BCE, divulgada hoje, traz mais evidências de que a maioria dos formuladores de política “tem ficado cada vez mais preocupada com a perspectiva para a inflação”. Segundo o banco holandês, o documento “confirmou o tom crescentemente mais hawkish de muitos membros do BCE desde a reunião de abril”. Para a Fitch, uma interrupção repentina na oferta de gás pela Rússia “provavelmente” empurraria a zona do euro para uma recessão econômica. “As exposições são tão grandes que uma cessação imediata e total do fornecimento de gás natural russo resultaria em escassez e racionamento de gás, causando um grande choque macroeconômico”, afirma a agência.

Neste quadro, o euro teve forte alta ante o dólar, e avançava a US$ 1,0590. O analista da Oanda Craig Erlam comenta que os mercados têm reagido também à ameaça de recessão, no quadro atual, inclusive nos EUA. A libra também tinha forte impulso, e era cotada a US$ 1,2493, contribuindo para a queda do DXY, que caiu 1,11%. Entre emergentes, destaque foi o rublo russo, com o dólar caindo a 62,160 rublos ao fim da tarde. A Reuters nota que a moeda russa atingiu sua máxima ante à americana desde março de 2020, em um cenário de ações do banco central local e da Rússia exigindo pagamentos em rublos por exportações.

Embora continuem a existir dúvidas sobre a demanda, com lockdowns para conter a covid-19 na China, o dia foi positivo para o petróleo, apoiada pelo dólar fraco e com analistas ponderando se e quando poderia haver embargo da União Europeia ao petróleo da Rússia, diante da guerra na Ucrânia. O WTI para julho fechou em alta de 2,66% (2,85%), a US$ 109,89, e o Brent para o mesmo mês subiu 2,69%, (US$ 2,93), a US$ 112,04. (Matheus Andrade – [email protected])

CÂMBIO

Após fechar em alta de 0,80% ontem, o dólar caiu mais de 1% na sessão desta quinta-feira (19), em sintonia com o enfraquecimento da moeda americana no exterior tanto em relação a divisas emergentes quanto fortes, em especial o euro. Nos momentos de maior pressão vendedora lá fora, a moeda chegou até a trabalhar abaixo da linha de R$ 4,90 e desceu até o patamar de R$ 4,88. Operadores relataram fluxo de estrangeiros para ativos domésticos, favorecidos em suposto movimento de rotação de carteiras pela alta de commodities agrícolas e metálicas, e desmonte de posições defensivas no mercado futuro.

Segundo analistas, o dólar sofreu hoje com movimento global de realização de lucros, após a forte apreciação nas últimas semanas induzida pela expectativa de aceleração do processo de ajuste monetário conduzido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O tropeço do dólar teria sido provocado sobretudo pela recuperação pontual do euro, na esteira de sinais da ata do último encontro de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) de eventual aumento de juros na zona do euro no início do segundo semestre. A ata do BCE, ressaltam analistas, vem após falas duras de dirigentes da instituição nos últimos dias e a divulgação da alta de 7,4% da inflação anual da zona do euro em abril.

Afora a questão técnica, há também preocupações com uma eventual retração da economia americana diante do aperto das condições financeiras. O índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – operou em queda firme ao longo de toda a sessão, tocando 102,657 na mínima, com perdas superiores a 1% frente ao euro e a libra esterlina. A moeda americana tombou também em bloco frente a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com destaque para o peso chileno, o real e o rand sul-africano.

Em queda desde a abertura dos negócios no mercado doméstico, o dólar rompeu o piso de R$ 4,90 por aqui à tarde e desceu até a mínima de R$ 4,8809 (-2,04), em meio ao aprofundamento das perdas da divisa americana lá fora e a máximas do Ibovespa, que superou os 107 mil pontos. Com a piora das bolsas em NY no fim da sessão e o índice DXY se afastando das mínimas, o dólar voltou a superar R$ 4,90 e fechou a R$ 4,9168, em queda de 1,32%. Com o tombo de hoje, o dólar já acumula perda de 2,78% na semana e passou a apresentar baixa em maio (-0,52%).

Em sua ata, o BCE afirma pode subir os juros “algum tempo” depois do fim do programa de compra de ativos, que deve terminar no início do terceiro trimestre. Isso pode significar algumas semanas ou meses após a conclusão do programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês). “A abordagem não impede um aumento oportuno das taxas se as condições assim o justificarem”, ressalta a ata.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, observa que a inflação na Europa roda na casa de 7% e já começa a crescer a expectativa de que o BCE terá que antecipar a primeira alta dos juros, esperada anteriormente para o fim do ano. “O euro vem apanhando muito já faz bastante tempo. É uma recuperação pontual hoje frente ao dólar, que acabou levando a uma queda da taxa de câmbio também por aqui”, afirma Velho “Mas a tendência é de dólar forte no mundo, porque aparentemente o Fed vai ter que elevar o juro acima do neutro, com uma taxa [dos Fed Funds] mais para 4% que para 3%.”

Para Velho, apesar de o Banco Central brasileiro ter sinalizado que pretende manter a taxa Selic em níveis elevados por mais tempo, após uma provável alta adicional em junho, o dólar não deve se situar abaixo de R$ 4,90. O economista ressalta que, além do aperto monetário nos EUA, há outros fatores externos que dão sustentação à demanda por dólares, como possível recrudescimento das tensões geopolíticas no Leste Europeu, com a recusa russa em aceitar entrada de Finlândia e Suécia na Otan, e dúvidas sobre o ritmo de crescimento da economia chinesa. “Tudo indica que o dólar é mais para cima. Só cairia se houvesse um fluxo muito grande para o Brasil, como no primeiro trimestre, o que acho muito difícil. Vamos ter eleição presidencial no segundo semestre”, afirma.

Em razão da paralisação dos servidores do Banco Central, só estão disponíveis números do fluxo cambial até o dia 1º de abril, o que impede o mercado de aferir o apetite do capital externo por ativos domésticos. Dados da B3 mostram que os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 292,865 milhões na Bolsa na sessão de terça-feira (17). O saldo em maio, contudo, é negativo em R$ 12,403 bilhões. O ingresso líquido do estrangeiro na B3 neste ano, que já chegou a superar R$ 60 bilhões, agora em R$ 45,247 bilhões.

Para a economista Bruna Centeno, da Blue3, a ata do BCE contribuiu para um movimento parcial de recuperação do euro, mas as expectativas ainda são de dólar forte no mundo, o que vai impedir que a moeda brasileira se aprecie ainda mais. Centeno observa que a perspectiva é que o Fed seja muito mais agressivo que o BCE. “Podemos esperar uma alta de juros na Europa no segundo semestre, mas de maneira moderada. O dólar ainda vai seguir como refúgio para os investidores”, diz Centeno, para quem investidores vão buscar abrigo na moeda americana diante de quadro de inflação elevada, agravada pela guerra na Ucrânia, e revisões para baixo do crescimento global. “Há muita incerteza e a volatilidade deve continuar alta. No curto prazo, vemos um suporte para o dólar em R$ 4,90”. (Antonio Perez – [email protected])

17:30

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.91680 -1.3206 4.95740 4.88090

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4942.000 -0.89241 4974.000 4896.000

DOLAR COMERCIAL 5052.391 17/05    

JUROS

O risco de recessão global traduzido na queda do rendimento dos Treasuries e de outras curvas mundo afora colocou também para baixo os juros no Brasil, onde o processo de aperto monetário está sendo finalizado, mas a economia ainda mostra sinais vitais. O temor do impacto da elevação dos juros pelos bancos centrais sobre a atividade, que ontem influenciou de maneira até que leve os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), hoje teve claro impacto nos vencimentos longos, mais sensíveis ao ambiente internacional.

As taxas curtas recuaram menos, na medida em que o mercado vai se ajustando à ideia de que o fim do ciclo de alta da Selic está próximo. Internamente, o investidor mantém no radar o noticiário em torno do projeto de desoneração do ICMS sobre combustíveis e energia elétrica, com algum ceticismo de que vá adiante.

A taxa do DI para janeiro de 2023 fechou a etapa regular em 13,28%, de 13,334% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2024 caiu de 12,991% para 12,87% (mínima), e a do DI para janeiro de 2025, de 12,38% para 12,22%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 11,985%, voltando a rodar abaixo de 12%. Ontem, o ajuste foi de 12,17%. A curva perdeu bastante inclinação, com o spread negativo entre os vértices de janeiro de 2027 e janeiro de 2024 abrindo -88,5 pontos-base, maior desde 18 de abril (-90,5 pontos).

As taxas estiveram em baixa desde a abertura, com mínimas à tarde, quando o ambiente externo testava melhora, e mesmo com os preços do petróleo se firmado em alta na segunda etapa. Mas, no geral, a situação da Covid na China e os sinais de varejo fraco emitidos pela Target e Wal-Mart continuaram alimentando aversão ao risco, na medida em que a inflação advinda dos gargalos logísticos também não dá trégua e aumenta o desafio dos BCs. A fuga para a qualidade dos títulos americanos pressionou os yields para baixo e o dólar teve queda generalizada, até ante moedas emergentes, com o câmbio aqui caindo abaixo de R$ 4,90 nas mínimas.

Nos países da Europa, muito afetados pela guerra da Ucrânia, a missão do Banco da Inglaterra e do Banco Central Europeu (BCE) parece ainda mais complicada. Hoje, na ata da sua reunião, o BCE mostrou preocupação com a inflação alta, com alguns dirigentes considerando importante agir sem atraso indevido para demonstrar o compromisso com a estabilidade de preços. A percepção entre os analistas é de que o BCE deve começar a apertar sua taxa de juros na reunião de julho e com dose inicial mais leve.

Enquanto o BCE ainda nem começou, a autoridade monetária brasileira já está finalizando seu ajuste e com a economia aparentemente ainda resiliente ao aumento de 10 pontos porcentuais de alta da Selic promovido até aqui. Mesmo com as expectativas de inflação ainda muito longe das metas, a percepção é de que boa parte do efeito da política monetária ainda vai entrar na economia e que a inflação em 12 meses atingirá o pico em maio. “O BC parece satisfeito e elevou bastante a barra para estender o ciclo para além de junho”, afirmou o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, para quem o Copom encerra o ciclo no mês que vem com uma dose de alta de 0,5 ponto porcentual.

O mercado também acompanha o noticiário em torno da desoneração do ICMS para diesel, energia e transporte público que, se aprovado, poderia dar alívio à inflação, com impacto de baixa hoje para as taxas de inflação implícitas. Nos cálculos da economista Andrea Angelo, da Renascença, a desoneração de 17% do ICMS em combustíveis e energia elétrica pode chegar a -105 pontos-base no IPCA. “Estamos apurando quais tipos de transporte coletivo e de serviços de telecomunicação entrarão na medida”, afirmou.

Para Sanchez, porém, a proposta não deve prosperar, pela resistência dos governos estaduais, que terão de abrir mão de arrecadação. “A aprovação deste tipo de projeto cabe às assembleias legislativas e mesmo que a Câmara aprove, acredito que não passa no Senado”, afirmou. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou que vai pautar o projeto na próxima semana.

Na gestão da dívida pública, o Tesouro elevou de 8 milhões para 10 milhões a oferta de LTN no leilão de hoje, absorvida integralmente e com taxas todas abaixo do consenso, segundo a Necton. No leilão de NTN-F, mais que dobrou a oferta de 300 mil para 650 mil, vendida quase que totalmente (620 mil). Alexandre Cabral, especialista em renda fixa e professor ligado a Mercado Financeiro na B3, na Anbima e FIA, destacou, no Twitter, que foi o maior leilão pós guerra da Ucrânia, com taxas menores do que as da semana passada. “Podemos estar vendo a volta de gringo para a Renda Fixa, que estão fora desde 17 de fevereiro”, escreveu. (Denise Abarca – [email protected])

17:30

 Operação   Último 

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 12.80

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 12.65

Over Selic (%a.a) 12.65

BOLSA

O dia foi majoritariamente negativo nos mercados acionários do exterior, da Ásia à Europa e aos Estados Unidos, mas o Ibovespa conseguiu retomar o sinal positivo desde a manhã, favorecido por forte ajuste no câmbio. A sessão foi marcada por avanço do euro frente ao dólar, após novos sinais de que o Banco Central Europeu (BCE) corrigirá a política monetária para conter o avanço da inflação no velho continente. Assim, o dólar, que ontem havia sido negociado à vista a R$ 5 na máxima do dia, fechou hoje em queda de 1,32%, a R$ 4,9168, com mínima a R$ 4,8809. E o Ibovespa subiu 0,71%, a 107.005,22 pontos, com giro a R$ 24,8 bilhões.

Entre a mínima e a máxima, a referência da B3 oscilou dos 105.760,05 aos 107.420,34 pontos (+1,10%), saindo de abertura aos 106.248,98 pontos. Na semana, sobe 0,08%, com perda no mês a 0,81% – no ano, o avanço é de 2,08%.

“O mercado ainda tem que entender qual realmente será a atitude do BC americano frente a uma inflação que é muito mais parecida com a da década de 1980 do que a vista recentemente nos Estados Unidos, e também na Europa”, diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group. “Há choques de oferta desde a Covid e, agora, com a guerra na Ucrânia. Uma inflação hoje, com economia aquecida e componente de demanda também, que passa a ser indexada em preços e salários, permanecendo em alta por mais tempo”, acrescenta.

Nesse contexto, “o mercado precisa entender qual será a taxa de juros nominal que fará a inflação voltar a ser palatável, e este juro nominal provavelmente será mais alto do que o visto recentemente nos Estados Unidos, embora não tão alto quanto o da década de 80”, diz Miraglia. “Quanto mais rápido o Fed subir a taxa, quanto mais agressivo for, mais rápido as curvas longas se estabilizarão. Sendo uma ou outra a abordagem, os cenários são desafiadores.”

Na B3, o dia foi de recuperação para as ações de commodities (Vale ON +2,66%, Petrobras PN +1,70%) e especialmente para as de mineração (CSN ON +7,20%, Usiminas PNA +5,11%, Gerdau PN +2,62%), mas o desempenho negativo do setor financeiro (Bradesco PN -0,77%, BB ON -0,58%), o de maior peso no índice, impediu que o Ibovespa fosse mais além. Na ponta positiva, destaque, além de CSN ON, para CSN Mineração (+9,07%), ambas à frente de Méliuz (+5,64%) e de Locaweb (+5,52%). No lado oposto, Petz (-5,20%), Hapvida (-4,11%) e WEG (-3,41%). No dia seguinte à aprovação da privatização da empresa pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Eletrobras ON e PNB fecharam em alta de 3,03% e 2,54%, respectivamente.

“Em um dia de agenda fraca, a recuperação ficou por conta da valorização das commodities, como Brent e minério de ferro, associado ao recuo dos juros futuros, que parecem ter marcado topo no início da semana e apresentam sinais de desaceleração da alta, observada nos últimos meses”, observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.

“O mercado conseguiu se descolar hoje de Nova York, que ainda tentou reação no fim da tarde mas teve um dia bastante volátil. Aqui, o descolamento veio principalmente das empresas de commodities, com o minério melhorando entre a noite de ontem e o dia de hoje, o que contribuiu para a recuperação dos ativos, especialmente os associados a matérias-primas, que tinham sofrido bastante na quarta-feira”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, destacando também a alta do petróleo na sessão, que ajudou as ações da Petrobras (ON +0,84%).

“Além disso, o anúncio de ‘buy back’ [recompra de ações], tanto da CSN como da CSN Mineração, em volume de 5% ou 6% da empresa, foi bastante positivo, em dia mais fraco para as ações de bancos”, acrescenta Moliterno. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 107005.22 0.7135

Máxima 107420.34 +1.10

Mínima 105760.05 -0.46

Volume (R$ Bilhões) 2.48B

Volume (US$ Bilhões) 5.03B

17:30

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 107675 0.67318

Máxima 108265 +1.22

Mínima 106660 -0.28